e morreu a 15 abril de 1980
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Via Graça Silva:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1003874229656053&set=a.211013438942140.52240.100001004569506&type=3&theater
Escolher ser isto ou aquilo é afirmar ao mesmo tempo o valor do que escolhemos, porque nunca podemos escolher o mal, o que escolhemos é sempre o bem, e nada pode ser bom para nós sem que o seja para todos.
in O Existencialismo é um Humanismo.
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Via Citador:
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Cada homem deve inventar o seu caminho.
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A vida é o pânico num teatro sem chamas.
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És livre, escolhe, ou seja: inventa.
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Ser-se livre não é fazermos aquilo que queremos, mas querer-se aquilo que se pode.
*
A felicidade não está em fazer o que a gente quer e sim em querer o que a gente faz.
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Cada homem deve descobrir o seu próprio caminho.
*
O homem não é nada mais do que aquilo que faz a si próprio.
*
Para saber uma verdade qualquer a meu respeito, é preciso que eu passe pelo outro.
*
Não fazemos o que queremos e, no entanto, somos responsáveis pelo que somos: eis a verdade.
*
Se os comunistas têm razão, então eu sou o louco mais solitário em vida. Se eles estão errados, então não há esperança para o mundo.
*
Um amor, uma carreira, uma revolução: outras tantas coisas que se começam sem saber como acabarão.
*
É sempre fácil obedecer, se se sonha comandar.
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Nasci para satisfazer a grande necessidade que eu tinha de mim mesmo.
*
O homem não é a soma do que tem, mas a totalidade do que ainda não tem, do que poderia ter.
*
Todos os homens têm medo. Quem não tem medo não é normal; isso nada tem a ver com a coragem.
*
O desejo exprime-se por uma carícia, tal como o pensamento pela linguagem.
*
Nunca se é homem enquanto se não encontra alguma coisa pela qual se estaria disposto a morrer.
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Quando, alguma vez, a liberdade irrompe numa alma humana , os deuses deixam de poder seja o que for contra esse homem.
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O que é o materialismo, senão o estado do homem que se afastou de Deus; (...) ele passa unicamente a preocupar-se com os seus interesses terrestres.
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A violência faz-se passar sempre por uma contra-violência, quer dizer, por uma resposta à violência alheia.
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A vergonha, isso passa quando a vida é longa.
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O dinheiro não tem ideias.
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Quando muitos homens estão juntos, é preciso separá-los pelos ritos, senão matam-se uns aos outros.
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A desordem é o melhor servidor da ordem estabelecida.
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O conceito de inimigo não é completamente certo e claro, a não ser que o inimigo esteja separado de nós por uma barreira de fogo.
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A experiência mostra que os homens vão sempre para baixo, que é preciso corpos sólidos para os conter.
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Não há necessidade de grelhas, o inferno são os outros.
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in As Palavras
Eu era uma criança, esse monstro que os adultos fabricam com as suas mágoas.
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Falamos na nossa própria língua e escrevemos numa língua estrangeira.
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Falamos na nossa própria língua e escrevemos numa língua estrangeira.
in O Existencialismo é um Humanismo
Posso querer aderir a um partido, escrever um livro, casar-me, tudo isso não passa de uma manifestação de uma opção mais original, mais espontânea do que aquilo a que se chama vontade.
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Não há um único dos nossos actos que, ao criarem o homem que queremos ser, não crie ao mesmo tempo uma imagem do homem tal como estimamos que ele deve ser.
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No ponto de partida não pode haver outra verdade além desta: «penso, logo existo», esta é a verdade absoluta da consciência alcançando-se a si mesma.
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Não há um único dos nossos actos que, ao criarem o homem que queremos ser, não crie ao mesmo tempo uma imagem do homem tal como estimamos que ele deve ser.
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No ponto de partida não pode haver outra verdade além desta: «penso, logo existo», esta é a verdade absoluta da consciência alcançando-se a si mesma.
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Antes de Vivermos, a Vida é Coisa Nenhuma
O homem começa por existir, isto é, o homem é de início o que se lança para um futuro e o que é consciente de se projectar no futuro. O homem é primeiro um projecto que se vive subjectivamente, em vez de ser musgo, podridão ou couve-flor; nada existe previamente a esse projecto; nada existe no céu ininteligível, e o homem será em primeiro lugar o que tiver projectado ser. Não o que tiver querido ser. Porque o que nós entendemos ordinariamente por querer é uma decisão consciente, e para a generalidade das pessoas posterior ao que se elaborou nelas. Posso querer aderir a um partido, escrever um livro, casar-me: tudo isto é manifestação de uma escolha mais original mais espontânea do que se denomina porvontade.
(...) Escreveu Dostoievsky: «Se Deus não existisse, tudo seria permitido.» É esse o ponto de partida do existencialismo. Com efeito, tudo é permitido se Deus não existe, e, por conseguinte, o homem encontra-se abandonado, porque não encontra em si, nem fora de si, a que agarrar-se. Ao começo não tem desculpa. Se, na verdade, a existência precede a essência, não é possível explicação por referência a uma natureza humana dada e hirta; dito de outro modo, não há determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade. Se, por outro lado, Deus não existe, não encontramos em face de nós valores ou ordens que legitimem a nossa conduta. Assim, não temos nem por detrás de nós nem à nossa frente, no domínio luminoso dos valores, justificação ou desculpas. Estamos sozinhos, sem desculpa. É o que exprimirei dizendo que o homem está condenado a ser livre.
Se suprimi Deus Pai, cumpre que alguém invente os valores. Temos de tomar as coisas como elas são. Aliás, dizer que inventamos os valores não significa senão isto: a vida não tem sentido a priori. Antes de vivermos, a vida é coisa nenhuma, mas é a nós que compete dar-lhe um sentido, e o valor não é outra coisa senão o sentido que tivermos escolhido.
(...) Escreveu Dostoievsky: «Se Deus não existisse, tudo seria permitido.» É esse o ponto de partida do existencialismo. Com efeito, tudo é permitido se Deus não existe, e, por conseguinte, o homem encontra-se abandonado, porque não encontra em si, nem fora de si, a que agarrar-se. Ao começo não tem desculpa. Se, na verdade, a existência precede a essência, não é possível explicação por referência a uma natureza humana dada e hirta; dito de outro modo, não há determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade. Se, por outro lado, Deus não existe, não encontramos em face de nós valores ou ordens que legitimem a nossa conduta. Assim, não temos nem por detrás de nós nem à nossa frente, no domínio luminoso dos valores, justificação ou desculpas. Estamos sozinhos, sem desculpa. É o que exprimirei dizendo que o homem está condenado a ser livre.
Se suprimi Deus Pai, cumpre que alguém invente os valores. Temos de tomar as coisas como elas são. Aliás, dizer que inventamos os valores não significa senão isto: a vida não tem sentido a priori. Antes de vivermos, a vida é coisa nenhuma, mas é a nós que compete dar-lhe um sentido, e o valor não é outra coisa senão o sentido que tivermos escolhido.
in O Ser e o Nada
A linguagem não é um fenómeno superposto ao ser-para-o-outro: é originalmente o ser-para-o-outro, ou seja, o facto de que uma subjectividade se experimenta como objecto para o outro.
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De facto, somos uma liberdade que escolhe, mas não escolhemos ser livres: estamos condenados à liberdade.
*
A característica da consciência é que ela é uma descompressão de ser. É impossível com efeito defini-la como coincidência consigo.
*
O desejo é uma conduta de enfeitiçamento.
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Um louco jamais faz senão realizar à sua maneira a condição humana
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De facto, somos uma liberdade que escolhe, mas não escolhemos ser livres: estamos condenados à liberdade.
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A característica da consciência é que ela é uma descompressão de ser. É impossível com efeito defini-la como coincidência consigo.
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O desejo é uma conduta de enfeitiçamento.
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Um louco jamais faz senão realizar à sua maneira a condição humana
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A Temporalidade
A temporalidade é evidentemente uma estrutura organizada, e esses três pretensos "elementos" do tempo, passado, presente , futuro, não devem ser considerados como uma colecção de "dados" cuja soma deve ser feita - por exemplo, como uma série infinita de "agora", alguns dos quais ainda não são, outros que não são mais -, mas como momentos estruturados de uma síntese original. Senão encontraremos, em primeiro lugar, este paradoxo: o passado não é mais, o futuro ainda não é, quanto ao presente instantâneo, todos sabem que ele não é tudo, é o limite de uma divisão infinita, como o ponto sem dimensão.
*Ser é Escolher-se
Para a realidade humana, ser é escolher-se: nada lhe vem de fora, nem tão-pouco de dentro, que possa receber ou aceitar. Está inteiramente abandonada, sem auxílio de nenhuma espécie, à insustentável necessidade de se fazer ser até ao mais ínfimo pormenor. Assim, a liberdade não é um ser: é o ser do homem, quer dizer, o seu nada de ser. (...) O homem não pode ser ora livre, ora escravo; ele é inteiramente e sempre livre, ou não é.
in O Diabo e o Bom Deus
Basta que um homem odeie outro para que o ódio ganhe a pouco e pouco a humanidade inteira.
**in Os Sequestrados de Altona
Nunca julgamos aqueles a quem amamos.
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O homem tem de poder escolher a vida em todas as circunstâncias.
*
Detesto as vítimas quando elas respeitam os seus carrascos.
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O homem tem de poder escolher a vida em todas as circunstâncias.
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Detesto as vítimas quando elas respeitam os seus carrascos.
in Crítica da Razão Dialetica
O que chamamos de liberdade é a irredutibilidade da ordem cultural à ordem natural.
**in Situações I
Um homem não pode ser mais homem do que os outros, porque a liberdade é igualmente infinita em todos.
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Existimos em Função do Futuro
Tentai apreender a vossa consciência e sondai-a. Vereis que está vazia, só encontrareis nela o futuro. Nem sequer falo dos vossos projectos e expectativas: mas o próprio gesto que surpreendeis de passagem só tem sentido para vós se projectardes a sua realização final para fora dele, fora de vós, no ainda-não. Mesmo esta taça cujo fundo não se vê - que se poderia ver, que está no fim de um movimento que ainda não se fez -, esta folha branca cujo reverso está escondido (mas poderia virar-se a folha) e todos os objectos estáveis e sólidos que nos rodeiam ostentam as suas qualidades mais imediatas, mais densas, no futuro.
O homem não é de modo nenhum a soma do que tem, mas a totalidade do que não tem ainda, do que poderia ter. E, se nos banhamos assim no futuro, não ficará atenuada a brutalidade informe do presente? O acontecimento não nos assalta como um ladrão, visto que é, por natureza, um Tendo-sido-Futuro. E, para explicar o próprio passado, não será a primeira tarefa do historiador procurar o futuro?
O homem não é de modo nenhum a soma do que tem, mas a totalidade do que não tem ainda, do que poderia ter. E, se nos banhamos assim no futuro, não ficará atenuada a brutalidade informe do presente? O acontecimento não nos assalta como um ladrão, visto que é, por natureza, um Tendo-sido-Futuro. E, para explicar o próprio passado, não será a primeira tarefa do historiador procurar o futuro?
in Situações II
O homem tem de se inventar todos os dias.
*
O homem deve ser inventado a cada dia.
*
A beleza é uma contradição velada.
*
Ainda que fôssemos surdos e mudos como uma pedra, a nossa própria passividade seria uma forma de acção.
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O homem deve ser inventado a cada dia.
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A beleza é uma contradição velada.
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Ainda que fôssemos surdos e mudos como uma pedra, a nossa própria passividade seria uma forma de acção.
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Nunca se Escreve para Si Mesmo
O escritor não prevê nem conjectura: projecta. Acontece por vezes que espera por si mesmo, que espera pela inspiração, como se diz. Mas não se espera por si mesmo como se espera pelos outros; se hesita, sabe que o futuro não está feito, que é ele próprio que o vai fazer, e, se não sabe ainda o que acontecerá ao herói, isto quer simplesmente dizer que não pensou nisso, que não decidiu nada; então, o futuro é uma página branca, ao passo que o futuro do leitor são as duzentas páginas sobrecarregadas de palavras que o separam do fim.
Assim, o escritor só encontra por toda a parte o seu saber, a sua vontade, os seus projectos, em resumo, ele mesmo; atinge apenas a sua própria subjectividade; o objecto que cria está fora de alcance; não o cria para ele. Se relê o que escreveu, já é demasiado tarde; a sua frase nunca será a seus olhos exactamente uma coisa. Vai até aos limites do subjectivo, mas sem o transpor; aprecia o efeito dum traço, duma máxima, dum adjectivo bem colocado; mas é o efeito que produzirão nos outros; pode avaliá-lo, mas não senti-lo.
Proust nunca descobriu a homossexualidade de Charlus, uma vez que a decidiu antes de ter começado o livro. E se a obra adquire um dia para o autor o aspecto de objectividade, é porque os anos passaram, porque a esqueceu, porque já não entra nela, e seria, sem dúvida, incapaz de a escrever. Aconteceu isto com Rousseau ao reler o Contrato Social no fim da vida.
Não é portanto verdade que se escreva para si mesmo: seria o pior fracasso; ao projectar as emoções no papel, a custo se conseguiria dar-lhes um prolongamento langoroso. O acto criador é apenas um momento incompleto e abstracto da produção duma obra; se o autor existisse sozinho, poderia escrever tanto quanto quisesse; nem a obra nem oobjecto veriam o dia, e seria preciso que pousasse a caneta ou que desesperasse.
Mas a operação de escrever implica a de ler como seu correlativo dialético, e estes dois actos conexos precisam de dois agentes distintos. É o esforço conjugado do autor e do leitor que fará surgir o objecto concreto e imaginário que é a obra do espírito. Só há arte para os outros e pelos outros.
Assim, o escritor só encontra por toda a parte o seu saber, a sua vontade, os seus projectos, em resumo, ele mesmo; atinge apenas a sua própria subjectividade; o objecto que cria está fora de alcance; não o cria para ele. Se relê o que escreveu, já é demasiado tarde; a sua frase nunca será a seus olhos exactamente uma coisa. Vai até aos limites do subjectivo, mas sem o transpor; aprecia o efeito dum traço, duma máxima, dum adjectivo bem colocado; mas é o efeito que produzirão nos outros; pode avaliá-lo, mas não senti-lo.
Proust nunca descobriu a homossexualidade de Charlus, uma vez que a decidiu antes de ter começado o livro. E se a obra adquire um dia para o autor o aspecto de objectividade, é porque os anos passaram, porque a esqueceu, porque já não entra nela, e seria, sem dúvida, incapaz de a escrever. Aconteceu isto com Rousseau ao reler o Contrato Social no fim da vida.
Não é portanto verdade que se escreva para si mesmo: seria o pior fracasso; ao projectar as emoções no papel, a custo se conseguiria dar-lhes um prolongamento langoroso. O acto criador é apenas um momento incompleto e abstracto da produção duma obra; se o autor existisse sozinho, poderia escrever tanto quanto quisesse; nem a obra nem oobjecto veriam o dia, e seria preciso que pousasse a caneta ou que desesperasse.
Mas a operação de escrever implica a de ler como seu correlativo dialético, e estes dois actos conexos precisam de dois agentes distintos. É o esforço conjugado do autor e do leitor que fará surgir o objecto concreto e imaginário que é a obra do espírito. Só há arte para os outros e pelos outros.
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Todos os Escritos Possuem um Sentido
Não queremos ter vergonha de escrever e não sentimos a necessidade de falar para não dizer nada. De resto, ainda que o desejássemos, não o conseguiríamos: ninguém pode conseguir isso. Todos os escritos possuem um sentido, mesmo que esse sentido esteja muito afastado daquele que o autor tenha pensado dar-lhe. Para nós, com efeito, o escritor não é Vestal nem Ariel: está «metido no caso», faça o que fizer, marcado, comprometido, mesmo no seu mais profundo afastamento. Se, em certas épocas, utiliza a sua arte para forjar bugigangas de inanidade bem soante, até isso é significativo: é porque há uma crise das letras e, sem dúvida, da sociedade.
*
O Cerne da Escrita e da Leitura
Não se é escritor por se ter preferido dizer certas coisas, mas por se ter preferido dizê-las duma certa maneira. E o estilo faz, evidentemente, o valor da prosa. Mas deve passar despercebido. Uma vez que as palavras são transparentes e que o olhar as atravessa, seria absurdo meter entre elas vidros despolidos. Aqui, a beleza é apenas uma força doce e insensível.
Num quadro, brilha antes de mais nada; num livro, esconde-se, age por persuasão como o encanto duma voz ou dum rosto, não obriga, faz curvar sem que se dê por isso e pensa-se ceder aos argumentos quando afinal se é solicitado por um encanto imperceptível. A cerimónia da missa não é a fé, ela dispõe a isso; a harmonia das palavras, a sua beleza, o equilíbrio das frases, dispõem as paixões do leitor sem que ele dê por isso, ordenam-nas como a missa, como a música, como uma dança; se acaba por as considerar em si mesmas, perde o sentido, apenas restam oscilações aborrecidas.
Num quadro, brilha antes de mais nada; num livro, esconde-se, age por persuasão como o encanto duma voz ou dum rosto, não obriga, faz curvar sem que se dê por isso e pensa-se ceder aos argumentos quando afinal se é solicitado por um encanto imperceptível. A cerimónia da missa não é a fé, ela dispõe a isso; a harmonia das palavras, a sua beleza, o equilíbrio das frases, dispõem as paixões do leitor sem que ele dê por isso, ordenam-nas como a missa, como a música, como uma dança; se acaba por as considerar em si mesmas, perde o sentido, apenas restam oscilações aborrecidas.
*
Crítica Efémera
Por muito alto que nos coloquemos para julgar a nossa época, nunca será tão alto como o historiador futuro; a montanha onde pensamos fazer o nosso ninho de águia não passará para ele dum ninho de toupeira; a sentença que demos à nossa época figurará entre as peças do nosso processo. Em vão tentaremos ser o nosso próprio historiador: o próprio historiador é personagem histórica. Devemos concentrar-nos em fazer a nossa história às cegas, dia a dia, escolhendo entre todos os partidos aquele que nos parecer ser presentemente o melhor; mas nunca poderemos tomar para com ela os ares altivos que fizeram a fortuna de Taine e Michelet; nós estamos dentro dela. O mesmo acontece com o crítico: é em vão que inveja o historiador das ideias.
*
A Função do Escritor
O escritor escolheu a revelação do mundo e especialmente a revelação do homem aos outros homens para que estes adquiram, em face do objecto assim desnudado, toda a sua responsabilidade. Ninguém pode fingir ignorar a lei, porque há um código, e porque a lei é coisa escrita: depois disto, pode infringi-la, mas sabe os riscos que corre. Do mesmo modo, a função do escritor é fazer com que ninguém possa ignorar o mundo e que ninguém se possa dizer inocente.
in Situações III
A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota.
*
O que não é terrível não é sofrer nem morrer, mas morrer em vão.
**
in Mortos Sem Sepultura
Por mim, creio que estamos mortos há muito tempo: morremos no exacto momento em que deixamos de ser úteis.
**
Diálogos entre Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir in "A Cerimónia do Adeus"
A Imortalidade Pela Literatura, a Filosofia Como Meio de a Aceder
Simone de Beauvoir: Com que contava para sobreviver - na medida em que pensava sobreviver: com a literatura ou com a filosofia? Como sentia a sua relação com a literatura e a filosofia? Prefere que as pessoas gostem da sua filosofia ou da sua literatura, ou quer que gostem das duas?
Jean-Paul Sartre: Claro que responderei: que gostem das duas. Mas há uma hierarquia, e a hierarquia é a filosofia em segundo e a literatura em primeiro. Desejo obter a imortalidade pela literatura, a filosofia é um meio de aceder a ela. Mas aos meus olhos ela não tem em si um valor absoluto, porque as circunstâncias mudarão e trarão mudanças filosóficas. Uma filosofia não é válida por enquanto, não é uma coisa que se escreve para os contemporâneos; ela especula sobre realidades intemporais; será forçosamente ultrapassada por outros porque fala da eternidade; fala de coisas que ultrapassam de longe o nosso ponto de vista individual de hoje; a literatura, pelo contrário, inventaria o mundo presente, o mundo que se descobre através das leituras, das conversas, das paixões, das viagens; a filosofia vai mais longe; ela considera que as paixões de hoje, por exemplo, são paixões novas que não existiam na Antiguidade; o amor...
Simone de Beauvoir: Quer dizer que para si a literatura tem um carácter mais absoluto, a filosofia depende muito mais do curso da história; está mais submetida a revisões?
Jean-Paul Sartre: Ela chama necessariamente revisões porque ultrapassa sempre o período actual.
Simone de Beauvoir: De acordo; mas não há um absoluto no facto de ser Descartes ou de ser Kant mesmo se eles têm de ser ultrapassados de certa maneira? Eles são ultrapassados mas a partir do que me trouxeram; há uma referência a eles que é um absoluto.
Jean-Paul Sartre: Não o nego. Mas isso não existe em literatura. As pessoas que gostam de Rabelais de todo o coração, lêem-no como se ele tivesse escrito ontem.
Simone de Beauvoir: E de uma maneira absolutamente directa.
Jean-Paul Sartre: Cervantes, Shakespeare, lemo-los como se eles estivessem presentes; Romeu e Julieta ou Hamlet, são obras que parecem ter sido escritas ontem.
Simone de Beauvoir: Dá pois a primazia da sua obra à literatura? No entanto, no conjunto das suas leituras e da sua formação, a filosofia desempenhou um enorme papel.
Jean-Paul Sartre: Sim, porque a considerei como o melhor meio de escrever; era ela que me dava as dimensões necessárias para criar uma história.
Simone de Beauvoir: Não se pode ainda assim dizer que a filosofia era apenas um meio em si.
Jean-Paul Sartre: De início, foi.
Simone de Beauvoir: Ao princípio, sim; mas depois quando se vê o tempo que passou a escrever L'Être et le Néant, a escrever a Critique de la Raison Dialétique, não se pode dizer que isso era simplesmente o meio de fazer obras literárias; foi também porque, em si, isso o apaixonava.
Jean-Paul Sartre: Sim, interessava-me, é uma verdade. Queria dar a minha visão do mundo ao mesmo tempo que a fazia viver por persongaens nas minhas obras literárias ou em ensaios. Descrevia essa visão aos meus contemporãneos.
Simone de Beauvoir: Em suma, se alguém lhe dissesse: «É um grande escritor, mas, como filósofo, não me convence», preferi-lo-ia a alguém que lhe dissesse: «A sua filosofia é formidável, mas como escritor pode mudar de ofício?».
Jean-Paul Sartre: Sim, prefiro a primeira hipótese.
Jean-Paul Sartre: Claro que responderei: que gostem das duas. Mas há uma hierarquia, e a hierarquia é a filosofia em segundo e a literatura em primeiro. Desejo obter a imortalidade pela literatura, a filosofia é um meio de aceder a ela. Mas aos meus olhos ela não tem em si um valor absoluto, porque as circunstâncias mudarão e trarão mudanças filosóficas. Uma filosofia não é válida por enquanto, não é uma coisa que se escreve para os contemporâneos; ela especula sobre realidades intemporais; será forçosamente ultrapassada por outros porque fala da eternidade; fala de coisas que ultrapassam de longe o nosso ponto de vista individual de hoje; a literatura, pelo contrário, inventaria o mundo presente, o mundo que se descobre através das leituras, das conversas, das paixões, das viagens; a filosofia vai mais longe; ela considera que as paixões de hoje, por exemplo, são paixões novas que não existiam na Antiguidade; o amor...
Simone de Beauvoir: Quer dizer que para si a literatura tem um carácter mais absoluto, a filosofia depende muito mais do curso da história; está mais submetida a revisões?
Jean-Paul Sartre: Ela chama necessariamente revisões porque ultrapassa sempre o período actual.
Simone de Beauvoir: De acordo; mas não há um absoluto no facto de ser Descartes ou de ser Kant mesmo se eles têm de ser ultrapassados de certa maneira? Eles são ultrapassados mas a partir do que me trouxeram; há uma referência a eles que é um absoluto.
Jean-Paul Sartre: Não o nego. Mas isso não existe em literatura. As pessoas que gostam de Rabelais de todo o coração, lêem-no como se ele tivesse escrito ontem.
Simone de Beauvoir: E de uma maneira absolutamente directa.
Jean-Paul Sartre: Cervantes, Shakespeare, lemo-los como se eles estivessem presentes; Romeu e Julieta ou Hamlet, são obras que parecem ter sido escritas ontem.
Simone de Beauvoir: Dá pois a primazia da sua obra à literatura? No entanto, no conjunto das suas leituras e da sua formação, a filosofia desempenhou um enorme papel.
Jean-Paul Sartre: Sim, porque a considerei como o melhor meio de escrever; era ela que me dava as dimensões necessárias para criar uma história.
Simone de Beauvoir: Não se pode ainda assim dizer que a filosofia era apenas um meio em si.
Jean-Paul Sartre: De início, foi.
Simone de Beauvoir: Ao princípio, sim; mas depois quando se vê o tempo que passou a escrever L'Être et le Néant, a escrever a Critique de la Raison Dialétique, não se pode dizer que isso era simplesmente o meio de fazer obras literárias; foi também porque, em si, isso o apaixonava.
Jean-Paul Sartre: Sim, interessava-me, é uma verdade. Queria dar a minha visão do mundo ao mesmo tempo que a fazia viver por persongaens nas minhas obras literárias ou em ensaios. Descrevia essa visão aos meus contemporãneos.
Simone de Beauvoir: Em suma, se alguém lhe dissesse: «É um grande escritor, mas, como filósofo, não me convence», preferi-lo-ia a alguém que lhe dissesse: «A sua filosofia é formidável, mas como escritor pode mudar de ofício?».
Jean-Paul Sartre: Sim, prefiro a primeira hipótese.
Via JERO e Lusa
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"Quando, alguma vez, a liberdade irrompe numa alma humana, os deuses deixam de poder seja o que for contra esse homem".
"Quando os ricos fazem a guerra, são os pobres que morrem".
Jean-Paul Charles Aymard Sartre (Paris, 21 de Junho de 1905 — Paris, 15 de Abril de 1980) foi um filósofo, escritor e crítico francês, conhecido como representante do existencialismo. Acreditava que os intelectuais têm de desempenhar um papel ativo nasociedade. Era um artista militante, e apoiou causas políticas de esquerdacom a sua vida e a sua obra.
Repeliu as distinções e as funções oficiais e, por estes motivos, se recusou a receber o Nobel de Literatura de 1964.1 Sua filosofia dizia que no caso humano (e só no caso humano) a existência precede a essência, pois o homem primeiro existe, depois se define, enquanto todas as outras coisas são o que são, sem se definir, e por isso sem ter uma "essência" que suceda à existência
Wikipédia
***
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Viver é isto:
Ficar-se equilibrando o tempo todo
entre escolhas e consequências
***
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Nós somos as nossas escolhas
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«Os ideais são como as estrelas: nunca as alcançamos.
Porém, assim como os marinheiros, em alto mar,
traçaremos o nosso caminho seguindo-as.»
***
“Há dois tipos de pessoas que dizem a verdade: as crianças e os loucos.
Os loucos são internados em hospícios. As crianças, educadas.” |
***
Via Graça Silva:
Via Graça Silva:
13 livros aqui:
http://daniellargo.com/sartre/
***
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Viver é isto:
Ficar-se equilibrando o tempo todo
entre escolhas e consequências
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“Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você.”
***
Jean-Paul Sartre. In Infopédia [Em
linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011.
Wikipedia (Imagem)
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21 de Junho de 1905: Nasce o filósofo francês Jean-Paul Sartre
Escritor e filósofo francês, Jean-Paul Sartre
nasceu a 21 de junho de 1905, na cidade de Paris. Filho de um oficial da marinha
que morreu quando Sartre era ainda criança, mudou-se com a mãe, sobrinha-neta do
famoso médico e escritor Albert Schweitzer, para junto do avô.
A família partiu para La Rochelle em 1917, por
ocasião do casamento da mãe em segundas núpcias. Após ter frequentado o Lycée
Louis-le-Grand, licenciou-se pela Ècole Normale Supérieure em 1929,
onde conheceu Simone de Beauvoir, que se viria a tornar na sua companheira. A
partir de 1931 trabalhou como professor, tendo a possibilidade de viajar pelo
Egito, Grécia, Itália e Alemanha, onde estudou a filosofia de Edmund Husserl e
Martin Heiddeger.
Em 1938 publicou o seu primeiro romance, La
Nausée (A Náusea), em que exprimia de forma pessimista a sua
constatação do absurdo da vida, e o consequente ateísmo. No ano seguinte, e com
a deflagração da Segunda Guerra Mundial foi engajado para o serviço militar em
1939, mas foi capturado pelos alemães ao fim de um ano e libertado em 1941.
Juntou-se então à Resistência, e contribuiu para publicações periódicas como
Les Lettres Françaises e Combat. Em 1943 publicou a sua primeira
peça de teatro, Les Mouches (As Moscas), escrita em moldes da
tragédia grega e recorrendo à temática da sua mitologia, e em que procura
afirmar a doutrina do existencialismo, de que a responsabilidade dos atos do
indivíduo recai sempre sobre si mesmo, e constitui o melhor exercício da
liberdade.
Com o armistício fundou uma revista, a Les
Temps Modernes, de teor literário e político. Decidiu então dedicar-se
inteiramente à escrita e às atividades políticas marxistas. Em 1946 apareceu o
seu estudo, L'Existencialisme Est Un Humanisme, uma espécie de manifesto
da filosofia existencialista, e La Putain Respectueuse. Les Mains
Sâles (As Mãos Sujas) foi publicado em 1948.
Visitou a União Soviética após a morte de
Estaline, ocorrida em 1953, mas a azáfama política esgotou-o ao ponto de ter de
ser internado durante dez dias num hospital. Defendeu a causa da liberdade do
povo húngaro em 1956 e da do checo em 1968.
Foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura
em 1964, mas recusou a honra como forma de protesto contra os valores da
sociedade burguesa. Uma organização terrorista contra a independência da Argélia
colocou duas bombas no seu apartamento, uma em 1962 e outra no ano seguinte.
Foi presidente do tribunal criado por Bertrand
Russell para julgar a conduta militar norte-americana na Indochina em 1967.
Apoiou vivamente os acontecimentos do 'maio de 68'. Em 1970 foi detido pela
polícia por vender propaganda maoista, na época proibida em França.
Um surto de glaucoma foi prejudicando
gradualmente a sua visão, a partir de 1975, até o ter cegado quase completamente
no fim da sua vida, que ocorreu a 15 de abril de 1980 em Paris, devido a
problemas pulmonares.
Wikipedia (Imagem)
"Nunca se é homem enquanto se não encontra
alguma coisa pela qual se estaria disposto a
morrer."
"O
importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os
outros fizeram de nós."
"Não há necessidade de
grelhas, o inferno são os outros"
Jean - Paul Sartre em 1950
Ernesto Che Guevara reunido com Simone de Beauvoir e
Jean Paul Sartre, em Cuba, 1960
https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2018/06/21-de-junho-de-1905-nasce-o-filosofo.html
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