Conversa com o presidente da Junta de Freguesia de Coz
Álvaro Joaquim Loureiro Santo é o presidente da Junta de Freguesia de COZ. Tem 51 anos e cumpre o seu terceiro mandato, tendo sido reeleito como independente, incluído na lista “Independentes por Coz”.
Nasceu em São Tomé e Príncipe, mas veio para Coz ainda com a tenra idade de 2 anos. Chegou em Abril e fez 3 anos de idade em Julho. O pai era da Póvoa e a mãe dos Montes. Álvaro Santo fala-nos com muito entusiasmo das coisas da freguesia e também do concelho. Acompanha com o maior interesse o jornal O ALCOA, até pelo facto de ter sido aluno do Dr. Mário Vazão.
Poderia começar por falar-nos da agricultura ou da riquíssima história da freguesia de Coz, mas deu prioridade à zona industrial do Casal da Areia, na medida em que o mundo contemporâneo não se compadece das carências de trabalho e é na zona industrial da freguesia que se encontra a resposta para o desemprego que flagela as nossas gentes. Coz tinha diversas serrações de madeira, muitas fábricas de loiça artística e uma actividade empresarial artesanal exemplar há alguns anos atrás, mas as coisas têm piorado, embora algumas empresas e artesões ainda resistam.
CASAL DA AREIA
Contudo, é no Casal da Areia que se centram as fábricas de loiça, serralharias, conservas, decorações, fábricas de vidros e cristais, brinquedos e utilitários para parques, materiais de precisão e ferramentas, materiais de construção, recolha de resíduos e reciclagens, para além de serviços vários e actividade de restauração. Esta zona tem a mais-valia do progresso e do emprego gerado.
AGRICULTURA
Depois desta referência, passou então à agricultura, um tema que lhe é grato, tanto mais que hoje se começa a regressar às origens e a apreciar mais a arte de cuidar dos campos. E a freguesia é uma prova disso, pois já não se vêem tantos terrenos abandonados. É certo que da agricultura não vem muita riqueza material, tendo sido notório um declínio no fim do século passado, mas começa a haver algum interesse pela agricultura biológica e a fruticultura ainda é expressiva na freguesia, bem como alguma vitivinicultura. Também há na freguesia três pecuárias que se mantêm activas e chegou a existir uma conceituada feira de gado na Senhora da Luz. Curiosamente, a feira dos frutos secos e pinhões ainda se mantém activa nos dias 16 e 17 de Novembro, sendo no dia 17 a festa religiosa. O santuário está relacionado com a lenda do milagre da Fonte Santa, cujas águas tinham propriedades milagrosas. Aí está sepultada Catarina Annes, bafejada pelo milagre em 1601.
Santuário de Nossa Senhora da Luz
FESTAS E ROMARIAS
Para além das festas da Senhora da Luz já referidas, existem outras festividades nos principais lugares da freguesia: Castanheira (em honra de Santa Marta); Póvoa (Senhora da Graça) e Coz (festa da Ascensão; festa do Espírito Santo; festa do Corpo de Deus e festa de Santa Eufémia). O Casal da Areia tem festa em fins de Agosto. Em alguns casos as associações têm os seus próprios eventos festivos.
As associações são as seguintes:
Associação Recreativa, Cultural e Desportiva do Casalinho
Centro Desportivo e Cultural do Casal da Areia
Associação Desportiva e Cultural de COZ
Associação Recreativa Povoense
Associação Recreativa Desportiva e Cultural Castanheirense
Na Castanheira e na Póvoa, as associações têm uma secção dedicada ao desporto das motos.
Também há um Clube de Caça, Pesca e Tiro, da Freguesia de Coz.
De referir ainda o Centro de Bem Estar Social da freguesia de Coz.
LUGARES DA FREGUESIA
Para além da sede de freguesia em Coz, destacam-se os seguintes lugares: Alqueidão, Alto Varatojo, Casal da Areia, Casal do Resoneiro, Casalinho, Castanheira, Moinho da Mata, Pomarinho, Póvoa, Vale do Amieiro e Varatojo.
Artesanato de Coz
A freguesia multiplica-se por uma área rural superior a catorze quilómetros quadrados e possui também a área industrial do Casal da Areia a que foi dado destaque em epígrafe. A população ultrapassa os 2.400 habitantes.
RIQUEZA MONUMENTAL
O mosteiro de Santa Maria de Coz merece uma referência de destaque no final deste apontamento, mas há outros elementos a mencionar como a Ermida de Santa Rita (que possui o brasão de Cister com as armas reais), datando do século XVII (1673); a Igreja matriz (actualmente designada por Igreja de Santa Eufémia), datada do século XII (1180); o mosaico do “Rei de Coz” (actualmente no museu Leite de Vasconcelos) datando da era romana; a igreja de Santa Marta no lugar de Castanheira (construída no século XVIII; a Capela de Nossa Senhora da Graça, no lugar de Póvoa e o santuário de Nossa Senhora da Luz.
Bastaria a riqueza monumental mencionada antes para que a freguesia de Coz pudesse orgulhar-se do seu património histórico.
Trata-se de uma freguesia fundada pelos fenícios, sete séculos antes de Cristo. Foram eles que deram o nome a Coz. D. Manuel I deu-lhe o foral em 1514.
Porém, ainda há mais outra referência que honra de forma incondicional a freguesia. Trata-se do mosteiro de Santa Maria de Coz, sobre o qual existem centenas de escritos de antologia, a par de programas de TV, de repercussão internacional.
MOSTEIRO DE SANTA MARIA DE COZ
O mosteiro de Santa Maria de Coz é o segundo convento mais antigo, mandado construir em 1279 para mulheres viúvas que levassem uma vida piedosa. Foi habitado até à extinção das ordens religiosas em 1834. Está classificado como Edifício de Interesse Nacional e é procurado por turistas nacionais e estrangeiros que nos visitam, deslocando-se a Coz e saindo desiludidos por não terem, actualmente, um guia que os oriente na visita.
Havia um pacto com a Câmara Municipal no sentido de termos um guia, mas desde Maio que tudo acabou, perdendo-se a oportunidade mais interessante para mostrarmos com dignidade o nosso mosteiro. É uma pena que não tenhamos podido oferecer aos turistas o nosso legado histórico a par de todo o nosso património artesanal, que foi produto do “Projecto Mais”.
O presidente da Junta de freguesia concluiu a este propósito: “- Bem sei que agora é mais difícil de conseguir alguém no Fundo de Desemprego”. Antes era mais fácil. Bastava ir a Alcobaça e conseguia-se uma pessoa desempregada. Agora, com a Internet (que deveria ser para facilitar) as coisas estão mais dificultadas. Porém, deixo aqui o meu apelo à Câmara Municipal pedindo apoio para 2011, neste sentido”.
O convento de Coz é um monumento legendário, classificado como edifício de Interesse Nacional.