26/04/2013

6.490.(26abril2013.12.30') Manuel da Fonseca

Nasceu a 15out1911
e morreu a 11março1993
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Tejo que levas as águas

LETRA DE Manuel da Fonseca

Adriano Correia de Oliveira (Avintes, 9 de Abril de 1942 — Avintes, 16 de Outubro de 1982), foi um músico português e um dos mais importantes intérpretes do fado de Coimbra. Fez parte da geração de compositores e cantores de cariz político, que foram usadas para lutar contra o Estado Novo e que ficou conhecida como música de intervenção. ( Wikipédia )

Tejo que levas as águas 
correndo de par em par 
lava a cidade de mágoas 
leva as mágoas para o mar 

Lava-a de crimes espantos 
de roubos, fomes, terrores, 
lava a cidade de quantos 
do ódio fingem amores 

Leva nas águas as grades 
de aço e silêncio forjadas 
deixa soltar-se a verdade 
das bocas amordaçadas 

Lava bancos e empresas 
dos comedores de dinheiro 
que dos salários de tristeza 
arrecadam lucro inteiro 

Lava palácios vivendas 
casebres bairros da lata 
leva negócios e rendas 
que a uns farta e a outros mata 

Tejo que levas as águas 
correndo de par em par 
lava a cidade de mágoas 
leva as mágoas para o mar 

Lava avenidas de vícios 
vielas de amores venais 
lava albergues e hospícios 
cadeias e hospitais 

Afoga empenhos favores 
vãs glórias, ocas palmas 
leva o poder dos senhores 
que compram corpos e almas 

Leva nas águas as grades 
... 

Das camas de amor comprado 
desata abraços de lodo 
rostos corpos destroçados 
lava-os com sal e iodo 

Tejo que levas nas águas
https://www.youtube.com/watch?v=3IHEwQSYgMo&list=RD3IHEwQSYgMo
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Solidão

Que venham todos os pobres da Terra 
os ofendidos e humilhados 
os torturados 
os loucos:
meu abraço é cada vez mais largo
envolve-os a todos!

Ó minha vontade, ó meu desejo
— os pobres e os humilhados
todos
se quedaram de espanto!...

(A luz do Sol beija e fecunda
mas os místicos andaram pelos séculos
construindo noites
geladas solidões.)

do livro "Poemas Dispersos"
(através de Hortênsia Calçada)

Fotografia de Caras Ionut

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https://www.facebook.com/photo.php?fbid=783632891649794&set=a.462529847093435.111436.462489187097501&type=1&theater
Amigo, 
tu que choras uma angústia qualquer 
e falas de coisas mansas como o luar 
e paradas 
como as águas de um lago adormecido, 
acorda!
Deixa de vez
as margens do regato solitário
onde te miras
como se fosses a tua namorada.
Abandona o jardim sem flores
desse país inventado
onde tu és o único habitante.
Deixa os desejos sem rumo
de barco ao deus-dará
e esse ar de renúncia
às coisas do mundo.
Acorda, amigo,
liberta-te dessa paz podre de milagre
que existe
apenas na tua imaginação.
Abre os olhos e olha,
abre os braços e luta!
Amigo,
antes da morte vir
nasce de vez para a vida.

(imagem: Dylan-K, Flickr)

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Antes que Seja Tarde


Amigo,
tu que choras uma angústia qualquer
e falas de coisas mansas como o luar
e paradas
como as águas de um lago adormecido,
acorda!
Deixa de vez
as margens do regato solitário
onde te miras
como se fosses a tua namorada.
Abandona o jardim sem flores
desse país inventado
onde tu és o único habitante.
Deixa os desejos sem rumo
de barco ao deus-dará
e esse ar de renúncia
às coisas do mundo.
Acorda, amigo,
liberta-te dessa paz podre de milagre
que existe
apenas na tua imaginação.
Abre os olhos e olha,
abre os braços e luta!
Amigo,
antes da morte vir
nasce de vez para a vida.
 in "Poemas Dispersos"

Via Maria Elisa R
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Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.

Nua a mão que segura
outra mão que lhe é dada
nua a suave ternura
na face apaixonada
nua a estrela mais pura
nos olhos da amada
nua a ânsia insegura
de uma boca beijada.

Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.

Nu o riso e o prazer
como é nua a sentida
lágrima a correr
na face dolorida
nu o corpo do ser
na hora prometida
meu amor que ao nascer
nus viemos à vida.

Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.

Nua nua a verdade
tão forte no criar
adulta humanidade
nu o querer e o lutar
dia a dia pelo que há de
os homens libertar
amor que a eternidade
é ser livre e amar.

Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.

 "Obra Poética"

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via tintafresca.net

Cedida pelo Museu do Neo-Realismo
Biblioteca Municipal das Caldas da Rainha inaugura exposição sobre Manuel da Fonseca
    A Biblioteca Municipal das Caldas da Rainha inaugura, no dia 27 de abril (Sábado) às 21h30, a exposição “Manuel da Fonseca | por todas as estradas do mundo”. A exposição, cedida pelo Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, pretende divulgar a vida e obra literária de um dos maiores escritores portugueses do século XX. A sessão conta com mais poesia de Manuel da Fonseca, com canções e poemas por José Carlos Faria e Manuel Freire.

   Pioneiro da poesia neo-realista, Manuel da Fonseca (1911, Santiago do Cacém – 1992, Lisboa) foi sempre um extraordinário contador de histórias, qualidade que melhor se expressou na escrita de contos, romances e crónicas, convertendo-se rapidamente numa das figuras maiores da literatura portuguesa do século XX.
25-04-2013