A ideia que a grande maioria tem é que os EUA e a Grã-Bretanha é que fez cair o nazismo...
Mas os factos são factos...
Há 75 anos, na Polónia, o Exército Soviético...
***
27jan2020...Urge
ter memória!!!75anos da libertação do campo de concentração/extermínio
de Auschwitz-Birkenau, na Polónia....Papa Francisco: “Que cada um diga
ao seu próprio coração: Nunca mais!" ...”é um dever lembrar o
Holocausto;”...”Não é admissível a indiferença e é um dever a memória"


MEMÓRIA: HÁ 75 ANOS O EXÉRCITO VERMELHO LIBERTOU AUSCHWITZ
Por Gustavo Carneiro
Assinala-se na próxima segunda-feira, 27 de Janeiro, 75 anos sobre a libertação do campo de extermínio nazi de Auschwitz. Do muito que já se disse sobre o assunto, e do que seguramente se dirá nos próximos dias nos meios de comunicação social dominados pelo grande capital, não sobressai devidamente a identidade do libertador: a União Soviética e o seu Exército Vermelho.
Só quem andar distraído poderá achar estranho semelhante desvalorização ou mesmo ocultação, tal a dimensão e descaramento das operações de reescrita da História que marcam o nosso tempo. Elas são parte integrante da ofensiva ideológica que acompanha – e enquadra – o brutal e multifacetado ataque do imperialismo contra os direitos dos trabalhadores e dos povos.
A História, é sabido, constitui para as forças revolucionárias e progressistas de todas as épocas uma útil fonte de inspiração e um imprescindível instrumento de compreensão e transformação do mundo, com base nas leis do desenvolvimento social. Inversamente, o desconhecimento ou incompreensão da História facilita a penetração entre as massas de concepções e práticas contrárias aos seus próprios interesses. A ascensão, um pouco por todo o mundo, de forças de extrema-direita e de carácter fascizante (quando não mesmo neonazi) é disto exemplo maior, mas está longe de ser o único.
A própria crítica dos partidos e da política, a desvalorização dos sindicatos e da luta organizada, a secundarização e a negação da luta de classes em prejuízo de várias causas identitárias, devidamente separadas e descontextualizadas, o ataque às liberdades e à democracia inserem-se, em grande medida, na premeditada promoção de uma insuficiente (e deficiente) apreensão das lições do passado.
É precisamente por estar plenamente consciente da importância da História que o imperialismo dedica especial atenção ao que dela pretende que se registe e à forma como o faz, recorrendo aos extraordinários meios que tem hoje à sua disposição – dos livros de História aos documentários, dos currículos escolares às mega-produções de Hollywood.
A visão promovida pelo imperialismo sobre a Segunda Guerra Mundial é, a este propósito, paradigmática: o papel determinante da União Soviética e dos comunistas na derrota do nazi-fascismo é apagado, ao mesmo tempo que se sobrevaloriza o contributo de outros; a natureza de classe do fascismo é omitida, assim como a cumplicidade de que o nazismo alemão beneficiou por parte das potências capitalistas como a Grã-Bretanha, França ou Estados Unidos; sobre as impressionantes – e, para a maioria da população mundial, inéditas – conquistas alcançadas no pós-guerra cai hoje um denso manto de obscuridade.
Poderia o capitalismo monopolista, com suas ramificações, permitir que se soubesse que o fascismo é a sua própria ditadura terrorista? Ou que a guerra não resultou da «loucura» de um qualquer Hitler de serviço, mas da própria natureza do capitalismo na sua fase imperialista? Ou que foram os comunistas e o movimento operário e popular os principais obreiros da vitória sobre o nazi-fascismo?
Poderia permitir que os trabalhadores e os povos tivessem confiança na sua própria luta, capacidade de resistência e força transformadora?
- Para lá de Hollywood
Por mais cinematográfica que possa ser, a versão repetida até ao absurdo que apresenta o Dia D como a chave da vitória sobre o nazi-fascismo e os aliados ocidentais como os seus principais protagonistas não tem qualquer fundamento. Quando as forças anglo-americanas desembarcam na Normandia, no início de Junho de 1944 (abrindo finalmente a segunda frente, há muito prometida), já as hordas hitlerianas batiam em retirada, somando derrotas atrás de derrotas às mãos do Exército Vermelho e das forças de resistência popular.
Aliás, depois de ocuparem quase toda a Europa sem grande dificuldade, foi na União Soviética que os exércitos nazi-fascistas se depararam pela primeira vez com uma oposição digna nesse nome: só no primeiro mês de invasão, mais de 110 mil soldados alemães tombaram e as unidades de tanques e motorizadas reduziram-se quase a metade. Era o fim da guerra-relâmpago (Blitzkrieg). Daqui por diante o avanço continuaria por alguns meses, mas foi penoso e lento…
A primeira derrota na guerra sofreram-na os nazi-fascistas às portas de Moscovo: quando a batalha pela capital terminou, em Abril de 1942, tinham perdido na União Soviética um milhão e meio de homens, cinco vezes mais do que na invasão e ocupação de 11 países europeus. No final da guerra o balanço não era menos revelador: os nazi-fascistas perderam nos combates contra a União Soviética 80 por cento dos seus homens e na Frente Oriental foram capturadas, derrotadas ou esmagadas 607 das suas divisões, mais do triplo do que sucedeu nas frentes do Norte de África, da Itália e da Europa Ocidental, todas juntas.
Foi igualmente na União Soviética que se travaram as batalhas decisivas, que inverteram o rumo da guerra. A permanente resistência em todas e a cada uma das cidades, vilas e aldeias ocupadas; a heróica defesa de Leninegrado (sitiada durante 900 dias e nunca tomada) e a ruptura definitiva do cerco, em Janeiro de 1944; a vitória soviética em Stalinegrado, em Fevereiro de 1943, onde os nazis perderam cerca de um quarto do total forças imensas que concentraram na agressão à URSS, na sequência de encarniçados combates rua a rua e casa a casa – foram momentos decisivos para o desfecho da guerra. A partir da derrota na imensa batalha de Kursk, em Agosto de 1943, o comando nazi perdeu a iniciativa da guerra e nunca mais foi capaz de a retomar, até à sua derrota final, em Berlim, em Maio de 1945.
Entre as batalhas travadas em território soviético e a vitória definitiva, na capital do Reich, o Exército Vermelho e as forças de resistência patrióticas de várias nacionalidades libertaram a um ritmo avassalador 113 milhões de pessoas de 11 países europeus ocupados pelos nazi-fascistas. Foi precisamente neste processo que a 1.ª e a 4.ª divisões da frente ucraniana, comandadas respectivamente pelos generais Koniev e Petrov, chegaram às imediações do campo de concentração de Auschwitz, em Janeiro de 1945.
- Teses insustentáveis
Ao pretender reescrever a História, o imperialismo não procura apenas apagar o papel decisivo da União Soviética na derrota do nazi-fascismo e o alto preço que por tal pagou – mais de 20 milhões de mortos. Numa recente resolução do Parlamento Europeu (aprovada com os votos dos deputados portugueses do CDS, PSD, PS e PAN), equipara-se mesmo o nazi-fascismo ao comunismo, ocultando-se que um e outro são opostos nos princípios e nas práticas e que o primeiro foi derrotado em 1945 graças ao contributo determinante dos comunistas.
A resolução tem objectivos mais amplos do que a falsificação da História, mas é dela que parte para construir uma narrativa que aponta à criminalização de todos os que denunciam a natureza exploradora, opressora, agressiva e predadora do capitalismo, particularmente os que protagonizam o projecto e a luta pela sua superação revolucionária. Para lá do muito que oculta, escamoteia que o pacto de não-agressão assinado em Agosto de 1939 entre a União Soviética e a Alemanha nazi teve como propósito fundamental ganhar tempo face à certa agressão nazi-fascista contra a URSS.
Nada diz, porém, sobre as inúmeras propostas feitas pelos soviéticos desde 1933 (ano em que Hitler chegou ao poder na Alemanha) para a criação de um sistema de segurança colectivo na Europa, destinado a prevenir a ameaça de agressão nazi-fascista, nunca concretizado devido à recusa de britânicos e franceses. Da mesma forma que cala a cumplicidade de Grã-Bretanha e França na ascensão do nazi-fascismo e na sua expansão para Leste: pese embora a oposição e propostas soviéticas em sentido contrário, estes dois estados consentiram a militarização alemã (1936), a intervenção de Hitler e Mussolini contra a República espanhola (1937-39) ou o desmembramento e ocupação da Checoslováquia.
Só quando era já evidente que as autoridades britânicas e francesas não só recusavam qualquer coligação antifascista como procuravam empurrar as hordas hitlerianas para Leste é que a União Soviética se decidiu, em Agosto de 1939, a subscrever o tratado de não-agressão com a Alemanha. Com ele, ganhou quase dois anos para se preparar melhor, no plano militar, para a invasão que inevitavelmente ocorreria. Quanto à suposta «partilha» da Polónia entre soviéticos e alemães, ela simplesmente não existiu, já que os territórios ocupados pela URSS foram os que o imperialismo lhe tinha subtraído com o Tratado de Brest-Litovsk: a Ucrânia Ocidental e parte da Bielorrússia.
- O extermínio, a escravatura e quem se escondeu por detrás do nazismo
A libertação pelo Exército Vermelho do complexo de campos de concentração de Auschwitz (como, antes, os de Treblinka ou de Maidanek) revelou ao mundo a tenebrosa máquina de morte do nazi-fascismo. Só nos campos de extermínio terão sido assassinadas 11 milhões de pessoas: judeus, ciganos, eslavos, deficientes, comunistas, sindicalistas e outros democratas e resistentes anti-fascistas. Morreram nas câmaras de gás e no pelotão de fuzilamento; na tarimba, famintos, doentes e exaustos, ou na marquesa de um qualquer «médico» que neles fez experiências tenebrosas.
Na obra A Rússia na Guerra (publicada em Portugal pela Europa-América), o jornalista britânico Alexander Werth relata as suas impressões ao entrar no campo de Maidanek, pouco depois de este ter sido localizado e libertado pelo Exército Vermelho: as câmaras de gás e os fornos crematórios, os montes de cinzas humanas acumuladas. «Incrível», assume, lembrando que o primeiro relatório que enviou para a BBC sobre esta tenebrosa realidade não foi publicado, pois a direcção considerava que o seu conteúdo era «propaganda russa». Só mais tarde, depois de terem sido descobertos pelas forças anglo-americanas os campos de concentração de Buchenwald, Dachau e Belsen «é que se convenceu que Maidanek e Auschwitz eram autênticos».
No funcionamento dos campos de extermínio como de toda a sua máquina de opressão e guerra, o nazi-fascismo contou com o empenhado apoio de alguns dos mais importantes grupos económicos e financeiros de então (e, alguns, de hoje), que o equiparam e beneficiaram do trabalho escravo dos prisioneiros: Thyssen, Krupp, Bayer, Volkswagen, IBM e Hugo Boss são apenas alguns deles. O fascismo, em todas as suas expressões, é a ditadura terrorista dos monopólios – e este é aspecto essencial que a actual ofensiva ideológica do capitalismo pretende esconder.
Publicado no jornal Avante!
Por Gustavo Carneiro
Assinala-se na próxima segunda-feira, 27 de Janeiro, 75 anos sobre a libertação do campo de extermínio nazi de Auschwitz. Do muito que já se disse sobre o assunto, e do que seguramente se dirá nos próximos dias nos meios de comunicação social dominados pelo grande capital, não sobressai devidamente a identidade do libertador: a União Soviética e o seu Exército Vermelho.
Só quem andar distraído poderá achar estranho semelhante desvalorização ou mesmo ocultação, tal a dimensão e descaramento das operações de reescrita da História que marcam o nosso tempo. Elas são parte integrante da ofensiva ideológica que acompanha – e enquadra – o brutal e multifacetado ataque do imperialismo contra os direitos dos trabalhadores e dos povos.
A História, é sabido, constitui para as forças revolucionárias e progressistas de todas as épocas uma útil fonte de inspiração e um imprescindível instrumento de compreensão e transformação do mundo, com base nas leis do desenvolvimento social. Inversamente, o desconhecimento ou incompreensão da História facilita a penetração entre as massas de concepções e práticas contrárias aos seus próprios interesses. A ascensão, um pouco por todo o mundo, de forças de extrema-direita e de carácter fascizante (quando não mesmo neonazi) é disto exemplo maior, mas está longe de ser o único.
A própria crítica dos partidos e da política, a desvalorização dos sindicatos e da luta organizada, a secundarização e a negação da luta de classes em prejuízo de várias causas identitárias, devidamente separadas e descontextualizadas, o ataque às liberdades e à democracia inserem-se, em grande medida, na premeditada promoção de uma insuficiente (e deficiente) apreensão das lições do passado.
É precisamente por estar plenamente consciente da importância da História que o imperialismo dedica especial atenção ao que dela pretende que se registe e à forma como o faz, recorrendo aos extraordinários meios que tem hoje à sua disposição – dos livros de História aos documentários, dos currículos escolares às mega-produções de Hollywood.
A visão promovida pelo imperialismo sobre a Segunda Guerra Mundial é, a este propósito, paradigmática: o papel determinante da União Soviética e dos comunistas na derrota do nazi-fascismo é apagado, ao mesmo tempo que se sobrevaloriza o contributo de outros; a natureza de classe do fascismo é omitida, assim como a cumplicidade de que o nazismo alemão beneficiou por parte das potências capitalistas como a Grã-Bretanha, França ou Estados Unidos; sobre as impressionantes – e, para a maioria da população mundial, inéditas – conquistas alcançadas no pós-guerra cai hoje um denso manto de obscuridade.
Poderia o capitalismo monopolista, com suas ramificações, permitir que se soubesse que o fascismo é a sua própria ditadura terrorista? Ou que a guerra não resultou da «loucura» de um qualquer Hitler de serviço, mas da própria natureza do capitalismo na sua fase imperialista? Ou que foram os comunistas e o movimento operário e popular os principais obreiros da vitória sobre o nazi-fascismo?
Poderia permitir que os trabalhadores e os povos tivessem confiança na sua própria luta, capacidade de resistência e força transformadora?
- Para lá de Hollywood
Por mais cinematográfica que possa ser, a versão repetida até ao absurdo que apresenta o Dia D como a chave da vitória sobre o nazi-fascismo e os aliados ocidentais como os seus principais protagonistas não tem qualquer fundamento. Quando as forças anglo-americanas desembarcam na Normandia, no início de Junho de 1944 (abrindo finalmente a segunda frente, há muito prometida), já as hordas hitlerianas batiam em retirada, somando derrotas atrás de derrotas às mãos do Exército Vermelho e das forças de resistência popular.
Aliás, depois de ocuparem quase toda a Europa sem grande dificuldade, foi na União Soviética que os exércitos nazi-fascistas se depararam pela primeira vez com uma oposição digna nesse nome: só no primeiro mês de invasão, mais de 110 mil soldados alemães tombaram e as unidades de tanques e motorizadas reduziram-se quase a metade. Era o fim da guerra-relâmpago (Blitzkrieg). Daqui por diante o avanço continuaria por alguns meses, mas foi penoso e lento…
A primeira derrota na guerra sofreram-na os nazi-fascistas às portas de Moscovo: quando a batalha pela capital terminou, em Abril de 1942, tinham perdido na União Soviética um milhão e meio de homens, cinco vezes mais do que na invasão e ocupação de 11 países europeus. No final da guerra o balanço não era menos revelador: os nazi-fascistas perderam nos combates contra a União Soviética 80 por cento dos seus homens e na Frente Oriental foram capturadas, derrotadas ou esmagadas 607 das suas divisões, mais do triplo do que sucedeu nas frentes do Norte de África, da Itália e da Europa Ocidental, todas juntas.
Foi igualmente na União Soviética que se travaram as batalhas decisivas, que inverteram o rumo da guerra. A permanente resistência em todas e a cada uma das cidades, vilas e aldeias ocupadas; a heróica defesa de Leninegrado (sitiada durante 900 dias e nunca tomada) e a ruptura definitiva do cerco, em Janeiro de 1944; a vitória soviética em Stalinegrado, em Fevereiro de 1943, onde os nazis perderam cerca de um quarto do total forças imensas que concentraram na agressão à URSS, na sequência de encarniçados combates rua a rua e casa a casa – foram momentos decisivos para o desfecho da guerra. A partir da derrota na imensa batalha de Kursk, em Agosto de 1943, o comando nazi perdeu a iniciativa da guerra e nunca mais foi capaz de a retomar, até à sua derrota final, em Berlim, em Maio de 1945.
Entre as batalhas travadas em território soviético e a vitória definitiva, na capital do Reich, o Exército Vermelho e as forças de resistência patrióticas de várias nacionalidades libertaram a um ritmo avassalador 113 milhões de pessoas de 11 países europeus ocupados pelos nazi-fascistas. Foi precisamente neste processo que a 1.ª e a 4.ª divisões da frente ucraniana, comandadas respectivamente pelos generais Koniev e Petrov, chegaram às imediações do campo de concentração de Auschwitz, em Janeiro de 1945.
- Teses insustentáveis
Ao pretender reescrever a História, o imperialismo não procura apenas apagar o papel decisivo da União Soviética na derrota do nazi-fascismo e o alto preço que por tal pagou – mais de 20 milhões de mortos. Numa recente resolução do Parlamento Europeu (aprovada com os votos dos deputados portugueses do CDS, PSD, PS e PAN), equipara-se mesmo o nazi-fascismo ao comunismo, ocultando-se que um e outro são opostos nos princípios e nas práticas e que o primeiro foi derrotado em 1945 graças ao contributo determinante dos comunistas.
A resolução tem objectivos mais amplos do que a falsificação da História, mas é dela que parte para construir uma narrativa que aponta à criminalização de todos os que denunciam a natureza exploradora, opressora, agressiva e predadora do capitalismo, particularmente os que protagonizam o projecto e a luta pela sua superação revolucionária. Para lá do muito que oculta, escamoteia que o pacto de não-agressão assinado em Agosto de 1939 entre a União Soviética e a Alemanha nazi teve como propósito fundamental ganhar tempo face à certa agressão nazi-fascista contra a URSS.
Nada diz, porém, sobre as inúmeras propostas feitas pelos soviéticos desde 1933 (ano em que Hitler chegou ao poder na Alemanha) para a criação de um sistema de segurança colectivo na Europa, destinado a prevenir a ameaça de agressão nazi-fascista, nunca concretizado devido à recusa de britânicos e franceses. Da mesma forma que cala a cumplicidade de Grã-Bretanha e França na ascensão do nazi-fascismo e na sua expansão para Leste: pese embora a oposição e propostas soviéticas em sentido contrário, estes dois estados consentiram a militarização alemã (1936), a intervenção de Hitler e Mussolini contra a República espanhola (1937-39) ou o desmembramento e ocupação da Checoslováquia.
Só quando era já evidente que as autoridades britânicas e francesas não só recusavam qualquer coligação antifascista como procuravam empurrar as hordas hitlerianas para Leste é que a União Soviética se decidiu, em Agosto de 1939, a subscrever o tratado de não-agressão com a Alemanha. Com ele, ganhou quase dois anos para se preparar melhor, no plano militar, para a invasão que inevitavelmente ocorreria. Quanto à suposta «partilha» da Polónia entre soviéticos e alemães, ela simplesmente não existiu, já que os territórios ocupados pela URSS foram os que o imperialismo lhe tinha subtraído com o Tratado de Brest-Litovsk: a Ucrânia Ocidental e parte da Bielorrússia.
- O extermínio, a escravatura e quem se escondeu por detrás do nazismo
A libertação pelo Exército Vermelho do complexo de campos de concentração de Auschwitz (como, antes, os de Treblinka ou de Maidanek) revelou ao mundo a tenebrosa máquina de morte do nazi-fascismo. Só nos campos de extermínio terão sido assassinadas 11 milhões de pessoas: judeus, ciganos, eslavos, deficientes, comunistas, sindicalistas e outros democratas e resistentes anti-fascistas. Morreram nas câmaras de gás e no pelotão de fuzilamento; na tarimba, famintos, doentes e exaustos, ou na marquesa de um qualquer «médico» que neles fez experiências tenebrosas.
Na obra A Rússia na Guerra (publicada em Portugal pela Europa-América), o jornalista britânico Alexander Werth relata as suas impressões ao entrar no campo de Maidanek, pouco depois de este ter sido localizado e libertado pelo Exército Vermelho: as câmaras de gás e os fornos crematórios, os montes de cinzas humanas acumuladas. «Incrível», assume, lembrando que o primeiro relatório que enviou para a BBC sobre esta tenebrosa realidade não foi publicado, pois a direcção considerava que o seu conteúdo era «propaganda russa». Só mais tarde, depois de terem sido descobertos pelas forças anglo-americanas os campos de concentração de Buchenwald, Dachau e Belsen «é que se convenceu que Maidanek e Auschwitz eram autênticos».
No funcionamento dos campos de extermínio como de toda a sua máquina de opressão e guerra, o nazi-fascismo contou com o empenhado apoio de alguns dos mais importantes grupos económicos e financeiros de então (e, alguns, de hoje), que o equiparam e beneficiaram do trabalho escravo dos prisioneiros: Thyssen, Krupp, Bayer, Volkswagen, IBM e Hugo Boss são apenas alguns deles. O fascismo, em todas as suas expressões, é a ditadura terrorista dos monopólios – e este é aspecto essencial que a actual ofensiva ideológica do capitalismo pretende esconder.
Publicado no jornal Avante!
mas também para lembrar que houve nazismo e o campo dos campos de concentração: Auschwitz-Birkenam...
AUSCHWITZ: A SOLUÇÃO FINAL 1.ª ETAPA - PARTE 1 (LEGENDADO PT BR)
*** Para que o mundo jamais se esqueça do holocausto...
https://www.youtube.com/watch?v=lz2ap3PI90Y
*
Papa Francisco
26jan2020
O papa
Francisco afirmou hoje que é um dever lembrar o Holocausto, considerando
inadmissível a indiferença, ao recordar os 75 anos da libertação das
pessoas detidas no campo de concentração e extermínio de
Auschwitz-Birkenau, na Polónia.
Dirigindo-se às centenas de fiéis que o escutavam desde a Praça de São Pedro, em Roma, o pontífice exortou as pessoas a recordarem este episódio da História com um momento de oração e recolhimento na segunda-feira, Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.
"Que cada um diga ao seu próprio coração: Nunca mais!", instou Francisco, aplaudido pelos fiéis.
Em 27 de janeiro de 1945, as tropas soviéticas descobriram o campo de concentração e extermínio de Auschwitz-Birkenau, o maior da Europa ocupada pela Alemanha nazi e onde foram mortos cerca de 1,1 milhões de pessoas, dos quais perto de um milhão de judeus.
Na sua intervenção, da janela do Palácio Apostólico, o papa pediu uma oração pelas pessoas afetadas pela epidemia gerada por um novo coronavírus (grupo de vírus que pode provocar pneumonias), que começou na China e alastrou a vários países, causando 56 mortos e mais de 2.000 infetados, de acordo com o mais recente balanço.
"Que o Senhor acolha os defuntos em paz, apazigue as famílias e apoie o grande esforço colocado em marcha para combater a epidemia", desejou o papa.
*
As imagens do inferno
São as únicas imagens conhecidas do momento
em que os prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau
são encaminhados para as câmaras de gás e depois incinerados. Há décadas
que dão polémica, entre quem defende a sua divulgação e quem está
contra.
https://www.publico.pt/2020/01/26/mundo/noticia/imagens-inferno-1901670?fbclid=IwAR0-H8eHSgf6_rxIceRnZbDFl7XcS-RrE6fQvGAMsLfIowAo1r84tEZfW-Q***
22 de Março de 1933

Entra em funcionamento o campo de concentração de Dachau.
Entra em funcionamento o campo de concentração de Dachau.
O campo de concentração de Dachau foi o primeiro criado pelo governo nazi. Heinrich Himmler, chefe da polícia de Munique, descreveu-o oficialmente como “o primeiro campo de concentração para prisioneiros políticos”. Foi construído nas dependências de uma fábrica de munições abandonada, a cerca de 15 quilómetros a noroeste de Munique, no sul da Alemanha.
Dachau serviu como protótipo e modelo para os outros campos. Tinha uma organização básica, com prédios desenhados pelo comandante Theodor Eicke. Dispunha de um campo distinto, perto do centro de comando, com salas de estar, administração e instalações para os soldados. Eicke tornou-se ainda o inspector-chefe para todos os campos de concentração.
Cerca de 200 mil prisioneiros de mais de 30 países foram "hospedados" em Dachau, dos quais aproximadamente um terço era judeu. Acredita-se que mais de 35.600 prisioneiros foram mortos no campo, principalmente por doenças, má nutrição e suicídio. No começo de 1945, houve uma epidemia de tifo no local, seguida de uma evacuação em massa, dizimando boa parte dos prisioneiros.
A par de Auschwitz-Birkenau, Dachau tornou-se um símbolo de campo de concentração nazi. KZ Dachau tem um significado bastante forte na memória pública porque foi o segundo campo a ser libertado pelas forças aliadas anglo-americanas. O primeiro havia sido Auschwitz, libertado pelo Exército Vermelho. Ambos expuseram aos olhos do mundo a realidade da brutalidade nazi.
Dachau foi dividido em duas secções: a área do campo e o crematório. A área do campo consistia em 32 barracas, incluindo uma para o clero aprisionado e os opositores do regime nazi e outra reservada para as experiências médicas. O pátio entre a prisão e a cozinha central foi usado para a execução sumária de prisioneiros. Uma cerca eléctrica de arame farpado, uma vala e um muro com torres de observação rodeavam o campo.
No início de 1937, as SS, usando a mão-de-obra dos prisioneiros, iniciaram a construção de uma grande rede de prédios nos fundos do campo original. Os prisioneiros eram forçados, sob terríveis condições, ao trabalho, começando com a destruição das velhas fábricas de munição. A construção deu-se por concluída em meados de Agosto de 1938.
No início de 1937, as SS, usando a mão-de-obra dos prisioneiros, iniciaram a construção de uma grande rede de prédios nos fundos do campo original. Os prisioneiros eram forçados, sob terríveis condições, ao trabalho, começando com a destruição das velhas fábricas de munição. A construção deu-se por concluída em meados de Agosto de 1938.
Dachau foi o campo mais activo durante o Terceiro Reich. A área incluía ainda outras fábricas da SS, uma escola de economia e serviço civil e a escola médica dos SS. O campo, chamado de "campo de custódia", ocupava menos da metade de toda a área.
Dachau também serviu como campo central para prisioneiros católicos. De acordo com a Igreja Católica Romana, pelo menos 3.000 religiosos, diáconos, padres e bispos foram lá confinados. Em Agosto de 1944, abriu-se um campo feminino dentro de Dachau. A primeira "carga" de mulheres veio de Auschwitz-Birkenau.
Dachau também serviu como campo central para prisioneiros católicos. De acordo com a Igreja Católica Romana, pelo menos 3.000 religiosos, diáconos, padres e bispos foram lá confinados. Em Agosto de 1944, abriu-se um campo feminino dentro de Dachau. A primeira "carga" de mulheres veio de Auschwitz-Birkenau.
Nos últimos meses da guerra, as condições de Dachau pioraram. Quando as forças aliadas avançaram sobre a Alemanha, os nazis começaram a remover os prisioneiros dos campos perto da frente de batalha. Depois de vários dias de viagem, com pouca ou nenhuma comida e água, os prisioneiros chegavam extenuados. Muitos morriam pelo caminho. A epidemia de tifo tornou-se um sério problema devido ao excesso de prisioneiros, condições sanitárias precárias, provisões insuficientes e o estado de fraqueza dos prisioneiros. Até ao dia da libertação, 15 mil pessoas morreram e 500 prisioneiros russos foram executados.
Em 27 de Abril de 1945, Victor Maurer, delegado do Comité Internacional da Cruz Vermelha, foi autorizado a entrar nos campos e distribuir comida. Na noite do mesmo dia, um transporte de prisioneiros chegou de Buchenwald. Somente 800 sobreviventes foram resgatados, dos aproximadamente 4.500. Mais de 2.300 cadáveres foram deixados dentro do comboio. O último comandante do campo, Obersturmbannführer (Tenente-Coronel) Eduard Weiter, fugiu em 26 de Abril.
Em 28 de Abril de 1945, o dia anterior à rendição, Martin Weiss, que comandara o campo de Setembro de 1942 até Novembro de 1943, deixou Dachau juntamente com a maioria dos guardas e administradores do campo.
Maurer tentou persuadir o tenente Johannes Otto, ajudante do comandante Weiss, a não abandonar o campo, mantendo guardas para controlar os prisioneiros até que os norte-americanos chegassem. Ele temia que os prisioneiros pudessem fugir em massa e espalhar a epidemia de tifo.
Um dia depois, foi hasteada uma bandeira branca na torre do campo.
Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)
***wikipedia (imagens)
27jan2017
SG da ONU:
https://www.facebook.com/ONUNewsPort/videos/vb.357493727505/10155660256602506/?type=2&theater
*
http://www.abrilabril.pt/lembrancas-proposito-da-libertacao-de-auschwitz
Menos habitual é encontrar registos como o de Rui Paz, em «A Libertação de Auschwitz», a lembrar-nos que, naquele complexo de três campos, «tudo era financiado pelo Deutsche Bank, cuja direcção se encontrava representada na IG FarbeBayer, empresa beneficiária do trabalho escravo e fornecedora do Zyklon B, o gás da morte com que os prisioneiros considerados inaptos para trabalhar eram asfixiados».
Antes que as tropas soviéticas libertassem Auschwitz e alcançassem o Reichstag, o grande capital engordou. Diz-nos Paz que «Siemens, Krupp, Opel, BMW, VW, Daimler, IG Farbe, Alianz, Flick, Deutsche, Dresdner e Commerz Bank são apenas os nomes mais sonantes de dinastias do mundo empresarial e da finança cujo poder foi consolidado pelo terror do regime hitleriano. Só entre 1939 e 1944 o volume de negócios do Deutsche Bank aumentou de 4,2 para 11,4 mil milhões de Reichsmark».
Não é demais recordar tal lembrança, a propósito de Auschwitz e da sua libertação. Como não vem a despropósito recordar o enorme sacrifício da União Soviética com a guerra levada a cabo pela Alemanha de Hitler (mais de 20 milhões de mortos) e o grande, decisivo contributo dado pelo Exército Vermelho para a derrota do nazi-fascismo – desde o início sujeitos a campanhas de enredo e descentramento. O capital, com seu hollywood, deslocou, quase em exclusivo, os heroísmos mais para ocidente.
Em tempos mais recentes, com alguns dos antigos países socialistas e das ex-repúblicas soviéticas devidamente integrados nas democráticas estruturas europeias – e com a NATO por casa –, não têm faltado revisionismo histórico e branqueamento do nazi-fascismo. Na Net, há muito quem se lembre – é só vasculhar. Bastante mais se silencia nos «meios» tradicionais da comunicação social.
Ponhamos exemplos: na Ucrânia, tributa-se culto oficial ao fascista Stepan Bandera e perseguem-se símbolos, nomes, estátuas e... militantes comunistas; na Letónia, são habituais as marchas de glorificação do nazismo e de louvor aos legionários letões das Waffen SS; na Polónia, ainda há dois anos, por ocasião do 70.º aniversário da libertação de Auschwitz, um ministro polaco dizia que haviam sido «os ucranianos» os libertadores, desprezando, de forma intencionada, o lado soviético da questão e cuspindo na memória de centenas de milhares de soldados – soviéticos – que deram a vida para libertar a Polónia.
Em ano de centenário (1917-2017), a faísca do revisionismo e do branqueamento está para dar labaredas. António Santos, em «Apocalipse: RTP», e Miguel A. Montes, em «Gernika de Koldo Serra, una peli de barrio y anticomunista», bem nos lembraram, há dias. Entretanto, não esqueçamos Auschwitz. E a sua libertação.
***27 DE JANEIRO - DIA INTERNACIONAL de Memória VÍTIMAS DO HOLOCAUSTO
***
Ao lado do "Anjo da Morte"
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/ao-lado-do-anjo-da-morte=f908176#ixzz3Q7yjFjkr
Ella Lingens era admirada nos cafés de Viena pelas suas convicções sociais-democratas, andar emancipado e provocante, e fascinantes olhos azuis. Quando escondeu, no andar onde morava, judeus perseguidos pelos nacionais-socialistas e os ajudou a sair do país, não sabia que uma cadeia de infortúnios e denúncias a levaria ao pior pesadelo da sua vida.
Como prisioneira em Auschwitz, teve de trabalhar sob as ordens do "Anjo da Morte", Josef Mengele, um médico tão brilhante como diabólico, que distribuía chocolates pelas crianças judias e ciganas, antes de as submeter a experiências e torturas atrozes ou de as conduzir pessoalmente para as câmaras de gás, no seu descapotável verde.
Agora, aos 87 anos, meio século depois da libertação de Auschwitz, Ella conserva ainda a determinação e a vontade de viver que a salvaram da morte. A sua figura frágil, encolhida num enorme cadeirão, domina suavemente o ambiente da casa rústica onde mora, nos arredores de Viena.
Ella Lingens foi obrigada a escolher entre a vida e a morte dos seus doentes, "como se fosse Deus", pois não podia desperdiçar medicamentos escassos, em casos que pareciam irreversíveis. "A quem dar os medicamentos, a uma mãe com muitos filhos ou a uma rapariga nova?" - tinha de perguntar a si mesma. "A quem administrar uma injecção, a um velho que, em qualquer caso, vai morrer, ou dividi-la por dois jovens?"
Ella Lingens era catalogada pelos burocratas do Terceiro Reich como "uma ariana de raça pura", o que lhe permitiu esconder os seus amigos judeus sem que desconfiassem dela. Na "Noite de Cristal", em Novembro de 1938, quando os judeus foram espancados nas ruas, as suas casas e lojas destruídas e os seus livros queimados, alguém tocou à porta do andar onde moravam os Lingens. Era o engenheiro Wiesenfeld, que chegou de pijama, a tremer, para se refugiar em casa deles, trazendo na mão uma escova de dentes.
Pela janela chegava um ruído insuportável, de vidros a estilhaçarem-se, bramidos e gritos das hordas nazis, e o engenheiro Wiesenfeld disse-lhes: "Invejo-vos." "Porquê?" - perguntou Ella. "Porque vocês não são judeus". O refugiado ficou três semanas e foram chegando "mais e mais". Finalmente, o andar estava tão cheio, conta Ella, "que o meu marido e eu fomos morar para o hotel".
Foram meses de tensão trágica, e por vezes absurda. Erika, uma jovem de 19 anos, a última judia que esconderam, fê-los passar o susto de vida deles, quando, farta da rotina da vida clandestina, de estar fechada e de apanhar calor, resolveu tomar banho de sol nua, no parapeito da janela do "atelier" onde moravam os Lingens. Os alunos de um liceu que ficava em frente do edifício pensaram que se tratava de uma louca suicida e chamaram a polícia. "Não nos descobriram por milagre" conta Lingens. Antes que os homens de uniforme forçassem a porta do andar, chegou uma amiga da família, "completamente ariana", que convenceu a polícia de que fora ela que estivera a tomar banho de sol.
Mas Ella confiou demais na sorte e continuou a arranjar documentos falsos para que os perseguidos pudessem partir para o exílio, acabando por ser denunciada à Gestapo.
Médica à forçaChegou a Auschwitz no fim do Inverno de 1942. Aí começou, pela primeira vez, a praticar medicina, no barracão das prisioneiras alemãs e austríacas doentes. Trabalhou às ordens de vários médicos, o último dos quais foi Mengele. Recorda o Dr. Rohde, um SS, que, para suportar as escolhas de vítimas para as câmaras de gás, no pavilhão dos doentes ou no cais da estação de caminho-de-ferro, "se embebedava até quase ficar inconsciente".
Não havia camas suficientes e os doentes dormiam aos três e aos quatro nos beliches. Havia piolhos, epidemias de febre tifóide e grassava uma doença contagiosa causada pela desnutrição, que perfurava a pele até aos ossos. "A minha vida lá era como se me tivesse oferecido hoje como voluntária para combater uma epidemia no Bangladesh ou no Ruanda, um trabalho esgotante, para ajudar as pessoas, sem saber o que acontecia ao lado", diz Lingens.
Na pior época da epidemia de febre tifóide, Lingens tinha a seu cargo 750 doentes. "Foi justamente Mengele, que dividia o seu tempo entre as experiências brutais com gémeos e anões e o trabalho de organização sanitária, que travou a epidemia." Evacuou os 1500 doentes de um barracão e mandou-os para as câmaras de gás. Desinfectou a sala vazia, mandou mudar os lençóis e outros doentes, desinfectados e despiolhados, foram transferidos para o barracão. Depois desinfectaram o pavilhão vazio e assim sucessivamente. "Realmente travou a epidemia, mas não lhe passou pela ideia chegar ao mesmo resultado sem assassinar 1500 pessoas", comenta Lingens.
Nos pavilhões de judeus e ciganos, as pessoas não chegavam a morrer das epidemias. Eram assassinadas. As mulheres grávidas eram enviadas para as câmaras de gás, assim como os doentes e os sem forças para os trabalhos forçados. Foram muitas as mães que preferiram asfixiar os seus bebés, para os poupar à morte em mãos alheias, porque a maioria dos recém-nascidos eram afogados pelos guardas SS.
Recordações angustiantesAuschwitz foi a experiência central da vida de Lingens, e os fantasmas das pessoas que conheceu na fábrica da morte acompanhá-la-ão até ao fim dos seus dias. Havia médicos pouco escrupulosos que exigiam que os doentes com malária lhes dessem a sua porção de pão, a troco de quinino. E houve mulheres que se transformaram em prostitutas no bordel de Auschwitz, porque assim tinham direito a uma melhor ração alimentar, a um duche diário e a uma habitação mais confortável.
Ainda hoje é assombrada pelo fantasma da fome, ou pelo da jovem que não pôde ajudar, porque recebera 25 chicotadas e fora obrigada a ficar de pé durante três dias e três noites, com água fria até à cintura. Era o castigo para os que se atreviam a fazer amor em Auschwitz e eram surpreendidos. Como também não consegue esquecer o grito colectivo de 100 pessoas encerradas nas câmaras de gás e, "após 15 minutos", o silêncio absoluto. "Outra vez os gritos, depois o silêncio, uma, duas, três vezes."
Numa noite, Ella Lingens e as suas companheiras contaram 60 viagens de um camião carregado de cadáveres, das câmaras de gás até aos crematórios. Depois começava a sair fumo pelas chaminés e o cheiro inconfundível dos corpos queimados espalhava-se por todo o campo de Auschwitz.
Enquanto centenas de milhares de pessoas se transformavam em cinzas, Mengele continuava as experiências como um possesso,no seu pavilhão de horrores, uma antecâmara da morte. Sessenta pares de gémeos foram abertos pelo seu bisturi e, de todos eles, só sobreviveram sete pares.
O "Anjo da Morte" era para Lingens "um cínico incrível", com uma inteligência superior à do resto dos médicos SS, que tinha a preocupação de fazer com que os irmãos morressem à mesma hora, pela mesma causa. Assim podia comparar os órgãos, que enviava depois, conservados, para o Instituto de Biologia Genética de Berlim, em pacotes com a inscrição "Urgente, Material de Guerra".
Mengele achava que as condições do campo eram más e introduziu, inclusive, algumas melhorias, mas "assassinava a sangue-frio, sem nenhuns problemas de consciência". Olhava com orgulho os "dossiers" com os resultados das suas investigações e só lamentava que, no futuro, pudessem cair"nas mãos dos bolchevistas".
Ella Lingens teve a sorte de não ser colocada no Pavilhão das Experiências, porque não teria resistido. Para experimentar métodos de reanimação em pessoas congeladas, Mengele baixava a temperatura do corpo das vítimas até aos limites da paragem cardíaca, e depois tentava aquecê-las com cobertores ou cobrindo-as com mulheres nuas.
Dava só água do mar a beber aos prisioneiros, até morrerem de sede, para comprovar a resistência do ser humano em caso de naufrágio. Os esqueletos das pessoas com anomalias eram enviados como troféus para a colecção da Reichsuniversitât, em Berlim. Ligava o peito das mulheres que tinham acabado de parir, proibindo-as de amamentar os filhos, para determinar quanto tempo os recém-nascidos podiam viver sem se alimentarem.
Os médicos e os "outros"Um dia, Mengele chamou Ella Lingens o seu gabinete e disse-lhe que tinha uma informação decerto surpreendente para ela. "Sabia que no seu pavilhão há relações entre lésbicas?" perguntou. "Claro que eu sabia", lembra a prisioneira. "E não faz nada para o impedir?" insistiu. "Era uma situação impossível, fechavam mulheres jovens durante anos num ambiente onde não havia nada que pudessem amar, uma criança, um animal, um flor, era tudo tão asqueroso que qualquer ser humano se degradava", lembra Lingens.
Noutra ocasião, o carniceiro de luvas brancas e botas de cabedal perguntou-lhe as razões por que a tinham enviado para Auschwitz. Lingens respondeu que fora denunciada por ter ajudado a tirar judeus do país. "Como é que se pode ser tão imbecil ao ponto de pensar que isso é possível?" Ella atreveu-se a responder que havia casos em que tinham conseguido, com dinheiro. "Naturalmente que vendemos judeus", respondeu Mengele. "Seríamos estúpidos se o não fizéssemos."
"Não tinha razões para ter medo de Mengele", diz Lingens. Para ele havia duas categorias de pessoas, "os médicos e os outros". Mengele representava as duas caras de Mefistófeles. No meio dos corpos raquíticos e humilhados dos prisioneiros, era um homem bem parecido, elegante, impecável, de uma cortesia imperturbável para com as suas vítimas. Tão depressa salvava um judeu, porque era médico, como atirava um recém-nascido para o lume, porque chorava demais, com a mesma indiferença. Lingens não conseguia suportar Auschwitz, e pediu para ser transferida para o campo de concentração de Dachau, outro inferno; mas se algum dia a libertassem, ficaria mais perto de casa, para regressar. Mengele não queria que ela saísse de Auschwitz, mas perante os rogos da prisioneira, aprovou o pedido com indiferença. "Não quero entravar o seu caminho para a felicidade", disse-lhe, como se Dachau fosse um paraíso.
Em Auschwitz, Ella Lingens perdeu a dignidade, passou fome e frio. Regressou a Viena com o cabelo todo branco e foi um dos momentos mais duros da sua vida. "Soube que o meu marido, julgando-me morta, tinha casado com outra, o meu irmão tinha morrido, combatendo ao lado da Resistência, na Jugoslávia, a casa dos meus pais fora bombardeada. O meu filho não me reconheceu e os meus vestidos...", diz com um olhar fixo e um suspiro, "...estavam comidos pelas traças".
Tradução de Maria do Carmo Cary
Texto originalmente publicado no Expresso a 28 de janeiro de 1995, por ocasião do 50º aniversário da libertação de Auschwitz
Texto originalmente publicado no Expresso a 28 de janeiro de 1995, por ocasião do 50º aniversário da libertação de Auschwitz
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On January 27, 1945, on Saturday, at around 9 a.m. the first Soviet soldier from a reconnaissance unit of the 100th Infantry Division appeared on the grounds of the prisoners' infirmary in Monowitz. The entire division arrived half an hour later. The same day a military doctor arrived and began to organize assistance.
In the afternoon soldiers of the Red Army entered the vicinity of the Auschwitz main camp and Birkenau. Near the main camp they met resistance from retreating German units. 231 Red Army soldiers died in close combat for the liberation of Auschwitz, Birkenau and Monowitz. Two of them died in front of the gates of Auschwitz main camp. One of them was Lieutenant Gilmudin Badryjewicz Baszirow.
The first Red Army troops arrived in Birkenau and Auschwitz at around 3 p.m. and were joyfully greeted by the liberated prisoners. After the removal of mines from the surrounding area, soldiers of the 60th Army of the 1st Ukrainian Front marched into the camp and brought freedom to the prisoners who were still alive. On the grounds of the main camp were 48 corpses and in Birkenau over 600 corpses of male and female prisoners who were shot or died in the last few days.
At the time of the Red Army's arrival there were 7,000 sick and exhausted prisoners in the Auschwitz, Birkenau and Monowitz camps.
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avante de 30jan2014
ANABELA FINO
Lembrar Auschwitz para preservar a memória
O excerto do poema de Brecht que aqui se reproduz como introdução ao texto com que assinalamos o 27 de Janeiro, proclamado pela ONU como Dia Internacional de Recordação, em memória das vítimas do Holocausto, é bem o exemplo de como a obra do poeta comunista alemão mantém toda a sua actualidade. Numa altura em que tantos procuram reescrever a História tornando os carrascos em heróis e as vítimas em algozes, clamando boas intenções para atingir pérfidos fins, importa sublinhar que este 27 de Janeiro é o aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz pelo Exército Vermelho, o exército da União Soviética.
(…) Em vez de serdes só bondosos, esforçai-vos
Por criar uma situação que torne possível a bondade, e melhor;
A faça supérflua!
Em vez de serdes só livres, esforçai-vos
Por criar uma situação que a todos liberte
E também o amor da liberdade
Faça supérfluo!
Em vez de serdes só razoáveis, esforçai-vos
Por criar uma situação que faça da sem-razão dos indivíduos
Um mau negócio!Bertold Brecht
Por criar uma situação que torne possível a bondade, e melhor;
A faça supérflua!
Em vez de serdes só livres, esforçai-vos
Por criar uma situação que a todos liberte
E também o amor da liberdade
Faça supérfluo!
Em vez de serdes só razoáveis, esforçai-vos
Por criar uma situação que faça da sem-razão dos indivíduos
Um mau negócio!Bertold Brecht
O Exército Vermelho libertou Auschwitz, o maior e mais conhecido campo de extermínio nazi, a 27 de Janeiro de 1945. Nessa altura já a União Soviética contabilizava mais de 20 milhões de mortos, tremendo balanço a atestar sem qualquer margem para dúvidas a sua trágica condição de país que sofreu como nenhum outro os efeitos da guerra de extermínio levada a cabo pela Alemanha hitleriana. Este facto, só por si, justificava que o dia 27 de Janeiro constasse em todos os manuais de História indissociavelmente ligado ao Exército Vermelho, que ao libertar Auschwitz libertou a humanidade e deu a conhecer um dos mais terríveis símbolos da opressão e da barbárie de um sistema que provou não conhecer limites para atingir os seus objectivos, sempre pautados pela lei do lucro. Não é no entanto isso que acontece e não certamente por acaso.
Passados 69 anos da libertação de Auschwitz, o Dia de Recordação serve sobretudo aos poderes instituídospara tentar apagar a memória, a começar desde logo pelo nome dos que tornaram possível – e muito lucraram – com os crimes contra a humanidade.
Por todo o lado se lembra que no dia da libertação permaneciam no campo sete a oito mil prisioneiros, únicos sobreviventes da chacina que entre 1940 e 1945 matou pelo menos um milhão e trezentas mil pessoas, assassinadas nas câmaras de gás, nos fornos crematórios, em consequência do trabalho escravo, das torturas, da fome, do frio, das doenças, das experiências macabras em que eram usadas como cobaias ou como meros fornecedores de orgãos.
O que raramente se diz é que – como escrevia em 2011 o nosso colaborador Rui Paz, entretanto falecido – em «Auschwitz tudo era financiado pelo Deutsche Bank, cuja direcção se encontrava representada na IG FarbeBayer, empresa beneficiária do trabalho escravo e fornecedora do Zyklon B, o gás da morte com que os prisioneiros considerados inaptos para trabalhar eram asfixiados. Também as contas dos SS, da Gestapo e da firma Topf, construtora dos crematórios, estavam sob o controlo daquele império financeiro. Não existe praticamente nenhum grande banco ou monopólio alemão que não tenha enriquecido com o nazismo e a escravidão dos prisioneiros dos campos de concentração.
Siemens, Krupp, Opel, BMW, VW, Daimler, IG Farbe,Alianz, Flick, Deutsche, Dresdner e Commerz Bank, são apenas os nomes mais sonantes de dinastias do mundo empresarial e da finança cujo poder foi consolidado pelo terror do regime hitleriano. Só entre 1939 e 1944 o volume de negócios do Deutsche Bank aumentou de 4,2 para 11,4 mil milhões de Reichsmark».
No mesmo artigo, Rui Paz lembrava uma intervenção proferida pelo banqueiro Hermann Abs, membro da direcção daquele monstro financeiro, no Instituto de Ciências Bancárias a 25 de Outubro de 1940, pouco meses após a ocupação militar da Polónia, Escandinávia, Benelux e França pelos exércitos alemães. Referindo-se à criação de um «espaço colonial», Abs proclamava que «a escolha dos países adequados para uma activa política de capital não apresenta hoje qualquer dificuldade para a Alemanha. (...) O espaço europeu oferece à nossa esfera de influência política ricas e vantajosas possibilidades para satisfazer os limites da nossa capacidade.»
Cabe lembrar que o campo de Auschiwtz, um complexo de três campos de extermínio, começou a funcionar em Maio de 1940, altura em que ali chegaram os prisioneiros alemães e polacos transferidos dos campos de concentração de Sachsenhausen, na Alemanha, e de Lodz, na Polónia. Esta primeira leva de «inimigos» de Hitler era composta por judeus, militantes comunistas, sindicalistas e antifascistas, democratas e intelectuais, homossexuais, ciganos, deficientes, testemunhas de Jeová, doentes psiquiátricos e todo o tipo de pessoas que a arbitrariedade do nazismo considerasse não corresponder ao padrão do ideal «homem ariano».
«Fábrica da morte»
No início de 1942 começou a funcionar Auschwitz II (Auschwitz-Birkenau), uma ampliação do primeiro campo, e em Outubro de 1942 entrou em funcionamento o Auschwitz III, mais tarde renomeado de Monowitz, particularmente vocacionado para a exploração extrema da mão-de-obra escrava.
O assassínio nas câmaras de gás foi instituído no final de 1941, cabendo a Aschwitz-Birkenau a macabra distinção de mais prisioneiros ter exterminado, sobretudo judeus (quase um milhão num total de 2,7 milhões de semitas mortos em todos os campos de concentração, e num total de seis milhões liquidados pelos nazis).
A «Fábrica da Morte», como foi designada pelos soldados soviéticos, chegou a assassinar seis mil pessoas por dia. O ritmo era tal que os fornos crematórios não tinham capacidade para carbonizar os corpos, que acabavam por ser empilhados e queimados ao ar livre.
Quando se tornou evidente a derrota, nos finais de 1944, face ao imparável avanço do Exército Vermelho, os nazis mandaram destruir as câmaras de gás e crematórios de Auschwitz-Birkenau, numa tentativa de ocultação das provas dos crimes cometidos. Em Janeiro de 1945 tudo servia para matar prisioneiros. Finalmente, a 17 desse mês, foi dada ordem de evacuação dos campos – as tristemente célebres «Marchas da Morte», em que pereceram milhares de presos. A libertação chegaria dez dias depois, mas para muitos foi já demasiado tarde.
Passados 69 anos da libertação, o mundo sofreu profundas alterações. O fim da União Soviética e a derrota do socialismo na Europa de Leste voltou a desequilibrar a correlação de forças a favor do capital e um pouco por todo o velho continente o fascismo volta a pôr as garras de fora.
A História não se repete, mas não deixa de ser perturbador constatar que, há três anos, o Deutsche Bank era, como accionista directo ou indirecto de vários grupos armamentistas, um dos principais beneficiários dos objectivos belicistas prosseguidos pela Agência Europeia de Defesa (EDA) e inscritos no chamado «Tratado de Lisboa».
É por isso que o Dia Internacional de Recordação, em memória das vítimas do Holocausto, deve servir antes do mais para nos recordar que o imperialismo e o militarismo nunca se conformaram com a derrota do nazi-fascismo.
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Avante de 26jan2012
http://www.avante.pt/pt/1991/temas/118503/?tpl=37
A 27 de Janeiro de 1945
Soviéticos libertaram «Fábrica da Morte»
Assinala-se amanhã 67 anos sobre a libertação de Auschwitz pelo Exército Vermelho, o mais conhecido dos campos de extermínio construídos pelos nazis. Horrorizados com o cenário que encontraram, os soviéticos denominaram o complexo de «Fábrica da Morte».
A libertação de Auschwitz pelos soviéticos vindos da frente ucraniana ocorreu na tarde do dia 27 de Janeiro de 1945. Sete a oito mil prisioneiros permaneciam no campo, os últimos de um total de pelo menos um milhão e trezentos mil que, entre 1940 e 1945, ali foram assassinados. Escassos foram os que sobreviveram às câmaras de gás, aos fornos crematórios, ao trabalho escravo, às torturas, ao arbítrio sádico dos biltres, à inanição, ao frio, às doenças, às experiências macrabas nas quais seres humanos eram usados como cobaias.
Sendo o maior entre uma extensa rede de campos espalhados pela Europa, Auschwitz era um complexo de três campos.
No início da campanha militar destinada a impor uma nova ordem mundial que perdurasse mil anos, as autoridades do III Reich mandaram construir Auschwitz I com o objectivo de encarcerar opositores políticos. Os primeiros ocupantes, em Maio de 1940, foram alemães e polacos transferidos dos campos de concentração de Sachsenhausen, na Alemanha, e de Lodz, na Polónia.
Judeus, militantes comunistas, sindicalistas e antifascistas, democratas e intelectuais, homossexuais, ciganos, deficientes, testemunhas de Jeová, doentes psiquiátricos e indivíduos com comportamentos que fugissem ao ideal-tipo do homem ariano, eram todos inimigos do regime criminoso liderado por Adolf Hitler. Dachau, Sachenhausen ou Buchenwald foram dos primeiros campos construídos pela canalha nazi.
No início de 1942, começou a funcionar Auschwitz II (Auschwitz-Birkenau), uma ampliação do primeiro campo. Em Outubro de 1942 entrou em funcionamento o Auschwitz III, que mais tarde seria renomeado de Monowitz. Este último campo era vocacionado para a exploração extrema da mão-de-obra escrava.
«Solução final»
Estrategicamente colocado no centro da Europa, Aschwitz-Birkenau foi o campo que mais prisioneiros exterminou, sobretudo judeus (quase um milhão num total de 2,7 milhões de semitas mortos em todos os campos de extermínio, e num total de seis milhões liquidados pelos nazis).
O assassínio nas câmaras de gás foi instituído no final de 1941. Os testes com Zyklon-B, usado para combater pragas, foram efectuados com sucesso em soviéticos e polacos. A partir de então, em Auschwitz-Birkenau e noutros campos semelhantes, aquele era o principal instrumento de extermínio.
Em Janeiro de 1942, durante a Conferência de Wannsee, os líderes nazis discutiram em detalhe a «Operação Reinhardt» ou «solução final» da questão judaica, como diziam. Adolf Eichmann administrou o holocausto organizado com minúcia. Reinhardt Heydrich respondia pela coordenação geral.
A Auschwitz-Birkenau chegava uma linha de comboio cuja circulação era ininterrupta. Vagões apinhados descarregavam vítimas a toda a hora e de todos os pontos da Europa ocupada e das ramificações nazis nos regimes vassalos e aliados. Na Croácia fascista funcionava um outro campo de extermínio, em Jasenovac.
Entre a chegada a Auschwitz-Birkenau e a entrada nas câmaras de gás, após selecção dos aptos e inaptos para o trabalho escravo, podiam passar apenas duas horas.
A «Fábrica da Morte» chegou a aniquilar seis mil seres humanos por dia. Quando os fornos crematórios não carbonizavam os milhares de cadáveres com celeridade, os corpos eram empilhados e queimados ao ar livre.
Horror multiplicado
Nos últimos meses de 1944, face ao imparável avanço do Exército Vermelho, os nazis mandaram destruir as câmaras de gás e crematórios de Auschwitz-Birkenau. A ocultação das provas dos crimes cometidos não conheceu limites, e em Janeiro de 1945 tudo servia para matar prisioneiros.
A 17 desse mesmo mês foi dada ordem de evacuação dos três campos de Auschwitz. Mais de 60 mil prisioneiros foram obrigados a marchar dia e noite. Milhares sucumbiram pelo caminho ou foram abatidos. Noutros campos de concentração, trabalho e extermínio evacuados antes da chegada das tropas aliadas, centenas de milhares de prisioneiros foram igualmente obrigados a percorrer quilómetros nas famosas «Marchas da Morte».
Para além de Auschwitz-Birkenau, a Alemanha nazi instalou outros seis campos dedicados quase exclusivamente ou definitivamente ao genocídio. Em Chelmo, Maly Trostenets, Majdanek, Treblinka, Bełżec ou Sobibór executou-se milhões de inimigos do III Reich.
Experiências cruéis e bizarras
Tal como noutros campos de concentração e extermínio, também em Auschwitz-Birkenau o poder nazi ordenou experiências cruéis e bizarras em seres humanos. No Bloco 10 do campo, Joseph Mengele, responsável pela triagem dos prisioneiros enviados para extermínio ou para trabalho escravo, ficou conhecido como o «anjo da morte».Usando seres humanos como cobaias, Mengele testou a esterilização em mulheres, injectou substâncias para mudar a cor dos olhos a crianças e bebés, amputou e feriu para apurar métodos de estancamento de hemorragias, coleccionou milhares de órgãos após cirurgias violentas e vivissecações, uniu gémeos para tentar criar siameses, injectou substâncias várias para «tratar» o nanismo, o síndroma de Down ou a homosexualidade.
Nos campos de Dachau, Sachsenhausen e Buchenwald, homens eram mergulhados em tanques de água para testar os efeitos da hipotermia ou sujeitos a compressão e descompressão, agonizando enquanto os carrascos tiravam notas. Eram infectados com tifo, peste, lepra, cólera, ou sujeitos a inalação de produtos tóxicos.
As práticas não eram marginais ou iniciativa de um punhado de sádicos, mas financiadas e acompanhadas com interesse e fascínio pelos máximos responsáveis do III Reich. Foram publicados artigos e criados institutos. As ossadas de judeus, ciganos, mestiços ou deficientes eram enviadas para Berlim para demonstração da superioridade da raça ariana. Empresas sustentáculo do poder nazi, como a IG Farben (Bayer), compravam seres humanos para os usar nos laboratórios.
Grande capital lucrou
No complexo de Auschwitz, o campo de Monowitz funcionava fundamentalmente como pólo de trabalho forçado. Deutsche- Ausrüstungs-Werk – DAW (empresa de armamento das SS), IG Farben-Bayer (que era também a fornecedora do gás Ziklon-B) ou Krupp foram algumas das empresas que ali instalaram unidades alimentadas pela mão-de-obra escrava. A abundância colmatava a exclusão semanal dos inaptos e doentes, imediatamente sentenciados à morte. A esperança média de vida dos prisioneiros sujeitos a jornadas brutais em condições inumanas rondava os três meses.Em Auschwitz-Birkenau foram fundados quase 40 subcampos onde milhares de pessoas produziam produtos agrícolas e industriais; eram enviados para a extracção de carvão ou pedra. Em Dachau, que administrava mais de 30 outros grandes campos de trabalho, em Buchenwald, que administrava mais de 80 estruturas, ou em Sachsenhausen, donde eram geridos 60 campos de trabalho espalhados por toda a Alemanha, a consigna era igualmente fazer lucrar o capital à custa da escravatura.
Nos latifúndios germânicos e nas casas dos senhores do III Reich e militantes nazis, milhares de eslavos foram explorados até à exaustão. Quando morriam, compravam-se outros escravos.
Cúmplices na impunidade
Derrotada a besta, muitos dos criminosos foram capturados, julgados e sentenciados. Muitos mais furtaram-se à justiça. Não poucos escaparam porque, aniquilado o imperialismo alemão, o alvo voltava a ser a URSS.Contra o primeiro Estado de operários e camponeses, a reacção mundial havia atiçado as hordas nazi-fascistas, que foram derrotadas e empurradas até ao seu covil, em Berlim, pelos heróicos soviéticos que sabiam estar a defender a pátria de todo o proletariado.
Logo após a capitulação do regime hitleriano, os EUA, através da «Operação Paperclip», empenharam-se na caça dos especialistas nazis, particularmente os envolvidos na máquina militar e de inteligência.
O responsável pelo programa de foguetes da Alemanha hitleriana e membro do Partido Nazi, Wernher von Braun, é um dos quase dois mil cientistas e técnicos resgatados. A posterior carreira de sucesso de von Braun no programa espacial norte-americano não é caso isolado.
No rol de colaboradores das fugas de criminosos nazis, destaca-se ainda a neutral Suíça, a Argentina e o Vaticano do papa Pio XII (que enquanto cardeal obrigou os bispos católicos alemães a jurar fidelidade a Hitler).
Através de um complexo processo de recriação de identidades e emissão de passaportes, centenas de nazis deram o salto para as pampas sul-americanas do fascista Juan Perón, e daí para outros territórios da América Latina. Joseph Mengele, o «anjo da morte de Auschwitz» foi um deles.
Revoltas e resistência
Em Auschwitz, à semelhança do que acontecia noutros campos de concentração e de extermínio, funcionavam orquestras compostas por prisioneiros, cuja finalidade era não deixar entediar os algozes e pacificar as multidões que chegavam nos comboios com terminal na morte ou os prisioneiros enviados em cacho para o trabalho escravo.Mas face ao horror nazi, não havia pacificação possível, e apesar da brutal repressão e da morte certa, e não raras vezes, eclodiram revoltas nos campos.
Em Auschwitz centenas de prisioneiros ter-se-ão rebelado em 1944. Mataram guardas e fizeram explodir um dos edifícios onde funcionavam as câmaras de gás e os fornos crematórios, usando granadas trazidas de uma fábrica de armamento onde trabalhavam.
Calcula-se que cerca de 700 prisioneiros tenham tentado fugir de Auschwitz. Menos de metade terão tido êxito.
Um dos casos de resistência e revolta passou-se no campo de Buchenwald e chegou até nós escrito por Bruno Apitz, comunista alemão que transpôs no romance «Nu entre Lobos», editado recentemente pela Avante!, a experiência vivida por si e por muitos dos seus camaradas.
Em Buchenwald foi assassinado Ernst Thaelmann, presidente do Partido Comunista Alemão, revolucionário tenaz que os nazis nunca conseguiram quebrar durante os 11 anos passados nos cárceres do III Reich, a exemplo de milhares de outros que resistiram à barbárie nas condições mais extremas e perante os maiores obstáculos, conservando a centelha de vida e esperança donde germina o futuro.
Tarrafal
Identificando-se com os métodos, partilhando a ideologia e servindo os mesmos interesses de classe do regime nazi, a ditadura fascista de Salazar criou o Campo de Concentração do Tarrafal. A 29 de Outubro de 1936 chegaram ao «Campo da Morte Lenta», inspirado nos congéneres nazis, os primeiros 152 de um total de 340 antifascistas que ao longo dos anos para lá foram deportados (comunistas, sobretudo).
No total, os presos do Tarrafal cumpriram mais de dois mil anos de pena, a maioria sem ter comparecido a qualquer julgamento.
Tal como nos campos nazis, também no Tarrafal quem chegava vinha «para morrer», como dizia o seu director, Manuel dos Reis. 32 morreram mesmo, sucumbindo aos maus-tratos, aos trabalhos forçados, à biliosa, entre os quais o secretário-geral do PCP, Bento Golçalves.
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10fev2011
http://www.avante.pt/pt/1941/opiniao/112570/
Avante
Opinião de Rui Paz
A Libertação de Auschwitz
A 27 de Janeiro de 1945 o Exército Vermelho libertou Auschwitz, o maior e mais conhecido campo de extermínio nazi. Coube à União Soviética, país que, com mais de 20 milhões de mortos, sofreu como nenhum outro os efeitos cruéis da agressão da Alemanha hitleriana, libertar a humanidade de um dos mais terríveis centros do terror, símbolo extremo da opressão e da irracionalidade de um sistema que de forma inequívoca demonstrou não haver limites para a barbárie quando a existência humana é submetida à lei do lucro.
Em Auschwitz tudo era financiado pelo Deutsche Bank, cuja direcção se encontrava representada na IG FarbeBayer), empresa beneficiária do trabalho escravo e fornecedora do Zyklon B, o gás da morte com que os prisioneiros considerados inaptos para trabalhar eram asfixiados. Também as contas dos SS, da Gestapo e da firma Topf, construtora dos crematórios, estavam sob o controlo daquele império financeiro. Não existe praticamente nenhum grande banco ou monopólio alemão que não tenha enriquecido com o nazismo e a escravidão dos prisioneiros dos campos de concentração. Siemens, Krupp, Opel, BMW, VW, Daimler,IG Farbe, Alianz, Flick, Deutsche, Dresdner e Commerz Bank, são apenas os nomes mais sonantes de dinastias do mundo empresarial e da finança cujo poder foi consolidado pelo terror do regime hitleriano. Só entre 1939 e 1944 o volume de negócios do Deutsche Bank aumentou de 4,2 para 11,4 mil milhões de «Reichsmark».
Numa intervenção proferida no «Instituto de Ciências Bancárias» a 25 de Outubro de 1940, pouco meses após a ocupação militar da Polónia, Escandinávia, Benelux e França pelos exércitos alemães, o banqueiro Hermann Abs, membro da direcção daquele monstro financeiro, referindo-se à criação de um «espaço colonial», proclamava que «a escolha dos países adequados para uma activa política de capital não apresenta hoje qualquer dificuldade para a Alemanha. (...) O espaço europeu oferece à nossa esfera de influência política ricas e vantajosas possibilidades para satisfazer os limites da nossa capacidade.»
Libertado Auschiwtz, o imperialismo e o militarismo nunca se conformaram com a derrota do nazi-fascismo. E com o fim da URSS e do socialismo na Europa do Leste despertou de novo a agressividade e o apetite do monstro revanchista. Actualmente, a Alemanha é, na UE, o maior exportador de instrumentos de morte. Como accionista directo ou indirecto de vários grupos armamentistas, o Deutsche Bank é um dos principais beneficiários dos objectivos belicistas prosseguidos pela Agência Europeia de Defesa (EDA) e inscritos no chamado «Tratado de Lisboa».
Para sustentar este novo programa de expansão imperialista, os trabalhadores e os povos estão a ser submetidos a sacrifícios até há pouco inimagináveis. Longe vai o tempo em que o capitalismo celebrava euforicamente o desaparecimento da União Soviética e proclamava o fim da história e o advento de uma nova época de paz, progresso social e segurança internacional. Hoje, o grande capital mostra diariamente que o objectivo supremo do sistema não é servir o homem mas obter o máximo de lucro. É por isso que «em vários pontos do mundo os povos tomam nas suas mãos a defesa dos seus direitos e da soberania dos seus países, resistem nas mais variadas formas e impõem revezes à estratégia de dominação do imperialismo» (CC do PCP de Novembro 2010). Como se salienta na Resolução Política do XVIII Congresso do PCP, «nunca foi tão verdadeira a tese marxista de que, libertando-se, a classe operária liberta simultaneamente todas as outras classes e camadas oprimidas pelo capital monopolista, o que hoje significa libertar a humanidade».
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Dia D
Leme
2019...estóriasdahistória:
https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/01/74-aniversario-da-libertacao-de.html?fbclid=IwAR30aiC5nYULbNJfSXrfhSD-xKyt1exSQ__-eAr0OT9S_5GxsosaV30iEHI
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https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/03/22-de-marco-de-1933-entra-em.html?spref=fb&fbclid=IwAR3uDHHQvBpWhum_oJbbY0KUnV_-oYeyd9gJGU-_efTR-Hhjb9xSlIPPBbs
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https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/07/23-de-julho-de-1942-entra-em.html?spref=fb&fbclid=IwAR0uikLHKrSZh1pfOMcaH1iWl2PdqUBaPIxK2mswn2Lbfa3z1WdnqOqi9hw
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Em Auschwitz tudo era financiado pelo Deutsche Bank, cuja direcção se encontrava representada na IG FarbeBayer), empresa beneficiária do trabalho escravo e fornecedora do Zyklon B, o gás da morte com que os prisioneiros considerados inaptos para trabalhar eram asfixiados. Também as contas dos SS, da Gestapo e da firma Topf, construtora dos crematórios, estavam sob o controlo daquele império financeiro. Não existe praticamente nenhum grande banco ou monopólio alemão que não tenha enriquecido com o nazismo e a escravidão dos prisioneiros dos campos de concentração. Siemens, Krupp, Opel, BMW, VW, Daimler,IG Farbe, Alianz, Flick, Deutsche, Dresdner e Commerz Bank, são apenas os nomes mais sonantes de dinastias do mundo empresarial e da finança cujo poder foi consolidado pelo terror do regime hitleriano. Só entre 1939 e 1944 o volume de negócios do Deutsche Bank aumentou de 4,2 para 11,4 mil milhões de «Reichsmark».
Numa intervenção proferida no «Instituto de Ciências Bancárias» a 25 de Outubro de 1940, pouco meses após a ocupação militar da Polónia, Escandinávia, Benelux e França pelos exércitos alemães, o banqueiro Hermann Abs, membro da direcção daquele monstro financeiro, referindo-se à criação de um «espaço colonial», proclamava que «a escolha dos países adequados para uma activa política de capital não apresenta hoje qualquer dificuldade para a Alemanha. (...) O espaço europeu oferece à nossa esfera de influência política ricas e vantajosas possibilidades para satisfazer os limites da nossa capacidade.»
Libertado Auschiwtz, o imperialismo e o militarismo nunca se conformaram com a derrota do nazi-fascismo. E com o fim da URSS e do socialismo na Europa do Leste despertou de novo a agressividade e o apetite do monstro revanchista. Actualmente, a Alemanha é, na UE, o maior exportador de instrumentos de morte. Como accionista directo ou indirecto de vários grupos armamentistas, o Deutsche Bank é um dos principais beneficiários dos objectivos belicistas prosseguidos pela Agência Europeia de Defesa (EDA) e inscritos no chamado «Tratado de Lisboa».
Para sustentar este novo programa de expansão imperialista, os trabalhadores e os povos estão a ser submetidos a sacrifícios até há pouco inimagináveis. Longe vai o tempo em que o capitalismo celebrava euforicamente o desaparecimento da União Soviética e proclamava o fim da história e o advento de uma nova época de paz, progresso social e segurança internacional. Hoje, o grande capital mostra diariamente que o objectivo supremo do sistema não é servir o homem mas obter o máximo de lucro. É por isso que «em vários pontos do mundo os povos tomam nas suas mãos a defesa dos seus direitos e da soberania dos seus países, resistem nas mais variadas formas e impõem revezes à estratégia de dominação do imperialismo» (CC do PCP de Novembro 2010). Como se salienta na Resolução Política do XVIII Congresso do PCP, «nunca foi tão verdadeira a tese marxista de que, libertando-se, a classe operária liberta simultaneamente todas as outras classes e camadas oprimidas pelo capital monopolista, o que hoje significa libertar a humanidade».
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6jun1944...Os "ocidentais" relevam muito o dia D...mas é bom perceber tudo:
"É certo que naquela data sete milhões de soldados soviéticos já tinham morrido e que só na decisiva batalha de Kursk (que, com a de Stalinegrado, é que mudou o curso da guerra)
o Exército Vermelho perdeu 178 mil homens enquanto o desembarque na
Normandia custou 30 mil vidas às forças aliadas ocidentais. Mas isso não
pode apagar a homenagem devida à coragem e heroismo dos que
desembarcaram nas praias na Normandia em 6 de Junho de 1944 numa
operação militar de extraordinária complexidade. E, por um momento,
guardemos um particular respeito por aqueles que embarcaram para o
combate depois de ouvirem um seu comandante lhes dizer na parada, em
«táctica de choque» como relata Anthony Beevor na página 49 de «El Día D - La Batalla de Normandía»: «Olhem à vossa direita e à vossa esquerda. Só um de vós continuará vivo depois da primeira semana na Normandia». Ocasião
também para lembrar os 2o mil civis franceses vítimas dos
bombardeamentos aliados (é o lado feio de todas as epopeias) e para não
deixar que fique na sombra a útil e sacrificada contribuição (que não
pode ser medida em termos estritamente operacionais) que a Resistência
francesa deu para o êxito desta operação, com destaque naquela região
para os FTP (Franc-Tireurs Partisans)."
http://otempodascerejas2.blogspot.pt/2014/06/ha-70-anos.html
***
Dia D
6jun2019...O rei vai nu +1x
neste dia D
hj os "democratas.ocidentais" comemoram os 75 anos
ignorando
há quantos anos tinha começado a II GG
ignorando
a derrota da maior parte do exército nazi
e o avanço impressionante do exército soviético...
EUA só avançou quando viu que Hitler não derrotava o comunismo, quando os principais esquadrões nazis, estavam a completamente derrotados pelos terríveis soviéticos!!
neste dia D
hj os "democratas.ocidentais" comemoram os 75 anos
ignorando
há quantos anos tinha começado a II GG
ignorando
a derrota da maior parte do exército nazi
e o avanço impressionante do exército soviético...
EUA só avançou quando viu que Hitler não derrotava o comunismo, quando os principais esquadrões nazis, estavam a completamente derrotados pelos terríveis soviéticos!!
*
Via Café Central
NORMANDIA: UM DESEMBARQUE OBRIGATÓRIO PARA EVITAR A VITÓRIA TOTAL DO EXÉRCITO VERMELHO NA EUROPA
Alguns celebram amanhã o famoso dia D, aquele 6 de Junho de 1944, em que os aliados realizaram o desembarque na Normandia, abrindo a tão esperada, desde há muito, segunda frente na Europa. E fazem-no, iludidos pela intencionada propaganda hollywoodesca, como se esta tivesse sido a chave para a derrota do nazismo, como se a guerra não tivesse começado a ser ganha de facto em Stalingrado.
E nem sequer os alemães prestaram muita atenção à frente ocidental desde a humilhante e rápida conquista de França, pois sabiam que os ianques esperavam que a Alemanha derrotasse a União Soviética, e que não escutaram os reiterados pedidos de Stalin para atacarem os nazis também pelo oeste para obriga-los a reduzir as suas divisões na frente oriental.
O interesse óbvio dos estado-unidenses era, em primeiro lugar, que alguém, por exemplo os alemães, acabasse com o comunismo na URSS, e é por isso que os grandes empresários estado-unidenses eram os principais investidores e apoiantes na Alemanha do Partido Nacional Socialista e dos seus planos; em segundo lugar, no âmbito do conflito entre imperialismos que se desenvolvia então, o objectivo era impor a ditadura económica e ideológica de Washington em toda a Europa (algo que, no entanto, só seria realizado em 1991, impondo-se apenas na metade ocidental desde o fim da Segunda Guerra Mundial).
Por exemplo, o magnata ianque Henry Ford tinha afirmado em 1941 que “Nem os aliados nem o Eixo deveriam ganhar a guerra. Os EUA devem proporcionar os meios para que ambas as partes continuem a lutar até que ambos colapsem”.
O futuro presidente Harry Truman, o que ordenaria lançar, sem nenhuma necessidade militar, as bombas atómicas sobre Hiroxima e Nagasaki, também declarou em 1941 que “se a Alemanha vencer, devemos ajudar a Rússia e se a Rússia vencer, devemos ajudar a Alemanha, para que morram o máximo de cada lado”.
O jogo cínico e interesseiro do imperialismo estado-unidense só acabou quando os trabalhadores soviéticos pararam Hitler em Stalingrado e deram início ao seu imparável avanço até Berlim, que indubitavelmente manchou as calças da classe capitalista estado-unidense. Só então, os Estados Unidos se apressaram a salvar os seus interesses na Europa e propuseram a invasão da Normandia, coisa que há muito tempo Stalin pedia e não o fizeram porque o plano era que os nazis, bem apetrechados militarmente graças à ajuda económica das grandes corporações estado-unidenses, acabassem por fim, com a revolução soviética.
Hitler tinha cerca de 200 divisões destinadas à luta contra a União Soviética e apenas cerca de 60 na frente ocidental, uma vez que 90% dos esforços nazis eram dirigidos para a Rússia.
O verdadeiro ponto de inflexão da guerra foi a contra-ofensiva soviética de 1942, culminando na batalha de Stalingrado e mais tarde na ainda mais decisiva batalha de Kursk. Depois de uma feroz batalha que durou uma semana, a resistência alemã colapsou. Mesmo Churchill, o raivoso anticomunista, teve de admitir que o Exército Vermelho havia “rasgado os intestinos do exército alemão” em Stalingrado.
O Exército Vermelho lançou uma ampla ofensiva em finais de Dezembro de 1943 que levou tudo no seu caminho. Depois de libertar a Ucrânia, fizeram retroceder as forças alemãs através da Europa Oriental. O facto é que tanto Roosevelt como Churchill (para não mencionar Hitler) tinham subestimado a União Soviética. Os aliados encontraram o Exército Vermelho às portas da Alemanha e, se não tivessem lançado o Overlord, o nome oficial da operação cujo núcleo era o desembarque na Normandia, em Junho de 1944, bem poderiam ter encontrado as tropas soviéticas no Canal da Mancha.
Ou seja, o que nos tentam vender como o dia chave da Segunda Guerra Mundial, não foi mais que uma operação onde os EUA e Inglaterra se viram obrigados a abrir a segunda frente na Europa, depois de anos de rejeição, para evitar que a guerra fosse vencida apenas pelos soviéticos. Mesmo assim, depois da invasão de França, a frente oriental continuou a ser a frente de guerra mais importante na Europa, onde os nazis concentraram por necessidade 80% das suas tropas, e mesmo assim os aliados foram derrotados na operação Market Garden ou nas Ardenas pelo já desgastado exército alemão, enquanto o Exército Vermelho avançava derrotando todas as divisões que se encontravam no seu caminho.
No entanto, coisas da propaganda, o 6 de Junho continua a celebrar a vitória da Segunda Guerra Mundial na Normandia e não em Stalingrado, e que foram os que provocaram e financiaram o conflito mundial e a ascensão do fascismo, as grandes corporações estado-unidenses e europeias e os exércitos ao seu serviço, os que libertaram a Europa.
O certo é que o famoso desembarque, convertido por Hollywood no principal acontecimento da Segunda Guerra Mundial, só foi executado quando se comprovou, após a vitória soviética de Stalingrado, que o Exército Vermelho poderia avançar ininterruptamente até Portugal; por isso foi mais uma acção para impedir um novo triunfo da classe trabalhadora mundial do que qualquer outra coisa, uma tentativa de salvar cu aos nazis que, por sua vez, fizeram o corredor para os aliados que, mesmo assim, foram incapazes de chegar antes dos comunistas a Berlim.
Fonte: Un vallekan în România
*
José Carlos Faria
"aniversário do desembarque aliado do Dia D. Mais uma vez as televisões apresentam-no como o ponto de viragem na II Guerra Mundial. Não foi, apesar da sua enorme importância. O momento decisivo para colocar o exército nazi na defensiva que o levaria à derrocada final, já tinha acontecido com a sua derrota no cerco de Estalinegrado. Foi este facto que desencadeou a operação militar comandada pelo general Eisenhower, a qual, até aí, tinha sido sucessivamente protelada, apesar dos inúmeros apelos para abertura de uma segunda frente na Europa.
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Via Café Central
NORMANDIA: UM DESEMBARQUE OBRIGATÓRIO PARA EVITAR A VITÓRIA TOTAL DO EXÉRCITO VERMELHO NA EUROPA
Alguns celebram amanhã o famoso dia D, aquele 6 de Junho de 1944, em que os aliados realizaram o desembarque na Normandia, abrindo a tão esperada, desde há muito, segunda frente na Europa. E fazem-no, iludidos pela intencionada propaganda hollywoodesca, como se esta tivesse sido a chave para a derrota do nazismo, como se a guerra não tivesse começado a ser ganha de facto em Stalingrado.
E nem sequer os alemães prestaram muita atenção à frente ocidental desde a humilhante e rápida conquista de França, pois sabiam que os ianques esperavam que a Alemanha derrotasse a União Soviética, e que não escutaram os reiterados pedidos de Stalin para atacarem os nazis também pelo oeste para obriga-los a reduzir as suas divisões na frente oriental.
O interesse óbvio dos estado-unidenses era, em primeiro lugar, que alguém, por exemplo os alemães, acabasse com o comunismo na URSS, e é por isso que os grandes empresários estado-unidenses eram os principais investidores e apoiantes na Alemanha do Partido Nacional Socialista e dos seus planos; em segundo lugar, no âmbito do conflito entre imperialismos que se desenvolvia então, o objectivo era impor a ditadura económica e ideológica de Washington em toda a Europa (algo que, no entanto, só seria realizado em 1991, impondo-se apenas na metade ocidental desde o fim da Segunda Guerra Mundial).
Por exemplo, o magnata ianque Henry Ford tinha afirmado em 1941 que “Nem os aliados nem o Eixo deveriam ganhar a guerra. Os EUA devem proporcionar os meios para que ambas as partes continuem a lutar até que ambos colapsem”.
O futuro presidente Harry Truman, o que ordenaria lançar, sem nenhuma necessidade militar, as bombas atómicas sobre Hiroxima e Nagasaki, também declarou em 1941 que “se a Alemanha vencer, devemos ajudar a Rússia e se a Rússia vencer, devemos ajudar a Alemanha, para que morram o máximo de cada lado”.
O jogo cínico e interesseiro do imperialismo estado-unidense só acabou quando os trabalhadores soviéticos pararam Hitler em Stalingrado e deram início ao seu imparável avanço até Berlim, que indubitavelmente manchou as calças da classe capitalista estado-unidense. Só então, os Estados Unidos se apressaram a salvar os seus interesses na Europa e propuseram a invasão da Normandia, coisa que há muito tempo Stalin pedia e não o fizeram porque o plano era que os nazis, bem apetrechados militarmente graças à ajuda económica das grandes corporações estado-unidenses, acabassem por fim, com a revolução soviética.
Hitler tinha cerca de 200 divisões destinadas à luta contra a União Soviética e apenas cerca de 60 na frente ocidental, uma vez que 90% dos esforços nazis eram dirigidos para a Rússia.
O verdadeiro ponto de inflexão da guerra foi a contra-ofensiva soviética de 1942, culminando na batalha de Stalingrado e mais tarde na ainda mais decisiva batalha de Kursk. Depois de uma feroz batalha que durou uma semana, a resistência alemã colapsou. Mesmo Churchill, o raivoso anticomunista, teve de admitir que o Exército Vermelho havia “rasgado os intestinos do exército alemão” em Stalingrado.
O Exército Vermelho lançou uma ampla ofensiva em finais de Dezembro de 1943 que levou tudo no seu caminho. Depois de libertar a Ucrânia, fizeram retroceder as forças alemãs através da Europa Oriental. O facto é que tanto Roosevelt como Churchill (para não mencionar Hitler) tinham subestimado a União Soviética. Os aliados encontraram o Exército Vermelho às portas da Alemanha e, se não tivessem lançado o Overlord, o nome oficial da operação cujo núcleo era o desembarque na Normandia, em Junho de 1944, bem poderiam ter encontrado as tropas soviéticas no Canal da Mancha.
Ou seja, o que nos tentam vender como o dia chave da Segunda Guerra Mundial, não foi mais que uma operação onde os EUA e Inglaterra se viram obrigados a abrir a segunda frente na Europa, depois de anos de rejeição, para evitar que a guerra fosse vencida apenas pelos soviéticos. Mesmo assim, depois da invasão de França, a frente oriental continuou a ser a frente de guerra mais importante na Europa, onde os nazis concentraram por necessidade 80% das suas tropas, e mesmo assim os aliados foram derrotados na operação Market Garden ou nas Ardenas pelo já desgastado exército alemão, enquanto o Exército Vermelho avançava derrotando todas as divisões que se encontravam no seu caminho.
No entanto, coisas da propaganda, o 6 de Junho continua a celebrar a vitória da Segunda Guerra Mundial na Normandia e não em Stalingrado, e que foram os que provocaram e financiaram o conflito mundial e a ascensão do fascismo, as grandes corporações estado-unidenses e europeias e os exércitos ao seu serviço, os que libertaram a Europa.
O certo é que o famoso desembarque, convertido por Hollywood no principal acontecimento da Segunda Guerra Mundial, só foi executado quando se comprovou, após a vitória soviética de Stalingrado, que o Exército Vermelho poderia avançar ininterruptamente até Portugal; por isso foi mais uma acção para impedir um novo triunfo da classe trabalhadora mundial do que qualquer outra coisa, uma tentativa de salvar cu aos nazis que, por sua vez, fizeram o corredor para os aliados que, mesmo assim, foram incapazes de chegar antes dos comunistas a Berlim.
Fonte: Un vallekan în România
*
José Carlos Faria
"aniversário do desembarque aliado do Dia D. Mais uma vez as televisões apresentam-no como o ponto de viragem na II Guerra Mundial. Não foi, apesar da sua enorme importância. O momento decisivo para colocar o exército nazi na defensiva que o levaria à derrocada final, já tinha acontecido com a sua derrota no cerco de Estalinegrado. Foi este facto que desencadeou a operação militar comandada pelo general Eisenhower, a qual, até aí, tinha sido sucessivamente protelada, apesar dos inúmeros apelos para abertura de uma segunda frente na Europa.
E não foi só o exército americano que desembarcou na costa da Normandia. Há que contar também com britânicos, canadianos e franceses. Todos pagaram pesado tributo em baixas, sendo certo que as mais pesadas contaram-se entre os americanos (10 mil mortos na praia com o nome de código de Omaha...).
A história não se pode fazer com meias verdades e mistificações."
Expresso
https://expresso.pt/internacional/2019-06-05-Vinte-e-quatro-horas-que-mudaram-a-Historia?fbclid=IwAR30ehyVSbwZ3Xch0vgN8hNQJvjVU2Wl8p3bmKbEIA1qcU15dyaw6MVVh-s
*Leme
https://www.leme.pt/magazine/efemerides/0606/dia-d.html?fbclid=IwAR3Rz2nwJ8Y7VoTGKB7NhADBxhyZfWRT8OmWr_ljf-yITkBj6odwpmJl1NE
* 06 de Junho de 1944: Dia D, desembarque das tropas aliadas na Normandia
Assim se designa o dia 6 de junho de 1944, em que foi efetuado um desembarque em massa de tropas aliadas nas praias da Normandia. A situação militar na Europa continental era, naquele momento, estrategicamente desfavorável às Forças Armadas alemãs, que dominavam grande parte do continente mas se debatiam com dificuldades cada vez maiores para continuar a guerra. O objetivo estratégico da "Operação Overlord" (nome de código do desembarque) era forçar as tropas alemãs a bater-se em duas frentes (as tropas soviéticas avançavam na Frente Leste), a fim de acelerar o fim do conflito.Compreendendo as intenções dos Aliados, o marechal alemão Erwin Rommel fortificou as praias do norte da França onde, na sua opinião, seria mais lógico o desembarque, visto corresponder à menor largura do Canal da Mancha. Foi contra esta Muralha da Europa (milhões de minas, obstáculos, bunkers, campos deliberadamente inundados) que se lançaram as tropas aliadas (ingleses, americanos, canadianos, forças francesas do exterior, entre outras) sob o comando supremo do general norte-americano Dwight ("Ike") Eisenhower. As operações aliadas englobaram o bombardeamento aéreo de posições na costa e na rectaguarda, a sabotagem de objetivos selecionados por comandos de paraquedistas e por núcleos da Resistência francesa, o bombardeamento naval das costas e o desembarque de forças transportadas por meios aéreos, navais e anfíbios, num total de mais de cem mil homens, que se lançaram sobre as fortificações da costa e as neutralizaram ao fim de um dia de combate árduo e extremamente mortífero.Vários fatores colocaram os comandos alemães em desvantagem: a ausência de Rommel, a incapacidade de prever a data da operação, a divergência de opiniões ao mais alto nível (Rommel opinava que a Normandia seria o local ideal para a operação, Hitler estava convicto de que ela iria ter lugar mais a norte). Consumado o desembarque e a rutura das defesas, os aliados ficaram com o caminho aberto para o coração da Europa ocupada e criaram a Segunda Frente que muitos
(particularmente
Estaline)
exigiam havia muito.
Dia D. In Infopédia [Em linha]. Porto:
Porto Editora, 2003-2012.
wikipedia (Imagens)
Desembarque na praia de Omaha, na Normandia, 6 de Junho de 1944, durante a Operação
Neptuno
Praia de Omaha na manhã seguinte ao Dia
D
https://www.youtube.com/watch?v=WRiusUDucTg
https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/06/06-de-junho-de-1944-dia-d-desembarque.html?spref=fb&fbclid=IwAR22PFDsdiqB3rW96D_iETdOLp7w3bcbujwiVMZvWkuKKhA7EbudD4nNNWk
***2019...estóriasdahistória:
74º Aniversário da Libertação de Auschwitz: Dia Internacional da Memória do Holocausto
Auschwitz é a designação em alemão da localidade polaca Oswiecim, na província de Katowice, a cerca de 60 quilómetros a sudoeste de Cracóvia.Durante a Segunda Guerra Mundial, os nazis instalaram, nos arredores da povoação, um complexo de campos de concentração que ficaram tristemente célebres pela tragédia humana ali ocorrida ao longo de vários anos. Auschwitz, criado em maio de 1940, foi o maior de todos os complexos de extermínio nazis. Compreendia, efectivamente, quatro campos e trinta e oito "comandos" (casernas e edifícios militares e "administrativos"). Um dos campos, Birkenau, com as suas quatro gisgantescas câmaras de gás, era o lugar onde a "solução final" do povo judeu através de um "tratamento especial" atingiu a triste cifra de 20 000 incinerações por dia. No campo de Auschwitz, propriamente dito, os detidos, por exemplo, serviam de "cobaias" humanas para experiências "in vivo" dos tenebrosos médicos das SS (corpo paramilitar de elite). Homens e mulheres, principalmente polacos e judeus, foram explorados até ao limite humano. Milhares e milhares acabaram eliminados nas câmaras de gás. Muitos dos mártires de Auschwitz eram também crianças, muitas das quais submetidas a experiências biológicas (como os casos de gémeos). Outros dos que ali estiveram presos trabalhavam para a fábrica de Buna-Monowitz, a IG Farben. Também a um grande número dos deportados desta galeria de horrores eram explorados os seus resíduos. Em transferências de campos, morreram cerca de 80 000 pessoas, entre muitas tristes imagens e cifras contabilizáveis ou, talvez, ainda por contabilizar. Os registos nazis relatam apenas a morte de pouco mais de duas centenas de milhar de detidos.
Avalia-se, actualmente, em cerca de três a quatro milhões de indivíduos, na maioria judeus, metade dos quais oriundos da Polónia, o número de vítimas desta gigantesca e cruel máquina criminal nazi. Auschwitz foi libertada em 27 de Janeiro de 1945 pelos russos, mas ainda assim as SS conseguiram retirar, dez dias antes, numerosos "detidos" que transferiram ainda para outros campos de extermínio e reclusão, como Buchenwald e Dora.Os responsáveis desta macabra "campanha" de extermínio em Auschwitz foram condenados pelo tribunal de Nuremberga depois da guerra ter acabado, apesar de muitos não terem demonstrado arrependimento ou consciência daquilo que fizeram, para além de alguns dos "médicos" exterminadores terem conseguido obter refúgio seguro e impunidade junto das ditaduras militares sul-americanas.
Naquilo que foi a estrutura construída do campo de concentração, foi erigido em Abril de 1967, a expensas de antigos presos, diversos governos e povos, o Monumento Internacional do Martírio, da traça de arquitectos italianos e polacos.
O campo de concentração de Auschwitz foi classificado Património Mundial pela UNESCO.O dia da libertação de
Auschwitz foi declarado pela ONU como o Dia Internacional em Memória do
Holocausto.
Auschwitz. In Infopédia [Em
linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013
wikipedia(imagem)
Se isto é um Homem
Vós que
viveis tranquilos
nas vossas
casas aquecidas,
vós que
encontrais regressando à noite
comida
quente e rostos amigos,
considerai
se isto é um homem:
quem
trabalha na lama,
quem não
conhece a paz,
quem luta
por meio pão,
quem morre
por um sim ou por um não.
Considerai
se isto é uma mulher:
sem cabelo
e sem nome,
sem mais
força para recordar,
vazios os olhos e frio o regaço,
como uma rã no inverno.
Meditai que isto aconteceu.
Recomendo-vos estas palavras,
esculpi-as no vosso coração,
estando em casa, andando pela rua,
ao deitar-vos e ao levantar-vos.
Repeti-as aos vossos filhos.
Ou que desmorone a vossa casa,
que a doença vos entrave,
que os vossos filhos vos virem a
cara.
Primo Levi (1946); tradução:
Simonetta Cabrita Neto
https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/01/74-aniversario-da-libertacao-de.html?fbclid=IwAR30aiC5nYULbNJfSXrfhSD-xKyt1exSQ__-eAr0OT9S_5GxsosaV30iEHI
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22 de Março de 1933: Entra em funcionamento o campo de concentração de Dachau
O
campo de concentração de Dachau foi o primeiro criado pelo governo
nazi. Heinrich Himmler, chefe da polícia de Munique, descreveu-o
oficialmente como “o primeiro campo de concentração para prisioneiros
políticos”. Foi construído nas dependências de uma fábrica de munições
abandonada, a cerca de 15 quilómetros a noroeste de Munique, no sul da
Alemanha.
Dachau serviu como protótipo e modelo para os outros campos. Tinha uma organização básica, com prédios desenhados pelo comandante Theodor Eicke. Dispunha de um campo distinto, perto do centro de comando, com salas de estar, administração e instalações para os soldados. Eicke tornou-se ainda o inspector-chefe para todos os campos de concentração.
Cerca de 200 mil prisioneiros de mais de 30 países foram "hospedados" em Dachau, dos quais aproximadamente um terço era judeu. Acredita-se que mais de 35.600 prisioneiros foram mortos no campo, principalmente por doenças, má nutrição e suicídio. No começo de 1945, houve uma epidemia de tifo no local, seguida de uma evacuação em massa, dizimando boa parte dos prisioneiros.
A par de Auschwitz-Birkenau, Dachau tornou-se um símbolo de campo de concentração nazi. KZ Dachau tem um significado bastante forte na memória pública porque foi o segundo campo a ser libertado pelas forças aliadas anglo-americanas. O primeiro havia sido Auschwitz, libertado pelo Exército Vermelho. Ambos expuseram aos olhos do mundo a realidade da brutalidade nazi.
Dachau foi dividido em duas secções: a área do campo e o crematório. A área do campo consistia em 32 barracas, incluindo uma para o clero aprisionado e os opositores do regime nazi e outra reservada para as experiências médicas. O pátio entre a prisão e a cozinha central foi usado para a execução sumária de prisioneiros. Uma cerca eléctrica de arame farpado, uma vala e um muro com torres de observação rodeavam o campo.
No início de 1937, as SS, usando a mão-de-obra dos prisioneiros, iniciaram a construção de uma grande rede de prédios nos fundos do campo original. Os prisioneiros eram forçados, sob terríveis condições, ao trabalho, começando com a destruição das velhas fábricas de munição. A construção deu-se por concluída em meados de Agosto de 1938.
Dachau foi o campo mais activo durante o Terceiro Reich. A área incluía ainda outras fábricas da SS, uma escola de economia e serviço civil e a escola médica dos SS. O campo, chamado de "campo de custódia", ocupava menos da metade de toda a área.
Dachau serviu como protótipo e modelo para os outros campos. Tinha uma organização básica, com prédios desenhados pelo comandante Theodor Eicke. Dispunha de um campo distinto, perto do centro de comando, com salas de estar, administração e instalações para os soldados. Eicke tornou-se ainda o inspector-chefe para todos os campos de concentração.
Cerca de 200 mil prisioneiros de mais de 30 países foram "hospedados" em Dachau, dos quais aproximadamente um terço era judeu. Acredita-se que mais de 35.600 prisioneiros foram mortos no campo, principalmente por doenças, má nutrição e suicídio. No começo de 1945, houve uma epidemia de tifo no local, seguida de uma evacuação em massa, dizimando boa parte dos prisioneiros.
A par de Auschwitz-Birkenau, Dachau tornou-se um símbolo de campo de concentração nazi. KZ Dachau tem um significado bastante forte na memória pública porque foi o segundo campo a ser libertado pelas forças aliadas anglo-americanas. O primeiro havia sido Auschwitz, libertado pelo Exército Vermelho. Ambos expuseram aos olhos do mundo a realidade da brutalidade nazi.
Dachau foi dividido em duas secções: a área do campo e o crematório. A área do campo consistia em 32 barracas, incluindo uma para o clero aprisionado e os opositores do regime nazi e outra reservada para as experiências médicas. O pátio entre a prisão e a cozinha central foi usado para a execução sumária de prisioneiros. Uma cerca eléctrica de arame farpado, uma vala e um muro com torres de observação rodeavam o campo.
No início de 1937, as SS, usando a mão-de-obra dos prisioneiros, iniciaram a construção de uma grande rede de prédios nos fundos do campo original. Os prisioneiros eram forçados, sob terríveis condições, ao trabalho, começando com a destruição das velhas fábricas de munição. A construção deu-se por concluída em meados de Agosto de 1938.
Dachau foi o campo mais activo durante o Terceiro Reich. A área incluía ainda outras fábricas da SS, uma escola de economia e serviço civil e a escola médica dos SS. O campo, chamado de "campo de custódia", ocupava menos da metade de toda a área.
Dachau
também serviu como campo central para prisioneiros católicos. De acordo
com a Igreja Católica Romana, pelo menos 3.000 religiosos, diáconos,
padres e bispos foram lá confinados. Em Agosto de 1944, abriu-se um
campo feminino dentro de Dachau. A primeira "carga" de mulheres veio de
Auschwitz-Birkenau.
Nos últimos meses da guerra, as condições de Dachau pioraram. Quando as forças aliadas avançaram sobre a Alemanha, os nazis começaram a remover os prisioneiros dos campos perto da frente de batalha. Depois de vários dias de viagem, com pouca ou nenhuma comida e água, os prisioneiros chegavam extenuados. Muitos morriam pelo caminho. A epidemia de tifo tornou-se um sério problema devido ao excesso de prisioneiros, condições sanitárias precárias, provisões insuficientes e o estado de fraqueza dos prisioneiros. Até ao dia da libertação, 15 mil pessoas morreram e 500 prisioneiros russos foram executados.
Em 27 de Abril de 1945, Victor Maurer, delegado do Comité Internacional da Cruz Vermelha, foi autorizado a entrar nos campos e distribuir comida. Na noite do mesmo dia, um transporte de prisioneiros chegou de Buchenwald. Somente 800 sobreviventes foram resgatados, dos aproximadamente 4.500. Mais de 2.300 cadáveres foram deixados dentro do comboio. O último comandante do campo, Obersturmbannführer (Tenente-Coronel) Eduard Weiter, fugiu em 26 de Abril.
Em 28 de Abril de 1945, o dia anterior à rendição, Martin Weiss, que comandara o campo de Setembro de 1942 até Novembro de 1943, deixou Dachau juntamente com a maioria dos guardas e administradores do campo.
Maurer tentou persuadir o tenente Johannes Otto, ajudante do comandante Weiss, a não abandonar o campo, mantendo guardas para controlar os prisioneiros até que os norte-americanos chegassem. Ele temia que os prisioneiros pudessem fugir em massa e espalhar a epidemia de tifo.
Um dia depois, foi hasteada uma bandeira branca na torre do campo.
Nos últimos meses da guerra, as condições de Dachau pioraram. Quando as forças aliadas avançaram sobre a Alemanha, os nazis começaram a remover os prisioneiros dos campos perto da frente de batalha. Depois de vários dias de viagem, com pouca ou nenhuma comida e água, os prisioneiros chegavam extenuados. Muitos morriam pelo caminho. A epidemia de tifo tornou-se um sério problema devido ao excesso de prisioneiros, condições sanitárias precárias, provisões insuficientes e o estado de fraqueza dos prisioneiros. Até ao dia da libertação, 15 mil pessoas morreram e 500 prisioneiros russos foram executados.
Em 27 de Abril de 1945, Victor Maurer, delegado do Comité Internacional da Cruz Vermelha, foi autorizado a entrar nos campos e distribuir comida. Na noite do mesmo dia, um transporte de prisioneiros chegou de Buchenwald. Somente 800 sobreviventes foram resgatados, dos aproximadamente 4.500. Mais de 2.300 cadáveres foram deixados dentro do comboio. O último comandante do campo, Obersturmbannführer (Tenente-Coronel) Eduard Weiter, fugiu em 26 de Abril.
Em 28 de Abril de 1945, o dia anterior à rendição, Martin Weiss, que comandara o campo de Setembro de 1942 até Novembro de 1943, deixou Dachau juntamente com a maioria dos guardas e administradores do campo.
Maurer tentou persuadir o tenente Johannes Otto, ajudante do comandante Weiss, a não abandonar o campo, mantendo guardas para controlar os prisioneiros até que os norte-americanos chegassem. Ele temia que os prisioneiros pudessem fugir em massa e espalhar a epidemia de tifo.
Um dia depois, foi hasteada uma bandeira branca na torre do campo.
https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/03/22-de-marco-de-1933-entra-em.html?spref=fb&fbclid=IwAR3uDHHQvBpWhum_oJbbY0KUnV_-oYeyd9gJGU-_efTR-Hhjb9xSlIPPBbs
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23 de Julho de 1942: Entra em funcionamento o campo de concentração de Treblinka.
O
campo de Treblinka foi criado em meados de 1941 como um campo de
trabalhos forçados e foi assim denominado por causa de uma vila nas
proximidades. Situado a cerca de 100 quilómetros de Varsóvia, recebia
inicialmente prisioneiros acusados de crimes pelos alemães. Um ano após a
sua abertura, ganhou um anexo, passando a ser chamado de Treblinka I. O
novo campo, Treblinka II, surgiu como campo de extermínio – mais uma
etapa da famigerada "Solução Final" idealizada pelo Terceiro Reich para o
povo judeu. Localizado a quase dois quilómetros de Treblinka I, o anexo
foi construído por empresas alemãs que usavam, como mão-de-obra de
custo zero, prisioneiros polacos e judeus, muitos dos quais trazidos do
Gueto de Varsóvia. "Inaugurado" em 23 de Julho de 1942 – quando começou a
evacuação do Gueto de Varsóvia, Treblinka II abrigou a máquina
assassina que exterminou os 265 mil judeus da capital polaca, no maior
sigilo.
Os
nazis não queriam que a verdade sobre a “Solução Final” fosse conhecida
pelos judeus e pelo mundo. Por isso, eles alegavam que estavam
simplesmente a "recolher e realojar no Leste" os judeus espalhados pela
Europa. Não sabendo ou não querendo acreditar na verdade sobre o
verdadeiro destino dessas "viagens", era mais fácil para os nazis
"manipularem" as populações judaicas que recolhiam. Eles escondiam a
verdade do mundo ocidental por medo de que suas acções "não fossem
compreendidas" e que se descobrisse que os locais para "realojamento"
dos judeus da Europa eram, na realidade, campos de morte. Mas, apesar de
todo o sigilo dos nazis, desde 1941 chegavam até aos líderes do mundo
ocidental notícias e provas sobre o que estava a acontecer.
Procurando
garantir o segredo sobre os crimes cometidos em Treblinka, o campo era
protegido por duas cercas de arame farpado, sendo que a interna era
camuflada com árvores e plantas para encobrir as suas actividades
macabras. Para reforçar essa farsa, a câmara de gás ostentava uma
estrela de David e uma cortina, com os seguintes dizeres: "Este é o
portão pelo qual passam os justos".
Trazidos
até o campo de extermínio em vagões superlotados como se fossem gado,
sem água, alimento ou qualquer tipo de atendimento às suas necessidades
básicas, cerca de cinco a sete mil pessoas chegavam em cada comboio. No
desembarque, deparavam-se com a estrela de David e ouviam um discurso de
um oficial das SS explicando-lhes que haviam chegado a um campo de
trânsito. Em seguida, as mulheres e crianças eram separadas dos homens;
os doentes eram também separados. Começava então o "macabro ritual" de
corte de cabelo e o encaminhamento para as câmaras de gás. Era nesse
momento que os guardas incentivavam as pessoas a escreverem para os seus
familiares – a correspondência seria posteriormente enviada, para
reafirmar ao mundo ocidental a impressão de que o processo de
transferência judaica não passava de um realojamento. Enquanto Treblinka
II funcionou, estes procedimentos – assim como nos outros campos de
extermínio instituídos pelos nazis – repetiram-se milhares de vezes. Aos
que sobreviviam às selecções para as câmaras de gás, era imposta uma
rotina rígida e desumana.
Fontes: www.beth-shalom.com
wikipedia (imagens)

Placa da estação ferroviária de Treblinka
Localização do Campo de Treblinka
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