e morreu a 2abril2015
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Manoel Cândido Pinto de Oliveira
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Manoel de Oliveira: 106 anos, 106 frases

“Continuo a ser um aprendiz do cinema”. “Aturar-me a mim próprio é que é muito difícil”. “Penso que no país há uma grande indiferença pelo que já realizei”. “O que vejo em todos os meus filmes, sem excepção, é humanismo”. Recorde aqui ideias, desabafos e pensamentos do realizador mais velho em actividade, que morreu esta quinta-feira.
02-04-2015 19:30 por João Carlos Malta
A morte do realizador português provocou reacções nos mais variados quadrantes da sociedade, com o Presidente da República a recordá-lo como símbolo maior e o Governo a decretar dois dias de luto nacional. A Renascença faz um apanhado de 106 frases que marcam os 106 anos de um cineasta que assumiu que só descansava enquanto estava a “realizar um filme. São os momentos do meu descanso. Fora disso é um problema”.
1 – “O cinema só trata daquilo que existe, não daquilo que poderia existir. Mesmo quando mostra fantasia, o cinema agarra-se a coisas concretas. O realizador não é criador, é criatura”.
2 – “A liberdade impõe, logo de começo, o respeito pelo próximo. Isto pode explicar um pouco os limites da própria vida. Quer dizer, é preferível morrer a perverter a dignidade”.
3 – “A fome é o que nos garante a subsistência. Se não tivéssemos fome, não comíamos, não comendo, não sobrevivíamos. Se não tivéssemos o desejo, não teríamos a relação sexual e a relação sexual é que garante a continuidade da espécie. O desejo é uma coisa, a fome é outra. São os dois para a continuidade: um para a continuidade do indivíduo, o outro para a continuidade da espécie”.
3 – “A fome é o que nos garante a subsistência. Se não tivéssemos fome, não comíamos, não comendo, não sobrevivíamos. Se não tivéssemos o desejo, não teríamos a relação sexual e a relação sexual é que garante a continuidade da espécie. O desejo é uma coisa, a fome é outra. São os dois para a continuidade: um para a continuidade do indivíduo, o outro para a continuidade da espécie”.
4 – “Todos sabemos que vamos morrer. É a única certeza que temos. Não tenho medo da morte, tenho medo do sofrimento. É na vida que se encontram todas as maldades do mundo. A morte é o descanso” .
5 – “Continuo a ser um aprendiz do cinema, continuo a aprender muito e até com os artistas novos. No cinema cada realizador põe uma nova folha numa frondosa árvore, mas o que sustenta a folha não são os ramos, não é o tronco, são as raízes. É por isso que estimo a história e a memória. É fundamental para a nossa vida, para os nossos juízos”.
6 – “O homem é um bocado como o gato, fica preso às casas porque nelas se passaram histórias, e a casa é o guardião de todas essas histórias, problemas, alegrias, etc…” .
7 – “A santidade está ligada ao sentido verdadeiro de liberdade, é o desprendimento total das coisas terrenas. Agora, se está preso pelo dinheiro, por uma paixão, pelo desejo de uma mulher, por isto, por aquilo, anda sempre agarrado a esta porcaria que é o campo terreno”.
8 – “A actividade do cinema é uma actividade artística, a última das artes, a Sétima Arte. E José Régio, por exemplo, dizia que o cinema era uma síntese de todas as artes. Mas o cinema, como todas as artes, está ligado à vida. O que se exprime, ou o que as artes exprimem, de um modo ou outro, numa forma abstracta ou concreta, é a vida”.
9 – “A função da crítica é fazer compreender ao espectador os filmes, entendê-los. Mas para fazer compreender é preciso que eles os entendam; se não os entendem, também não podem dá-los a entender. Essa é a verdadeira função do crítico: apreciar os filmes”.
10 – “Não olho para o que fiz. Olho para o que vou fazer”.
8 – “A actividade do cinema é uma actividade artística, a última das artes, a Sétima Arte. E José Régio, por exemplo, dizia que o cinema era uma síntese de todas as artes. Mas o cinema, como todas as artes, está ligado à vida. O que se exprime, ou o que as artes exprimem, de um modo ou outro, numa forma abstracta ou concreta, é a vida”.
9 – “A função da crítica é fazer compreender ao espectador os filmes, entendê-los. Mas para fazer compreender é preciso que eles os entendam; se não os entendem, também não podem dá-los a entender. Essa é a verdadeira função do crítico: apreciar os filmes”.
10 – “Não olho para o que fiz. Olho para o que vou fazer”.
11 – “Não escondo que gostaria que [o meu acervo] ficasse no Porto. É a minha cidade. Onde nasci, vivo e, provavelmente, morrerei. O Porto é uma cidade riquíssima, o que a maior parte das pessoas, incluindo as Câmaras, ignoram” .
12 – “O meu cinema tem um lado histórico, incluindo o "Aniki Bobó" [1942], que se tornou um filme extraordinariamente popular. Mal principiado e bem acabado”.
12 – “O meu cinema tem um lado histórico, incluindo o "Aniki Bobó" [1942], que se tornou um filme extraordinariamente popular. Mal principiado e bem acabado”.
13 – “A memória falha-me muitas vezes. Mas será que devemos confiar na nossa memória?”.
14 – “O meu público é aquele que vai ver os meus filmes. O cinema dá-nos uma visão da vida. E a vida é um mistério”.
15 – “Todos os meus filmes mostram que, de facto, todos os homens entram em agonia no momento em que chegam ao mundo. Sou um grande lutador contra a morte. Passei a vida a observar a agonia, cada vez com mais experiência, com cada vez mais vontade de mostrá-la. Mas a morte acaba por chegar".
14 – “O meu público é aquele que vai ver os meus filmes. O cinema dá-nos uma visão da vida. E a vida é um mistério”.
15 – “Todos os meus filmes mostram que, de facto, todos os homens entram em agonia no momento em que chegam ao mundo. Sou um grande lutador contra a morte. Passei a vida a observar a agonia, cada vez com mais experiência, com cada vez mais vontade de mostrá-la. Mas a morte acaba por chegar".
16 – "Enquanto criança, tinha uma inclinação para a tristeza e para a melancolia".
17 – “O Douro é um local verdadeiramente sensual".
18 – “Creio que o amor por uma paisagem pode ser sensual. Muitas coisas relevam da sexualidade. É um abismo. Mesmo a morte é um acto sexual, o mais virtuoso, o mais belo, o último”.
19 – “A ideia de felicidade não se vive. O momento de felicidade só é reconhecido mais tarde. Naquele tempo eu era jovem, um puto na força da vida. Hoje digo aos jovens, não tenham pressa. Mas esse é um tempo que recordo como um tempo de felicidade”.
20 – “Quando nasci escrevia-se Manuel com 'o'. Eu fui registado com 'o'. E escrevia Manoel nos filmes, mas eles emendavam porque a ortografia moderna já era com 'u'. Umas vezes punham 'o', outras vezes punham 'u', até que eu impus: é 'o'! Tanto que nessa altura, quando já era mais conhecido, em França tratavam-me por Messieur de Oliveira, em Itália era Il Maestro e em Portugal era Ó Manel!”.
21– “O público português estima-me muito. Aqui no Porto, em Lisboa ou noutros sítios, sou abordado constantemente por pessoas que me cumprimentam. Sou muito estimado. No entanto, é mais por aquilo que ouvem e vêem, mesmo que não percebam nada de cinema. Mas gostam de mim e eu gosto que gostem de mim”.
22 – “Aturar-me a mim próprio é que é muito difícil. O resto são ajudas”.
23 – “Todos os meus filmes foram mal acolhidos".
24 – “Os artistas não são vítimas, nem têm glórias. A única glória deixada ao artista é morrer de fome. Não é uma coisa desejada, mas já aconteceu várias vezes”.
25 – “É a derrota. A vida é uma derrota. A gente vive na derrota. Nasce contra vontade, e não é senhor do seu destino”.
26 – “Penso que no país há uma grande indiferença pelo que já realizei. Tanto faz que o meu cinema exista ou não exista”.
27 – “E uma das coisas que mais temo é perder a memória. A única ciência que tenho está na memória”.
28 – “Tudo o que experimentei, vi, ouvi de pessoas muito interessantes, desde o início, está cá tudo. Foi através do seu saber que eu adquiri algum saber. Hoje vivemos muito mais ao acaso, a futuro incógnito. E os artistas não têm a ver com o futuro, o futuro é com os políticos. Os artistas terão que mostrar o seu resultado, bom ou mau” (2008).
29 – “O que vejo em todos os meus filmes, sem excepção, é humanismo. Tenho um profundo sentimento humanista. Isso é verdade”.
30 – “Fui educado catolicamente, mas esse sentimento não tem a ver com a Igreja, é de facto religioso. Quando fiz o ‘Acto da Primavera’ perguntei porque nele não entravam padres, e responderam-me que o Acto não tinha a ver com padres, mas com religião.
17 – “O Douro é um local verdadeiramente sensual".
18 – “Creio que o amor por uma paisagem pode ser sensual. Muitas coisas relevam da sexualidade. É um abismo. Mesmo a morte é um acto sexual, o mais virtuoso, o mais belo, o último”.
19 – “A ideia de felicidade não se vive. O momento de felicidade só é reconhecido mais tarde. Naquele tempo eu era jovem, um puto na força da vida. Hoje digo aos jovens, não tenham pressa. Mas esse é um tempo que recordo como um tempo de felicidade”.
20 – “Quando nasci escrevia-se Manuel com 'o'. Eu fui registado com 'o'. E escrevia Manoel nos filmes, mas eles emendavam porque a ortografia moderna já era com 'u'. Umas vezes punham 'o', outras vezes punham 'u', até que eu impus: é 'o'! Tanto que nessa altura, quando já era mais conhecido, em França tratavam-me por Messieur de Oliveira, em Itália era Il Maestro e em Portugal era Ó Manel!”.
21– “O público português estima-me muito. Aqui no Porto, em Lisboa ou noutros sítios, sou abordado constantemente por pessoas que me cumprimentam. Sou muito estimado. No entanto, é mais por aquilo que ouvem e vêem, mesmo que não percebam nada de cinema. Mas gostam de mim e eu gosto que gostem de mim”.
22 – “Aturar-me a mim próprio é que é muito difícil. O resto são ajudas”.
23 – “Todos os meus filmes foram mal acolhidos".
24 – “Os artistas não são vítimas, nem têm glórias. A única glória deixada ao artista é morrer de fome. Não é uma coisa desejada, mas já aconteceu várias vezes”.
25 – “É a derrota. A vida é uma derrota. A gente vive na derrota. Nasce contra vontade, e não é senhor do seu destino”.
26 – “Penso que no país há uma grande indiferença pelo que já realizei. Tanto faz que o meu cinema exista ou não exista”.
27 – “E uma das coisas que mais temo é perder a memória. A única ciência que tenho está na memória”.
28 – “Tudo o que experimentei, vi, ouvi de pessoas muito interessantes, desde o início, está cá tudo. Foi através do seu saber que eu adquiri algum saber. Hoje vivemos muito mais ao acaso, a futuro incógnito. E os artistas não têm a ver com o futuro, o futuro é com os políticos. Os artistas terão que mostrar o seu resultado, bom ou mau” (2008).
29 – “O que vejo em todos os meus filmes, sem excepção, é humanismo. Tenho um profundo sentimento humanista. Isso é verdade”.
30 – “Fui educado catolicamente, mas esse sentimento não tem a ver com a Igreja, é de facto religioso. Quando fiz o ‘Acto da Primavera’ perguntei porque nele não entravam padres, e responderam-me que o Acto não tinha a ver com padres, mas com religião.

Cineasta durante uma conferência de imprensa, em 2008. Foto: João Relvas/Lusa
31– “É verdade, sou muito levado por intuições. Fui um péssimo aluno, não fui muito além nos estudos”.
32 – “Em casa falta-me espaço, na vida falta-me tempo. E não posso dar remédio nem a uma coisa nem a outra”.
33 – “[Uma das minhas maiores alegrias é] sentir que os meus filmes são compreendidos, o que constitui uma satisfação profundíssima”.
32 – “Em casa falta-me espaço, na vida falta-me tempo. E não posso dar remédio nem a uma coisa nem a outra”.
33 – “[Uma das minhas maiores alegrias é] sentir que os meus filmes são compreendidos, o que constitui uma satisfação profundíssima”.
34 – “Parar é morrer e isto é aplicável hoje. O pior de tudo é parar, quer dizer, não se fazerem coisas, não se fazer nada, ficar com medo, retrair-se”.
35 – “A televisão, que mostra sobretudo pornografia, ou violência, tiros, ‘mata e esfola’ é um dos maiores problemas contemporâneos. As mulheres trabalham e não estão ao lado dos filhos que ficam, sozinhos, a ver televisão. Hoje em dia há uma perda enorme de valores” .
36 – “Se eu não tivesse atingido esta idade não apanhava esta quantidade de prémios que me começaram a dar agora, no final da vida”.
37 – “O cinema é imaterial, o teatro é material: os actores têm carne e osso, estão lá, vivos, nos cenários. Mas o cinema, não – é um fantasma da realidade”.
38 – “A arte, ou se gosta ou não se gosta, ou se entende ou não entende. Mas, de facto, há uma afirmação daquilo que é bom e daquilo que é mau através do tempo. É aquilo que resiste ao tempo” .
39 – “Às vezes acusam-me de que meus os filmes são muito falados. Ora, falados são os filmes americanos, e falam sem dizer nada. Ao menos os meus filmes dizem alguma coisa porque eu escolho textos ricos, bons, profundos, mais difíceis naturalmente”.
40 – “Um filme tem que principiar, uma casa tem que principiar, e principia por uma entrada. Escolhemos a entrada, depois um corredor, depois esta sala fica aqui, a outra deve ficar acolá. Transformamos isto em cenas para a organização dos planos. A aproximação, nesse sentido, entre arquitectura e cinema é perfeita”.
35 – “A televisão, que mostra sobretudo pornografia, ou violência, tiros, ‘mata e esfola’ é um dos maiores problemas contemporâneos. As mulheres trabalham e não estão ao lado dos filhos que ficam, sozinhos, a ver televisão. Hoje em dia há uma perda enorme de valores” .
36 – “Se eu não tivesse atingido esta idade não apanhava esta quantidade de prémios que me começaram a dar agora, no final da vida”.
37 – “O cinema é imaterial, o teatro é material: os actores têm carne e osso, estão lá, vivos, nos cenários. Mas o cinema, não – é um fantasma da realidade”.
38 – “A arte, ou se gosta ou não se gosta, ou se entende ou não entende. Mas, de facto, há uma afirmação daquilo que é bom e daquilo que é mau através do tempo. É aquilo que resiste ao tempo” .
39 – “Às vezes acusam-me de que meus os filmes são muito falados. Ora, falados são os filmes americanos, e falam sem dizer nada. Ao menos os meus filmes dizem alguma coisa porque eu escolho textos ricos, bons, profundos, mais difíceis naturalmente”.
40 – “Um filme tem que principiar, uma casa tem que principiar, e principia por uma entrada. Escolhemos a entrada, depois um corredor, depois esta sala fica aqui, a outra deve ficar acolá. Transformamos isto em cenas para a organização dos planos. A aproximação, nesse sentido, entre arquitectura e cinema é perfeita”.
41 – “Eu acho que no artista, e mesmo fora do artista, na vida, o subconsciente resolve muita coisa e trabalha tudo. E de vez em quando atira uma coisa para o consciente. Está tudo guardado nessa grande mala que herdamos, que vem no sangue”.
42 – “Nunca trabalhei tanto na minha vida. Mas também durmo. Durmo bem, embora me deite sempre tarde”.
43 – “Acho que a música soa bastante melhor num filme romântico do que num filme realista”.
44 – "Prefiro o paraíso pelo clima e o inferno pelas companhias".
45 – “Hoje a liberdade é tida como um direito absoluto. Mas não há liberdade absoluta. A liberdade não é sequer um direito. A liberdade é um dever, um dever fortíssimo. A liberdade é o respeito pelo próximo”.
46 – “É mais importante a saúde do que o dinheiro. Uma pessoa com saúde pode dormir na soleira de uma porta. E um ricalhaço doente pode não ter posição na cama”.
47 – “Eu não fui um bom piloto, mas há um lugar onde dirijo bem: o cinema”.
48 – “Aprendemos com o que vivemos, com o que sofremos, mas essa aprendizagem só se completa com o lado artístico".
42 – “Nunca trabalhei tanto na minha vida. Mas também durmo. Durmo bem, embora me deite sempre tarde”.
43 – “Acho que a música soa bastante melhor num filme romântico do que num filme realista”.
44 – "Prefiro o paraíso pelo clima e o inferno pelas companhias".
45 – “Hoje a liberdade é tida como um direito absoluto. Mas não há liberdade absoluta. A liberdade não é sequer um direito. A liberdade é um dever, um dever fortíssimo. A liberdade é o respeito pelo próximo”.
46 – “É mais importante a saúde do que o dinheiro. Uma pessoa com saúde pode dormir na soleira de uma porta. E um ricalhaço doente pode não ter posição na cama”.
47 – “Eu não fui um bom piloto, mas há um lugar onde dirijo bem: o cinema”.
48 – “Aprendemos com o que vivemos, com o que sofremos, mas essa aprendizagem só se completa com o lado artístico".
49 – “O verdadeiro criador é inquieto. Inquietação é vida”.
50 – “O cinema é mundano, por trás dele está a vaidade”.
51 – “Na vida material onde vivemos sabemos para onde dá a porta quando morremos: o cemitério. Espiritualmente, a morte é absoluta ou pendente?”
52 – “Porque todos os efeitos especiais pertencem à técnica, não à arte. Para além disto, sugerimos o inacreditável. Onde podemos ir mais longe do que aquilo que somos?”
53 – “Todos os realizadores são diferentes. E é assim que deve de ser. Felizmente o cinema ainda não foi atacado pela globalização. Pense na tragédia que isso poderia ser” .
54 – “Eu promovo as performances espontâneas. Os actores são o sal do filme. Eles dão corpo e voz às personagens e compõem a força do filme. É essa a razão porque a parte mais difícil de fazer um filme é a escolha dos actores” .
55 – “Fazer este filme [Velho do Restelo] é como ganhar uma batalha: É difícil. A conjuntura económica trava e fragiliza a montagem financeira do filme".
56 – “Vivemos um presente suspenso da realidade”.
57 – “Eu só descanso enquanto estou a realizar um filme, são os momentos do meu descanso. Fora disso é um problema”.
58 – "Tenho uma ligação com a Alemanha na parte cinematográfica, na história da câmara e das máquinas. Tenho percorrido aqui muito tempo, nunca esquecendo os grandes mestres alemães como Fritz Lang, Murnau, Ernst Lubitsch, e os actuais como Wim Wenders, um homem extraordinário. O cinema de cada país não é este ou aquele realizador; não é singular, é plural”.
59 – " É um erro fazer crer que o meu cinema é difícil. Isso não é verdade. Os meus filmes não são herméticos, pelo contrário são muito explícitos e claros. Por isso eles são para ser vistos por toda a gente e só não irá vê-los quem não quer”.
60 – "A intenção [de filmar até onde puder] é boa, agora quanto tempo demoro por cá... Não depende de mim. Nenhum de nós nasceu por vontade própria; a idade e a felicidade estão dependentes de forças obscuras que não controlamos. Não somos senhores do futuro".
61 – “Há uma fórmula que adoro, que li escrita no jornal a propósito de uma escultura em Modena de Donatelli, que dizia: 'ele consegue a simplicidade dos gregos e o realismo da Renascença'. Achei esta ideia magnífica: ser simples quer também dizer ser claro, e ser claro é trazer à superfície o que é mais profundo".
62 – “Casai-vos e multiplicai-vos. Como é que se vai multiplicar homem com homem e mulher com mulher”.
63 – “Se Portugal desaparecesse, a língua portuguesa não desapareceria, por causa do Brasil”.
64 – “Há sempre tempo para tudo”.
65 – “O mais longe que há é voltar a casa dando a volta ao mundo, não ir a casa do outro”.
51 – “Na vida material onde vivemos sabemos para onde dá a porta quando morremos: o cemitério. Espiritualmente, a morte é absoluta ou pendente?”
52 – “Porque todos os efeitos especiais pertencem à técnica, não à arte. Para além disto, sugerimos o inacreditável. Onde podemos ir mais longe do que aquilo que somos?”
53 – “Todos os realizadores são diferentes. E é assim que deve de ser. Felizmente o cinema ainda não foi atacado pela globalização. Pense na tragédia que isso poderia ser” .
54 – “Eu promovo as performances espontâneas. Os actores são o sal do filme. Eles dão corpo e voz às personagens e compõem a força do filme. É essa a razão porque a parte mais difícil de fazer um filme é a escolha dos actores” .
55 – “Fazer este filme [Velho do Restelo] é como ganhar uma batalha: É difícil. A conjuntura económica trava e fragiliza a montagem financeira do filme".
56 – “Vivemos um presente suspenso da realidade”.
57 – “Eu só descanso enquanto estou a realizar um filme, são os momentos do meu descanso. Fora disso é um problema”.
58 – "Tenho uma ligação com a Alemanha na parte cinematográfica, na história da câmara e das máquinas. Tenho percorrido aqui muito tempo, nunca esquecendo os grandes mestres alemães como Fritz Lang, Murnau, Ernst Lubitsch, e os actuais como Wim Wenders, um homem extraordinário. O cinema de cada país não é este ou aquele realizador; não é singular, é plural”.
59 – " É um erro fazer crer que o meu cinema é difícil. Isso não é verdade. Os meus filmes não são herméticos, pelo contrário são muito explícitos e claros. Por isso eles são para ser vistos por toda a gente e só não irá vê-los quem não quer”.
60 – "A intenção [de filmar até onde puder] é boa, agora quanto tempo demoro por cá... Não depende de mim. Nenhum de nós nasceu por vontade própria; a idade e a felicidade estão dependentes de forças obscuras que não controlamos. Não somos senhores do futuro".
61 – “Há uma fórmula que adoro, que li escrita no jornal a propósito de uma escultura em Modena de Donatelli, que dizia: 'ele consegue a simplicidade dos gregos e o realismo da Renascença'. Achei esta ideia magnífica: ser simples quer também dizer ser claro, e ser claro é trazer à superfície o que é mais profundo".
62 – “Casai-vos e multiplicai-vos. Como é que se vai multiplicar homem com homem e mulher com mulher”.
63 – “Se Portugal desaparecesse, a língua portuguesa não desapareceria, por causa do Brasil”.
64 – “Há sempre tempo para tudo”.
65 – “O mais longe que há é voltar a casa dando a volta ao mundo, não ir a casa do outro”.

Manoel de Oliveira durante a rodagem de "Espelho Mágico", em 2005. Foto: Andrea Merola/EPA
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=30&did=183199
66 – “Tudo nesta vida que levamos tem uma duração estabelecida, um momento para acabar, incluindo os valores monetários, menos as histórias que contamos”.
67 – “As histórias que os livros nos contam duram para sempre e o mesmo espero das histórias trazidas pelo cinema”.
68 – “Os meus filmes falam sobre valores que vão além do dinheiro, em busca de saber se existe alma. O tempo eu sei que existe. E talvez eu filme como filmo para contemplar o tempo”.
69 – “O cinema dá-nos a possibilidade de, a partir da câmara, repor a vida além da morte e simular a ressurreição, inclusive a dos grandes heróis da literatura”.
70 – “Ninguém nasceu por vontade própria. Fomos colocados cá por vontade do Criador, Aquele a quem chamamos Deus. Somos criaturas limitadas e, de certo modo, indefesas. Só sabemos que quando nascemos iremos morrer”.
67 – “As histórias que os livros nos contam duram para sempre e o mesmo espero das histórias trazidas pelo cinema”.
68 – “Os meus filmes falam sobre valores que vão além do dinheiro, em busca de saber se existe alma. O tempo eu sei que existe. E talvez eu filme como filmo para contemplar o tempo”.
69 – “O cinema dá-nos a possibilidade de, a partir da câmara, repor a vida além da morte e simular a ressurreição, inclusive a dos grandes heróis da literatura”.
70 – “Ninguém nasceu por vontade própria. Fomos colocados cá por vontade do Criador, Aquele a quem chamamos Deus. Somos criaturas limitadas e, de certo modo, indefesas. Só sabemos que quando nascemos iremos morrer”.
71 – “Todos os meus filmes são religiosos”.
72 – “Desde os primeiros homens, esse impacto face ao universo e à criação que o rodeia coloca-nos o problema do Criador. A verdade é que a criação é um facto visível”.
73 – “Se há uma coisa que nos torna pacíficos, para o bem e para o mal, é a morte”.
74 – "É a minha casa. Continua uma cidade bonita, à beira-rio e à beira-mar. Eu nasci no Porto, cresci no Porto e continuo a viver no Porto. Até um dia. O dia que vem para todos".
75 – "Desconfio sempre da imaginação. (...) Todos os meus filmes são histórias de agonia, da agonia no seu sentido primeiro, no sentido grego, 'a luta'".
72 – “Desde os primeiros homens, esse impacto face ao universo e à criação que o rodeia coloca-nos o problema do Criador. A verdade é que a criação é um facto visível”.
73 – “Se há uma coisa que nos torna pacíficos, para o bem e para o mal, é a morte”.
74 – "É a minha casa. Continua uma cidade bonita, à beira-rio e à beira-mar. Eu nasci no Porto, cresci no Porto e continuo a viver no Porto. Até um dia. O dia que vem para todos".
75 – "Desconfio sempre da imaginação. (...) Todos os meus filmes são histórias de agonia, da agonia no seu sentido primeiro, no sentido grego, 'a luta'".
76 – “O cinema suplantou-a [a ópera], porque tem a mesma coisa, mas de um modo fantástico, quer dizer, imaterial. O cinema é imaterial, o teatro é material: os actores têm carne e osso, estão lá, vivos, nos cenários. Mas o cinema, não – é um fantasma da realidade”.
77 – “Sou apologista da variedade, mesmo no cinema artístico. Penso que a personalidade do realizador é que é a marca da originalidade. Não há outra”.
78 – “Lisboa absorve tudo. Não perdoa nem gosta do Norte”.
79 – “Ser simples quer também dizer ser claro, e ser claro é trazer á superfície o que é mais profundo”.
80 – "Acossados pelas especulações da razão, sempre se levantam terríveis dúvidas e descrenças, a que se procura opor a fé do Evangelho, que move montanhas".
81 – "As artes desde os primórdios sempre estiveram estreitamente ligadas às religiões e o Cristianismo foi pródigo em expressões artísticas depois da passagem de Cristo pela terra e até aos dias de hoje".
82 – "A religião e a arte, ambas se me afiguram, ainda que de um modo distinto, é certo, intimamente voltadas para o homem e o universo, para a condição humana e a natureza divina".
83 – “A dúvida é um estímulo de procura. É difícil vencer essa procura. Ou, por outras palavras, é difícil encontrar o que se procura. É nisso mesmo, nessa dificuldade, que, quanto a mim, se resume o grande mérito”.
84 – "O cinema é o meu destino"
85 – “Não sou um homem de palavras, de resto; estou mais seguro quando faço cinema”.
86 – “O cinema é um fantasma da vida que não nos deixa senão uma coisa sensível, concreta: as emoções".
77 – “Sou apologista da variedade, mesmo no cinema artístico. Penso que a personalidade do realizador é que é a marca da originalidade. Não há outra”.
78 – “Lisboa absorve tudo. Não perdoa nem gosta do Norte”.
79 – “Ser simples quer também dizer ser claro, e ser claro é trazer á superfície o que é mais profundo”.
80 – "Acossados pelas especulações da razão, sempre se levantam terríveis dúvidas e descrenças, a que se procura opor a fé do Evangelho, que move montanhas".
81 – "As artes desde os primórdios sempre estiveram estreitamente ligadas às religiões e o Cristianismo foi pródigo em expressões artísticas depois da passagem de Cristo pela terra e até aos dias de hoje".
82 – "A religião e a arte, ambas se me afiguram, ainda que de um modo distinto, é certo, intimamente voltadas para o homem e o universo, para a condição humana e a natureza divina".
83 – “A dúvida é um estímulo de procura. É difícil vencer essa procura. Ou, por outras palavras, é difícil encontrar o que se procura. É nisso mesmo, nessa dificuldade, que, quanto a mim, se resume o grande mérito”.
84 – "O cinema é o meu destino"
85 – “Não sou um homem de palavras, de resto; estou mais seguro quando faço cinema”.
86 – “O cinema é um fantasma da vida que não nos deixa senão uma coisa sensível, concreta: as emoções".
87 – "Os rituais são muito importantes. Sem eles, a vida seria indecifrável. O cinema não filma senão isso, um conjunto de signos, de convenções. A vida é um enigma, não é legível. São os rituais que nos permitem lê-la".
88 – "Os meus filmes têm histórias um pouco profundas, às vezes difíceis de compreender. Por isso, filmo-os da forma mais clara possível. É preciso que o cinema seja claro, porque tudo o resto (as paixões, a vida), não o é".
89 – “O sofrimento é uma coisa terrível. Eu não tenho medo da morte, mas temo o sofrimento”.
90 – “A arte é especial. Há uma só lei: o tempo. O tempo é o grande juiz, é o grande juiz de tudo”.
91 – “A eternidade é parada”.
90 – “A arte é especial. Há uma só lei: o tempo. O tempo é o grande juiz, é o grande juiz de tudo”.
91 – “A eternidade é parada”.
92 – “Penso que sou mais admirado pela minha idade do que pelos meus filmes”.
93 – “Recomendo a todos os meus amigos que vivam até aos 100 anos”.
94 – "Aos artistas não cabe governar o mundo. Os políticos preparam o futuro. Aos artistas cabe mostrar o futuro que encontram”.
95 – “A Lusomundo ainda está no tempo do Salazar. Ainda não percebeu que houve o 25 de Abril".
96 – “Os meus filmes são filmes pacatos, são mais profundos”.
97 – “A maldade é perversa, agora a vaidade, sendo modesta, como no meu caso, não é grave”.
97 – “A maldade é perversa, agora a vaidade, sendo modesta, como no meu caso, não é grave”.
98 – “Estamos todos submetidos ao nosso destino, que é imprevisível”.
99 – “Quando hoje vejo os meus filmes fico espantado, pois acho que eles falam mais da actualidade do que quando os fiz. Mesmo muitos dos mais antigos”.
100 – “Agora sei que não posso filmar ideias, pensamentos, sonhos, recordações, como está na moda fazer. A única coisa eterna é o presente, o passado é memória”.
101 – “Julgo que a constância de certos dados, em toda a obra, é que marca a personalidade de um realizador - e não um ou outro filme”.
102 – “Não há criadores, há recriadores. Criador é um só, todos nós fomos criados. Toda a arte é um reflexo, um espelho, da vida. E nem o teatro faz isso como o cinema. Vê-se um filme passado numa certa época e essa época está lá retratada”.
103 – “A falta de meios financeiros influenciou sobretudo pelo que não fiz, pelo que sabia não ter condições para fazer. Como no tempo de Salazar, em que eu não tentava fazer coisas que sabia de antemão serem cortadas pela censura. Portanto adaptava, se pudesse insinuava, de modo a poder passar”.
104 – “Quer queiramos quer não, ela (a morte) chega um dia, embora geralmente as pessoas não tenham pressa e eu também nunca fui apressado na minha vida, talvez por isso tenha chegado a esta idade”.
105 – “Não aprovo muito que se chame públicos. Não há públicos, há pessoas. Os filmes que faço são os que entendo que devo fazer. É uma coisa pessoal. Gosto do cinema no seu aspecto artístico, não no aspecto comercial. Os filmes artísticos não têm por fim ganhar dinheiro”.
106 – “Eu acho que não há país no mundo mais internacional, mais universal, do que Portugal. Portugal está aqui, mas está também em qualquer lado”.
***105 – “Não aprovo muito que se chame públicos. Não há públicos, há pessoas. Os filmes que faço são os que entendo que devo fazer. É uma coisa pessoal. Gosto do cinema no seu aspecto artístico, não no aspecto comercial. Os filmes artísticos não têm por fim ganhar dinheiro”.
106 – “Eu acho que não há país no mundo mais internacional, mais universal, do que Portugal. Portugal está aqui, mas está também em qualquer lado”.
"Eu promovo as performances espontâneas
os actores são o sal do filme."
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Talvez eu filme
como filmo
para contemplar
o tempo
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"A dúvida é uma maneira de ser"
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"Eu penso que no país há uma grande indiferença pelo que já realizei".
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/a-longevidade-era-um-capricho-manoel-de-oliveira=f918228#ixzz3WAHMjIEt
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https://www.facebook.com/portaldeliteratura/photos/a.139691682721564.20114.114396468584419/963922463631811/?type=1&theater
«Tenho a fertilidade das árvores que sabem que vão morrer. Não estou cansado, só me canso quando não trabalho», afirmou à revista brasileira «Época», em 2011.»
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"Todos sabemos que vamos morrer. É a única certeza que temos. Não tenho medo da morte, tenho medo do sofrimento. É na vida que se encontram todas as maldades do mundo. A morte é o descanso".Junho de 2011
***Books e Moovies 2014
homenageou-o
Há uma placa na entrada da plateia do CTA João d'Oliva Monteiro
no hall
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Filmes de Manoel de Oliveira
Aniki Bóbó [1942]
https://www.youtube.com/watch?v=HzPJU3vTjNs*
https://www.youtube.com/watch?v=rseUK79x-vs&list=PLbDuJoGjRMIdQz8X4pNuZ3J9fYTYSH1Lu
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22dez1988
Manoel de Oliveira recebe Prémio L' Age d' Or - Bruxelas com OS CANIBAIS
https://www.youtube.com/watch?v=3uWfHMF4zuE
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Via Bola

http://www.abola.pt/mundos/ver.aspx?id=518140
Manoel de Oliveira distinguido com Legião de Honra francesa
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Via Sic notícias

http://sicnoticias.sapo.pt/especiais/manoeldeoliveira/2014-12-11-Manoel-de-Oliveira-celebra-hoje-106-anos-e-estreia-mais-uma-curta-metragem-6
Manoel de Oliveira descreveu em tempos a própria longevidade como um capricho da natureza. O mais velho realizador do mundo em atividade completa hoje 106 anos. Oliveira estreia hoje mais uma curta-metragem, “O Velho do Restelo”.
***Via Lusa/SOL
Manoel de Oliveira comemora 106º aniversário com estreia do seu último filme

http://www.sol.pt/noticia/120127
A curta-metragem "O Velho do Restelo", a mais recente obra de Manoel de Oliveira, estreia-se hoje em Portugal, dia em que o realizador completa 106 anos.
"O Velho do Restelo" é descrito pelo actor Ricardo Trêpa como a visão de Manoel de Oliveira dos "tempos que correm - que não são famosos -, através de escritos antigos e feitos de grandes figuras da cultura portuguesa e não só".
Da parte da produtora O Som e a Fúria, Luís Urbano, que mobilizou os recursos para a rodagem da obra, afirmou que a recepção ao filme no circuito de festivais foi "entusiástica" e que tem havido conversas sobre futuros projectos, dependentes "da disponibilidade física e de saúde" de Manoel de Oliveira, admitindo que, com o realizador, "tudo é possível".
Ricardo Trêpa, neto de Manoel de Oliveira, realçou o ânimo do realizador, sublinhando que "a saúde, para ele, não é uma barreira". "Até partir, assim será o raciocínio dele. Sempre foi um lutador. Não é agora que vai desistir de uma máxima de vida que é 'eu quero e hei de conseguir'. Vai até ao fim acreditar que vai fazer mais filmes".
A curta-metragem é descrita pela produtora como "um mergulho livre e sem esperança na História", reunindo, num banco do século XXI, "Dom Quixote, o poeta Luís Vaz de Camões e os escritores Teixeira de Pascoaes e Camilo Castelo Branco", a partir, precisamente, de um texto de Pascoaes.
O filme baseia-se em partes do livro "O Penitente", de Teixeira de Pascoaes, tem argumento do cineasta e teve estreia internacional no Festival de Veneza, onde foi exibido fora de competição, em Setembro.
Numa entrevista publicada em Novembro pela revista norte-americana Variety, Manoel de Oliveira, distinguido na terça-feira com a Legião de Honra francesa, disse que "O Velho do Restelo" é uma "reflexão acerca da humanidade".
A estreia do filme em território nacional concretiza-se hoje, no Cinema Ideal, em Lisboa, e no âmbito do festival Porto/Post/Doc, no Porto.
"O Velho do Restelo" vai ser exibido com três outras curtas-metragens de Oliveira: "Os Painéis de São Vicente", de 2010, "um dos filmes mais interessantes" que Manoel de Oliveira "fez nesta fase da carreira", segundo o produtor, o documentário de estreia "Douro, Faina Fluvial", de 1931, e "O Pintor e a Cidade", de 1956, que contrapõe a visão do Porto, do realizador, com a do pintor António Cruz.
***Via Citador e
do Lusibero da Maria Elisa Ribeiro
http://nblo.gs/11Y1ey
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https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1005414686141767&set=np.102136322.1576428905&type=1&theater
"Hoje a liberdade é tida como um direito absoluto. Mas não há liberdade absoluta. A liberdade não é sequer um direito. A liberdade é um dever, um dever fortíssimo. A liberdade é o respeito pelo próximo. O Espinoza dizia: nós supomo-nos livres porque ignoramos as forças que impedem os nossos actos. De maneira que há forças que nos são estranhas, não somos nós. Eu sinto-me um joguete, uma marioneta. Sou conduzido por forças que ignoro. Eu sinto isso, eu pressinto isso"
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Via Citador:
Estive agora no México e vi escrito nas paredes de um museu um pensamento dos maias, muito simples, muito correcto, mas ao mesmo tempo perfeito, profundo. Dizia: "Semeia para colheres, colhe para comeres, come para viveres". É um fundamento da vida. A gente vive no sentido inverso: vive para comer, come para colher e colhe porque semeia. Aqui põe-se o problema do que transcende isso.
*O mundo é complexo, incompreensível, talvez não tanto para quem tem uma crença nalguma coisa firme, mas para aqueles onde a dúvida prevalece. E o que proponho é a dúvida. A dúvida é uma maneira de ser.
Jornal Expresso, 2013
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O meu público é aquele que vai ver os meus filmes. O cinema dá-nos uma visão da vida.E a vida é um mistério.
Jornal Expresso, 2013
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A vida é uma derrota. A gente vive na derrota. Nasce contra vontade, e não é senhor do seu destino.
Jornal Expresso, 2013
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Entrevista com Manoel de Oliveira no seu 99º aniversário
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Entrevista com Manoel de Oliveira no seu 99º aniversário
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Entrevista com Manoel de Oliveira no seu 99º aniversário
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Entrevista com Manoel de Oliveira no seu 99º aniversário
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Entrevista com Manoel de Oliveira no seu 99º aniversário
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Notícias Magazine (DN) / 20040509
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Notícias Magazine (DN) / 20040509
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Sinto que pertenço a uma deontologia cinematográfica que recusa mostrar o lado íntimo. Só filmo o que é público, embora possa sugeri-lo.
Entrevista com Manoel de Oliveira no seu 99º aniversário
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O teatro é mais rico. Os actores estão lá, em carne e osso. No cinema, só está a personagem. O actor já não se encontra lá quando o filme é exibido. O cinema é complementar mas tem uma vantagem perdura no tempo. Se houvesse cinema no tempo áureo das tragédias gregas saberíamos como elas eram. Como não há, apenas calculamos como seriam.
Entrevista com Manoel de Oliveira no seu 99º aniversário
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Sinto que precisava de viver mais 50 anos para concretizar todos os projectos que tenho. Se tivesse os meios, não me custava nada fazer dois filmes por ano. Ideias não me faltam, seja através de projecto escritos por mim ou por grandes escritores.
Entrevista com Manoel de Oliveira no seu 99º aniversário
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A juventude é um tempo extraordinário em que as pessoas desconhecem que estão verdadeiramente a viver. Só com o passar dos anos é que nos apercebemos dos momentos extraordinários já vividos.
Entrevista com Manoel de Oliveira no seu 99º aniversário
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A crítica é indispensável. Mais importante ainda é um complemento. Por isso, o filme só está acabado depois de ser visto. Por algum público e de preferência pelos críticos. São eles que vão acabar o filme. Como há muito de inconsciente no trabalho de um artista, é o crítico que vai buscar esse lado, de que o artista nem se deu conta.
Entrevista com Manoel de Oliveira no seu 99º aniversário
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É mais importante a saúde do que o dinheiro. Uma pessoa com saúde pode dormir na soleira de uma porta. E um ricalhaço doente pode não ter posição na cama.
Notícias Magazine (DN) / 20040509
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O cinema só trata daquilo que existe, não daquilo que poderia existir. Mesmo quando mostra fantasia, o cinema agarra-se a coisas concretas. O realizador não é criador, é criatura.
Notícias Magazine (DN) / 20040509
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A Liberdade é um Dever
Hoje a liberdade é tida como um direito absoluto. Mas não há liberdade absoluta. A liberdade não é sequer um direito. A liberdade é um dever, um dever fortíssimo. A liberdade é o respeito pelo próximo. O Espinoza dizia: nós supomo-nos livres porque ignoramos as forças que impedem os nossos actos. De maneira que há forças que nos são estranhas, não somos nós. Eu sinto-me um joguete, uma marioneta. Sou conduzido por forças que ignoro. Eu sinto isso, eu pressinto isso.
in 'Notícias Magazine (DN) / 20040509'
in 'Notícias Magazine (DN) / 20040509'
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Nada é Verdadeiramente Satisfatório
Nada é verdadeiramente satisfatório. Mesmo a arte a que um artista é vocacionado, e sobre a qual e para a qual vive, está sempre aquém do seu desejo. Nunca atinge aquele nível, aquele andar que desejaria. Está sempre a tentar, a aproximar-se do limite das possibilidades. No fundo, do absoluto. Um absoluto que se não atinge, [que se] ignora mesmo. A única coisa que sabemos ao certo é: ninguém nasce senão para morrer. Morrer mais cedo ou morrer mais tarde. Tem esse privilégio: acabar com a vida antes do fim natural dela. Se estiver desesperado, acontece. Justamente quando perde a esperança. Quando perde a esperança, perdeu tudo, e então liquida-se.
[Pensou alguma vez? Houve algum momento na sua vida tão desesperançado? Teve tantos reveses...]
Não. Suponho que ninguém deixa de pensar na morte. E quando se chega à minha idade, está-se mais consciente de que se aproxima o fim. Portanto, ele tem que se preparar para esse final. Há muita gente que conheci que se suicidou por isto ou por aquilo. E há o problema da eutanásia, quando o sofrimento é muito grande, a experiência é nula e as pessoas não podem sequer matar-se, têm que pedir que alguém as mate. O sofrimento é uma coisa terrível. Eu não tenho medo da morte, mas temo o sofrimento. A gente medita sobre a morte, prepara-se para ela, quer deixar tudo em condições, para poder morrer descansado. Hoje tenho essa preocupação.
[O que é isso de deixar as coisas preparadas? É morrer com que sensação?]
Não é morrer com sensação nenhuma, a sensação da morte só se tem quando se morre! Quero dizer, deixar a vida regulada, não deixar problemas para os filhos, os netos, os amigos, a sociedade. Deixar um bom nome.
[Deixar um bom nome é muito importante?]
Naturalmente, limpar tudo. Deixar uma vida inteira. É uma reflexão que se faz sobre a vida toda que passou. É a isso que chamo morrer descansado.
in 'Selecções do Reader's Digest, 2005'
[Pensou alguma vez? Houve algum momento na sua vida tão desesperançado? Teve tantos reveses...]
Não. Suponho que ninguém deixa de pensar na morte. E quando se chega à minha idade, está-se mais consciente de que se aproxima o fim. Portanto, ele tem que se preparar para esse final. Há muita gente que conheci que se suicidou por isto ou por aquilo. E há o problema da eutanásia, quando o sofrimento é muito grande, a experiência é nula e as pessoas não podem sequer matar-se, têm que pedir que alguém as mate. O sofrimento é uma coisa terrível. Eu não tenho medo da morte, mas temo o sofrimento. A gente medita sobre a morte, prepara-se para ela, quer deixar tudo em condições, para poder morrer descansado. Hoje tenho essa preocupação.
[O que é isso de deixar as coisas preparadas? É morrer com que sensação?]
Não é morrer com sensação nenhuma, a sensação da morte só se tem quando se morre! Quero dizer, deixar a vida regulada, não deixar problemas para os filhos, os netos, os amigos, a sociedade. Deixar um bom nome.
[Deixar um bom nome é muito importante?]
Naturalmente, limpar tudo. Deixar uma vida inteira. É uma reflexão que se faz sobre a vida toda que passou. É a isso que chamo morrer descansado.
in 'Selecções do Reader's Digest, 2005'
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A Esperança é o Bordão da Vida
A esperança é o bordão da vida. Há uma coisa do Padre Vieira, muito bonita, em que ele fala do Non. Terrível palavra é o non, de qualquer lado por onde se pegue, é sempre Non – isto aparece no meu filme “Non ou a vã glória de mandar”, dito por esse grande actor, o Ruy de Carvalho. A última palavra do Vieira sobre Non é: “O Non tira a esperança, que é a última coisa que a natureza deixou ao homem”. Sem esperança não se pode viver.
[A esperança e o desejo são o que nos impele a fazer, prosseguir. Mas não é supremamente difícil mantê-los vivos?]
O desejo não nos impele para existir. O desejo impele para a continuidade da espécie. O que nos impele à existência é o que diz o maia, “come para viveres”, e isso é a fome. A fome é o que nos garante a subsistência. Se não tivéssemos fome, não comíamos, não comendo, não sobrevivíamos. Se não tivéssemos o desejo, não teríamos a relação sexual e a relação sexual é que garante a continuidade da espécie. O desejo é uma coisa, a fome é outra. São os dois para a continuidade: um para a continuidade do indivíduo, o outro para a continuidade da espécie.
in 'Selecções do Reader's Digest, 2005'
[A esperança e o desejo são o que nos impele a fazer, prosseguir. Mas não é supremamente difícil mantê-los vivos?]
O desejo não nos impele para existir. O desejo impele para a continuidade da espécie. O que nos impele à existência é o que diz o maia, “come para viveres”, e isso é a fome. A fome é o que nos garante a subsistência. Se não tivéssemos fome, não comíamos, não comendo, não sobrevivíamos. Se não tivéssemos o desejo, não teríamos a relação sexual e a relação sexual é que garante a continuidade da espécie. O desejo é uma coisa, a fome é outra. São os dois para a continuidade: um para a continuidade do indivíduo, o outro para a continuidade da espécie.
in 'Selecções do Reader's Digest, 2005'
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A Identidade é o Fundamental
Sempre pensei que a identidade é o fundamental. (...) Sem identidade não se é. E a gente tem que ser, isso é que é importante. Mas a identidade obriga depois à dignidade. Sem identidade não há dignidade, sem dignidade não há identidade, sem estas duas não há liberdade. A liberdade impõe, logo de começo, o respeito pelo próximo. Isto pode explicar um pouco os limites da própria vida. Quer dizer, é preferível morrer a perverter a dignidade.
in 'Selecções do Reader's Digest, 2005'
in 'Selecções do Reader's Digest, 2005'
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