É fundamental perceber que na Beira de Moçambique houve um facto político único.
Daviz Simango saíu da derrotada Renamo e criou um novo partido...Á Beira é dos únicos municípios que não têm maioria da FRELIMO.
Ilha de Moçambique era da renamo e agora tem maioria FRELIMO...
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Moçambique: Daviz Simango eleito por unanimidade líder de novo partido
06 de Março de 2009, 19:47
Maputo, 05 Mar (Lusa) -- O presidente da câmara da Beira, Daviz Simango, foi hoje eleito líder da nova força política moçambicana, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), em assembleia constitutiva que está a decorrer na segunda maior cidade do país.
Daviz Simango obteve a unanimidade dos votos dos 252 delegados com direito a participar no escrutínio que decorreu no primeiro dos dois dias da reunião, em que participam 375 delegados e 102 convidados, incluindo um representante do Partido Social-Democrata (PSD) português.
Em declarações à Agência Lusa, o porta-voz da assembleia constitutiva do MDM, Geraldo Carvalho, adiantou que também foram eleitos os órgãos directivos e deliberativos, designadamente membros do Conselho Nacional, da comissão jurisdicional e política do novo partido.
O novo partido encontra a sua génese naquilo que os seus apoiantes chamam "revolução de 28 de Agosto de 2008": o dia em que o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, tomou a decisão -- que surpreendeu todos os observadores da política moçambicana -- de não apoiar Daviz Simango na corrida para mais um mandato na presidência da câmara da Beira.
Um movimento de cidadãos da Beira acabou por convencer o autarca a candidatar-se como independente e, em tempo recorde, reuniu o número suficiente de assinaturas para Simango avançar.
Daviz Simango venceu folgadamente as eleições como candidato independente a mais um mandato à presidência da Beira, vencendo Lourenço Bulha, do partido no poder, FRELIMO, e o concorrente indicado pela RENAMO, Manuel Pereira, que se posicionou em terceiro lugar.
Simango, um engenheiro civil com curso de Ciências Políticas concluído em Portugal, era desde há muito apontado, pela sua imagem de popularidade, competência e carisma, como um dos dirigentes da RENAMO mais bem posicionados para suceder a Afonso Dhlakama no partido e para candidato a futuras eleições presidenciais, o que cautelosamente sempre rejeitou.
Muitos analistas relacionaram, de resto, o afastamento de Simango com o "perigo" que representaria para a liderança de Afonso Dhlakama, que preside ao partido há 30 anos, desde os tempos em que a RENAMO era ainda uma força de guerrilha contra o Governo da FRELIMO.
Daviz Simango tinha sido eleito presidente da câmara da Beira pela RENAMO em 2003, e o município foi considerado por várias avaliações nacionais e internacionais como um dos melhores de África em termos de gestão, pelo que a renovação do apoio à sua recandidatura foi dada como certa.
O objectivo do novo partido, segundo Geraldo Carvalho, será contrariar o enfraquecimento da oposição em Moçambique, tendo em conta que a RENAMO sofreu uma pesada derrota nas eleições autárquicas, ao não conseguir a presidência de nenhum dos 43 municípios, enquanto a FRELIMO, no poder, conquistou 41.
As excepções foram a Beira, ganha por Daviz Simango, e Nacala-Porto, conquistada pela FRELIMO.
"Transpondo os resultados das autárquicas para as legislativas, a RENAMO teria perdido 89 dos 90 deputados que ainda tem na Assembleia da República. Ou seja, a democracia estaria em causa e estaríamos em risco de voltar a ser um sistema monopartidário", considerou o porta-voz de Simango.
Nascido a 07 de Fevereiro de 1964, Daviz Simango é o segundo filho do reverendo Uria Timóteo Simango, ex-vice-presidente da FRELIMO, e de Selina Tabua Obedias Muchanga, ambos desaparecidos juntamente com outros dissidentes do movimento independentista em circunstâncias até agora não esclarecidas.
MMT/PGF.
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