14/05/2013

6.550.(14maio2013.17.31') Visitar as Torres e cobertura do Mosteiro d' Alcobaça.10.30' sábado.18maio...e o programa continua..DIMuseus...Museu do Vinho...

O tema escolhido pelo ICOM para as comemorações do Dia Internacional dos Museus em 2013 é “Museus (Criatividade + Criatividade) = Mudança Social”. 

O Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça associou-se a esta iniciativa, apresentando-se o seguinte programa:

10h30 - Visita às torres e cobertura do Mosteiro
Visita orientada pela Dra. Ana Margarida Martinho

14h30 – O Esplendor do Barroco em Alcobaça - Visita orientada à Sacristia Manuelina e à Capela do Desterro – Dra. Cecília Gil

16h00 – Visita orientada à Exposição dos 450 Anos da Santa Casa da Misericórdia de Alcobaça - Dra. Cecília Gil

Inscrições pelo telefone: 262 505 120 ou e-mail mosteiro.alcobaca@igespar.pt



17h00 – “Almanzor – Dois Mundos, Um Amor” – pela Companhia de Teatro dos Alunos do CEERIA

A partir das 21h00: “À noite no Mosteiro”:

Bailado “A Origem” – por Luis Sousa e Rita Abreu, nos Jardins do Claustro de D.Dinis

Peça do Mês de Maio - Visita orientada à Sala do Capítulo, a principal dependência monástica a seguir à Igreja, onde, diariamente, após o oficio de Prima, a comunidade se reúne sob a presidência do Abade para a leitura de um capítulo da Regra e onde “se conferem, e resolvem () todos os negócios da fazenda; celebram as eleiçoes do Capitulo geral e castigam os defeitos dos monges quando os há (…)”.
Nesta visita, propomos uma aproximação aos caminhos e rituais de que a Sala do Capítulo era protagonista e que a sua arquitectura nos testemunha.

Poesia por Isabel Wolmar

Coro de São Bernardo no Claustro de D.Dinis

Bossa Nova - Ana Bernardino (Voz), Matheus Silva (Guitarra e Voz), Sara Rocha (Flauta), Karolline Silva (Piano) e Francisco Guterres (Bateria), interpretam Tom Jobim.


Todos os eventos são abertos ao Público em geral

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Alberto Guerreiro fez uma visita guiada ao Museu do Vinho
Fotos do JERO









Rui Rasquilho opina a 18 maio no tinta fresca.net

O Museu do Vinho de Alcobaça
       

Rui Rasquilho
   O mundo rural foi por excelência o sustento estrutural do território envolvente do Mosteiro de Alcobaça que no período medieval foi senhorio dos Coutos de Alcobaça, doado à Ordem de Cister pelo primeiro Rei dos portugueses. A vinha fez sempre parte da passagem do território, limitado pela serra e pelo mar entre os termos de Óbidos e Leiria, passando a constituir, rapidamente, um importante elemento da passagem rural monástica alcobacense. Desde o início da segunda metade do Século XII, quando os cistercienses construíram as granjas, as videiras fizeram imediatamente parte do acervo agrícola das terras da lavoura monástica.

   Quando, em 1834, são colocados em hasta pública os bens da Igreja, a Cova da Onça e Olival Fechado, terras contíguas, são adquiridas por particulares, como o foram todos os outros bens pertencentes ao Mosteiro da Ordem de Cister.

   Nos anos setenta do Século XIX, José Eduardo Raposo Magalhães manda construir uma adega no meio das vinhas que ladeavam o Rio Alcoa e guardavam na propriedade a comporta do início da levada que desvia do rio a água para o Mosteiro e que ainda hoje existe. A adega é uma jóia de modernidade europeia da arte de fazer vinho, com produção, nos seus 43 hectares, de castas francesas. Em 1883, segundo António Maduro, a Inspeção Oficial afirma: “É em Alcobaça que vamos encontrar, tanto a cultura da vinha, como o fabrico dos seus vinhos feitos na maior perfeição”.

   Em 1986, novas adegas e lagares e uma casa da caldeira são adjudicados por 840.000 réis, obras que estarão concluídas no verão de 1897. Adega para tintos, adegas para brancos, assistidas por um esmagador-desengaçador, prensas móveis de cinchos, enfim, uma panóplia tecnológica moderna que será adquirida pela Junta Nacional do Vinho (JNV), em 1948. Na posse da Junta, a adega integrou uma rede nacional de apoio aos vinicultores da região, até 1966, ano de encerramento. 
   A JNV tinha em Leiria um delegado de perfil raro que se interessou, desde logo, por um espólio único que deveria ser preservado. O que hoje se denomina “Museu do Vinho” deve-se, integralmente, ao Eng.º Manuel Augusto Paixão Marques.
   
   O conjunto edificado, que integra hoje o Museu, é da maior importância para compreender a vitivinicultura da região de Alcobaça. Os edifícios, o seu recheio, são um documento vivo da história do vinho. Do seu caminho, desde videira ao consumidor, a Destilaria, a Taberna, as instalações da Adega Cooperativa de Alcobaça, constituem um complexo económico do maior interesse cultural e museológico.
   
   O funcionamento de uma unidade museológica moderna, claramente definida como última depositária de uma indústria europeia milenar, é uma peça vital de um projeto mais abrangente que engloba o território que pertenceu ao Mosteiro, no caso vertente, o mais bem conservado que a Ordem construiu na Idade Média e utilizou sistematicamente. Pela primeira vez em Portugal, quer o figurino gótico, quer a tecnologia construtiva dos arcobotantes na cabeceira da igreja.
   Nos antigos Coutos, num raio de 8 km, há ainda bem assinaladas algumas granjas, um arco limite do domínio no Alto da Serra e, a Sul, no concelho das Caldas da Rainha, o arco de Alvorninha. A Casa do Monge Lagareiro, no lugar da Ataíja de Cima. As ruínas de dois castelos medievais em Alfeizerão e Alcobaça. Do Século XVI, há inúmeras portas manuelinas, pelourinhos e duas importantes vilas: Aljubarrota e Pederneira. A 12 quilómetros de distância, o Mosteiro da Batalha, construído duzentos anos após Alcobaça e, como este, Património da Humanidade e onde no local da batalha com Castela (1385) existe um Centro interpretativo. Inúmeras praias, sendo uma delas, a Nazaré, hoje sede de concelho mas constituinte dos antigos Coutos do Mosteiro de Alcobaça. As Linhas de Torres Vedras (Século XIX), a vila amuralhada de Óbidos, Peniche com o seu Forte-Museu e o Torneio de Surf anual. 
  
    Considerando o enunciado, o investimento neste complexo que necessariamente deverá ser integrado no “plano de lazer” previsto pelo Município de Alcobaça, na rede museológica local (Mosteiro, Centro Histórico, Museus e Núcleos Expositivos, incorporando arqueologia, etnografia, artes decorativas, como a cerâmica e o vidro, e o património industrial), indica que haverá reprodução do financiamento investido. Haverá pois, impacto turístico, uma nova forma de olhar a cultura local e regional que gerará receita, criando uma abordagem inédita que irá implementar as dormidas e a restauração e fomentará o emprego na região dos antigos Coutos e no Oeste Atlântico.
   O projeto presente obrigará necessariamente a rever os planos anteriores dos operadores turísticos que fazem passar, sem consequência económica local, mais de 180 mil visitantes pelo Mosteiro de Alcobaça cujas receitas revertem na sua totalidade para a tutela centralizada em Lisboa. É de referir que visitam apenas a Igreja, cujo acesso é gratuito, cerca de 200 mil pessoas, o que em conjunto com os espaços monásticos perfaz mais de 350 mil visitantes/ano.
   Adiante se descriminam mais detalhadamente estes enunciados introdutórios culturais cuja consecução será de evidente fator de impacto socioeconómico para o Oeste. O Museu do Vinho de Alcobaça terá de ser, obrigatoriamente, integrado no projeto estruturante do modelo territorial proposto para o Oeste, afirmando-se como um arquétipo sustentável de desenvolvimento cultural, científico e económico do território do denominado “arco patrimonial da grande região de Lisboa” e abraçar em rede com outras unidades de diferentes dimensões que se afirmam como museus do vinho. 
   
   Rui Rasquilho
18-05-2013
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colóquio 18maio2013
via tintafresca.net
Dia Internacional dos Museus
    Museu do Vinho de Alcobaça reabre em junho
      

    Colóquio sobre o Museu do Vinho
     A Câmara Municipal de Alcobaça e a Comissão Instaladora do Museu do Vinho de Alcobaça (CIMVA) associam-se à comemoração do 18 de maio - Dia Internacional dos Museus, com um colóquio que decorreu no Auditório da Biblioteca Municipal. O debate, cuja abertura esteve a cargo do presidente da Câmara Municipal, Paulo Inácio, contou com a presença do presidente do Comité Nacional do ICOM e ex-presidente do Museu Nacional de Arqueologia, Luís Raposo, e comunicações de dois investigadores convidados: na área do turismo cultural, Eduardo Cordeiro Gonçalves, do Instituto Superior da Maia, e na museologia, Henrique Coutinho Gouveia, da Universidade de Évora e Universidade de Cabo Verde. Rui Rasquilho moderou o debate que contou com a presença de cerca de três dezenas de pessoas.
       O programa terminou no período da tarde nas instalações do Museu do Vinho de Alcobaça, com um almoço-convívio e uma visita comentada dedicado ao “passado, presente e futuro” do espaço museológico, conduzida pelo museólogo Alberto Guerreiro (CMA/CIMVA).

       As comemorações, este ano, subordinadas ao tema “Memória + Criatividade = Mudança Social”, difundidas em todo mundo pelo Conselho Internacional dos Museus (ICOM), estão associadas à inventividade e vitalidade que tem caraterizado este setor nos últimos anos e representa um dos pontos fortes associado ao calendário de atividades dos museus.

       Os museus de Alcobaça

       Luís Raposo foi contundente nas críticas às atuais políticas de austeridade severa também na área cultural, garantindo que “vai-nos custar muito caro” no futuro. O presidente do Comité Nacional do ICOM explicou que os museus implicam equipas técnicas qualificadas e um diretor a tempo inteiro, que deve dar a cara perante a comunidade e o Estado. O museólogo alerta que um museu não pode ser um guarda a cobrar bilhetes, são coleções visitáveis que devem contar com os correspondentes recursos materiais e humanos.

       Por sua vez, Eduardo Cordeiro Gonçalves defendeu que o turismo pode ser uma forma de peregrinação moderna, sendo o Património os novos templos. Contudo, alertou que o turismo pode banalizar as identidades locais. O investigador do Instituto Superior da Maia explicou que os turistas culturais procuram vivências, mais do que bens ou serviços culturais.

       Já Henrique Gouveia começou por se congratular por a Lei Quadro dos Museus Portugueses, de 2004, conter conceitos atualizados. O académico recordou a realização do encontro “Alcobaça- que museus?”, realizado em 1999, que, na sua opinião, não teve a devida divulgação, nomeadamente, ao nível das conclusões, e defendeu que Alcobaça precisa de um projeto de referência, com princípio, meio e fim, manifestando esperança de que o Museu do Vinho se possa constituir como o museu municipal de referência do concelho.

       A finalizar, Paulo Inácio começou por defender o papel da sociedade civil nos destinos do concelho, pois “um município que não acredite na sua sociedade civil não tem futuro.” O edil referiu que “os projetos da sociedade civil alcobacense estão a crescer a olhos vistos porque lhes foi dado espaço e colocado de lado os narcisismos do passado.”

       Paulo Inácio recordou que a Câmara Municipal de Alcobaça adquiriu o edifício do Museu de Cerâmica Raul da Bernarda, esperando poder contar também com o respetivo espólio, ainda na posse da família, uma vez que existem declarações públicas desta de que pretende doá-lo à autarquia.

       Relativamente ao Museu dos Coutos de Alcobaça, o edil admitiu que falta ainda requalificar os moinhos de água. Presente na sala, o ex-presidente da ADEPA, Carlos Mendonça, considerou que o museu se encontra num impasse, apesar de necessitar de um investimento reduzido. Contudo, Paulo Inácio afirmou que a autarquia não irá investir na recuperação de património se não tiver garantias de que os proprietários aceitam disponibilizá-lo para fruição pública por um período alargado.

       Paulo Inácio defendeu também a inclusão do Mosteiro de Cós no roteiro de visita ao Mosteiro de Alcobaça, através da criação de um terceiro bilhete, que se juntaria ao bilhete de visita ao núcleo medieval (6€) e sacristia manuelina (2 €), ficando o custo do transporte a cargo da autarquia.

       O autarca informou também que a Direção-Geral do Património Cultural irá substituir o telhado da Ala Norte do Mosteiro de Alcobaça, pelo que a Praça D. Afonso Henriques irá ter várias gruas instaladas nos próximos meses para a realização destas obras.

       Paulo Inácio informou também que irá explorar a hipótese do Museu de Cerâmica ser instalado no Mosteiro de Alcobaça, e que irá apresentar a ideia à Direção-Geral do Património Cultural quando uma delegação deste organismo se deslocar a Alcobaça para discutir a Zona Especial de Proteção do Mosteiro de Alcobaça.

       A finalizar, o edil lamentou que o Museu do Vinho tenha sido ignorado pela sociedade alcobacense enquanto esteve aberto, constatando que só agora algumas personalidades locais o visitaram pela primeira vez. Paulo Inácio não confirmou a abertura do Museu do Vinho no dia 1 de junho, devido à necessidade de garantir condições logísticas de visitação, nomeadamente, casas de banho e segurança.

       A propósito, o museólogo da Câmara Municipal de Alcobaça informou que o quadro de pessoal do Museu do Vinho contará com seis novos funcionários, que se submeteram a concurso público, tendo a respetiva seleção decorrido no dia 15 de maio. A homologação dos resultados deverá ocorrer no início de junho, pelo que Alberto Guerreiro espera que o Museu possa reabrir até ao final do mês.

       Mário Lopes 
    27-05-2013