03/03/2010

2.184. +1 textão do Maduro no blog do Jero: TERMAS DA PIEDADE...

respiguei dos meus "camaradas" Antº Maduro e José Oliveira
no blogue do último
http://jeroalcoa.blogspot.com/
espero que em breve investigue a mãe d'água,
junto ao Alcoa, (na propriedade dos SM)
As Termas da Piedade
Os cistercienses tomaram conhecimento do valor terapêutico das águas da Piedade (também conhecidas “por águas da Vestiaria, da Fervença, das almoinhas e ainda das várzeas da Maiorga”) mandando erguer uma casa com tinas para banhos.
Mas o interesse pelas águas não terá esmorecido com a supressão das Ordens Religiosas em 1834.
Na sessão camarária de 9 de Agosto de 1865 determinava-se “a construção de uma ponte de madeira sobre o rio da Abadia nas proximidades da Fervença para dar passagem para os Banhos da Piedade”.
As potencialidades da nascente e a sua capacidade de atrair visitantes levam a edilidade a ultimar a sua exploração. Na acta camarária de 17 de Outubro de 1870 decide-se mandar analisar as águas, tratar da planta do edifício termal e abrir uma estrada de acesso às termas.As diligências para requalificar o espaço termal prosseguem nas décadas de 80 e 90. As águas passam a ser exploradas directamente pela Câmara e por particulares.
O alvará de 22 de Dezembro de 1894 concede a António Filipe de Sousa Carvalho a licença de exploração por tempo ilimitado das águas minero-medicinais da Piedade, com todas as obrigações que a Lei de 30 de Setembro de 1892 consignava.
As instalações termais vão ser vendidas em 28 de Novembro de 1918 pela viúva de Sousa Carvalho a Manuel Rodrigues Serrazina pela quantia de 11 contos.
Já em 5 de Maio de 1922 Angélia Carvalho vende ao dito Manuel Serrazina a concessão de exploração das águas por 100$00.Bernardo Villa Nova no seu “Guia de Alcobaça” (1926) diz-nos que o balneário camarário é composto de tinas de mármore e o de Manuel Serrazina por tinas de mármore e de ferro esmaltado. O balneário da edilidade, segundo a Memória de 1923, compreendia rés-do-chão e 1º andar (as melhorias introduzidas ter-se-ão realizado a partir de 1912). O espaço do balneário propriamente dito estava confinado ao rés-do-chão. Este possuía quatro tinas de mármore para banhos de 1ª classe e outras quatro para banhos de 2ª classe. Ainda possuía uma dependência para assistir enfermos de baixa condição social. A sessão de 4 de Agosto de 1904 determinava, aliás, que as asiladas pudessem beneficiar de banhos gratuitos nestas instalações. Já o 1º andar destinava-se a hospedaria de banhistas. A captação das águas era feita através de uma galeria, sendo as águas aquecidas numa caldeira e daí canalizadas para as respectivas tinas. As águas dos banhos eram, através de uma vala, encaminhadas para o Alcoa. O caudal era abundante permitindo fornecer água para duzentos banhos sem quebra de débito na galeria.A estância termal abria em meados de Junho e encerrava nos finais de Outubro.
No ano de 1905, a abertura da época termal contou com a presença das autoridades civis e administrativas, sendo “abrilhantado pela Real Fanfarra de Alcobaça”, disponibilizando-se carreiras de Rippent para os utilizadores das termas.
A comunidade de banhistas chegava a organizar festas. Uma notícia no “Semana Alcobacense” de 5 de Setembro de 1920 refere que o largo do edifício termal foi ornamentado, que houve “iluminação à venesiana, jantar ao ar livre, descantes...”.As águas eram recomendadas para um largo espectro de enfermidades de natureza gastro-intestinal, hepática, dermatológica, reumática, inflamações da mais diversa proveniência...
A água termal podia ser adquirida em garrafas e garrafões, nomeadamente na farmácia Campeão e na secretaria da Câmara Municipal.
António Valério Maduro