21/11/2009

O CEERIA realizou a sua Assembleia Geral de Sócios a 17 de Nov e tem muito para fazer na Inclusão


Fiz saudação em reunião de câmara de 23.11.2009 e alertei para quem está a elaborar o Orçamento e o Plano de Actividades, para reforçar o apoio financeiro para a construção do novo equipamento na Quinta das Freiras..
Finalmente vão construir novas instalações, na freguesia de Évora, entre Chaqueda e a Quinta das Freiras...

o semanário região de cister faz 1 entrevista ao Presidente José Belo:
http://www.regiaodecister.pt/portal/index.php?id=3485
José Ferreira Belo diz que o Ceeria pretende ser um agente de inclusão social

Para o presidente da Direcção da Centro de Educação Especial e Recuperação Infantil de Alcobaça (Ceeria), a instituição tem-se vindo a afirmar como um agente social de referência no concelho, mas é preciso continuar a percorrer esse caminho, consolidando a estratégia inclusiva das pessoas com deficiência que tem vindo a ser implementada.


REGIÃO DE CISTER (RC) > O Ceeria tem-se vindo a deparar, ao longo dos anos, com um conjunto de dificuldades, de vária ordem. Como é que a instituição as tem conseguido superar?
JOSÉ FERREIRA BELO (JFB) > Quando o Ceeria foi fundado, em 1976, a ideia era dar apoio às crianças que estavam em idade escolar e não tinham condições para frequentar o ensino regular. Essas crianças foram, naturalmente, crescendo e passando a idade escolar, pelo que havia necessidade de criar uma estrutura de apoio para eles. Foi por isso que em Alcobaça, tal como noutros concelhos, foi criado um Centro de Actividades Ocupacionais. Mais tarde, entrámos na formação profissional, que ajudava aqueles que tinham aptidão para entrar no mercado de emprego. Por isso, a história do Ceeria, como de outras instituições deste tipo, é feita de dificuldades, nomeadamente de instalações, exactamente porque as necessidades foram sendo maiores. Inicialmente conseguimos que nos fosse cedido o palacete cor de rosa, que dividimos com a Igreja e que tinha sido o Colégio Dr. Cabrita e o antigo Liceu Municipal. Nos anos 80, adquirimos a Quinta do Cidral e construímos algumas instalações, mas tivemos sempre dificuldades na obtenção de verbas para o efeito.
RC > Porquê?
JFB > O Estado considerava mais importante financiar outras instituições, enquanto que com a Câmara, talvez nunca tivessemos conseguido colocar no prato das relações, a importância da nossa acção. Durante muitos anos, a Câmara de Alcobaça deu-nos subsídios praticamente nulos. Tínhamos direito a subsídios anuais de 500 contos, mas felizmente nos últimos anos o cenário alterou-se um pouco. Em termos financeiros, os 500 contos passaram a 5 mil euros, pelo que não é uma diferença significativa, mas temos tido algum apoio técnico para a elaboração de projectos e na feitura de algumas pequenas obras nas instalações. São coisas que não têm grande peso financeiro para a Câmara, mas que revelam alguma disponibilidade e alguma vontade de colaborar e de cooperar. E devemos assinalar isso. No entanto, esperamos outro tipo de colaboração.
RC > Qual é que seria a colaboração ideal?
JFB > As colaborações, às vezes, não se medem em dinheiro. Para nós, a colaboração ideal é aquela em que a Câmara nos veja como um parceiro. O ambiente ainda não é de parceria, mas de cooperação. Esperamos que a comparticipação financeira da Câmara na nossa obra na Quinta das Freiras seja significativa. Alimentamos essa esperança, pelo que está em causa. A Câmara tem esse dever, devido ao papel social que o Ceeria tem desempenhado no concelho, e tendo em conta outras comparticipações financeiras que têm sido dadas a instituições que, a nosso ver, não têm o papel social do Ceeria.
RC > O que seria dos utentes do Ceeria se a instituição não existisse?
JFB > A grande maioria dos nossos jovens estaria nas suas casas e aldeias, sem apoio das famílias de de ninguém. Seriam meninos de rua. O Ceeria tem procurado melhorar as condições de vida dos utentes, mas não queremos ficar pelo aconchego. Queremos ser um agente transformador na vida dessas pessoas. O nosso projecto de certificação de qualidade tem em vista isso mesmo: que o Ceeria preste serviços relevantes para as pessoas e ajude a melhorar as suas vidas. E isso faz-se através da qualidade do serviço que prestamos. A melhoria das instituições consegue-se com a melhoria das instalações, mas sobretudo com a melhoria da qualidade dos nossos técnicos. Queremos qualificar a instituição. As instituições são como as pessoas: é preciso saber para onde se quer ir, senão a gente perde-se no caminho. Sentimos, nos últimos anos, que o nível de aceitação da sociedade relativamente ao Ceeria está a crescer e isso também nos cria um sentido de responsabilidade.
RC > Mas o que fez mudar essa percepção da sociedade em relação à instituição?
JFB > Os elementos fundamentais da mudança são o saber como e para onde se vai. Além disso, tem havido um grande empenhamento dos técnicos no sentido de colocar o Ceeria no seio da socidade. Queremos ser um instrumento de inclusão dos nossos utentes, mas não temos ilusões: o Ceeria, sozinho, não consegue resolver o problema da deficiência. Os problemas das pessoas com deficiência só pode ser resolvido pela sociedade e faz-se na presença das pessoas com deficiência. Nesse sentido, temos encetado uma estratégia de acompanhamento das pessoas num ambiente inclusivo. Há coisas que hoje são evidentes e que nem sempre o foram. Dou este exemplo: podíamos fazer aqui uma piscina, mas os nossos jovens vão nadar na piscina onde os outros nadam. Na hipoterapia ou no teatro passa-se o mesmo. Podia até ser mais fácil fazer essas actividades nas nossas instalações, mas a nossa estratégia é inclusiva, ou seja, aposta em levar os nossos utentes aos sítios onde estão todas as pessoas.
RC > É nesse plano que entra a colocação de utentes nas empresas?
JFB > Evidente. Os nossos empresários já perceberam que podem tirar vantagens dessa opção, porque os trabalhadores com deficiência são cumpridores e esforçados.
Joaquim Paulo e Ana Ferraz Pereira