Eleições antecipadas: uma oportunidade de mudança |
Ricardo Miguel 1.CONTEXTO POLÍTICO E SOCIAL Vivemos uma crise política que é expressão e consequência directa da crise económica e social a que PS, PSD e CDS-PP com o patrocínio do Presidente da República conduziram o país e é inseparável do rumo de integração capitalista da União Europeia e da própria crise do sistema capitalista. Crise política que é, antes de mais, o resultado de uma deliberada construção por parte daqueles que, sendo responsáveis pela grave situação criada no país, procuram alijar responsabilidades e disfarçar a identidade de posições quanto ao que de mais essencial tem determinado o rumo de declínio nacional. Uma situação que não pode ser também desligada da agudização das contradições resultantes da natureza anti-popular das políticas em curso e do crescente isolamento social do governo em resultado da ampliação da luta dos trabalhadores e das populações. A gravidade e dimensão dos problemas que o país hoje enfrenta têm causas e responsáveis. Não são apenas fruto de uma conjuntura ou fatalidade, são o resultado de anos consecutivos de política de direita que avolumaram injustiças, definharam as capacidades produtivas, alienaram recursos e activos estratégicos, hipotecaram a soberania nacional, empobreceram o regime democrático. O resultado está à vista: o país subordinado à dominação do capital nacional e estrangeiro que, pressionando e chantageando, saqueia a riqueza produzida no país num processo assente na subordinação do poder político aos seus interesses de classe. O país está mais pobre, menos desenvolvido e mais dependente num rumo em que, ano após ano, se avolumam e agravam problemas, em que a cada imposição de sacrifícios e injustiças se somam menos perspectivas de saída e solução. De PEC em PEC, de Orçamento em Orçamento, o inaceitável dilema em que PS, PSD e CDS-PP querem colocar o País é ficar refém dos juros incomportáveis da especulação do capital financeiro nos “mercados” ou ficar estrangulado por décadas com os juros especulativos a favor desse mesmo capital financeiro, definidos pela União Europeia e o FMI e associados a inaceitáveis e ruinosas imposições. O PEC IV proposto pelo Governo prosseguia e aprofundava este caminho. Não incluía nenhuma medida visando o crescimento económico, o aumento da produção nacional, uma mais justa distribuição da riqueza a diminuição do desemprego ou o combate às desigualdades. A estes medidas têm se oposto a população em grandes manifestações como a da Geração à Rasca ou a Manifestação do passado dia 19, convocada pela CGTP-IN. 2. AS ELEIÇÕES Neste quadro, a convocação de eleições legislativas antecipadas para 5 de Junho constitui, uma oportunidade, mas também uma responsabilidade para os trabalhadores e o povo português. Uma oportunidade para fazerem ouvir a sua voz e para afirmarem, com o seu voto, a exigência da necessária e indispensável ruptura com o rumo de declínio, injustiça e empobrecimento do país. O PSD achou que era o seu tempo daí precipitar as eleições, não por discordâncias políticas mas porque as sondagens lhe eram favoráveis. 3. O FUTURO A adopção de uma política patriótica e de esquerda e de um Governo que a concretize, não só é cada vez mais necessária, como constitui um imperativo inadiável. Existe e é possível concretizar uma política alternativa que tenha como eixos e objectivos centrais: o desenvolvimento económico, a elevação das condições de vida dos trabalhadores e do povo, a defesa e promoção dos interesses público e dos direitos dos cidadãos e a recuperação e afirmação da soberania – quatro eixos e objectivos centrais de uma política patriótica e de esquerda capaz de abrir caminho ao desenvolvimento económico, ao progresso social e à afirmação soberana do interesse nacional. Uma política capaz de dar também resposta no imediato ao saque aos recursos nacionais por via do crescente endividamento externo, da espiral especulativa que se desenvolve por via dos juros da dívida pública e da ameaça a uma entrada (directa ou indirecta) do FMI. Uma outra política que procure a convergência de posições com outros países que são vítimas de uma ofensiva comum. Uma outra política que garanta a resposta ao financiamento do Estado português em condições que não sejam um factor de estrangulamento da economia nacional e de agravamento das condições de vida do povo, promova a diversificação de fontes de financiamento e das relações económicas, mutuamente vantajosas. Um governo para salvar o País e não um governo dito de salvação nacional mas que visa prosseguir a política de direita, juntando, duma forma ou de outra, o PS, o PSD e o CDS-PP, precisamente aqueles que têm enterrado e querem continuar a enterrar o País. Um governo constituído com base nas forças e sectores políticos, democratas e personalidades independentes, que se identificam com a política patriótica e de esquerda, apoiado pelas organizações e movimentos de massas. Um governo cuja viabilidade e apoio político e institucional está nas mãos do povo português com a sua posição, a sua luta e o seu voto. Após tantas vezes ter barafustado no café, no mercado, na rua perante as erradas decisões, não pode agora enfiar a cabeça na areia e fingir que não é consigo. O futuro de Portugal é com todos! O meu apelo final é ao voto: eleger os deputados que nos representem na Assembleia da república é o que está em causa dia 5. Analise o que cada um dos deputados do Distrito fez e vote pela mudança. Ricardo Miguel |
04-04-2011 |