07/07/2011

4.726.(7Jul19h50') Henry Miller

Nasceu a 26dez1891
e morreu a 7jun1980
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http://www.infoescola.com/biografias/henry-miller/
Nascido em Yorkville (Nova York) no dia 26 de dezembro de 1891 e filho de pais alemães, Henry Valentine Millerviveu no Brooklyn durante seus anos escolares. Considerado o predecessor do estilo de escritores como John Fantee Charles Bukowksi, Miller foi um grande subversivo de sua época. Escreveu literatura libertária em pornográfica em plenos anos 30, tempo em que teve seus livros proibidos nos Estados Unidos.Outsider irremediável, tentou trabalhar na alfaiataria de seu pai, local onde pegou gosto por roupas finas. Entre os anos de 1928 e 1929, passou uma temporada em Paris com sua segunda esposa, June Miller (June Edith Smith). Henry gostou tanto da cidade que, no ano seguinte, mudou-se definitivamente para Paris, onde ficou até o início daSegunda Guerra Mundial.
Em 1932 conhece a escritora Anais Nïn. Começa a escrever seu livro mais famoso, “Trópico de Câncer” enquanto caminha pelas ruas e dorme quando possível. Um ano depois, aluga um apartamento com Alfred Perles e visita Luxemburgo com ele. Com o retorno de June para a Europa, acabam se divorciando.
Muda-se para Villa Seurat no mesmo dia em que “Trópico de Câncer” é publicado. Este foi um momento de inquietação na vida do escritor, a obra teve complicações de distribuição e foi banida em alguns países por ser considerada “literatura de sacanagem” e subversão.
Mesmo assim, Miller continua a escrever romances com obscenidade, dos quais se destaca a trilogia “Crucificação Encarnada”. Um memorial homenageando a obra de Henry Miller foi construído em Big Sur, Califórnia, onde o autor viveu de 1944 a 1962.

No Brasil

A obra de Henry Miller, “Trópico de Câncer”, foi proibida no Brasil da década de 70, mas o livro em inglês continuava a ser vendido. Um dos maiores divulgadores da obra do autor é Otto Maria Carpeaux, que deu reconhecimento literário às obras de Miller no país.
O escritor morreu em Los Angeles no dia 7 de junho de 1980.
Livros principais:
  • Crazy Cock, 1934
  • Opus Pistorum (novela pornográfica), 1936
  • Trópico de Câncer, 1934.
  • Primavera negra, 1936.
  • Trópico de Capricórnio, 1939.
  • Dias de paz em Clichy, 1939.
  • O Mundo do Sexo, 1940.
  • O Colosso de Marússia, 1941.
  • Sabedoria do Coração (ensaios), 1941.
  • Pesadelo Refrigerado, 1945.
  • O Sorriso ao pé da escada, 1948
  • Sexus [Crucificação Encarnada vol. 1 (Livro Primeiro da Rosa-Crucificação (Portugal), 1949.
  • Os Livros da Minha Vida, 1952
  • Plexus [Crucificação Encarnada vol. 2  (Livro Segundo da Rosa-Crucificação (Portugal), 1953.
  • Big-Sur e as laranjas de Hieronymus Bosch, 1957
  • Nexus [Crucificação Encarnada vol. 3  (Livro Terceiro da Rosa-Crucificação (Portugal), 1960.
  • A Hora dos Assassinos (Um Estudo sobre Rimbaud).
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Trópico de Câncer
Trópico de Capricónio
Sexus
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”O nosso destino de viagem nunca é um lugar, mas uma nova forma de ver as coisas.” 

© Hal Morey “Grand Central Station,1930”- Imagem
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Henry.June
com a Inês de Medeiros
https://www.youtube.com/watch?v=78FMYn-96oE
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" Ninguém avança pela vida em linha recta. Muitas vezes, não paramos nas estações indicadas no horário. Por vezes, saímos dos trilhos. Por vezes, perdemo-nos, ou levantamos voo e desaparecemos como pó. As viagens mais incríveis fazem-se às vezes sem se sair do mesmo lugar. No espaço de alguns minutos, certos indivíduos vivem aquilo que um mortal comum levaria toda a sua vida a viver."
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chagall, le cirque
[...]
Sempre ao rufar surdo do tambor o contorcionista se enrolava, sempre o volteador se fazia anunciar por uma fanfarra de trombetas. Augusto, porém, umas vezes era o silvo agudo de um violino, outras as notas trocistas de um clarinete que o acompanhavam durante o cabriolar de suas palhaçadas. Mas chegado o momento de cair em transe, os músicos, subitamente inspirados, perseguiam-no entre suas espirais de êxtase como corcéis grudados à plataforma de um carrossel tomado de loucura.Todas as noites ao aplicar o maquillage, Augusto discutia com seus botões. As focas, não importa o que fossem obrigadas a fazer, permaneciam sempre focas. O cavalo, um cavalo; a mesa, uma mesa. Augusto, embora permanecendo um homem, era obrigado a tornar-se em algo mais: tinha de assumir os poderes de um ser excepcional dotado de um excepcional talento. Tinha de fazer rir as pessoas. Não era difícil fazê-las chorar, tão-pouco fazê-las rir; descobrira isso há muito tempo, antes mesmo de ter sonhado entrar para o circo. Mais altas, porém eram as suas ambições - queria dotar os espectadores de uma alegria que se revelasse imperecível. Foi essa obsessão que primeiramente o levou a sentar-se aos pés da escada e simular o êxtase. Caindo, por mero acaso, na imitação de um transe - esquecera-se do que iria fazer a seguir. Quando voltou a si, um tanto confuso e em extremo apreensivo, encontrou-se a ser aplaudido freneticamente. No dia seguinte repetiu a experiência, desta vez com propósito deliberado, pedindo que o riso louco e absurdo que ele tão facilmente suscitava desse lugar àquela suprema alegria que tanto desejava transmitir. Contudo, apesar do quase fervor dos seus esforços, todas as noites o esperavam os mesmos aplausos delirantes. [...]

Henry Miller, O sorriso ao pé da escada - ed.Asa
via blogue
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in O Citador
"Vencer o Medo
Parecemos estar hoje animados quase exclusivamente pelo medo. Receamos até aquilo que é bom, aquilo que é saudável, aquilo que é alegre. E o que é o herói? Antes de mais, alguém que venceu os seus medos. É possível ser-se herói em qualquer campo; nunca deixamos de reconhecer um herói quando este aparece. A sua virtude singular é o facto de ele ser um só com a vida, um só consigo próprio. Tendo deixado de duvidar e de interrogar, acelera o curso e o ritmo da vida. O cobarde, par contre, procura deter o fluxo da vida. E claro que não detém nada, a menos que se detenha a si próprio. A vida continua sempre a avançar, quer nos portemos como cobardes, quer nos portemos como heróis. A vida não impõe outra disciplina - se ao menos o soubéssemos compreender! - para além de a aceitarmos tal como é. Tudo aquilo a que fechamos os olhos, tudo aquilo de que fugimos, tudo aquilo que negamos, denegrimos ou desprezamos, acaba por contribuir para nos derrotar. O que nos parece sórdido, doloroso, mau, poderá tornar-se numa fonte de beleza, alegria e força, se o enfrentarmos com largueza de espírito. Todos os momentos são momentos de ouro para os que têm a capacidade de os ver como tais. A vida é agora, são todos os momentos, mesmo que o mundo esteja cheio de morte. A morte só triunfa ao serviço da vida."
 in "O Mundo do Sexo"
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Eu a amo, de corpo e alma. Ela é tudo para mim. E no entanto não se parece em nada com as mulheres sonhadas, aquelas criaturas ideais que eu adorava quando menino. Não corresponde a nada que eu tenha concebido na profundeza de meu ser. É uma imagem totalmente nova, algo estranho, algo que o destino roubou de alguma esfera desconhecida para lançar no meu caminho. Olhando para ela, amando-a pedacinho por pedacinho, verifico que a sua totalidade me escapa. Meu amor se acrescenta como uma soma, mas ela, a mulher que procuro com um amor desesperado e faminto, me escapa como um elixir. É completamente minha, de uma maneira quase servil, mas eu não a possuo. Eu é que sou possuído. Sou possuído por um amor que nunca antes se tinha oferecido a mim: um amor absorvente, amor total, amor até as unhas do pé e a sujeira debaixo delas - e, no entanto, minhas mãos estão sempre esvoaçando, sempre procurando agarrar e segurar, aprisionando o vácuo.



Henry Millerhttp://www.barcosflores.blogspot.com/