Curiosa luta dos administradores BESianos...Têm reformas de 130 mil euros... O NOVO BANCO só (!!!) lhes quer pagar 30 mil euros...
Dos dez antigos administradores do BES, apenas dois estão ainda no activo. Todos os outros se reformaram, Ricardo Salgado incluído,
http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/banca___financas/detalhe/antiga_administracao_do_bes_passou_quase_toda_a_reforma.html
Segundo o jornal, os primeiros a reformarem-se foram Ricardo Salgado, Amílcar Morais Pires, José Manuel Espírito Santo, António Souto e Rui Silveira. Fizeram-no logo em Julho de 2014, quando o Banco de Portugal forçou o abandono de funções por parte da antiga administração.
Estes serão os antigos administradores que, segundo já tinha avançado a SIC Notícias, se preparam para processar o Novo Banco por lhes ter cortado as pensões.
Já José Martins e João Freixa passaram para a reforma em Setembro de 2014, após a sua passagem pela equipa de Vítor Bento, escreve o jornal, que diz que os dois responsáveis já o fizeram ao abrigo das novas regras de aposentação do Novo Banco.
Estas pensões serão substancialmente mais baixas do que as inicialmente previstas, e atribuídas à primeira leva de reformas, razão pela qual o Novo Banco as resolveu alinhar, colocando-as em pé de igualdade. Segundo o CM, há reformas de 130 mil euros que caíram para 30 mil, o que deverá desencadear os referidos processos judiciais.
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Projecto de Resolução N.º 1267/XII/4.º
Pelo apuramento dos beneficiários finais das transações financeiras que lesaram o BES e o Estado Português
18 Fevereiro 2015
O Grupo Espírito Santo, um dos grupos económicos privados com maior dimensão na economia portuguesa, atingiu uma proporção que, por si só, representava uma ameaça para a estabilidade financeira e económica. Um só grupo detinha importante atividade em diversas áreas, desde as financeiras às produtivas e serviços, concentrando sob o comando de um grupo monopolista vastos e determinantes sectores da economia, com ramificações e influência em outros grupos económicos, bem como com manifesta capacidade de intervenção junto do poder político, ao longo do mandato de sucessivos Governos, quer de PS, quer de PSD, com ou sem o CDS.
Depois do colapso do Banco Espírito Santo e da aplicação da medida de resolução pelo Banco de Portugal e pelo Governo PSD/CDS, o Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português apresentou a proposta de constituição de uma comissão parlamentar de inquérito sobre a gestão do Banco, do Grupo, sobre a medida de resolução e sobre os seus desenvolvimentos. A Comissão, que à altura da apresentação do presente Projeto de Resolução ainda desenvolve os seus trabalhos, tem aprofundado de forma muito significativa o conhecimento sobre o funcionamento do BES, sobre os mecanismos de circularização do financiamento entre o ramo financeiro e o não financeiro, sobre a forma de utilização dos processos de emissão e recompra de dívida própria, sobre a predação de outras empresas nacionais, particularmente da área não financeira, pelo grupo.
Ao mesmo tempo, muitas têm sido as informações sobre a forma como a arquitetura de um grupo económico é determinada pela chamada "otimização fiscal" e como todos os circuitos e fluxos financeiros são desenhados para minimizar "perdas fiscais", utilizando uma malha complexa de empresas, holdings e veículos de propósitos especiais, muitas vezes sedeados em paraísos fiscais ou jurisdições não cooperantes. Ao mesmo tempo, a Comissão tem informações que permitem ter a perceção de como são concebidos mecanismos de triangulação de financiamento, com recurso a filiais, como é o caso do BES Angola e de como é possível criar um sistema de financiamento com recurso a crédito que, não só passe despercebido aos reguladores e supervisores, como ignore as barreiras de defesa do próprio banco.
O que se passou com o BES e o GES representa um desfecho natural para um grupo monopolista com a forma de conglomerado misto, na medida em que a predação do sector não financeiro pelo sector financeiro, em última instância, se revelou autofágica. Ou seja, pode dizer-se que, de certa forma, o grupo provou do seu próprio veneno. Tal como sucede com muitas empresas, particularmente com as pequenas e médias empresas, a acumulação de crédito e de juros, vieram a provocar uma situação insustentável. O Grupo fez proliferar empresas, muitas delas sem capitais próprios, mas permitindo-lhes um endividamento absolutamente acima de qualquer limite imposto por uma avaliação de risco minimamente objetiva e isso fez com que, particularmente após o surgimento da crise económica e financeira do capitalismo, o passivo da componente não financeira do Grupo o tivesse conduzido a uma situação de não pagamento da dívida.
Os pequenos e médios empresários, contudo, sabem bem a dificuldade que representa aceder ao crédito. Ou seja, o BES facilitava o acesso ao crédito para as empresas do GES, mas isso não fez desaparecer a dívida do ramo não financeiro e, em última análise, teve implicações muito importantes no volume do passivo da holding de topo, a ES Internacional S.A., sedeada no Luxemburgo. A concentração de risco nas empresas do próprio grupo foi letal para o GES, independentemente da ocultação de passivo da ESI pensada pela administração do Grupo como forma de ir permitindo o prolongamento da situação, muitas vezes permitindo mesmo que a exposição do BES ao GES fosse aumentando.
Todavia, o total de 6,3 mil milhões de passivo detetado não tem origem apenas na dinâmica de concessão de crédito e acumulação de juros no GES. Outros processos terão contribuído para que o passivo ascendesse a tais valores, o equivalente a cerca de 4,5% do Produto Interno Bruto Português. Entre esses processos encontram-se mecanismos de concessão de crédito sem garantias, nomeadamente a empresas sedeadas em off-shore, bem como outros fluxos de pagamentos cuja justificação e destino a Comissão de Inquérito, pela sua natureza e pelos meios e capacidades de que dispõe, não pode apurar integralmente.
PSD e CDS, mas também o PS, têm contribuído para criar a ilusão de que estamos perante um caso que se resume a má gestão de um grupo privado e de um ramo financeiro que o constitui. Todavia, e apesar de ser manifesta a existência da má-gestão, estamos perante um caso cuja origem vai bem além de actos danosos de gestão.
O colapso do BES tem também relações com a ineficácia e incapacidade matricial do sistema de supervisão, bem como com a relação que o grupo estabeleceu ao longo dos anos com o poder político, permitindo-lhe o conhecido gigantismo e o crescimento que veio a perigar a própria estabilidade do sistema e cujo impacto ainda não se pode dizer inteiramente conhecido. Todavia, e apesar de estarmos perante consequências diretas do funcionamento do sistema financeiro no contexto do capitalismo, não é menos verdade que a República foi lesada em muitos milhões de euros, tal como foram lesadas milhares de micro, pequenas e médias empresas e famílias que viram o acesso ao crédito dificultado por ser desviado para empresas do GES ou com quem o GES mantinha "relações estratégicas".
Todos aqueles que alimentam ilusões em torno do funcionamento do sistema financeiro no quadro do sistema capitalista tentam circunscrever a origem do colapso ao facto de terem sido manipuladas as contas da ESI S.A.. Todavia, o problema da exposição demasiada e da concentração de risco na ESI e na ES Resources é conhecido desde, pelo menos, 2001, muito antes de se ter iniciado - em 2008 - o processo de ocultação do passivo.
O Estado não pode permitir que fique por conhecer o destino de cada um dos 6,3 mil milhões de euros que consolidam como passivo nas contas da ESI e que vieram a representar a principal causa da implosão do BES. Independentemente dos processos que o Ministério Público decida promover com a informação de que dispõe e com informações que a Comissão de Inquérito também possa reunir, é fundamental que o próprio principal lesado, o Estado, mobilize esforços para apurar todos os elementos e informações que permitam compreender, para os efeitos que se tenham por necessários, os mecanismos, os responsáveis e os beneficiários últimos de cada um dos processos de desvio de crédito, pagamentos não justificados, extração de mais-valias ou de outras atividades lesivas do interesse comum.
O PCP requereu, no âmbito da Comissão de Inquérito, as contas da ES Internacional, atualmente apreendidas pelas autoridades judiciais suíças. Sem pretender interferir com qualquer investigação judicial, a obtenção de tais documentos permitiria à Assembleia da República traçar um quadro geral das transferências e dos fluxos financeiros que originaram o passivo colossal da empresa e ajudariam nas Conclusões desta Comissão.
A criação de uma Unidade Técnica, como agora o Grupo Parlamentar do PCP propõe, pode vir a constituir um importante passo para o apuramento dos destinos concretos de cada euro que veio a impor-se como prejuízo e a justificar a intervenção no BES decidida pelo Governo e o Banco de Portugal. Para isso, além dos documentos que contenham os fluxos financeiros da ESI, será ainda necessário realizar os atos necessários para identificar os destinatários dos vários créditos concedidos pelo BES e filiais e mais tarde vencidos gerando provisões por imparidades na ordem dos 100%. A atividade do Bank ES de Miami, da ESFIL, do ES Bank Panama e do BES Angola, particularmente no que toca a concessão de crédito, deve ser alvo de um escrutínio técnico meticuloso e possibilitar a identificação dos beneficiários finais desses créditos.
Assim, tendo em consideração o acima exposto e ao abrigo da alínea b) do n.º 1 do Artigo 4.º do Regimento, os Deputados abaixo assinados do Grupo Parlamentar do PCP propõem o seguinte
Projecto de Resolução
Nos termos do n.º 5 do Artigo 166.º da Constituição, a Assembleia da República recomenda ao Governo:
1. Que se proceda ao apuramento dos beneficiários finais de todos os fluxos financeiros que originaram o passivo da Espírito Santo Internacional S.A. desde a sua fundação até ao resultado final de 6,3 mil milhões de euros bem como do crédito vencido atribuído pelo BES, pelo BESA e outras filiais, através da criação de uma Unidade Técnica composta por especialistas em direito fiscal e financeiro, a constituir junto do Fundo de Resolução.
2. Que a Unidade Técnica seja constituída no prazo de três meses após a aprovação da presente Resolução, reportando ao Fundo de Resolução, ao Governo e à Assembleia da República, com a apresentação de relatórios periódicos.
3. Que sejam adotadas as medidas legislativas, administrativas e regulamentares necessárias para que a Unidade Técnica possa efetuar as diligências e os contactos considerados pertinentes para a cabal efetivação do seu mandato.
4. Que a Unidade Técnica, respeitando os deveres de sigilo legalmente estabelecidos, seja mandatada pelas autoridades competentes para que lhe seja conferido o acesso às informações necessárias junto de cada entidade bancária ou jurisdição estrangeira considerada relevante, exclusivamente no âmbito dos seus objetivos.
5. Que a Unidade Técnica, findas as diligências que considere necessárias, elabore um relatório final no prazo máximo de dois anos após a sua constituição, a ser apresentado à Assembleia da República e ao Governo.
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UM DOCUMENTÁRIO para se perceber...
o domínio de algumas famílias
https://www.youtube.com/watch?v=ElSkkgC7AHw&feature=youtu.beUm documentário indispensável de se ver! Por aqui pode-se ver claramente de como as poderosas familias do Capital voltaram a dominar os destinos de Portugal. Por exemplo, pergunto quem sabia que a familia Espirito Santo, através do banco do seu nome apoiou directamente o general fascista Franco e a Alemanha nazi de Hitler? Quem já esqueceu que foi Mário Soares que através da revisão constituicional de 1982
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Via Miguel Tiago, no Manifesto74:
A MÃO QUE EMBALA O BERÇO
Passos Coelho devolveu a Ricardo Salgado a carta em que o banqueiro apelava a uma intervenção do Governo na salvação do Grupo Económico. Mas Ricardo Salgado leu-lha. Passos Coelho fica assim liberto da prova material, mas isso não o iliba do facto de ter sido um dos que soube do conteúdo da carta, tal como a Ministra das Finanças e o Presidente da República a que se acrescenta Durão Barroso, o extraordinário português que tanto beneficiou a sua pátria ao desempenhar os mais altos cargos internacionais.
Que um banqueiro sinta suficiente "à-vontade" para enviar cartas aos titulares de altos cargos públicos a pedir atenção especial aos seus problemas já é estranho e mais estranho ainda é o facto de terem sido precisamente estes os titulares de cargos públicos a assumir publicamente posições de defesa do Grupo Espírito Santo e do Banco Espírito Santo. Cavaco Silva, Maria Luís Albuquerque, Passos Coelho fizeram parte do cortejo de figurões que vieram a público dizer que o BES era um banco sólido. O Banco de Portugal, através de Carlos Costa, seu Governador, também se atravessou e, na véspera do colapso do BES, ainda emitiu um comunicado oficial a dizer que o Banco estava bom para investimentos privados.
Entretanto, durante décadas, o Grupo Espírito Santo mantinha relações privilegiadas com o poder.
Durante toda a intervenção da troika estrangeira em Portugal, Miguel Frasquilho, director de um departamento do BES, participava nas reuniões à porta fechada entre a Comissão Parlamentar de Acompanhamento do Programa da troika, pelo Grupo Parlamentar do PSD. Poucos meses antes de o caso BES vir a público, mas já depois de se saber internamente que as contas da ESI estavam falsificadas, curiosamente, Miguel Frasquilho abandona o parlamento para se colocar como Presidente do AICEP - isso sucede em Abril.
Durante toda a intervenção da troika estrangeira em Portugal, Miguel Frasquilho, director de um departamento do BES, participava nas reuniões à porta fechada entre a Comissão Parlamentar de Acompanhamento do Programa da troika, pelo Grupo Parlamentar do PSD. Poucos meses antes de o caso BES vir a público, mas já depois de se saber internamente que as contas da ESI estavam falsificadas, curiosamente, Miguel Frasquilho abandona o parlamento para se colocar como Presidente do AICEP - isso sucede em Abril.
Pela mesma altura andava Ricardo Salgado a mandar cartas para quem pudesse estender a corda ao império do Espírito Santo. Arnault, José Luís, ex-ministro de Durão Barroso, deputado e dirigente do PSD fez o que pôde. Durão Barroso já tinha tido um cargo indecifrável no BES - com carro, motorista e remuneração não se sabe para quê, nem a título de quê - e agora Arnault, advogado escolhido pela Goldman Sachs para altos cargos no Banco, faz um jeito e consegue um empréstimo para o BES de 680 milhões de euros.
Arnault que alinhou pelo diapasão de Cavaco Silva ao afirmar que "Ricardo Salgado deixou um banco robusto, com capital e credibilidade."
O banco estava ligado à máquina há muito tempo. Ricardo Salgado disse na Comissão de Inquérito que nunca o Grupo teve relações privilegiadas com o poder político, mas que se orgulhava de ter formado muitos quadros para a política e de ter recrutado na política quadros muito capazes.
Claro que uns foram para a política promovidos pelo BES, apoiados e financiados, desde cedo, depois de serviços prestados ao Banco. Outros foram para ao BES por terem usado o cargo político ao serviço do Banco. Cavaco foi o candidato a Presidente da República que mais simpatia recebeu sob a forma de euros, aos milhares, dos membros da família Espírito Santo e não se fez rogado quando se tratou de os justificar vindo a público dizer que o investimento no aumento de capital do BES era seguro. Não era seguro, mas os milhares de euros que a candidatura de Cavaco recebera já estavam seguros numa conta qualquer.
A falsificação das contas da ESI tem sido o centro das atenções porque é a única forma que encontram para colocar o problema num acto, num momento, numa pessoa, ou num conjunto delas. No entanto, a falsificação das contas é um pormenor no quadro geral: o BES era um reservatório de capital (dos depositantes) para financiar uma família que desviava milhões para créditos e remunerações a si mesma e aos seus lacaios. Isso não começou em 2008, altura em que supostamente se inicia a ocultação de passivo da ESI.
E todos nos lembramos de que foi pela mão destes banqueiros que a troika entrou em Portugal, recordamos como os governos se curvaram ao longo dos tempos ao magnânimo exemplo de empreendedorismo de Salgado, modelo de patrão e de visionário, levando a cada canto do mundo a bandeira de Portugal. Também recordamos o quanto lucraram com a dívida pública portuguesa e falta apurar quanto desse lucro foi directamente para os off-shores e para as holdings da família, numa burla cuja origem não é a maldade da mafia familiar, mas a natureza de um estado capitalista corrupto, de um sistema financeiro privado hegemónico que controla o Estado na sombra, escondido por detrás da democracia de fachada.
Mas basta uma fresta para que entre a luz.