26/08/2010

3.264. Há muito que se fala na horta da Abadia de Alcobaça...

respiguei do diario de coimbra d' hoje:
Quinta-Feira, 26 de Agosto 2010
Horta Monástica valoriza “práticas ambientais”
Mosteiro de Santa Clara-a-Velha quer reeducar cidadãos
Os responsáveis do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha estão a promover visitas guiadas à Horta Monástica, em Coimbra, um projecto para reeducar os cidadãos «para valores e práticas ambientais assentes na sustentabilidade».
Dezenas de pessoas participaram ontem em mais uma das visitas, esta dirigida por Lígia Inês Gambini, realizadas às quartas-feiras.
Esta investigadora da equipa de projecto do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha define a Horta Monástica como «interface com a sociedade civil» que abrange os períodos da Idade Média e da Idade Moderna.
«É mais uma interface com a sociedade civil e com o público, mas futuramente com escolas, com grupos e organizações que venham a desenvolver projectos em torno da Horta Monástica», disse a historiadora à agência Lusa.
As visitas arrancaram no início de Agosto. O percurso com os interessados, que devem fazer previamente a inscrição, começa no Centro Interpretativo do Mosteiro, onde estão expostos diversos artefactos que nos últimos anos foram encontrados nas escavações em redor do monumento.
A horta «tem por base também a grande aposta aqui do sítio, que é a investigação científica, tanto arqueológica como histórica, desenvolvida em parceria com outras instituições», referiu Lígia Gambini.
Irrigada com um sistema de aspersão, a horta inclui produtos agrícolas diversos que as monjas clarissas cultivavam desde a Idade Média, incluindo espécies vegetais oriundas de outros continentes e introduzidas em Portugal na sequência dos Descobrimentos.
Só no século XVI passaram a ser cultivados na Europa abóboras, feijão, milho grosso e outras plantas que os navegadores trouxeram das Américas.
A horta foi desenvolvida este ano com a colaboração da Escola Superior Agrária (ESAC) e da Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC).
“A Horta Monástica tem como princípios subjacentes os da agricultura biológica, que são em si mesmo sustentáveis. (...) a produção na horta respeita os ciclos de vida naturais com limites no uso de pesticidas, fertilizantes sintéticos, antibióticos e auxiliares tecnológicos, ou outro tipo de produtos», segundo uma nota de Artur Côrte-Real, coordenador da equipa de projecto do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha.
Está proibido «o uso de organismos geneticamente modificados», sendo privilegiado «o aproveitamento dos recursos locais, tal como o uso do estrume animal como fertilizante».
«O espaço da horta é também um palco para a própria ESAC, através dos estagiários, poder usar como um campo seu», declarou Lígia Gambini.
«Nos centros urbanos existe, cada vez mais, um desconhecimento da forma como são produzidos os alimentos que se consomem, alimentos que muitas vezes transportam substâncias nocivas para a saúde, sem que as pessoas que os consomem o saibam», adverte Artur Côrte-Real.
Aprofundar conhecimentos sobre a história local, sensibilizar e motivar para as temáticas do ambiente e da agricultura biológica, «promover a partilha de conhecimentos, emoções e valores» são outros dos objectivos da Horta Monástica.