26/02/2011

4.237.(26Fev.13h5') João Paulo Opinou para o Região de Cister sobre defice,união europeia, juros da dívida...

Começa agora o ano de 2011.


O Défice desce bastante em janeiro de 2011, quando comparado com igual período de 2010. De € 680 milhões, para € 281 milhões. Aquilo que, à primeira vista, podia ser considerada uma boa notícia para Portugal, rapidamente se transforma numa má notícia se pensarmos que apenas o aumento de impostos, a retirada de apoios sociais e os ordenados reduzidos aos funcionários públicos contribuíram para essa redução. Na verdade a despesa do Estado aumentou no mesmo período. Só na aquisição de bens e serviços, cresceu 14% num só mês. Entretanto, os impostos engordaram mais de 15%. Ou seja, o que o Estado recebeu a mais, com o saque que exigiu aos portugueses mais sacrificados, foi quase todo para o aumento da despesa. Quem quer ser sócio de uma empresa assim?

Assim não vamos lá! Não vamos atingir os objectivos de execução fiscal, sem reduzir as despesas do Estado. Se somarmos a estes dados, o facto dos juros da dívida pública estarem a atingir novos máximos desde a adesão ao euro, só faz lembrar um barril de pólvora prestes a explodir. A 5 anos as taxas estavam na passada 3ª feira a 7,22%; a 10 anos estavam a atingir 7,47%, com um spread de 4,84%. Se para uma empresa é difícil pagar estes preços, para um Estado é incomportável, porque os montantes são muito mais elevados. A factura com juros e o serviço da dívida aumentaram 23%. É sintomático!

Na minha actividade profissional, quando concedia crédito, se o cliente não discutia a taxa, ficava preocupado, porque esse facto revelava que as hipóteses de receber o dinheiro de volta eram menores. Ou seja, aumentava o risco. É isso que se passa com Portugal, os operadores começam a não acreditar que o nosso País possa cumprir com o serviço da dívida. Por outras palavras, começam a pensar se Portugal não está insolvente.

Com o crude a subir a níveis exponenciais, com os indicadores macroeconómicos como o crescimento, o desemprego, o investimento e o consumo interno a descerem, quando o Estado não consegue cortar na despesa, a pergunta seguinte é: aumentam-se ainda mais os impostos em 2012? Reduzem-se ainda mais as comparticipações de medicamentos? Reduzem-se ainda mais os ordenados dos funcionários públicos?

Uma coisa temos a certeza: não vamos esperar ajuda da chanceler Angela Merkel que levou uma sova das antigas nas eleições de Hamburgo. De facto a CDU teve naquela Cidade-Estado o seu pior resultado eleitoral desde o fim da II Guerra Mundial. Ainda faltam mais seis, dirão vocês. É verdade, respondo eu, mas mais derrotas como estas, embora sejam regionais, podem fazer cair o seu governo. Agora imaginem os leitores qual vai ser a actuação de Angela Merkel: abrir os cordões à bolsa para salvar Portugal e Espanha ou vai endurecer as suas posições a nível da U.E. para ganhar as restantes eleições regionais no seu país?

Respondam a esta pergunta e retirem da vossa resposta, as devidas ilações. Também já tenho a minha resposta e já retirei as minhas conclusões: o último a sair apague as luzes e deixe a chave debaixo do tapete!