27seTEMbro2018
José Manuel Vargas
As prisões políticas de Angra do Heroísmo
Quando
se evocam as prisões políticas do regime fascista, os nomes que acodem à
memória são o Aljube, os fortes de Peniche e Caxias e o campo de
concentração do Tarrafal. Quase caídos no esquecimento colectivo
encontram-se outras, em que a ditadura militar e fascista aprisionou e
quis silenciar milhares de democratas. Duas dessas, hoje pouco
lembrados, são a Fortaleza de São Baptista (Castelo) e o Forte de São
Sebastião (Castelinho), em Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, nos
Açores.
A
primeira foi construída no Monte Brasil, sobranceiro ao porto de Angra,
durante a dinastia filipina. Aí estiveram prisioneiros, entre outros, o
rei D. Afonso VI e o régulo Gungunhana. Com a «aprovação» por
plebiscito da Constituição de 1933, seguiu-se a criação do Tribunal
Militar Especial (TME), da PVDE e a publicação do Decreto-Lei n.º 23
203, que instituiu penas e medidas de segurança para presos por delitos
políticos. Pouco depois, eram transferidos para a Fortaleza de S. João
Baptista cerca de centena e meia de presos, ditos «perniciosos», que se
encontravam nas cadeias do continente. Eram, na sua maioria, comunistas.
A
8 de Setembro de 1934, foram para aí transportados os primeiros
condenados por terem participado na greve de 18 de Janeiro. O Castelo
sofreu remodelações para alojar as centenas de prisioneiros. As
cavalariças foram adaptadas a camaratas e a unidade militar ali
aquartelada passou a ter como função principal a guarda de presos. Uma
outra leva ocorreu em 8 de Junho de 1935, que incluía Sérgio Vilarigues.
Este,
numa entrevista de 1999, recordou: «Por tudo e por nada se era
espancado e metido na Poterna, um buraco com oito metros de profundidade
onde, em pleno Verão, escorria água na escadaria, no Calejão, que tinha
sido interdito para a estadia de cavalos, por não ter condições para
tal, mas passou a ter para guardar presos, pelo menos em períodos de
castigo, e nas ditas Furnas, uma espécie de cano de pedra, onde metiam
presos, e mesmo que não coubessem, tinham de entrar à coronhada pelas
forças da GNR que, então, contactavam mais directamente os presos.»
Em
23 de Outubro de 1936, chegou a Angra o navio Luanda com cerca de 152
presos, a maioria dos quais implicados na Revolta dos Marinheiros, mas
também Bento Gonçalves, Secretário-geral do PCP e que iam inaugurar o
Campo de Concentração do Tarrafal.
Preservar a memória
Em
1939, no início da II Guerra Mundial, por ser muito elevado o número de
prisioneiros na Fortaleza de S. João Baptista e o facto de parte das
instalações serem necessárias para os militares levou a que os presos
começassem a ser transferidos para o fortim de S. Sebastião, nos
arredores de Angra. Este, dito Castelinho, construído cerca de 1670 e
reedificado
em 1698, teve uma quase desconhecida utilização como prisão política
entre 1939-1943, de que nos ficaram alguns relatos de prisioneiros como
António Estrela ou Ludgero Pinto Basto, que lembrava: «Nós só podíamos
vir cá para fora para o recreio, creio que era uma hora, e depois não
podíamos chegar às janelas porque as sentinelas não deixavam, chegaram
uma vez a atirar uns tiros para dentro das celas (…).»
O
«Depósito de Presos» de Angra seria encerrado em 1943 devido à presença
de militares ingleses e americanos na Base das Lajes que denunciaram a
situação que punha em evidência o carácter repressivo do regime.
Passados
75 anos sobre a desactivação das prisões políticas de Angra e não sendo
já visíveis os vestígios edificados dos espaços de encarceramento e
tortura, é necessário reconstituir e preservar a memória desse período
negro da história.http://www.avante.pt/pt/2339//151536/
***
Filme Aqui d' el rei de António Pedro Vasconcelos
*
Nos finais do século XIX, uma força do exército chefiada por Mouzinho de Albuquerque aprisionou em Moçambique o grande Gungunhana
Nos finais do século XIX, uma força do exército chefiada pelo major Mouzinho de Albuquerque, oficial de cavalaria, aprisionou em Moçambique o grande régulo vátua Gungunhana, que se havia rebelado contra o governo e a soberania portuguesa. Um jovem tenente, Nuno Lorena é incumbido de o transportar prisioneiro, para Lisboa. O temperamento ardente e o arrebatado idealismo de Lorena irão atrair Mariana de Vilares, mulher de D. Rodrigo, o Ministro da Guerra...
https://www.rtp.pt/programa/tv/p21759
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1997
RTP2
Documentário sobre a vida de Gungunhana. Interessante a afirmação na parte final de Ungulani Ba Ka Khosa. Salvo melhor opinião, se Gungunhana não tivesse sido vencido, Moçambique independente, e com o território que tem, nunca teria existido. Os Ingleses tomariam conta e dividiriam o território, pelo menos, em 2 partes. Aliás, Moçambique é uma criação de Portugal e de muitos naturais que lutaram a seu lado.
https://www.youtube.com/watch?v=7qbcNDgX7ik
***
13 de Março de 1896:Gungunhana, imperador dos Gaza, chega a Lisboa feito prisioneiro
Ngungunhane, N'gungunhana, Gungunhana ou Reinaldo Frederico Gungunhana (Gaza, c. 1850
— Angra do Heroísmo, 23 de Dezembro de 1906) foi o último imperador do Império de Gaza, no território que
actualmente é Moçambique, e o último
monarca da dinastia Jamine. Cognominado
o Leão de Gaza, o seu reinado
estendeu-se de1884 a 28 de Dezembro de 1895, dia em que foi feito prisioneiro
por Joaquim Mouzinho de
Albuquerque na aldeia fortificada de
Chaimite. Já conhecido da imprensa europeia, a administração colonial
portuguesa decidiu condená-lo ao exílio em vez de o mandar fuzilar, como fizera a
outros. Foi transportado para Lisboa,
acompanhado por um filho de nome Godide e por outros dignitários. Após uma breve
permanência naquela cidade, foi desterrado para os Açores, onde viria a falecer onze anos mais
tarde.
O seu reinado teve início em
1884.Colocado perante a
colonização europeia, Gungunhana pretendia prestar vassalagem a Portugal, mas
a tirania que usava na
relação com o
seu povo levou a
que o governo português pusesse fim
às suas actividades cruéis. Travados vários combates, entre os
quais os de
Marracuene, Mongul e Coolela, Gungunhana foi
derrotado pelas forças de Eduardo Galhardo e
aprisionado em Chaimite pelo capitão Joaquim Mouzinho de
Albuquerque,
corria então o ano de
1895.Trazido para Lisboa, Gungunhana não mais voltaria a
território de Moçambique. A 13 de Março
de 1896, o vapor "África" fundeia a meio do Tejo, frente a
Cacilhas. Milhares de pessoas acorrem ao
cais para ver o último trofeu de guerra da monarquia. O grupo é colocado numa jaula em forma de carruagem
com destino ao forte de Monsanto. Atravessa as ruas da Baixa lisboeta, a
Avenida, Palhavã, Sete Rios, Benfica, Calhariz. Ficam em exibição no Jardim Botânico de
Belém.
Posteriormente Gungunhana foi encarcerado em
Monsanto, de onde mais tarde, a
23 de Junho de
1896, foi transferido para Angra do
Heroísmo. Aí aprendeu a
ler e a
escrever e foi convertido à
força ao cristianismo e
baptizado com o
nome de Reynaldo Frederico Gugunhana. A
23 de Dezembro de
1906, Gungunhana morreu, no hospital militar de
Angra do Heroísmo, vítima de
hemorragia cerebral.
A 15
de Junho de 1985, por ocasião do
décimo aniversário da independência de
Moçambique, os Presidentes Ramalho Eanes e
Samora Machel aceitaram a transladação dos restos mortais do
resistente colonial, Gungunhana (ou Ngungunhane), para a
Fortaleza de Maputo.
wikipedia(imagens)
***
28 de Dezembro de 1895: Prisão de Gungunhana, em Chaimite, Moçambique.
Ngungunhane, N'gungunhana, Gungunhana ou Reinaldo Frederico Gungunhana (Gaza, c. 1850
— Angra do Heroísmo, 23 de Dezembro de 1906) foi o último imperador do Império de Gaza, no território que
actualmente é Moçambique, e o último
monarca da dinastia Jamine. Cognominado
o Leão de Gaza, o seu reinado
estendeu-se de1884 a 28 de Dezembro de 1895, dia em que foi feito prisioneiro
por Joaquim Mouzinho de
Albuquerque na aldeia fortificada de
Chaimite. Já conhecido da imprensa europeia, a administração colonial
portuguesa decidiu condená-lo ao exílio em vez de o mandar fuzilar, como fizera a
outros. Foi transportado para Lisboa,
acompanhado por um filho de nome Godide e por outros dignitários. Após uma breve
permanência naquela cidade, foi desterrado para os Açores, onde viria a falecer onze anos mais
tarde.
O seu
reinado teve início em
1884.Colocado perante a
colonização europeia, Gungunhana pretendia prestar vassalagem a Portugal, mas
a tirania que usava na
relação com o
seu povo levou a
que o governo português pusesse fim
às suas actividades cruéis. Travados vários combates, entre os
quais os de
Marracuene, Mongul e Coolela, Gungunhana foi
derrotado pelas forças de Eduardo Galhardo e
aprisionado em Chaimite pelo capitão Joaquim Mouzinho de
Albuquerque,
corria então o ano de
1895.Trazido para Lisboa, Gungunhana não mais voltaria a
território de Moçambique. Foi primeiramente encarcerado em
Monsanto, de onde mais tarde, a
23 de Junho de
1896, foi transferido para Angra do
Heroísmo. Aí aprendeu a
ler e a
escrever e foi convertido à
força ao cristianismo e
baptizado com o
nome de Reynaldo Frederico Gugunhana. A
23 de Dezembro de
1906, Gungunhana morreu, no hospital militar de
Angra do Heroísmo, vítima de
hemorragia cerebral.
A
15 de Junho de
1985, por ocasião do
décimo aniversário da independência de
Moçambique, os Presidentes Ramalho Eanes e
Samora Machel aceitaram a transladação dos restos mortais do
resistente colonial, Gungunhana (ou Ngungunhane), para a
Fortaleza de Maputo.
Gungunhana. In Infopédia [Em linha]. Porto:
Porto Editora, 2003-2014.
wikipedia(imagens)
O
imperador Ngungunhane com a sua coroa de cera e bastão (gravura
de Francisco Pastor,
1895)
Ngungunhane
e as suas sete esposas (no Forte de Monsanto, Lisboa, em Março de
1896)
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