Nota do Gabinete de Imprensa do PCP
Dados do desemprego desmentem propaganda do governo
4 Fevereiro 2015
1) Os dados hoje divulgados pelo INE referentes ao 4º trimestre de 2014, conjugados com os dados mensais do emprego e do desemprego corrigidos de sazonalidade, revelam o aumento do desemprego no 4º trimestre de 2014 em relação ao 3º trimestre do ano.
2) O que os inquéritos trimestrais ao emprego realizados pelo INE mostram é que o emprego não só não cresce por forma a conseguir absorver a redução do desemprego, como o pouco crescimento do emprego e a redução do desemprego resultam, na sua quase totalidade, da colocação de trabalhadores desempregados em estágios e cursos de formação pagos pelo Estado, através das chamadas políticas activas de emprego, onde o Governo enterra centenas e centenas de milhões de euros. A economia e, em particular, os seus sectores produtivos continuam a não criar ou a criar muito poucos empregos.
3) Na verdade, não há correspondência entre a redução do número de desempregados e o número de empregos criados entre os quartos trimestres de 2013 e 2014. Enquanto o desemprego se reduziu em 109 700, a criação líquida de emprego foi de apenas 22 700, ou seja, 87 000 trabalhadores portugueses deixaram de ser considerados desempregados, mas nem por isso encontraram emprego. Como neste período, também de acordo com o INE, a população residente com idade entre os 15 e os 44 anos baixou em 68 000, a população inactiva aumentou em 26 400, não é difícil perceber que a esmagadora maioria destes trabalhadores terá emigrado ou desistiu de procurar emprego.
Se não se subtraíssem das estatísticas do desemprego os mais de 166 mil trabalhadores desempregados em estágios e cursos de formação, isso bastaria para que a taxa de desemprego fosse já de 16,7%.
4) O que estes dados não deixam de demonstrar é que a taxa de desemprego jovem é de 34,0%, que o desemprego de longa duração atinge já os 64,5% do total do desemprego (a mais elevada taxa de desemprego de longa duração de sempre), que o trabalho precário representa 28,3% do trabalho por conta de outrem, que há 257 700 inactivos disponíveis para trabalhar mas que não estão no mercado de trabalho, que há 251 700 trabalhadores que não conseguem um trabalho a tempo completo e são obrigados a trabalhar a tempo parcial, que há 580 400 trabalhadores isolados a trabalhar a recibo verde e que a esmagadora maioria do pouco emprego criado é precário e de salários muito baixos. Por todas estas razões a taxa de desemprego real é ainda muito superior aos 13,5% agora apresentados e atinge de acordo com estes dados os 22,2%. Ou seja, cerca de 1 207 700 trabalhadores estavam efectivamente desempregados no 4º trimestre de 2014, o que constitui um autêntico flagelo nacional, que a manipulação e propaganda deste Governo não conseguem apagar.
5) Um desenvolvimento económico sustentado capaz de dinamizar um mercado interno e de criar emprego qualificado e com direitos é, do nosso ponto de vista, incompatível com a nefasta acção deste Governo e com uma política subordinada aos critérios da troika e da actual União Europeia.
Eugénio Rosa

a página no face:
https://www.facebook.com/pages/Eug%C3%A9nio-Rosa/112712558746773?fref=ts
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O site onde podemos consultar outros estudos
fundamentais
para a luta!!!
www.eugeniorosa.com
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faz mais 1 estudo imperdível!
http://www.eugeniorosa.com/Sites/eugeniorosa.com/Documentos/2014/57-2014-manipulacao-desemprego.pdf
aqui o estudo completo com os quadros
A MANIPULAÇÃO DOS DADOS DO DESEMPREGO E DO EMPREGO PELO GOVERNO
Subir Lall, chefe de missão do FMI em Portugal, numa entrevista dada ao Jornal de
Noticias, em Novembro de 2014, afirmou: “: "Ninguém percebeu como é que o
desemprego está a baixar”. O chefe do FMI ainda não percebeu porque ele, como
sempre aconteceu, nunca se deu ao trabalho de estudar a realidade portuguesa. Foi essa
uma das causas do fracasso total do programa da “troika” e do governo PSD/CDS. Se
tivesse estudado a realidade concreta portuguesa rapidamente teria compreendido que a
baixa da taxa de desemprego oficial resulta de uma gigantesca manipulação dos dados
do desemprego feita pelo governo para enganar a opinião pública, como revelam os
dados do INE e do Instituto de Emprego e Formação Profissional constantes do quadro 1.
(...)
Entre o 4º Trim.2011 e o 3º Trim.2014, ou seja, com o governo PSD/CDS, o número de
desempregados que não são considerados no cálculo do desemprego oficial e também
na taxa de desemprego oficial aumentou em 89,2%, pois passou de 241.722 para
457.455 desempregados como consta do quadro 1.
No 3º Trimestre de 2014, por ex., 302.300 desempregados por não terem procurado emprego
no período em que foi feito o inquérito pelo INE (os chamados “ativos disponíveis) não foram
considerados no cálculo do desemprego oficial. Também não foram considerados no cálculo
do desemprego oficial, 62.722 desempregados que estavam a participar em ações de
formação em centros do IEFP, o mesmo acontecendo com 18.914 desempregados em ações
de forção realizadas em centros de formação não pertencentes ao IEFP. Também não foram
considerados no cálculo do desemprego oficial, 41.637 desempregados que estavam em
estágios em empresas.
Mas o escândalo que já levou o Provedor de Justiça a intervir, considerando que se estava
perante um procedimento que violava a lei, é a utilização de desempregados para substituir
trabalhadores despedidos ou que se reformaram ou aposentaram ou ainda que não foram
contratados quando eram necessários, que também não são considerados no cálculo do
desemprego oficial e da taxa oficial de desemprego. São os famigerados Contratos de
Emprego Inserção (C.E.I.´s), um novo tipo de trabalho semiescravo moderno, onde o
desempregado tem um trabalho como qualquer outro trabalhador mas recebe praticamente
apenas o subsídio de desemprego pago pela Segurança Social. O seu número, no 3º
Trim.2014, já atingia 31.872 (o governo utiliza-os em larga escala para substituir
trabalhadores da Função Pública) e, embora fossem desempregados, também não são
considerados no desemprego oficial e na taxa de desemprego oficial. Um aspeto importante
para qual interessa chamar atenção é o facto de que são as rúbricas que mais dependem da
ação direta do governo que mais cresceram. Entre 2011 e 2014, os desempregados em
ações de formação aumentaram entre 506% e 1005%, e os desempregados em estágios
profissionais aumentaram, no mesmo período, em 1.129%. Desta forma, o governo
conseguiu retirar dezenas de milhares de desempregados do número oficial de
desemprego e baixar a taxa de desemprego oficial. E uma parte destes desempregados
são considerados empregados indo também empolar os dados do emprego como o
próprio Banco de Portugal já denunciou.Com esta manobra enganadora o governo
consegue dois objetivos: reduzir o desemprego e aumentar os números do emprego
A REDUÇÃO DO APOIO AOS DESEMPREGADOS FEZ DISPARAR A POBREZA
Ao mesmo tempo que desta forma o governo reduzia artificialmente a taxa oficial de
desemprego, depois utilizava isso para justificar a redução do apoio aos desempregados,
reduzindo o numero daqueles com direito a receber o subsídio de desemprego, como
mostram os dados oficiais constantes do quadro 2.
(...)
Entre 2011 e 2014, os desempregados a receber subsídio de desemprego correspondiam
apenas entre 42,7% e 47,1 do desemprego oficial, o que significava que mais de metade
mesmo destes desempregados oficiais não recebiam subsídio de desemprego. Mas se
no lugar de se considerar apenas o desemprego oficial, se se tiver em conta o
desemprego real total aquela percentagem já desce para entre 28,6% e 23,6%, o que
significa que, atualmente, cerca de três quartos dos trabalhadores que estão de facto
desempregados não recebem subsídio de desemprego. Este facto fez disparar os
desempregados a viver no limiar da pobreza para 40,2% como revelam os dados do INE
constantes do quadro 2, que não necessitam de comentários devido à sua clareza
(...)
Os comentários são mesmo desnecessários.
edr2@netcabo.pt, 13.12.2014