e morreu a 11março1993
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Tejo que levas as águas
LETRA DE Manuel da Fonseca
Adriano Correia de Oliveira (Avintes, 9 de Abril de 1942 — Avintes, 16 de Outubro de 1982), foi um músico português e um dos mais importantes intérpretes do fado de Coimbra. Fez parte da geração de compositores e cantores de cariz político, que foram usadas para lutar contra o Estado Novo e que ficou conhecida como música de intervenção. ( Wikipédia )
Tejo que levas as águas
correndo de par em par
lava a cidade de mágoas
leva as mágoas para o mar
Lava-a de crimes espantos
de roubos, fomes, terrores,
lava a cidade de quantos
do ódio fingem amores
Leva nas águas as grades
de aço e silêncio forjadas
deixa soltar-se a verdade
das bocas amordaçadas
Lava bancos e empresas
dos comedores de dinheiro
que dos salários de tristeza
arrecadam lucro inteiro
Lava palácios vivendas
casebres bairros da lata
leva negócios e rendas
que a uns farta e a outros mata
Tejo que levas as águas
correndo de par em par
lava a cidade de mágoas
leva as mágoas para o mar
Lava avenidas de vícios
vielas de amores venais
lava albergues e hospícios
cadeias e hospitais
Afoga empenhos favores
vãs glórias, ocas palmas
leva o poder dos senhores
que compram corpos e almas
Leva nas águas as grades
...
Das camas de amor comprado
desata abraços de lodo
rostos corpos destroçados
lava-os com sal e iodo
Tejo que levas nas águas
https://www.youtube.com/watch?v=3IHEwQSYgMo&list=RD3IHEwQSYgMo
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Solidão
Que venham todos os pobres da Terra
os ofendidos e humilhados
os torturados
os loucos:
meu abraço é cada vez mais largo
envolve-os a todos!
Ó minha vontade, ó meu desejo
— os pobres e os humilhados
todos
se quedaram de espanto!...
(A luz do Sol beija e fecunda
mas os místicos andaram pelos séculos
construindo noites
geladas solidões.)
do livro "Poemas Dispersos"
(através de Hortênsia Calçada)
Fotografia de Caras Ionut
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Amigo,
tu que choras uma angústia qualquer
e falas de coisas mansas como o luar
e paradas
como as águas de um lago adormecido,
acorda!
Deixa de vez
as margens do regato solitário
onde te miras
como se fosses a tua namorada.
Abandona o jardim sem flores
desse país inventado
onde tu és o único habitante.
Deixa os desejos sem rumo
de barco ao deus-dará
e esse ar de renúncia
às coisas do mundo.
Acorda, amigo,
liberta-te dessa paz podre de milagre
que existe
apenas na tua imaginação.
Abre os olhos e olha,
abre os braços e luta!
Amigo,
antes da morte vir
nasce de vez para a vida.
(imagem: Dylan-K, Flickr)
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Antes que Seja Tarde
Amigo,
tu que choras uma angústia qualquer
e falas de coisas mansas como o luar
e paradas
como as águas de um lago adormecido,
acorda!
Deixa de vez
as margens do regato solitário
onde te miras
como se fosses a tua namorada.
Abandona o jardim sem flores
desse país inventado
onde tu és o único habitante.
Deixa os desejos sem rumo
de barco ao deus-dará
e esse ar de renúncia
às coisas do mundo.
Acorda, amigo,
liberta-te dessa paz podre de milagre
que existe
apenas na tua imaginação.
Abre os olhos e olha,
abre os braços e luta!
Amigo,
antes da morte vir
nasce de vez para a vida.
in "Poemas Dispersos"
Via Maria Elisa R
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Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.
Nua a mão que segura
outra mão que lhe é dada
nua a suave ternura
na face apaixonada
nua a estrela mais pura
nos olhos da amada
nua a ânsia insegura
de uma boca beijada.
Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.
Nu o riso e o prazer
como é nua a sentida
lágrima a correr
na face dolorida
nu o corpo do ser
na hora prometida
meu amor que ao nascer
nus viemos à vida.
Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.
Nua nua a verdade
tão forte no criar
adulta humanidade
nu o querer e o lutar
dia a dia pelo que há de
os homens libertar
amor que a eternidade
é ser livre e amar.
Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.
"Obra Poética"
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via tintafresca.net

Cedida pelo Museu do Neo-Realismo
Biblioteca Municipal das Caldas da Rainha inaugura exposição sobre Manuel da Fonseca
A Biblioteca Municipal das Caldas da Rainha inaugura, no dia 27 de abril (Sábado) às 21h30, a exposição “Manuel da Fonseca | por todas as estradas do mundo”. A exposição, cedida pelo Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, pretende divulgar a vida e obra literária de um dos maiores escritores portugueses do século XX. A sessão conta com mais poesia de Manuel da Fonseca, com canções e poemas por José Carlos Faria e Manuel Freire.
Pioneiro da poesia neo-realista, Manuel da Fonseca (1911, Santiago do Cacém – 1992, Lisboa) foi sempre um extraordinário contador de histórias, qualidade que melhor se expressou na escrita de contos, romances e crónicas, convertendo-se rapidamente numa das figuras maiores da literatura portuguesa do século XX.
25-04-2013