Desemprego dispara no distrito e atinge quase 17 mil pessoas Quase 17 mil pessoas estavam sem emprego no distrito de Leiria no final de Janeiro último, o que representa uma subida de cerca 28 por cento, comparativamente com há um ano. A situação traduz-se em mais 3.716 pessoas inscritas no Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) do que em Janeiro de 2008, o que leva a União dos Sindicatos de Leiria (USL) a concluir que "a evolução do desemprego no distrito atinge dimensões de grande preocupação".Segundo dados daquela estrutura sindical - que tem como fonte o IEFP -, em Janeiro deste ano "mais 1.254 trabalhadores engrossaram os registos" do Instituto de Emprego no distrito, atingindo as 16.873 pessoas inscritas. "São os trabalhadores com vínculo precário os mais atingidos, somando 1.239 novas inscrições", sublinha, em comunicado, a União de Sindicatos de Leiria, que "exige que sejam tomadas medidas para defender o emprego e o alargamento dos apoios sociais aos trabalhadores desempregados".Por sua vez, aos "atingidos por encerramentos, processos de reestruturação, ou reduções de pessoal desencadeados pelas empresas, devem ser garantidas as prestações de subsídio de desemprego", defende. "Há muitas empresas que estão a fechar e outras que não estão a pagar os salários aos trabalhadores", denunciou o coordenador da USL, José Fernando, que teme "um agravamento da situação". Em declarações à Lusa, o sindicalista adiantou que "os sectores da cerâmica, construção civil e comércio são os que estão a passar por mais dificuldades no distrito de Leiria", sublinhando que os problemas do desemprego estão a afectar, particularmente, Alcobaça e Caldas da Rainha, devido à importância que a indústria cerâmica assume nos dois concelhos."Temos alertado os organismos para o agravamento da situação e dado apoio aos trabalhadores", acrescentou José Fernando, sublinhando que a USL tem registado um crescimento dos pedidos de ajuda por parte dos empregados."É a pior crise da cerâmica dos últimos cinco anos"Já na última semana, o mesmo responsável afirmou ao Diário de Leiria que "é a pior crise do sector da cerâmica dos últimos cinco anos", e aquele que, no distrito, "se encontra pior, porque tem zonas fortes, como Caldas da Rainha e Alcobaça, onde existem muitas empresas que estão a fechar"."Nos últimos três anos, mais de 4.000 trabalhadores perderam o trabalho", sobretudo nas Caldas da Rainha, onde "o sector está a ser desbastado", mas também em Alcobaça, cidade "onde funciona a precariedade", esclareceu, na altura, ao nosso jornal, frisando que as dificuldades aumentam quando são empresas exportadoras, dado que, perante a crise financeira mundial, "não têm encomendas". Simultaneamente, o sindicalista referiu que o sector da cerâmica "ressentiu-se quando teve de enfrentar a crise", lamentando que não tenha conseguido reestruturar-se nem apostar nas novas tecnologias.Leiria, Caldas da Rainha e Alcobaça à frenteO desemprego aumentou em todos os concelhos (16) do distrito, mas é em Leiria, Caldas da Rainha e Alcobaça que é mais expressivo, atingindo, respectivamente, as 3.775, 2.268 e 2.262 pessoas inscritas no IEFP, em Janeiro último.Segundo os números divulgados pela mesma União de Sindicatos (ler caixa), seguem-se, com mais de mil desempregados inscritos, os conclehos de Marinha Grande (1.711), Pombal (1.384) e Peniche (1.379). No mesmo mês, 'entraram' no Instituto de Emprego 3.136 pessoas, das quais 740 inscritas por despedimento sem mútuo acordo, o motivo que lidera a entrada de novas inscrições. Dos novos inscritos naquele mês, foram colocados 489, no seguimento de 692 ofertas, sendo que, neste caso, são as mulheres que lideram a colocação em novos postos de trabalho, atingindo as 304. Mulheres 'lideram' desempregadosDo total de desempregados inscritos no IEFP (16.873), quase dois terços são mulheres, que, em Janeiro deste ano, ultrapassam as 10 mil, enquanto os homens atingiam os 6.872 desempregados. Dos quase 17 mil, uma grande 'fatia' (4.686) atinge pessoas com uma grau de instrução escolar equivalente ao 1.0 Ciclo do Ensino Básico, seguindo-se os que concluíram o 3.0 Ciclo (9.0 ano) e o ensino Secundário (12.0 ano), respectivamente, 3.688 e 3.304 pessoas. Estão ainda inscritos no IEFP 2.857 desempregados com o nível escolar do 2.0 Ciclo, 1.578 com instrução superior e 760 com nível escolar inferior aos quatro anos do 1.0 Ciclo do Ensino Básico. No que se refere aos grupos etários, são os que têm idade compreendida entre os 35 e os 54 anos que lideram o número inscritos no Centro de Emprego, seguindo-se os entre os 25 e 34 anos (4.158). Com 55 anos ou mais estavam desempregados, em Janeiro, 3.043, enquanto 2.641 inscrições atingiam pessoas com idade inferior a 25 anos. Também do total dos 16.873 desempregados no distrito de Leiria, 12.702 estão inscritos no IEFP há mais de um ano.
N.Henriques, com Lusa