Romantismo
***
"A Liberdade Guiando o Povo" - Análise da Obra
"A Liberdade
Guiando o Povo” é uma visão romântica sobre a revolução francesa de
1830. Na altura, a França era governada pelo rei Carlos X, que
permaneceu no poder durante seis anos. Quando Carlos X tentou abolir a
liberdade de impressa e dissolver a recém eleita assembleia, teve início
a revolução. O rei é destronado, e Louis-Philippe, um membro mais
liberal da família real, assume o poder. É o último rei francês, tendo
abdicado em 1848.
Eugène
Delacroix não participou na revolução. Para realizar “A Liberdade
Guiando o Povo”, é provável que se tenha inspirado em gravuras do
conflito, especialmente no trabalho de Nicolas Charlet.
Delacroix pintou
“A Liberdade Guiando o Povo” rapidamente, em pouco mais de três meses, e
expôs a obra no Salão de 1831. O quadro perturbou tanto os realistas
quanto os revolucionários. Foi adquirida pelo Estado por 3 mil francos, e
devolvida ao artista, que a deixou na casa de campo de uma tia sua.
Durante muito tempo, evitou-se expor “A Liberdade Guiando o Povo”
publicamente. Foi apenas em 1874 que o quadro foi adquirido pelo Louvre,
e exposto com honrarias.
Destaques da obra “A Liberdade Guiando o Povo”:
• A liberdade:
representada como uma deusa clássica, sinónimo de virtude e eternidade.
No entanto, os seus traços robustos são comuns ao povo francês, há
pelos nas axilas e a mulher não flutua sobre o campo de batalha, mas
mistura-se a ele, sujando as próprias mãos. Empunha uma arma moderna –
um mosquete.
• Os cadáveres:
os mortos são membros da guarda de elite do rei. Por ser uma guerra
civil, os revolucionários lutam contra pessoas muito próximas a eles,
seus vizinhos e conterrâneos. O realismo dos cadáveres é inspirado em
obras de Antoine-Jean Gros, pintor que Delacroix admirava.
• Homem sem calças:
outro factor que torna a obra complexa e ambígua é a presença deste
cadáver desnudado, um homem desprovido da sua dignidade. As suas roupas
foram roubadas, e provavelmente pelos revoltosos. Outros personagens do
quadro apresentam-se com objectos roubados dos cadáveres. Assim, mesmo
entre aqueles que lutam pela liberdade, há atitudes censuráveis.
• As bandeiras:
duas bandeiras são retratadas no quadro, uma empunhada pela liberdade, e
outra sobre a Catedral de Notre Dame. A bandeira tricolor foi utilizada
na Revolução Francesa de 1789 e nas guerras de Napoleão. Após a derrota
deste em Waterloo, a bandeira não foi mais utilizada. O regresso deste
símbolo é carregado de emoção, como se o povo reconquistasse o seu
orgulho, após a restauração da monarquia.
• O campo de batalha:
o centro da revolução de 1830 foi a Ponte d ‘Arcole, e provavelmente
este é o cenário da pintura. Porém, nenhum posto de observação permite
esta vista de Notre Dame. Como outros pintores românticos, Delacroix
abdica de uma fidelidade literal aos factos em prol de um maior efeito
dramático. Converte acontecimentos contemporâneos em imagens míticas.
• A composição:
é uma composição clássica, em pirâmide, na qual a liberdade ocupa o
vértice da pirâmide. O mosquete com baioneta que a liberdade empunha
cria uma linha paralela com a arma empunhada pela criança. No restante
do quadro, várias linhas diagonais trazem dinamismo à composição.
• As cores:
as cores vivas da bandeira auxiliam o destaque para a mulher que
simboliza a liberdade. Nota-se que o vermelho da bandeira está sobre o
céu azul, o que o salienta ainda mais. As cores repetem-se nas roupas do
trabalhador aos pés da liberdade. As vestes da liberdade são pintadas
num tom mais claro do que aqueles encontrados no restante da pintura,
facilitando o sentido de leitura.
A luz:
Fortes contrastes de luz e sombra conferem maior dramatismo à cena. Na
paisagem, a luz do entardecer mistura-se com o fumo dos canhões,
dissolvendo-se num brilho marcante.
• A pincelada:
as pinceladas de Delacroix são visíveis na tela, o que contraria as
regras académicas que determinam que a pincelada deve ser “invisível”.
- LA LIBERTÉ GUIDANT LE PEUPLE
Autor: Eugène Delacroix
Ano: 1830
Técnica: óleo sobre tela
Tamanho: 260cmx325cm
Museu: Museu do Louvre, Paris
- Fontes: Abstração Coletiva
- wikipedia (Imagens)
"A Liberdade Guiando o Povo”
https://www.youtube.com/watch?v=FePbGS5NymMhttps://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2013/02/a-liberdade-guiando-o-povo-analise-da.html?spref=fb&fbclid=IwAR0PHAjtNccOJL_RPojCUQHdBHzvOCNMDOLE4FDCsP69-anJ6neT0N28J6E
*
26 de Abril de 1798: Nasce Eugène Delacroix, um dos maiores mestres do Romantismo
Nascido
em Saint-Maurice no dia 26 de Abril de 1798, Delacroix não demonstrava
na infância uma grande inclinação para a pintura. Após sólidos estudos
no liceu Louis-le-Grand, exibia um dom geral para a arte, em especial a
música. Em 1815, quando fazia da música o seu estudo preferido, desejou
adquirir algumas noções de pintura. Apresentado por um tio, recebeu
aulas no atelier do pintor Guerin. Uma das suas primeiras telas, Damas Romanas Desnudando-se pela Pátria (1818),
despertou algum interesse. Ganhava à época algum dinheiro em serviços
diversos e, em 1819, tornando-se órfão, entrou em grandes dificuldades
financeiras.
Em 1822, envia a um salão de exposições o seu Dante e Virgílio,
que conquista o maior sucesso que um artista poderia algum dia desejar.
Mesmo cativando admiração entusiástica, o desencadear de críticas
injustas faz com que ficasse em último lugar no concurso pelo prémio de
Roma, em 1822. Diante desse fracasso, não conseguiu parar de ganhar a
vida com caricaturas e litografias, mas, ao mesmo tempo, permaneceu
entregue à pintura com energia crescente. Em 1824, expõe O Massacre de Quios, que acentua a impressão causada no seu primeiro salão.
Theophile
Gautier fala dele com grande admiração. No entanto, Delécluze, Beyle e
Thiers apresentam restrições: para um, ele torna horrível a cena de
horror; para outro, tem pouca preocupação com o belo; para o terceiro, a
preocupação de evitar o académico fez com que fugisse de uma linha
simples e harmoniosa.
Em 1828, com a apresentação de A Morte de Sardanapalo,
as críticas voltam a acentuar-se: “Eugène Delacroix tornou-se o centro
dos escândalos das exposições” e “a maior parte do público acha esse
quadro ridículo”, disse o crítico M. Vitet à época. () “Que o senhor
Delacroix se lembre que o gosto francês é nobre e puro e que cultive
antes Racine que Shakespeare”, acrescentou o jornal Moniteur universel.
“O olho não consegue destrinçar a confusão de linhas e cores. O
Sardanapalo é um erro de pintor”, criticou Delécluze.
Enquanto isso, após uma desavença momentânea com o Director de Belas-Artes, é encarregado pelo ministro do Interior de pintar A Morte de Carlos, o Temerário. O duque Louis-Philippe d'Orléans também lhe encomendariaRichelieu Oficiando a Missa. Do mesmo ano são A Batalha de Nancy e outras pinturas religiosas e retratos.
No Salão de 1831, O Bispo de Liege recupera as discussões com A Liberdade Guiando o Povo.
Seja como for, esta exposição teve um resultado apreciável e Delacroix
sai consagrado. Começa então a produzir uma série de telas representando
batalhas, como Poitiers, Taillebourg (1831), seguida de quadros
históricos como Carloss V no Mosteiro de Saint-Just, Boissy d'Anglas e
Mirabeau e Dreux-Brézé.
Em
1832, Delacroix deixa Paris buscando renovar inspiração. Atravessa
Marrocos, retorna à Espanha e é a essas viagens que se deve A Fantasia Árabe.
Nos anos que se seguem surge uma produção desenfreada, parecendo que
Delacroix empreendera o sublime desafio de acumular obras-primas.
Somente em 1857, após 20 anos e centenas de telas, é que o Instituto de
Belas Artes lhe abre as portas.
Fontes: Opera Mundi
wikipedia (Imagens)
Auto retrato - Eugène Delacroix
Eugène Delacroix retratado por Félix Nadar
A Liberdade guiando o Povo (Análise da obra) - Eugène Delacroix
https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/04/26-de-abril-de-1798-nasce-eugene.html?spref=fb&fbclid=IwAR1vWbSEvm_h2PUjWU9-SUt5FY6KnrSRsN8hKpyTcqlaMZbIz5OjvTzSn8o***