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ex-postagem
sete mil e cem
via mail dele e via tintafresca.net
Ortogal/ Diálogos na Curvatura do Tempo” |
Valdemar Rodrigues apresenta livro em Alcobaça |
Valdemar RodriguesValdemar Rodrigues apresenta, no dia 18 de janeiro, sábado, às 16h30, na Biblioteca Municipal de Alcobaça, o seu livro Ortogal/ Diálogos na Curvatura do Tempo. A apresentação do autor e do livro estará a cargo de José Alberto Vasco. "Para mim Ortogal era mais como uma estrela em colapso, uma região toda ela em agonia antes da explosão de claridade de uma incerta aurora." - Valdemar Rodrigues Valdemar Rodrigues nasceu em Alcobaça, em 1965. É engenheiro do ambiente e professor universitário. É também poeta (várias vezes premiado) e ensaísta. É licenciado pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, Doutorado pela mesma em Engenharia do Ambiente em 2003. É Mestre em Ecologia, Gestão e Modelação dos Recursos Marinhos, pela mesma universidade. Atualmente é professor associado e diretor do Departamento de Engenharia do Ambiente da Faculdade de Engenharia da Universidade Lusófona de Lisboa. Entre 1983 e 1991 colaborou no suplemento literário do Diário de Notícias, jornal onde ainda escreve regularmente artigos de opinião. Em 2009, publicou o seu livro Desenvolvimento Sustentável/ Uma Introdução Crítica. Entre setembro de 2008 e julho de 2009 foi comentador residente no programa Um Olhar Sobre a Semana, na Rádio Cister (Alcobaça). |
01-01-2014 |
Na Livraria Les Enfants Terribles, em Lisboa |
Valdemar Rodrigues apresenta livro "Ortogal - Diálogos na Curvatura do Tempo" |
Valdemar Rodrigues "Ortogal - Diálogos na Curvatura do Tempo" Nas palavras do jovem Veandro - jovem mas já maduro o suficiente para perceber o infinito do tempo e do espaço - Ortogal é uma região mal definida e instável do Universo onde toda a contradição do mundo está reunida. Espaço liquefeito, deformado e submerso numa grandiosidade eternamente adiada. Ortogal é como uma estrela em colapso antes da explosão de claridade de uma incerta aurora. Antes de um desejado Início. Ao estilo clássico dos diálogos de Platão, o Mestre e seus discípulos (Marcos e Veandro) conversam animadamente neste livro sobre temas intemporais: a guerra e a paz, a justiça e a injustiça, o destino e a morte, a felicidade e a alegria, a pobreza e a riqueza, os princípios e os fins, e tantos outros que reluzem a cada tempo humano como novidades quando na verdade o não são. Do cimo da sua sabedoria, entre dúvidas mas também certezas, o Mestre participa na discussão e descobre nos seus discípulos uma fonte inesgotável de indagações sobre o mundo futuro, sendo aqui que se reflectem no texto as grandes inquietações do tempo presente: a política e a democracia; a possibilidade de um governo e de uma justiça mundiais; a imobilidade como destino totalitário de um mundo onde a Realidade foi proibida. A imagem de Atlas carregando o mundo às costas revela-se em toda a sua potência ambivalente: será Atlas amigo ou inimigo do mundo? Valdemar Rodrigues Valdemar José Correia Barbosa Rodrigues é natural de Alcobaça (Portugal), onde nasceu a 6 de Novembro de 1965, vivendo actualmente na “aldeia em verso” de Gouveia de Sintra. É engenheiro do ambiente, professor universitário e, ocasionalmente, poeta e ensaísta. Colaborou no suplemento literário do Diário de Notícias (DN Jovem) entre 1986 e 1991, sendo um dos autores representado na Antologia DN Jovem, colectânea dos melhores textos publicados até 1990, obra editada nesse ano pela Editorial Notícias. De entre os vários prémios literários que recebeu, destaca-se o Prémio Revelação de Poesia Ary dos Santos, atribuído em 1993 à obra Fractal, pela Associação Portuguesa de Escritores e Câmara Municipal de Grândola. É Doutorado em Engenharia do Ambiente pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT/UNL, 2003), Mestre em Ecologia, Gestão e Modelação dos Recursos Marinhos pelo Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa (IST/UTL, 1993-1997) e Licenciado em Engenharia do Ambiente pela FCT/ UNL (1987-1992). É actualmente professor associado e director do Departamento de Engenharia do Ambiente da Faculdade de Engenharia da Universidade Lusófona, em Lisboa. Dedica este livro a quatro mulheres imprescindíveis na sua vida: a Raquel, as duas Teresas (filha e irmã) e a recém-nascida Clara. Em especial para esta, fica o desejo de que o mundo a que acabou de chegar possa vir a ser, durante a sua vida, um mundo onde a paz e a dignidade humana possam prevalecer. Mais informações sobre a obra e o autor em: http://valdemar-rodrigues.blogspot.pt/2013/10/ortogal-dialogos-na-curvatura-do-tempo.html |
20-10-201 |
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três mil quinhentos e cinquenta e três
Tenho que interrogar!!!
De facto, nunca pensámos no lado negativo destas descobertas...
a opinião completa está em:
http://www.tintafresca.net/News/newsdetail.aspx?news=7a58e24c-30ca-41d9-8532-52c761ebcd8b&edition=120
(....) É claro que, ao ler isto, as primeiras pessoas em quem pensei foram o Sr. Primeiro-ministro e o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Alcobaça, duas pessoas empenhadas na luta contra o aquecimento global, e que iriam decerto manifestar imediatamente o seu repúdio perante este atentado carbónico da Mohave Oil & Gas e dos seus parceiros de negócio (o inexcedível Joe Berardo falou por deles) de, não só querer prolongar a indesejável dependência fóssil da economia portuguesa e europeia, devastadora desse insubstituível bem que é o clima, como ainda por cima ousar transformar uma parte importante do território de Alcobaça (e Torres Vedras) num vasto campo de exploração petrolífera!
Ora, e agora perdoem-me os estimados passageiros e passageiras dessa carruagem que não anda e cuja paz me desgosta imenso ter de perturbar, mas a pura verdade é a seguinte: não vi até agora nem uma única palavra do governo ou da autarquia sobre o assunto, e muito menos referindo-se-lhe com a negatividade que a situação claramente exigiria. Terá escapado esta notícia aos Srs. Primeiro-ministro e Presidente da Câmara, e aos seus sempre vigilantes assessores? Terá escapado também às oposições? (...)
............
Prof. Valdemar acrescentou + tarde:
Comentário de Valdemar Rodrigues
14-10-2010 às 18:08
Ah, e quanto ao projecto para o Cadoiço/Aljubarrota, eu não sei nada dele. A Câmara, certamente, terá imensa informação sobre o prtojecto da Mohave. Se não tem, culpa dela (e problema nosso): devia ter, pois era sua obrigação.
Comentário de Valdemar Rodrigues
14-10-2010 às 18:06
Sobre os impactes ambientais da exploração petrolífera existe imensa informação, por exemplo, aqui: http://www.oilcrisis.com/environment/ Basta ler e estudar.
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três cento e setenta e quatro
8ag2010
Opinião
http://www.tintafresca.net/News/newsdetail.aspx?news=148601a1-d278-4daf-b6aa-91ab7b892c00&edition=118
A Deriva do Litoral
Arrastadas pela inexorável corrente bruxelense, vêm de algum tempo a esta parte dando à costa notícias inusuais sobre a situação “insustentável” das praias concessionadas de Itália; sobre a tendência ucraniana de ir a banhos embriagado - o que constitui um grave risco para a segurança marítima – ou sobre a inevitável necessidade de transformar certas zonas da costa em luxuosos condomínios privados de forma a assegurar a necessária qualidade, segurança e “sustentabilidade” das praias.
Como habitualmente sucede, a Eurolei já está feita, de acordo com os interesses mais “representativos” (leia-se: os interesses banco-imobiliários daqueles que querem, finalmente, tomar posse de algumas regiões-pérola do litoral europeu, entre as quais, por óbvias razões geográficas e climáticas, algumas faixas “desocupadas” do extenso litoral português). Trata-se do culminar de uma batalha que há anos vem sendo travada, e que agora finalmente começa a dar os seus apetecíveis frutos.
É claro que vale a pena perguntarmo-nos: como conseguiram os magníficos políticos e autarcas deste país descobrir essa região ignorada da Via Láctea donde viriam infindáveis clientes, da classe média e média-alta, para as centenas de “resorts”, a maioria dos quais dotados do indispensável campo de golfe, previstos na última década para o litoral português? Será que não se trata de um buraco negro da Galáxia, ao invés de um admirável mundo novo de clientes-maravilha? Ora, a verdade seja dita: essa fase já passou.
Agora trata-se de “vender a ideia” de que manter as praias com elevados níveis qualidade e segurança custa muito dinheiro; que o Estado é sinónimo de Défice, e que portanto ou pagamos nós (em vez “do Estado”, que nos é agora, pela primeira vez desde Nicolau Maquiavel e por causa das inexoráveis forças da Históra, absolutamente Exterior e Superior) ou ficamos sem o utilíssimo “Serviço do Ecossistema” (eufemismo recentemente introduzido pelos técnicos de biodiversidade das Nações Unidas, coadjuvados pelos seus homólogos da União Europeia, para servir o magno desígnio que consiste em enterrar o medievo costume segundo o qual “O Sol quando nasce é para todos.” ). Qual quê, o Sol quando nasce, numa sociedade “moderna”, é para aqueles que o podem pagar! A Europa, e em particular a do Sul, está pejada de arcaísmos – asseveram-nos os gurus. A bem ou a mal, temos de nos modernizar!
Mas eis senão quando nos assalta o espírito o “modernismo” que é continuarmos a ser governados por gente tão vulgar, inculta ou semi-alfabetizada, formatada segundo as doutrinas do “mercado” e da “mão invisível” – as únicas de que ouviram falar, e que a bem dizer nunca perceberam – desde a Junta de Freguesia até ao G8, passando pelas empresas estratégicas “de Estado”, isto quando os infelizes “doutores” – que habitualmente até sabem algum inglês e percebem de computadores – saem das universidades directamente para o desemprego ou, quando não, para os mui modernos call-centers, caixas registadoras e part-times a 500€ mensais).
Para “modernizar” o sector do ambiente há pois urgentemente que começar a pagar os “Serviços do Ecossistema” (é o princípio do utilizador-pagador, lembram os gurus da minúscula economia). Daí talvez o interesse recentemente expresso pelo “jovem” Passos Coelho em rever a arcaica Lei de Bases do Ambiente, aprovada nesse já longínquo anno de 1987. Mais um tango, dir-se-ia, enquanto o baile dura, pois as Leis maiúsculas a tal obrigam. Isso de o Sol continuar a nascer para todos é algo de que um futuro “moderno” e economicamente “eficiente” não se compadece, sob pena do insustentável agravamento do Défice e dos ratings da Dívida Soberana(!?)
Não se trata pois apenas da sustentabilidade financeira do Serviço Nacional de Saúde e da Segurança Social, ou da “inadiável” reforma das leis laborais, matérias que, pela sua gravidade, requerem a dita “atenção” constitucional, e o dito Tango. O Ambiente é outro dos alvos, senão talvez mesmo o principal ou o primeiro, a atingir no curto e médio/longo prazos. Um alvo certo porque valioso e Tangível, ao contrário dos tradicionais alvos especulativos, aos quais a presente classe dirigente tanto deve. E comparativamente fácil, dada a “bovinidade” prevalecente no actual panorama ambientalista português (e não só).
Nisso consiste a “Deriva do Litoral”: na destruição do arcaico mas persistente conceito de “domínio público”, e na transformação do (muito) que ainda resta do litoral português em propriedades e domínios de gestão privada, porém devidamente servidos de segurança e infra-estruturas à custa, claro está, do eterno sujeito passivo que é o povo português. Tudo o que se disser diferente disto, usando as habituais técnicas do linguajar economês tecnocrático, não passa de música celestial, anunciando eternos “amanhãs que cantam” mas nunca chegam, e mantendo sempre em nós aquela ansiedade da tartaruga de Zenão, ou do Rio de São Pedro de Moel que, por mais que corram, nunca conseguem chegar a lugar nenhum.
Acordai, escrevia o mestre Fernando Lopes Graça. Acordai antes que seja demasiado tarde. Antes que, daqui a nada,”tenhais de pagar bilhete, ou portagem, para poderdes ir a banhos”. Até porque, se houve aspecto em que os portugueses algo evoluíram desde 1974, e que em regra as câmaras municipais do litoral ajudaram a desenvolver, foi o da educação ambiental nas praias. Em matéria de limpeza, por exemplo, o estado de uma praia ao fim do dia não é hoje, de modo algum, comparável ao que podia ver-se há duas décadas atrás na maioria das praias portuguesas mais frequentadas. Pelo menos disso acho que podemos estar orgulhosos.
Valdemar Rodrigues
Prof. Universitário
08-08-2010
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18jan2014
a reportagem do tintafresca.net
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podemos encontrar o belo texto (fortíssimo)
que colo de seguida
no site do prof. Universitário Valdemar Rodrigues
pelos vistos um poeta alcobacense premiado
que devemos relevar!!!
"A poesia acompanha-me desde que me penso e que penso o mundo. Nunca a consegui abandonar por completo. Ela acompanhou-me na adolescência e até aos 25 anos, enquanto colaborava no suplemento literário do Diário de Notícias, o DN Jovem, coordenado pelo generoso Manuel Dias. Nas páginas do DN Jovem publiquei dezenas de trabalhos em poesia e em "prosa poética", vários deles premiados. Fui "contemporâneo" e tive o prazer de conhecer muita gente que viria mais tarde a tornar-se famosa nos meios literários, como foi o caso do José Riço Direitinho e do José Eduardo Agualusa, para citar apenas dois exemplos de memória. A poesia é algo fascinante e doloroso. Fascinante pela ascese que provoca, um autêntico estado de levitação que me livrou muitas vezes dessas armadilhas do desespero que povoam as nossas vidas comuns. Ao fazê-la e ao lê-la partilhei de um mundo para muitos desconhecido, pois infelizmente a poesia é pouco lida, pelo menos em Portugal. Privei com a alma de grandes poetas. Isso diz tudo, e não adianta dizer quais, pois a memória por certo me trairia. Doloroso também porque nenhuma alma existe verdadeiramente sem o sofrimento. Julgo que haverá poucas coisas mais verdadeiras e autenticamente humanas do que a Poesia.Continuei sempre a escrevê-la, mas com crescente dificuldade e com períodos cada vez mais frequentes de completa abstinência, Um desses períodos, que me marcou bastante, foi após o nascimento da minha filha em 1994. Quando a vi e lhe peguei ao colo pela primeira vez pensei: que poema mais belo poderia eu aspirar um dia a escrever!
Nos últimos cinco anos escrevi apenas dois poemas, o que aqui vos apresento, a que chamei De orbis ultima, e Um nome para a poesia, tendo este último recebido em 2008 a Menção Honrosa do Prémio Cidade do Funchal/Edmundo Bettencourt (prémio a que concorri com o pseudónimo "Manuela Mar", que há muito venho usando em memória da minha querida mãe, que se chamava Maria Manuela Roxo Correia; o texto tal como aqui o apresento foi revisto, pois ca versão inicial continha várias gralhas e até alguns erros de construção).
Já ganhara outros prémios literários, o mais importante dos quais para mim foi o Prémio Revelação de Poesia Ary dos Santos, atribuído em 1993 pela Câmara Municipal de Grândola e pela Associação Portuguesa de Escritores. O poema chamava-se Fractal e a cópia que hoje tenho dele é em papel. Concorri poucas vezes a prémios, e nunca fiz disso profissão.
Depois de um "jorro" inicial há um pouco mais de um ano, durante qual fiz o esqueleto do poema, trabalhei intermitentemente em De orbis ultima durante os últimos 14 meses. Finalmente li-o e pensei: era quase isto que eu queria dizer. E achei-o razoavelmente belo, pelo menos o suficiente para não me envergonhar dele.Partilho-o agora aqui convosco, sempre na esperança de que a poesia possa ajudar a que nos mantenhamos vivos como homens."
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18jun2010
ex-dois mil novecentos e catorze
Opinião
respiguei do tinta fresca
Uma Estranheza Chamada BP
Ao fim de um mês de derrame no Golfo do México, o qual teve início a 20 de Abril na sequência de uma explosão numa plataforma no mar, por razões que a razão desconhecerá, sobretudo neste tempo de aquecimento global em que as petrolíferas globais, como a BP, se dizem “amigas do ambiente”, a Casa Branca tornou público que Obama estava aborrecido com a BP, devido àquela que ameaçava tornar-se a pior catástrofe ambiental da História dos EU. Ao fim de quase dois meses, leio que a Guarda Costeira americana fez um “ultimato” à BP, pelo que eram dados à companhia dois dias para… definir com precisão um plano para conter a fuga de petróleo.
Ora, para o cidadão comum, nada disto parece estranho, tantas são as coisas estranhas a que os meios de contaminação social o vêm habituando há décadas. Mas para mim, que tenho na Razão uma fé inabalável, tudo isto me causa uma enorme estranheza. Desde logo porque ando, há décadas, a ouvir falar de uma coisa chamada “princípio do poluidor-pagador”, assunto sério e muito ponderado que se destina a fazer pagar àqueles que poluem os custos da poluição.
Em tempos de Austeridade e de Colossais Défices Públicos, quanto não teria que pagar a BP, ou as suas perspicazes seguradoras, pela poluição causada naquele que é o maior golfo do mundo? Será o princípio do poluidor-pagador apenas um estratagema para lixar os mais pequenos? Sim, porque convém não esquecer as centenas de empresas que todos os dias fecham a Ocidente por estarem a poluir. Depois, há a circunstância da responsabilidade ambiental. Ao ver as caras que têm vindo a público responder pela BP, tipo CEOs e sortes afins, sinto um défice a toldar-me a Razão, e pergunto-me: será o anonimato dos accionistas da BP compatível com esse sentido elevado e nobre de responsabilidade? Ou será que entre tais accionistas estão alguns dos grandes credores da mundial dívida, tímidos e receosos de mostrar-se? Sobre isto, registo de permeio a estranheza que é ouvir-se tantas vezes falar do dinheiro que todos (empresas, Estado e famílias) devemos e tão poucas (na realidade, nenhumas) daqueles a quem devemos. Isto como se os credores não tivessem nome nem rosto, ou pertencessem a uma qualquer espécie alienígena ou extraterrestre.
A pergunta consequente seria: e quem veste o fraque e dá a cara em seu lugar para as cobranças? Mas esta pergunta seria para mim hoje fácil de responder: não principalmente os CEOs e quejandos que nestas ocasiões aterram, mas sobretudo os fantoches ditos políticos das “democracias” actuais, manietadas pelo dinheiro. Depois noto ainda, no que à geografia concerne, um hiato informativo absolutamente estranhíssimo. Sendo a costa continental do referido golfo cerca de metade norte-americana e metade mexicana, parece que os mexicanos não têm sobre o assunto qualquer opinião. Nenhum político mexicano parece ter abordado o tema, e não parece haver no México nenhum cientista, digno desse nome, capaz de tecer alguns considerandos sábios sobre a tragédia (estarão comprados?).
Eis como se demonstra, mais uma vez, a realidade dos filtros instalados nas agências informativas, agora que estão todas de baterias apontadas ao fenómeno sociológico do futebol cujos dinheiros, como as manchas oleosas do Golfo do México, não primam exactamente pela limpeza.
Quanto à BP, ao ler agora os seus pretéritos e impecáveis relatórios ambientais, descrevendo o imenso esforço ambiental prosseguido, nomeadamente na sua cruzada contra o aquecimento global, ocorrem-me de imediato duas visões. Uma é a metamorfose: os accionistas, no seu típico gesto de cobardia perante a ameaça, procuram escapar sem serem vistos, livrando-se rapidamente das suas acções nesse desresponsabilizador sistema de economias de casino em que vivemos, e que todos os dias dá sinais de ser incompatível com o ideal abrangente de sustentabilidade pelo qual muitos povos hoje anseiam (veja-se por exemplo o caso dos biocombustíveis em que também a BP esteve envolvida, e as consequências que isso teve em termos de segurança alimentar mundial).
Outra é o habitual esquecimento, aliado ao desinteresse que estes temas suscitam a uma cada vez mais condicionada horda de “intelectuais”. E assusto-me ao imaginar o dantesco conteúdo do próximo Environmental Corporate Report da companhia. De facto, existem por aí demasiadas BP, todas elas anunciando o seu amor ao ambiente, muitas vezes carimbadas de louros e certificações ambientais de origem pouco mais que duvidosa. Antes de haver Pai Natal, o que interessava, o que sempre interessou a essas empresas, era a margem de lucro e a sua imagem pública. Depois, quando o Pai Natal veio, vimos emergir repentinamente um generoso e sincero altruísmo empresarial, assente nos ideais de sustentabilidade e de responsabilidade ambiental e social. Agora, alguns “intelectuais” mais atentos investigam a hipótese do Pai Natal inexistir.
Valdemar Rodrigues
Professor universitário
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23mai2009
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18jun2010
ex-dois mil novecentos e catorze
Opinião
respiguei do tinta fresca
Uma Estranheza Chamada BP
Ao fim de um mês de derrame no Golfo do México, o qual teve início a 20 de Abril na sequência de uma explosão numa plataforma no mar, por razões que a razão desconhecerá, sobretudo neste tempo de aquecimento global em que as petrolíferas globais, como a BP, se dizem “amigas do ambiente”, a Casa Branca tornou público que Obama estava aborrecido com a BP, devido àquela que ameaçava tornar-se a pior catástrofe ambiental da História dos EU. Ao fim de quase dois meses, leio que a Guarda Costeira americana fez um “ultimato” à BP, pelo que eram dados à companhia dois dias para… definir com precisão um plano para conter a fuga de petróleo.
Ora, para o cidadão comum, nada disto parece estranho, tantas são as coisas estranhas a que os meios de contaminação social o vêm habituando há décadas. Mas para mim, que tenho na Razão uma fé inabalável, tudo isto me causa uma enorme estranheza. Desde logo porque ando, há décadas, a ouvir falar de uma coisa chamada “princípio do poluidor-pagador”, assunto sério e muito ponderado que se destina a fazer pagar àqueles que poluem os custos da poluição.
Em tempos de Austeridade e de Colossais Défices Públicos, quanto não teria que pagar a BP, ou as suas perspicazes seguradoras, pela poluição causada naquele que é o maior golfo do mundo? Será o princípio do poluidor-pagador apenas um estratagema para lixar os mais pequenos? Sim, porque convém não esquecer as centenas de empresas que todos os dias fecham a Ocidente por estarem a poluir. Depois, há a circunstância da responsabilidade ambiental. Ao ver as caras que têm vindo a público responder pela BP, tipo CEOs e sortes afins, sinto um défice a toldar-me a Razão, e pergunto-me: será o anonimato dos accionistas da BP compatível com esse sentido elevado e nobre de responsabilidade? Ou será que entre tais accionistas estão alguns dos grandes credores da mundial dívida, tímidos e receosos de mostrar-se? Sobre isto, registo de permeio a estranheza que é ouvir-se tantas vezes falar do dinheiro que todos (empresas, Estado e famílias) devemos e tão poucas (na realidade, nenhumas) daqueles a quem devemos. Isto como se os credores não tivessem nome nem rosto, ou pertencessem a uma qualquer espécie alienígena ou extraterrestre.
A pergunta consequente seria: e quem veste o fraque e dá a cara em seu lugar para as cobranças? Mas esta pergunta seria para mim hoje fácil de responder: não principalmente os CEOs e quejandos que nestas ocasiões aterram, mas sobretudo os fantoches ditos políticos das “democracias” actuais, manietadas pelo dinheiro. Depois noto ainda, no que à geografia concerne, um hiato informativo absolutamente estranhíssimo. Sendo a costa continental do referido golfo cerca de metade norte-americana e metade mexicana, parece que os mexicanos não têm sobre o assunto qualquer opinião. Nenhum político mexicano parece ter abordado o tema, e não parece haver no México nenhum cientista, digno desse nome, capaz de tecer alguns considerandos sábios sobre a tragédia (estarão comprados?).
Eis como se demonstra, mais uma vez, a realidade dos filtros instalados nas agências informativas, agora que estão todas de baterias apontadas ao fenómeno sociológico do futebol cujos dinheiros, como as manchas oleosas do Golfo do México, não primam exactamente pela limpeza.
Quanto à BP, ao ler agora os seus pretéritos e impecáveis relatórios ambientais, descrevendo o imenso esforço ambiental prosseguido, nomeadamente na sua cruzada contra o aquecimento global, ocorrem-me de imediato duas visões. Uma é a metamorfose: os accionistas, no seu típico gesto de cobardia perante a ameaça, procuram escapar sem serem vistos, livrando-se rapidamente das suas acções nesse desresponsabilizador sistema de economias de casino em que vivemos, e que todos os dias dá sinais de ser incompatível com o ideal abrangente de sustentabilidade pelo qual muitos povos hoje anseiam (veja-se por exemplo o caso dos biocombustíveis em que também a BP esteve envolvida, e as consequências que isso teve em termos de segurança alimentar mundial).
Outra é o habitual esquecimento, aliado ao desinteresse que estes temas suscitam a uma cada vez mais condicionada horda de “intelectuais”. E assusto-me ao imaginar o dantesco conteúdo do próximo Environmental Corporate Report da companhia. De facto, existem por aí demasiadas BP, todas elas anunciando o seu amor ao ambiente, muitas vezes carimbadas de louros e certificações ambientais de origem pouco mais que duvidosa. Antes de haver Pai Natal, o que interessava, o que sempre interessou a essas empresas, era a margem de lucro e a sua imagem pública. Depois, quando o Pai Natal veio, vimos emergir repentinamente um generoso e sincero altruísmo empresarial, assente nos ideais de sustentabilidade e de responsabilidade ambiental e social. Agora, alguns “intelectuais” mais atentos investigam a hipótese do Pai Natal inexistir.
Valdemar Rodrigues
Professor universitário
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23mai2009
Vai haver o debate na Fundação Oriente, em Lisboa, no próximo sábado...das 14.30 às 17
(coincide com a Marcha CDU)
" Que Políticas de Ambiente para o Século XXI?"
A entrada é livre, devendo fazer-se as inscrições para:
com lançamento do livro
"Desenvolvimento sustentável uma introdução crítica"
do alcobacense Valdemar Rodrigues.