Europa 2020
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Quarta 19 de Maio de 2010
No debate sobre a estratégia UE 2020, Ilda Figueiredo reafirmou que é tempo de falar dos problemas reais: mais de 85 milhões de pobres, mais de 23 milhões de desempregados, das dificuldades que os trabalhadores enfrentam. Denunciou que o caminho proposto é o mesmo que esteve na origem da crise, que só a ruptura com estas políticas trará progresso social.
Neste debate queremos reafirmar que é tempo de deixar de lado os jogos de palavras e falar dos problemas reais que a maioria das mulheres e homens estão a viver nos nossos países. Das angústias dos mais de 85 milhões de pessoas a viver em situação de pobreza, numa União Europeia que é um dos espaços mais ricos do mundo e onde os lucros escandalosos continuam, sem que haja medidas para os travar. Das dificuldades que os trabalhadores enfrentam, com o trabalho precário e mal pago. Dos jovens e das mulheres que não encontram emprego. Dos mais de 23 milhões de desempregados. Dos idosos a quem negam uma reforma digna. Das crianças a quem estão a hipotecar o futuro.
Sejamos claros. O que propõem com esta estratégia Europa 2020 é o mesmo caminho que esteve na origem da crise.
A Comissão Europeia não quis analisar as causas da situação actual, nem retirar as consequências relativamente aos dois eixos fundamentais das políticas que seguiu na aplicação da Estratégia de Lisboa – liberalizações de sectores económicos, incluindo serviços financeiros, e a flexibilidade laboral, a que chamou “flexigurança”.
O que pretendem é continuar a abrir caminho a uma maior concentração da riqueza, através de diversas directivas que facilitem privatizações de sectores estratégicos da economia, ataques a fatias de serviços públicos que interessam a grupos económicos em áreas da saúde, segurança social, educação, e tudo o que possa dar lucro.
Preferem escamotear que só uma ruptura com as actuais políticas e uma mudança de rumo pode trazer progresso social. Mas é nessa ruptura que insistimos, afirmando que é tempo de acabar com o Pacto de Estabilidade e substitui-lo por um Programa de Desenvolvimento e Progresso Social, dando prioridade à produção e a serviços públicos de qualidade, à criação de emprego com direitos, a salários, pensões e reformas dignas, à inclusão social e a uma justa repartição e distribuição do rendimento. O que exige uma efectiva coesão económica e social, com reforço claro do orçamento comunitário, solidariedade, mais políticas públicas e controlo pelo Estado dos sectores fundamentais da economia, incluindo do sector financeiro.
Estamos certos que é por esses objectivos que milhões de trabalhadores vão continuar a lutar, como amanhã na Grécia, e no próximo dia 29 em Portugal, lutas que daqui saudamos.