03/03/2009

ministro da cultura disse:

Pinto Ribeiro/1 ano: Património classificado pela UNESCO recuperado em três anos - ministro
30 de Janeiro de 2009, 10:45
Lisboa, 31 Jan (Lusa) - O ministro da Cultura espera "recuperar todo o património classificado pela UNESCO nos próximos três anos", acreditando também que, graças às medidas que implementa, "todo o património português seja recuperado entre cinco e dez anos".
"Em 2005, não estava nada feito em termos de diagnóstico e de carta de risco. Primeiro, foi desenvolvido um trabalho de levantamento da situação do património, sobretudo em relação a património classificado e monumentos nacionais", reconheceu Pinto Ribeiro à Lusa.
Mas o que ministro considera muito importante é a execução total do orçamento, porque encontrou um ministério que, segundo afirma, raramente aplicou a totalidade das verbas atribuídas.
2008 terá sido o ano em que "mais se gastou em património. Excedemos os 100 milhões", garante.
Para Pinto Ribeiro, "a falta de percepção da importância do património é um problema cultural português que tem 100 anos. Mesmo nos últimos 30 anos muito pouco foi feito neste domínio". Quanto ao seu desempenho, mostra que em 2008 concluiu uma série de obras (18), que vinham detrás.
"O que nos empenhámos foi em concluir dentro do prazo o que era possível, para garantir a execução orçamental. Foi extraordinário o esforço dos serviços e a colaboração com os empreiteiros, a quem presto homenagem", explica.
Contudo, o ministro não atribui tudo ao seu desempenho: "O ministério da Economia tem feito um grande esforço na recuperação de património turisticamente utilizável. Através da secretaria de estado do Turismo, gastaram-se nos últimos quatro anos 190 milhões de euros na recuperação de património privado e sete milhões em património público".
Agora falta decidir o que se vai fazer com o património público. Um diploma legal do ministério das Finanças, que tem a gestão do património em geral, vai ser em breve discutido na Assembleia da República.
"Trata-se de um pontapé de saída. O objectivo é discutir o que se quer fazer com o património público", revela o ministro à Lusa.
Pinto Ribeiro pretende "que o património seja usado de forma a permitir a sua revivificação, que seja contaminado pelas populações, que seja instrumento de narrativa".
"O que gostaria na área do património não depende só de mim", afirma. O ministro gostaria de estabelecer parcerias com as autarquias para "criar uma rede de recuperação patrimonial".
Cineteatros, bibliotecas, edifícios onde se possam pôr conteúdos, para que sejam "coisas vivas", afirma.
Mas a medida em que deposita mais esperança, na área do património, é a já anunciada parceria com as grandes empresas de construção civil.
"Às empresas com quem falei e com quem tive um bom entendimento, pedi-lhes que fizessem doações ao Estado, o que chamo o cheque-obra, para que possamos restaurar património e que sejam elas a fazer esse restauro. Dão, em trabalho, um por cento de cada empreitada de obras públicas", reafirma.
O ministro é optimista e acredita tanto no sucesso desta medida que acredita conseguir " fazer o restauro de todas as obras de raiz portuguesa que existem pelo mundo.
Pinto Ribeiro entende que "as empresas de construção civil também têm interesse em se internacionalizar".
Com o pensamento na execução orçamental, o ministro da Cultura revela que o primeiro ano em que se gastou mais do que se tinha foi 1998, mais dois milhões.
"Em 2008 gastaram-se mais cinco milhões", diz Pinto Ribeiro referindo que conseguiu evitar a crise dos vigilantes dos museus.
"Conseguimos pagar aos vigilantes e às pessoas dos museus, não tendo as perturbações que decorreriam de executar mal o orçamento", afirma.
Assim, considera ter conseguido "satisfazer reivindicações que eram absolutamente justas. Os sindicatos perceberam que nós fazíamos um esforço de rigor em vez de chegar ao fim e não termos feito essa aplicação rigorosa".
CMJ.
Pinto Ribeiro/1 ano: "É extraordinário que tenhamos um mundo artístico-cultural tão pujante"
30 de Janeiro de 2009, 10:45
Lisboa, 31 Jan (Lusa) - O ministro da Cultura, que sexta-feira comemorou um ano de mandato, disse à Lusa, em tom de balanço, que definiu três eixos prioritários:"língua, património, artes e indústrias criativas".
Para Pinto Ribeiro, "temos extraordinários agentes culturais e artistas, mas as estruturas que existem para desenvolver as suas actividades não são as melhores. Assim, é extraordinário que tenhamos um mundo artístico-cultural tão pujante, competente e capaz".
Durante 2008, o ministério da Cultura fez uma revisão das regras de atribuição de subsídios, alargando o âmbito de apoio. "Passámos a subsidiar mais coisas do que eram subsidiadas, nomeadamente actividades de fusão; alargámos o montante disponível em 10% (de 20 para 22 milhões de euros)".
Finalmente, "abrimos concursos para fazer parcerias contratualizadas e não apenas apoios a fundo perdido".
O ministro não concorda com tudo o que encontrou nesta área. "Entendo que a transformação dos teatros nacionais em entes públicos empresariais [feita pela ex-ministra Isabel Pires de Lima] é um voluntarismo excessivo, porque será difícil que o montante da receita seja suficiente para dizermos que estamos perante um ente empresarial. O importante é que a gestão financeira seja feita com grande rigor e a gestão artística a mais extraordinária possível com aqueles meios".
Para o ministro, o bom exemplo vem do Norte. "Isso foi conseguido no Teatro S. João, que foi eficaz. O mesmo não aconteceu no D. Maria II. Por isso foi dissolvida a sua administração", explica.
"É preciso passarmos de uma cultura do saber a uma cultura do fazer", diz Pinto Ribeiro, "que a ciência e o conhecimento sejam aplicados. Isto significa passar do conhecimento e da ciência para cultura e criatividade".
A cultura é absolutamente "indispensável para que num momento de crise sejamos capazes de a enfrentar com imaginação e com rigor. Se fizermos mais do mesmo já vimos que deu pouco resultado. Temos de fazer de modo diferente do que fazíamos"
Por isso, "interessa menos saber em que gaveta está o dinheiro do que saber como é aplicado", concluiu.
CMJ.