27/01/2011

4.098.(27Jan.11.44') Hospital.Urgências.Reclamações...

Comissão de Utentes...
via Região de Cister...
Serviço de Urgência recebeu oito queixas em dois dias

Urgências com várias horas de espera
Em apenas dois dias, o Serviço de Urgência do Hospital de Alcobaça recebeu oito queixas de utentes no livro amarelo, o documento no qual os doentes escrevem as reclamações sobre a forma como são atendidos e o funcionamento do serviço.
Nas queixas, os utentes reclamam sobretudo pelos tempos de atendimento, o que um dos profissionais de saúde do hospital, que pediu para não ser identificado, atribui à falta de médicos. "O tempo de espera para o utente ser visto é de cinco a seis horas", relata o clínico.
Nuno Santa Clara, director clínico do Centro Hospitalar do Oeste Norte (CHON), que gere os hospitais de Alcobaça, Caldas e Peniche, ainda não conhece as queixas em concreto, mas lembra que há ocasiões em que o afluxo de utentes à urgência é "muito grande". O médico não tem dúvidas em afirmar que os fins-de-semana e os feriados são os períodos em que a urgência de Alcobaça é mais procurada por utentes que, por terem o centro de saúde fechado, deslocam-se à urgência para fazer pensos e medicamentos injectáveis. "Estamos a falar de pessoas que nem sequer fazem ficha de urgência ou pagam taxa moderadora, mas que são capazes de ocupar um enfermeiro uma manhã inteira", refere Nuno Santa Clara.
O clínico diz que se trata de um hábito de muitos anos e já enraizado em Alcobaça. "Não queremos hostilizar as pessoas que não encontram resposta nos cuidados primários", defende o médico, que assegura que a situação está a ser analisada em conjunto com o Agrupamento de Centros de Saúde do Oeste Norte. Em Alcobaça, garante Nuno Santa Clara, as equipas da urgência são as previstas, com dois médicos, a que o CHON juntou mais um médico, de Medicina Interna, a cada turno.
Dois médicos ouvidos pelo REGIÃO DE CISTER garantem que, desde que integra o Centro Hospitalar, a unidade de saúde de Alcobaça tem vindo a perder serviços e profissionais de saúde. O nosso jornal apurou que há pelo menos cinco médicos que pediram ou vão pedir a reforma e outro clínico abandonou o hospital para se dedicar ao sector privado.
"Os problemas da aposentação de médicos põem-se em todo o País", refere Nuno Santa Clara, que defende que a situação se agrava com a nova legislação, que não permite que os clínicos sejam contratados após entrarem na reforma, como acontecia anteriormente. "Isso veio desfalcar muito os serviços".
Quanto ao descontentamento para com o CHON, o responsável clínico, que tomou posse juntamente com o restante Conselho de Administração em Agosto de 2010, recorre ao início do centro hospitalar, em 2009: os concelhos de Alcobaça e Nazaré estavam ligados a Leiria nas questões da saúde. "A criação do centro hospitalar veio redireccionar isso e obrigou a um novo relacionamento, que não terá corrido da melhor forma, tal como a integração", analisa o médico, que assegura que o Conselho de Administração "se tem preocupado em ultrapassar as questões", No entanto, o director clínico lembra que é um processo demorado e que "é agravado pelo facto de o número de utentes quase ter duplicado", com a entrada de Alcobaça e Nazaré nas urgências de Caldas da Rainha.
texto ana ferraz pereira