22abril2010
A CDU organiza o jantar, nos Corações Unidos, que terá uma intervenção no nosso alcobacense, membro do Comité Central do PCP, Luís Caixeiro.
Na tarde de sábado e durante o Domingo, a Juventude promoverá exposições, videos, música no CTRabalho do PCP...
No domingo às 17.30 farão, no café Tertúlia, uma sessão de poesia alusiva ao Dia da Liberdade.
Na Cela Velha, dia 25, além da homenagem a Humberto Delgado, o Rancho Papoilas do Campo tb promove um almoço gastronómico de grande qualidade...
às 16h de domingo, Dia 25 de Abril, Dia da Liberdade, haverá a Assembleia Municipal e a nossa camarada Isabel Granada fará uma intervenção em nome da CDU.
***
durante vários anos postei:
1974...Golpe das Caldas da Rainha...quase 25 abril...vivABRILiberdade...
Carlos Colaço para Alegria na rua (2ª Edição)
Faz, hoje 40 anos, que ..... ao saírem das Caldas, lançaram as sementes para a conquista de Abril.
A caminho com coragem
Com as forças de mil
Seguiram aquela miragem
Na conquista de Abril
A caminho com coragem
Com as forças de mil
Seguiram aquela miragem
Na conquista de Abril
***
16 de Março de1974: Golpe das Caldas - Tentativa de golpe militar, em Portugal, pelo Regimento de Infantaria 5 das Caldas da Rainha
Houve má camaradagem no 16 de Março, ditada pelo “salve-se quem puder”
quando o quartel das Caldas estava cercado e os oficiais se deram conta
que estava tudo perdido. Alguns não disfarçaram o medo, muitos
sentiram-se desorientados e poucos se mantiveram firmes. Mas a ética
castrense impede, mesmo 40 anos depois, que se aponte o dedo aos que
tiveram um comportamento menos digno, apesar de alguns deles se
mostrarem hoje vaidosos por terem participado num golpe que visava
derrubar a ditadura.
É certo que não era fácil para um grupo de jovens oficiais afrontar um
regime repressivo que acabaria – nesse dia – por levar a melhor. Consta
que na messe de oficiais do RI5, pouco antes da rendição, as bebidas já
se tinham esgotado. O dia acabara mal e o ambiente, na hora da rendição,
era bem diferente do entusiasmo febril que ali se vivera durante a
madrugada.
A história começa no dia anterior, 15 de Março, às 21 horas, quando a
mulher de um dos oficiais do regimento vem à porta de armas do quartel
entregar uma mensagem para o marido. No envelope vem a Ordem de
Operações enviada por telefone por um major do Movimento das Forças
Armadas o qual, vindo de Lisboa já se encontra a caminho das Caldas para
o confirmar presencialmente. A mensagem diz que unidades do Norte se
sublevaram e marcham sobre a capital e que o Regimento de Infantaria 5
deverá dirigir-se também para Lisboa para ocupar o aeroporto.
Um grupo restrito de oficiais mais comprometidos com o movimento
reúne-se na 4.ª companhia e decide aderir à revolução. Dois deles,
apesar do quartel estar de prevenção, saem à cidade e vão chamar
oficiais amigos às suas casas. Passa pouco da meia-noite quando dois
tenentes e um capitão, protegidos por camaradas que montam segurança nos
corredores e nas escadas, entram no comando do quartel. Um deles leva
uma pistola na mão, mas nota que o segundo-comandante também o recebe de
pistola em punho.
“Tenha calma, Varela. Vamos conversar”. É assim que reage o
segundo-comandante, que baixa a pistola. Um dos tenentes vai acordar o
comandante da unidade, que estava num quarto ao lado. Os dois coronéis
revezavam-se no comando da unidade porque sabiam dos ventos de rebelião.
O comandante do RI5 é detido em pijama. A pistola que tinha na mesa de
cabeceira é prudentemente retirada por um dos jovens oficiais, que mais
tarde contará que o coronel, estupefacto, nem fez perguntas. Juntam-se,
rebeldes e comandantes, numa sala numa conversa que se prolonga durante
quase duas horas. Os sublevados ainda tentam convencer os comandantes a
aderir à causa, mas sem êxito.
Cá fora há uma quase euforia. A maioria dos oficiais adere
entusiasticamente e os que não estão de acordo também não se opõem nem
boicotam a acção dos seus camaradas. Um major reúne os soldados e
faz-lhes um discurso inflamado. Dezanove anos depois dirá: “Quando eu
acabei o discurso a dificuldade foi em conseguir que ficasse alguém no
quartel. Até tivemos que tirar gajos das viaturas pois todos queriam
ir”.
O Regimento de Infantaria 5 (hoje Escola de Sargentos do Exército) tinha
uma companhia operacional, pronta para combate, mas que naquele dia
estava reduzida a um terço. A força entretanto criada acaba por ser
constituída, em grande parte, por instruendos do curso de sargento
miliciano, sem grande experiência. Um factor que não foi muito
valorizado pelos cabecilhas do movimento porque uma das características
do quartel das Caldas era possuir nas suas fileiras oficiais com
experiência de combate no Ultramar e grande capacidade de liderança.
Viagem de ida e volta
A coluna parte para Lisboa pelas 4 horas da manhã. É composta por 14 Berliets e alguns Unimogues e GMCs, num total de 24 viaturas. Está convencida que os quartéis de Lamego, Santarém e Mafra também se sublevaram e vão a caminho de Lisboa, mas a poucos quilómetros da capital, pouco antes das portagens (que na altura eram em Sacavém) constata que marcha sozinha. São dois majores do Movimento das Forças Armadas que vão ao seu encontro para os informar que o golpe falhara e, corajosamente, se lhes juntam no regresso às Caldas da Rainha, onde chegam pelas 10 horas das manhã. Pelo caminho avistam na auto-estrada (que só ia até Vila Franca de Xira) uma coluna da GNR que passa por eles em grande velocidade, supostamente em sua perseguição, mal se dando conta que afinal estavam a cruzar-se com os seus perseguidos. Próxima das Caldas da Rainha, a coluna é sobrevoada por um avião que, após algumas voltas, se retira.
A coluna parte para Lisboa pelas 4 horas da manhã. É composta por 14 Berliets e alguns Unimogues e GMCs, num total de 24 viaturas. Está convencida que os quartéis de Lamego, Santarém e Mafra também se sublevaram e vão a caminho de Lisboa, mas a poucos quilómetros da capital, pouco antes das portagens (que na altura eram em Sacavém) constata que marcha sozinha. São dois majores do Movimento das Forças Armadas que vão ao seu encontro para os informar que o golpe falhara e, corajosamente, se lhes juntam no regresso às Caldas da Rainha, onde chegam pelas 10 horas das manhã. Pelo caminho avistam na auto-estrada (que só ia até Vila Franca de Xira) uma coluna da GNR que passa por eles em grande velocidade, supostamente em sua perseguição, mal se dando conta que afinal estavam a cruzar-se com os seus perseguidos. Próxima das Caldas da Rainha, a coluna é sobrevoada por um avião que, após algumas voltas, se retira.
Pouco depois de terem entrado no quartel, este é cercado por forças de
Leiria e de Tomar, da Escola Prática de Cavalaria de Santarém (a mesma
que iria ter um papel decisivo no 25 de Abril), e também da Policia
Móvel e GNR, para além, claro, de elementos da PIDE. Em inferioridade
numérica, os militares cercados procuram capitalizar o tempo a seu
favor, na esperança de que esta tentativa de golpe tivesse repercussão
nacional e internacional. Na verdade viria a tê-la nos dias seguintes,
sobretudo na imprensa estrangeira que referiu o golpe como um prenúncio
de algo que estaria para acontecer. Alguns jornais, para irritação do
regime, contextualizavam a situação portuguesa: militares sublevados num
país que vivia sob ditadura e mantinha em África uma guerra contra
movimentos de libertação.
Um episódio pouco conhecido durante o cerco foi um contacto de um
oficial da Força Aérea que terá dito aos seus camaradas: “Aguentem aí
que eu vou para Monte Real e ponho os aviões no ar”. Uma promessa não
cumprida, mas que levou os militares cercados a prolongar a rendição,
apesar de já lhes ter sido cortada água, luz e telefone. Do lado de fora
do quartel, o comandante das forças de cerco, um brigadeiro com 76 anos
fiel ao regime, ameaçava bombardeá-lo. As horas passam, para espanto da
população caldense que, com o receio próprio de quem vive numa
ditadura, circunda o quartel na expectativa de notícias.
A maioria dos oficiais estava segura que jamais os seus camaradas
disparariam contra eles (a maioria das tropas que os cercavam acabaria
por fazer o 25 de Abril 40 dias depois). Um tenente contou que, através
de uma das guaritas do quartel das Caldas chegou à fala com outro
oficial conhecido das tropas de cerco e que este lhe garantira: “Fica
descansado que não vai haver tiros”. Mas os militares do RI5 compreendem
que a situação lhes era desfavorável e que não havia mais nada a fazer.
Pelas 17h00 rendem-se e as forças de cerco entram na unidade. Os
oficiais com a patente de tenente (inclusive) para cima são reunidos na
biblioteca do quartel, onde ouvem um sermão do brigadeiro:
“Congratulo-me pela maneira como se renderam pois se assim não tem
acontecido não teria qualquer hesitação em bombardear o quartel. Lamento
que numa unidade pela qual tenho um apreço especial, se tenha passado
um caso destes. Espero que os senhores reflictam na insensatez do acto e
saibam suportar as consequências”.
Entretanto, na messe de oficiais são detidos os alferes e aspirantes. E
no refeitório dos praças, os sargentos, cabos e soldados. Estes serão
todos recambiados para Santa Margarida, onde serão mal recebidos e
maltratados após uma noite de viagem em camiões militares e depois de
praticamente duas noites sem dormir.
Para os oficiais aguardava-os um autocarro que os levaria para Lisboa.
Os mais comprometidos com a tentativa de revolução assumem as
responsabilidades e procuram ilibar os camaradas, dizendo que estes
apenas cumpriram ordens. Mas de pouco lhes serve. A maioria é enviada
para o RALIS, em Lisboa e os mais envolvidos com a tentativa de golpe de
Estado seguem para o presídio da Trafaria.
“Curso intensivo” na prisão
O autocarro é escoltado por viaturas militares e pela PIDE. Lá dentro, junto ao condutor, um tenente-coronel, armado com uma pistola com munição na câmara, faz toda a viagem de pé e até muda um oficial mais corpulento que ia no banco da frente por outro mais franzino, receando algum ataque.
O autocarro é escoltado por viaturas militares e pela PIDE. Lá dentro, junto ao condutor, um tenente-coronel, armado com uma pistola com munição na câmara, faz toda a viagem de pé e até muda um oficial mais corpulento que ia no banco da frente por outro mais franzino, receando algum ataque.
Nos dias passados na Trafaria os oficiais mais implicados no 16 de Março
vivem entre dúvidas e certezas. Só podem ver a família uma hora por
semana. Ocupam o edifício mais isolado do complexo, onde podem circular
livremente, mas nunca em contacto com os restantes presos. A maior parte
do tempo era passado a conversar, a discutir, a situação deles e do
país, a imaginar o que iria ser o futuro, a ler e a jogar damas e
xadrez. “A prisão une os homens. Tínhamos discussões, trocávamos ideias,
foi um autêntico curso intensivo. Todos saímos de lá com mais
maturidade”, diria um dos oficiais anos mais tarde.
Todos, porém, tinham uma profunda convicção de que o Movimento das
Forças Armadas não os iria abandonar e que a revolução teria de
acontecer. Na verdade, o golpe das Caldas acabaria por servir de ensaio
para as operações militares do 25 de Abril. E acabaria também por
acelerar os seus preparativos, dado que havia camaradas do movimento que
urgia libertar.
A libertação aconteceria no próprio dia 25, confirmando uma dica que
alguém tinha soprado a um dos oficiais durante uma visita – “Tem calma
pá, não vais passar o teu aniversário [27 de Abril] na prisão”.
Foi a tropa de Vendas Novas (e não os fuzileiros nem o esquadrão de
Estremoz, conforme chegou a estar previsto) que na tarde do dia 25 de
Abril ocupou a Trafaria e libertou os oficiais que, a partir desse
momento, passaram a ocupar importantes cargos operacionais no MFA.
Do ponto de vista militar, o “golpe das Caldas” teve importância na
preparação das operações do 25 de Abril. Do ponto de vista político, há
leituras diversas, sendo a mais corrente a de que se tentou de um golpe
spinolista destinado a abafar a revolução em marcha. Uma tese que, no
entanto, é rejeitada pela maioria dos oficiais que nele participaram. O
certo é que o general Spínola manda dizer aos oficiais detidos na
Trafaria que se a tropa lhes cortasse os vencimentos, os direitos de
autor do seu livro Portugal e o Futuro ser-lhes-iam oferecidos.
Medeiros Ferreira diz que o 16 de Março esteve para o 25 de Abril como o
31 de Janeiro esteve para o 5 de Outubro, mas que a história por vezes é
impiedosa e que o 16 de Março foi injustamente esquecido.
Não é o caso hoje, 40 anos depois, com um primeiro-ministro a assinalar a
efeméride, ainda que nas comemorações oficiais do seu partido. E com
uma conferência de um historiador conotado com a direita que deverá
trazer uma nova abordagem à intentona das Caldas da Rainha.
Fonte: Público
O comandante do cerco dá ordem de rendição ao Regimento de Infantaria 5
***