23/11/2014

9.106.(23nov2014.12.12') José Sócrates

Toda a gente sabe que combati PSócrates politicamente...
Estou prejudicado pela sua governação...Nomeadamente quando me interrompeu a aposentação aos 36 anos de serviço...
Os professores fizeram as maiores manifestações de sempre...
Os casos que Sócrates conseguiu fugir foram + que muitos...
PSD:CDS deram continuidade e agravaram a péssima governação...Agora com estou com 40 anos e ainda me acham novo para me reformar!!!
Mas isso não me impede de criticar os espectáculos das detenções, com fugas d'informação, do que devia ser tratado em segredo,  nas Tv's e nos jornais...
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via notícias ao minuto
2jan2015

Sócrates Prisão preventiva foi para me "aterrorizar e calar"

O ex-primeiro-ministro José Sócrates considerou hoje que a prisão preventiva a que está sujeito desde 25 de novembro, em Évora, foi "utilizada para aterrorizar, para despersonalizar e para calar".
Prisão preventiva foi para me aterrorizar e calar
O ex-primeiro-ministro, que aceitou responder por escritos a seis perguntas da TVI, alegando "legítima defesa pela violação do segredo de justiça", afirmou que a medida restritiva da liberdade foi tomada para o calar.
"Sei que quiseram inibir-me de falar", acentuou, acrescentando que a prisão preventiva é "uma infâmia".
"A prisão substitui-se ao processo, à investigação, aos indícios, às provas, ao contraditório", escreveu José Sócrates, depois de o seu advogado, João Araújo, ter sido portador das seis questões.
Sobre o indício de corrupção, crime que lhe é imputado juntamente com o de branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada, Sócrates classificou-o como o "mais ignominioso" e negou que tenha praticado qualquer ilícito.
"Os factos não têm conexão com crimes", referiu.
Garantindo que não sabia que estava a ser investigado, José Sócrates salientou que "não há nem podem existir indícios ou provas" e vincou que o processo judicial tem "contornos políticos".
Em resposta a uma das perguntas, Sócrates referiu que "o dinheiro" da conta de Carlos Santos Silva, amigo de longa duração também arguido neste processo, resulta de um empréstimo.
"Pedir dinheiro emprestado não é crime em lado nenhum", disse, negando as alegadas entregas de dinheiro em Paris, designadamente a viagem do seu motorista, João Perna, também arguido no processo.
José Sócrates está detido preventivamente, desde 25 de novembro, no Estabelecimento Prisional de Évora.
O ex-primeiro-ministro foi detido a 21 do mesmo mês, no aeroporto de Lisboa, quando chegou a Lisboa, proveniente de Paris. 
*- 4dez2014

Carta "Silêncio. As instituições estão a funcionar", ironiza Sócrates

José Sócrates voltou a escrever. O antigo primeiro-ministro enviou uma nova missiva à comunicação social, desta vez ao Diário de Notícias (DN), e não se poupa a críticas a personalidades às quais aponta o dedo. Ironizando com a tese de que "as instituições estão a funcionar" – frase dita pelo Presidente Cavaco Silva – o antigo governante usa a Filosofia para dizer ainda que o “sistema vive da cobardia dos políticos”.
Silêncio. As instituições estão a funcionar, ironiza Sócrates
Na falta de voz, faz uso da escrita. O antigo primeiro-ministro emitiu a sua terceira missiva, dirigida desta vez ao Diário de Notícias, e não deixou de apontar o dedo aos vários agentes que opinam sobre a sua detenção.
O ‘recluso 44’ do Estabelecimento Prisional de Évora fez chegar ao Diário de Notícias (DN), um texto no qual fala da “prisão preventiva” e do “segredo de justiça”, tecendo severas críticas à justiça e autoridades, e também aos jornalistas e políticos.
“Da prisão preventiva”, escreve Sócrates na primeira parte da sua carta, “prende-se para melhor investigar. Prende-se para humilhar, para vergar. Prende-se para extorquir, sabe-se lá que informação. Prende-se para limitar a defesa: sim, porque esta pode ‘perturbar o inquérito’”.
Para José Sócrates, “prende-se principalmente para despersonalizar. Não, já não és um cidadão face às instituições; és um ‘recluso’ que enfrenta as ‘autoridades: a tua palavra já não vale o mesmo que a nossa”. “Mais que tudo – prende-se para calar”, redige o ex-governante, ironizando, de seguida, com as palavras já proferidas por Aníbal Cavaco Silva sobre este caso: “As instituições estão a funcionar”.
Na segunda parte da carta, Sócrates foca-se no “segredo de justiça”, condição que, no seu entender, “só a defesa está obrigada a cumprir”. E aqui começam as críticas aos jornalistas, sem mencionar nomes, que “fazem o trabalho para eles”.
O antigo chefe de Governo aproveita também a oportunidade para criticar a forma como a justiça – e mais uma vez -, a comunicação social têm atuado: “toma lá informação, paga-me com elogios. Dizem-lhes o que é crime conhecerem, eles compensam-nos com encómios; magnífico juiz; prestigiado procurador; polícia dedicado e competente”.
“Lado oculto e podre, é certo”, afirma. “Mas há quanto tempos o conhecemos?”, questiona, retoricamente, o também filósofo, deixando a resposta na “intimidação e na cumplicidade”. “Há quanto tempo sabemos que a impunidade de quem comete esses crimes está sustentada na intimidação e na cumplicidade? Sim, na intimidação, desde logo”.
“E sabemos como pesa a simples notícia de que se está sob investigação”, lamenta Sócrates. Mas a cumplicidade é ainda julgada: “Digamo-lo sem rodeios: o ‘sistema’ vive da cobardia dos políticos, da cumplicidade de alguns jornalistas; do cinismo das faculdades de Direito e do desprezo que as pessoas decentes têm por tudo isto”.
“De resto basta-lhes dizer: ‘Deixem a justiça funcionar’. Sim, não se metam nisto. É verdade que, há muito, alguns desafiam o sistema e dizem abertamente que a justiça foi ultrapassada. Bem o vemos. Mas, e se foi ultrapassada por aqueles a quem confiamos a nossa liberdade? Sim – pergunta clássica – quem nos guarda dos nossos guardas?”, questiona Sócrates, respondendo logo de seguida com ironia: “Silêncio. ‘As instituições estão a funcionar’”.
O DN dá ainda conta, na edição desta quinta-feira, que o ex-primeiro-ministro está também indiciado pelo crime de corrupção ativa. Sócrates é suspeito de ter oferecido vantagens financeiras, ou outras, a determinadas pessoas depois de já ter exercido o cargo de chefe de Governo. De acordo com a publicação, Sócrates é suspeito de receber e dar 'luvas'.
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27nov2014
Portugal Profundo
do alcobacense António Caldeira
http://doportugalprofundo.blogspot.pt/2014/11/pressao-politica-para-libertacao-do.html

Pressão política para a libertação do preso especial Sócrates

https://www.youtube.com/watch?v=UKfH3rEZip4


Em 28-6-2007, quando fui constituído arguido no processo aberto por queixa do «primeiro-ministro enquanto tal e cidadão» José Sócrates por causa do que eu havia escrito sobre o seu rocambolesco percurso académico, fui prevenido duplamente pela Dra. Cândida Almeida, no 6.º andar do DCIAP, de que estava obrigado ao dever de silêncio relativamente ao processo e aos factos em inquérito (conto essa história no meu livro «O dossiê Sócrates», de 2009). Cumpri esse dever, apesar das mentiras que eram propaladas do lado do primeiro-ministro, nomeadamente sobre os motivos invocados na queixa - que eram o MBA (sem grau) e a existência de um centro governamental de comando e controlo dos média (e nada sobre o facto de não ser, nem nunca ter sido, engenheiro, o facto de ter obtido o curso na Universidade Independente da forma como o obteve, e de não possuir a pós-graduação em engenharia sanitária que dizia ter). E quando passou a presidência portuguesa da União Europeia, e foi arquivado o inquérito-crime, e o primeiro-ministro não recorreu do despacho de arquivamento, nem deduziu acusação particular, pude finalmente dar a conhecer a verdade.

Todavia, o preso n.º 44 detido preventivamente na ala feminina do Estabelecimento Prisional de Évora, José Sócrates, indiciado, segundo aSIC, de 26-11-2014, pelo juiz de instrução Carlos Alexandre de sete tipos de crime - corrupção ativa por titular de cargo político (previsto e punido pela Lei 34/87), de corrupção ativa, de corrupção passiva para acto ilícito, corrupção passiva para acto lícito; de branqueamento de capitais, de fraude fiscal, e de fraude fiscal qualificada (previstos e punidos pelo Código Penal) -, julgando-se acima da lei, ditou por telefone ao seu advogado João Araújo, um«comunicado» (!) na noite de ontem, 26-11-2014, que este enviou para oPúblico e para a TSF

Em minha opinião, o «comunicado» do preso preventivo Sócrates está mal redigido. Vou tentar corrigi-lo:
  1. Diz que as «fugas» de informação sobre o processo «são crime». Não é juiz para dizer o que é crime ou não, e já não manda. Mas ainda sonha que sim. Devia dizer quais fugas são crime: os tweets que a mulher do seu atual advogado João Araújo, Alda Telles, haviapublicado, em 25-11-2014, e depois retirado com informações acerca do interrogatório do juiz Carlos Alexandre ao cliente do seu marido, ou a divulgação pelo seu atual advogado de alegada parte do mandado de detenção?
  2. Invoca a «legítima defesa» para incumprir a lei que lhe determina que, como arguido e ainda mais preso preventivo, esteja calado sobre o processo. 
  3. Diz que a sua detenção para interrogatório é um «abuso» (!?...). Mas devia explicar o «espétaculo» de ir para Paris para depois voltar, os alegados check-in não concretizados e a alegada troca de companhia de avaição à última hora.
  4. Diz que «as imputações que me são dirigidas são absurdas, injustas e infundamentadas». Não se chamam imputações mas «indícios». E, já que está a incumprir que o faça franca e não como neste comunicado. E em vez de usar o adjetivo frouxo de «infundamentadas», deve dizer que são uma completa e absoluta mentira: que é falsa a referência dos 20/25 milhões de euros no banco; que é falsa a transferência da conta do seu testa de ferro para chegarem à Octapharma de 12 mil euros mensais que depois me entregam a título de salário; que é falsa a manobra de venda a si próprio de imóveis de sua mãe; que é falsa a utilização sistemática de dinheiro vivo para fazer pagamentos; que é falsa a entrega frequente de mala de dinheiro vivo (12 mil euros mensais?) pelo seu motorista; que é falsa a movimentação de dinheiro para pagar o apartamento de 250 metros em Paris; que é falsa a utilização do RERT para benzer o dinheiro alegadamente depositado na Suíça - e já agora que é falso que tenha comprado 30 mil exemplares do seu livro que o levaram a aparecer no top de vendas...
  5. Sem o nomear, insulta o juiz de instrução de «prepotente» (é ele que tem «o poder de prender e de libertar»).
  6. Diz que o processo tem «contornos políticos» e que quer «o que for político á margem» daquilo que chama «debate». Ou seja, apela mas nega... E chama «debate» (!?...) ao que é... um processo-crime. A «Justiça democrática» que diz ir resolver o seu caso não é a do Parlamento, nem dos partidos, mas a dos tribunais...

O «comunicado» culmina um movimento orquestrado de um naipe seleto de concertistas, realizado em 26-11-2014, e de infelizes aliados do estilo. Justificam destaque:
  1. Mário Soares, que visitou a prisão de Évora, em dia proibido, e que acusou de «malandros» os magistrados (Ministério Público e juiz de instrução) que «estão a combater um homem que foi um primeiro-ministro exemplar», que «todo o PS está contra esta bandalheira». «Bandalheira» é um procurador ter pedido a prisão preventiva e um juiz a ter decretado relativamente a alguém sobre quem impendem indícios graves como os relatados?... E quem são os bandalhos na opinião do ex-presidente da República: o juiz de instrução e o procurador?... E onde está a separação dos poderes e o respeito da Constituição pelo poder judicial autónomo?...
  2. O advogado atual de Sócrates, João Araújo, que disse ir recorrer da decisão de prisão preventiva, primeiro sem pedido de habeas corpus(libertação imediata por prisão ilegal) e, depois, à noite, arriscando esse instrumento. E que acrescentou que é um processo com «contornos políticos». Um advogado que havia pedido, há um mês, as escutas de Sócrates com Vara, no processo face Oculta e que t
  3. Do rasPutin Proença de Carvalho, que parece o advogado de back-office do falso engenheiro pois criticou os motivos da prisão preventiva de quem tem representado e que insultou o juiz Carlos Alexandre com o epíteto de «superjuiz dos tablóides» (!).

Dois comentários:
  • O que se está a verificar neste caso, como, no processo Casa Pia, é uma política carcerária desigual: o preso preventivo comum vai para uma cela eventualmente atolada, o detido poderoso vai para uma cela individual numa ala resguardada; o preso comum recebe visitas nos dias e horas designados; o detido poderoso recebe visitas quando quer ou as personalidades pretendem; o  preso comum tem direito a «dois telefonemas de cinco minutos por dia», o detido poderoso para «ditar» por telefone comunicadospara o seu advogado. Como diz o José, «é fantástico o que se passa no EP de Évora»... Fosse outra a política carcerária para os poderosos (igual à dos demais cidadãos!) e eles contariam tudo sobre este mundo e o outro... Sócrates parece estar a gozar de um estatuto carcerário especial, assim ao modo do traficante Pablo Escobar em «La Catedral», a luxuosa prisão colombiana que lhe foi concedida em 1991.
  • O efeito pretendido deste extremar socialisto-maçónico daestratégia da tensão é a tentativa de libertação do preso Sócrates, indiciado de sete tipos de crime, imediatamente através de habeas corpus ou por recurso normal,  . Isto é, uma pressão política sobre o Supremo Tribunal de Justiça para que liberte o faustoso causador da ruína em que o País está.

Entretanto, António Costa permanece calado perante esta pressão antidemocrática sobre o poder judicial. Afinal quem manda no PS: o débil Costa, o sombrio Vieira da Silva ou o decrépito Soares?
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26nov2014
Via SOL

Sócrates quebra o silêncio para se defender

  Sócrates quebra o silêncio para se defender
http://www.sol.pt/noticia/119270
José Sócrates reagiu pela primeira vez desde a sua detenção. Da prisão de Évora, o ex-primeiro-ministro enviou uma curta declaração escrita à TSF para se defender de acusações que considera "absurdas, injustas e infundamentadas".
Sócrates parece ter chegado à conclusão de que a melhor defesa é o ataque e avisa desde já que vai usar todas as armas que tem ao seu alcance para se defender. O socialista avisa mesmo que irá "conforme for entendendo desmentir as falsidades lançadas ".
A estratégia é invulgar para um arguido em prisão preventiva, mas José Sócrates explica que o fará "em legítima defesa". E que as suas declarações públicas servirão também para responsabilizar quem "engendrou" o que diz serem mentiras a seu respeito.
Tudo, através dos meios jurídicos que tem ao seu alcance. "Este é um caso da Justiça e é com a Justiça democrática que será resolvido ".
A ideia serve também para passar uma mensagem importante: o PS deve ficar de fora deste caso.
Sócrates não se defende, aliás, apenas a si. Seis dias depois de ser detido e nas vésperas de um congresso do PS, o socialista diz não ter dúvidas de que o processo de que é alvo tem contornos políticos, mas afasta o seu partido da polémica. 
Para Sócrates, é claro que o processo é com ele e só com ele e, apesar de agradecer o apoio dos seus camaradas, deixa claro que o caso que o envolve deve ficar à margem da discussão política.
Sócrates acaba a declaração com um "este processo só agora começou " e promete responder com as armas do Estado de Direito.
O ex-primeiro-ministro diz mesmo que a decisão do juiz Carlos Alexandre de o manter em prisão preventiva é "injustificada e constitui uma humilhação gratuita ".
De resto, Sócrates considera que a sua detenção no aeroporto de Lisboa "foi um abuso" e mostra-se incomodado com o espectáculo montado em torno da sua detenção, que considera uma "infâmia ".
Sócrates atira ainda contra os jornais e televisões, criticando as fugas de informação e lembrando que a violação do segredo de Justiça é um crime contra si e contra o próprio sistema judicial.
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21nov2014
22'
confirma-se a detenção à chegada no aeroporto:
este país está animado!!! desde o tempo do Marquês de Pombal que não era detido 1 tão elevada ex-personalidade política!!!
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JoséSócrates já estava preparado...Almoçou com o Ex- procurador há dias...
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já em 30 de julho 2014 havia a ameaça de detenção:
Monte Branco: José Sócrates poderá vir a ser detido
http://www.noticiasaominuto.com/pais/256825/monte-branco-jose-socrates-podera-vir-a-ser-detido

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22nov2014
Concordo com esta opinião da Clara Ferreira Alves:
http://expresso.sapo.pt/a-justica-a-que-temos-direito=f899406#ixzz3Jqm9tgDM
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recordando 2011
o 1º ministro dos PEC's

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=869979969688983&set=a.400068303346821.92725.100000309636991&type=1&theater

PS/PSD/CDS - 38 ANOS DE POLÍTICA DE DIREITA!
E À TERCEIRA FOI DE VEZ: o Governo quer cortar os salários da função pública em 5% já no próximo ano. Esta é uma das medidas de corte na despesa do Estado que o Governo vai impor no Orçamento do Estado para 2011 e que incluem o congelamento das pensões e a redução de 20% nos encargos com o rendimento mínimo. No final do Conselho de Ministros extraordinário, o primeiro-ministro, José Sócrates, anunciou ontem também a intenção de aumentar os impostos: o IVA sobe dois pontos percentuais para os 23% e é criado uma taxa sob o sector financeiro.
Apesar de haver um novo apertar do cinto já este ano, é em 2011 que a austeridade vai sentir-se mais. E, no extenso rol de medidas, a função pública é mesmo o sector mais sacrificado. Além dos cortes nos rendimentos, que vão oscilar entre os 3 e os 10% para os salários superiores a 1500 euros, o Governo vai ainda reduzir os encargos com a ADSE, congelar as promoções e as progressões, reduzir as contratações na administração pública e ainda aumentar em 1% as contribuições para a Caixa Geral de Aposentações. As medidas atingem cerca de 700 mil funcionários públicos, sendo que as reduções salariais, de acordo com o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado, afectarão entre 200 e 250 mil trabalhadores do Estado.
Sócrates justificou o corte nos salários com a necessidade de fortalecer a "imagem internacional". "É indispensável, porque estamos a ser penalizados por sermos o único País que ainda não baixou salários na função pública."
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23nov2014
Via público





As suspeitas nasceram na Covilhã há 17 anos


Em 2003 a PJ quis fazer buscas em casa de Sócrates por causa do processo da Cova da Beira, mas o Ministério Público não autorizou. Santos Silva, actualmente na prisão, tinha tudo a ver com as suspeitas que incidiam sobre o seu amigo, mas nunca foi investigado.
http://www.publico.pt/politica/noticia/as-suspeitas-nasceram-na-covilha-ha-17-anos-1677176

Já lá vão 17 anos que as relações perigosas entre José Sócrates e o empresário Carlos Manuel Santos Silva são conhecidas na Covilhã. Os dois homens, ambos criados na região e amigos de longa data, estiveram desde 1997 no centro de todas as suspeitas que conduziram à fracassada investigação judicial do chamado caso Cova da Beira.
Desta investigação, que durou uma década e esteve parada durante vários anos, resultou a absolvição, já em 2013, de um sócio de Santos Silva — o empresário Horácio Carvalho — e de António Morais, o professor com o qual Sócrates obteve o diploma de licenciado em engenharia na Universidade Independente. Fora de qualquer diligência da polícia ou do Ministério Público (MP) ao longo de todos esses anos ficaram sempre, neste processo, os dois amigos da Covilhã.

José Sócrates era o secretário de Estado do Ambiente em 1997 e foi sob a sua tutela que foi lançado o projecto de construção da Central de Tratamento de Resíduos Sólidos da Associação de Municípios da Cova da Beira, a construir na zona do Fundão. Carlos Santos Silva (primo direito de Manuel Santos Silva, ex-reitor da Universidade da Beira Interior e actual presidente da Assembleia Municipal da Covilhã, eleito na lista do PS) era o principal sócio da Conegil, uma empresa de construção civil local. 
António Morais era amigo de Sócrates desde o início da década, época em que foi professor na Universidade da Beira Interior. Em 1995, quando Sócrates e Armando Vara entram para o Governo pela primeira vez, Morais é nomeado adjunto de Vara. Meses depois, o então secretário de Estado da Administração Interna nomeia-o director do GEPI — o departamento governamental responsável por todas as obras das forças de segurança. É nessa altura que Morais se torna professor de Sócrates em quatro das cinco disciplinas que lhe dão o título de licenciado.
E é logo a seguir, em 1997, que a associação de municípios escolhe uma empresa de António Morais para gerir o concurso da empreitada da central de resíduos. No meio de muita controvérsia e com denúncias de corrupção a serem desde logo enviadas ao Ministério Público, a obra é adjudicada a um consócio liderado por uma empresa de Horácio Carvalho, também natural da Covilhã, e que incluia, em lugar de destaque, a Conegil do amigo de Sócrates.
Nos anos seguintes, o GEPI, sempre dirigido por Morais, é praticamente o único cliente da Conegil. As adjudicações sucedem-se, com “irregularidades e ilegalidades” detectadas em duas auditorias, e a empresa de Santos Silva arrebata mais de 20% das inúmeras obras (27% em valor) que o GEPI manda fazer em todo o país, entre 1996 e 1999. Ao mesmo tempo, a Conegil vai construindo a central do lixo, muito lentamente e sem qualquer problema com a fiscalização da obra, que foi entregue pela associação de municípios a empresas de sócios de Santos Silva e amigos de Sócrates.
Apesar das facilidades de que gozava, a Conegil acaba por falir em 2003 — quando Morais já tinha sido afastado do GEPI pelo Governo de Durão Barroso —, com 20 milhões de dívidas, entre os quais 1,6 ao próprio GEPI.
Nesse mesmo ano, depois de o inquérito da Cova da Beira ter sido relançado em 2002, após a saída do PS do Governo, a PJ propõe a realização de buscas na residência de Sócrates. Os indícios disponíveis apontavam para o facto de ter sido ele quem orquestrou a entrega da obra à Conegil. O Ministério Público, porém, indefere a proposta e ficam por seguir todas as pistas que relacionam o então deputado com Santos Silva e com as adjudicações do GEPI. 
Em 2007, dois anos depois da posse do primeiro Governo de Sócrates, o processo está praticamente esquecido. O PÚBLICO faz repetidas perguntas à Procuradoria Geral da República sobre o estado em que ele se encontra e pouco depois, mesmo à beira da prescrição, o Ministério Público dá a investigação por terminada. 
As suspeitas sobre Sócrates são arquivadas e de Santos Silva nem se fala. Acusados de corrupção são apenas o seu sócio Horácio de Carvalho, António Morais e a ex-mulher, que acabam por ser absolvidos em 2013.
Mas Santos Silva, apesar da falência da Conegil em 2003, mantém-se estreitamente ligado ao sector das obras públicas. Engenheiro de renome, foi um dos fundadores da Constrope, que se tornou também um dos grandes empreiteiros do GEPI, e possui várias empresas de projecto e fiscalização de obras, nomeadamente a Proengel, com sede em Telheiras.