15/05/2009

nº impressionante de fecho de micro empresas- notícia do público/lusa d'hoje

Crise
Cerca de 18 mil micro empresas encerraram em Portugal desde Janeiro
15.05.2009 - 07h49
Por Lusa
Cerca de 18 mil micro empresas encerraram desde Janeiro, deixando no desemprego trabalhadores e donos do negócio. Depois de lhes penhorarem os bens e sem direito a subsídios, muitos empresários procuram salvação nas paróquias. Em Portugal, existem cerca 160 mil micro empresas.De acordo com o presidente da Associação Nacional de Pequenas e Médias Empresas (ANPME), Fernando Augusto Morais, "há micro empresários a falir todos os dias". Desde o início do ano, "cerca de 18 mil já encerraram o seu negócio", disse à Agência Lusa o presidente da associação, onde funcionam os gabinetes jurídico e estatístico que fazem a recolha e tratamento destes dados. Só nos primeiros 13 dias deste mês, "90 empresas fecharam as suas portas", exemplifica o responsável, lembrando que desde o início da crise, em Setembro de 2007, até 31 de Dezembro de 2008, "encerraram 40 mil empresas" de pequena dimensão. Para Fernando Augusto, "a situação é crescente". Muitas destas empresas pertencem a "jovens licenciados que terminaram os cursos e não encontraram emprego no mercado de trabalho", mas também existem muitas outras que estão ligadas principalmente à construção civil, explicou. O presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), Armindo Monteiro, confirma este cenário: "Têm estado a fechar empresas que até agora sobreviviam a tudo e a todas as circunstâncias". Estes encerramentos "criam constrangimentos à sua volta", alerta por seu turno Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, instituição que nos últimos tempos tem recebido pedidos de ajuda de empresários "de todo o país". "Muitos dos que nos procuram fazem parte da classe média baixa, mas também já há muitos da chamada classe média alta, com outro tipo de projectos que faliram", explica. Para o presidente da Cáritas, este fenómeno "representa taxas de desemprego altamente preocupantes". A Cáritas Portuguesa é uma instituição oficial da Conferência Episcopal para a promoção e dinamização da acção social da Igreja Católica. De acordo com dados divulgados à Lusa pela Associação Industrial Portuguesa, as micro empresas empregam 28 por cento dos trabalhadores, mais três por cento do que as grandes empresas. "É um drama. Neste tipo de empresas há relações familiares ou de quase família. Têm apenas três ou quatro postos de trabalho e por isso criam-se relações muito estreitas que se vão construindo ao longo dos anos", lembra o presidente da ANJE. Nestes casos, tentar salvar a empresa "é sinónimo de salvar a família". "São projectos de vida que estão em causa" e muitos proprietários acabam por investir o seu património pessoal. "O empresário tem sempre a tentação de ir até ao limite, dando o património pessoal como garantia da empresa", explica à Lusa Armindo Monteiro, lembrando que quando as coisas correm mal os empresários nem têm direito a subsídio de desemprego: "Têm de pagar as dívidas e não têm nenhuma forma de rendimentos. É muito injusto". "Alguns, além de não receberem subsídio de desemprego, ainda correm riscos de penhoras, porque na tentativa de fazer sobreviver as suas pequenas empresas deixaram de pagar ao Fisco e à Segurança Social", acrescenta o presidente da Cáritas Portuguesa. O primeiro-ministro, José Sócrates, anunciou esta semana a criação da linha de crédito PME Investe 4, num valor global de 400 milhões de euros, 200 milhões dos quais destinados a apoiar as micro e pequenas empresas. De acordo com números avançados pelo executivo, as PME Investe 1, 2 e 3 já foram utilizadas em 86 por cento, representando mais de 27 mil empresas apoiadas, num valor global aproximado de 2,9 mil milhões de euros. Em declarações à Lusa, o vice-presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), Paulo Nunes Almeida, lembrou que "a grande maioria destas empresas são micro ou pequenas". "Estes apoios são muito importantes", mas "é a conjuntura económica que vai permitir às empresas ter negócios" para sobreviver, concluiu Paulo Nunes Almeida.