07/01/2012

5.359.(7jan2012.13h3') Hoje, 15h, Inês de Castro será o tema n' Abadia

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região de cister de 12.1.2012:
Inês de Castro deve ser Património Mundial


Foi para ouvir e falar de amor que se juntou um grupo de pessoas no Mosteiro Santa Maria de Alcobaça, no sábado à tarde. O ambiente intimista proporcionou verdadeiros momentos de partilha sobre a temática ‘Inês de Castro: o futuro da memória’, que para muitos mudou para sempre a cultura portuguesa.


Já se escreveu, pintou, cantou, tocou, dançou, dramatizou o amor de Pedro e Inês. E continua a fazer-se. Uma história que tem tanto de belo como de cruel. Uma história que faz parte do património nacional e é revisitada em todo o mundo.
Pedro Roseta, depois de afirmar que o património é também uma coisa que não se vê, avança: "Quem sabe se Inês não será consagrada? Quem sabe se um dia não integrará uma rota do património imaterial alargado?" O antigo ministro da Cultura não tem dúvidas que as "sociedades que esquecem a identidade cultural morrem".
Palavras que sensibilizaram Paulo Inácio, presidente da Câmara de Alcobaça. "Por que não uma candidatura inesiana ao Património Imaterial da Humanidade?!", sublinhou o também presidente da Assembleia Geral da Associação de Amigos de Pedro e Inês, acrescentando que "Inês tem um potencial tão grande que é um crime deixá-lo como está".
Em nome da cultura e do futuro, Pedro Roseta apelou às diversas individualidades presentes que contribuam para o enriquecimento cultural. "É preciso chamar a atenção". Espera também que os esforços e o trabalho de hoje, "apesar dos disparates", sejam apreciados e úteis no futuro.
Isabel Pires de Lima, também antiga ministra da Cultura, considera que a presença de Inês de Castro é "avassaladora" na cultura portuguesa. "Atravessa toda a nossa cultura e mantém-se viva. É o mito fundador/estruturante da nossa cultura". A sua intervenção foi enriquecida pela leitura dos textos ‘Triunfo do Amor Português’, de Mário Cláudio, e ‘Pedro e Inês (40 anos depois)’, de Ana Luísa Amaral.
Até ao século XIX, a sociedade olha para a história de Pedro e Inês apaixonadamente, a partir daí começam a surgiu novos sentidos interpretativos. Na verdade, a bela Inês foi amante, traindo a confiança de D. Constança.
"Fantástico mito que também é história". Começa, assim, a sua intervenção a presidente da Fundação Inês de Castro. Sublinhando as palavras de Pedro Roseta, Cristina Castel-Branco espera que: "alguém esteja à nossa espera no futuro". A Fundação "está a fazer por isso".
A arquitecta assegura que as novas gerações estão a responder positivamente à temática Pedro e Inês. "Fizeram blogues que me deixaram de queixo caído", comenta.
Depois de ouvir e ler comentários de algumas crianças e jovens, em trabalhos, Cristina Castel-Branco afirma: "É melhor manter esta história viva, porque assim lembramo-nos como era o amor antigamente".
Não tem dúvidas ao afirmar que o "encantamento do mito está espalhado pelo mundo. É um mito que nós portugueses temos de tomar conta".
"Temos de manter viva Inês, transmitindo às novas gerações este mito tão forte e espalhado pela sua própria força", avisa a arquitecta.
Já o presidente do Igespar, Luís Filipe Coelho optou por falar do turismo e das rotas do Património em Portugal.
"Há a necessidade de adequar os princípios de gestão que a sociedade vai exigindo. Há mais estrangeiros a visitar-nos e os portugueses estão mais exigentes". O objectivo é, então, dotar os monumentos de condições que respondam às necessidades.
A palavra final coube ao moderador João Paulo Sacadura, apresentador da TVI, que congratulou-se por ter sido uma das pessoas que saiu de casa, num dia frio de Inverno, para ouvir falar de amor.

Luci Pais