04/01/2015

9.335.(4jan2015.18.18') Guerra na Península Coreana. Coreia do Norte e Coreia do Sul. Quem construiu o muro? Porque não se fala neste muro?

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5.5.2018
postei:
 Desarmar...Unificar Coreias...EUA permitirão???...José Goulão faz a análise...Para ponderar...
 OS ENIGMAS DA COREIA
A concretização das intenções manifestadas pelos presidentes da Coreia do Sul e da Coreia do Norte na Declaração de Panmunjom, designadamente a unificação, implica a independência da Península da Coreia, a desnuclearização de todo o território e a retirada das forças militares estrangeiras do país.

 https://www.abrilabril.pt/internacional/os-enigmas-da-coreia
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16abril2018
OS EUA FORAM OS PRIMEIROS A COLOCAR ARMAS NUCLEARES NA PENÍNSULA COREANA
Walter Pincus, galardoado jornalista especialista em segurança, acaba de expor no The New York Times, um “imundo segredo”: os EUA foram o primeiro país a colocar armas nucleares na península da Coreia em 1958 pelo então presidente Dwight D. Eisenhower.
Este jornalista trabalhou mais de 45 anos, até se reformar em 2015, no The Washington Post. (…)
A recente revelação deixa algumas perguntas. Pincus, antigo repórter estrela do The Washington Post, descobre a abordagem unilateral de Trump e a exigência de "desnuclearização" da Coreia do Norte por Trump antes da sua visita a Pyongyang?
Como pode o general MacArthur, o militar mais condecorado da história dos EUA, ter planeado em 1951 bombardear a Coreia do Norte com seis bombas nucleares, se elas ainda não existissem na Coreia do Sul? Os atentados nucleares do general MacArthur seriam lançados do próprio Japão e não da Coreia do Sul ocupada pelos Estados Unidos?
Mas comecemos pelo princípio. A intenção do general MacArthur de lançar várias bombas nucleares contra a Coreia do Norte custou-lhe a destituição em 1951 pelo presidente Harry Truman, que seis anos antes havia ordenado, com três dias de diferença, os até agora únicos bombardeamentos nucleares no Japão contra cidades de civis: Hiroxima y Nagasaki.
No entanto, passaram somente sete anos entra a intenção de MacArthur de lançar seis bombas nucleares contra a Coreia do Norte em 1951 e a implantação na Coreia do Sul por Eisenhower de tangíveis bombas nucleares em 1958, que é o que Pincus revela de maneira chocante.
Daí se depreende o laxismo de vários governos dos EUA: tentar usar bombas atómicas pelo general MacArthur contra a Coreia do Norte ou colocar bombas nucleares contra Pyongyang por Eisenhower na Coreia do Sul.
Nessa época, a Coreia do Norte não sonhava sequer com dotar-se de letais armas que, de acordo com os cronogramas e fluxogramas históricos, foram fabricadas para se defenderem e não para atacar e bombardear a “desamparada” costa oeste dos EUA, como versa a propaganda negra das ‘fake news’ dos omnipotentes multimédia israelo-anglosaxões.
Depois da sua derrota, o Japão cedeu aos vencedores o seu território conquistado da península da Coreia, a qual foi dividida em Coreia do Sul com os EUA e Coreia do Norte com a China (apoiada pela URSS).
O armistício de 1953, -artefacto da Segunda Guerra Mundial que ainda continua em vigor, pese embora a sua violação pelos EUA devido à colocação de armas nucleares na Coreia do Sul-, que cessou as hostilidades entre as duas Coreias e seus respectivos padrinhos, proibia a instalação de bombas nucleares em toda a península, promessa vazia que cinco anos mais tarde foi negada pelos EUA que, pelos vistos, não cumpre com os seus compromissos assumidos em qualquer lugar: desde o Protocolo de Quioto/Acordo de Mudança Climática de Paris, passando por mentir a Gorbachov de não estender a NATO até às fronteiras da actual Rússia, até à iminente revogação do acordo criativo de Obama com o Irão (o P5 + 1 assinado pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança: EUA, França, Reino Unido, Rússia e China, às quais se junto a Alemanha).
Assim, “os EUA possuíam na década de sessenta mais de 900 projécteis nucleares de artilharia, além de minas terrestres nucleares na Coreia do Sul”, segundo Pincus, que considera que a “presença dessas armas norte-americanas (nucleares) provavelmente motivaram os norte-coreanos a acelerar o desenvolvimento das suas próprias armas atómicas”.
Há uma frase interessante do autor: "Embora as armas nucleares tácticas dos EUA tenham sido retiradas da Coreia do Sul em 1991, o governo de Seul ainda desfruta do guarda-chuva nuclear dos EUA".
Pincus cita Joseph S. Bermudez Jr. –especialista em Coreia do Norte e co-fundador do All Source Analysis- que acredita que "o perigo de armas nucleares dos EUA serem usadas contra a Coreia do Norte tem sido o princípio central do pensamento estratégico e as acções de Pyongyang desde então".
A propósito, numa publicação do Instituto EUA-Coreia (USKI na sua sigla em inglês) da Universidade John Hopkins, Bermudez Jr, garante que a dotação da Coreia do Norte das suas “armas nucleares” tem o propósito de “dissuadir e rejeitar as agressões e o ataque de inimigos através de golpes letais de represálias nos bastiões da agressão". (…)
Por sua vez, Pincus enuncia documentos desclassificados dos EUA que “descrevem em detalhe como a Administração Eisenhower, preocupada com o custo da defesa da Coreia do Sul e a proeza da Coreia do Norte apoiada militarmente pela China, concordou no envio de sistemas de armas nucleares tácticas para Seul”. Herman Phleger, ex-assessor jurídico do Departamento de Estado, protestou o plano do Pentágono em colocar essas armas na Coreia do Sul porque “seria uma violação” do armistício e “criaria um desequilíbrio” quando as “autoridades dos EUA não pudessem estabelecer que a Coreia do Norte havia implantado armas atómicas”.
O Pentágono alegava então que a Coreia do Norte ao “ter obtido novas armas de artilharia e aviação de alto desempenho, havia violado o armistício e libertava assim os EUA de cumprir com as suas obrigações”.
Foi irracional e aberrante comparar as supostas novas armas convencionais, ainda que melhoradas, com a colocação de armas nucleares, como pretexto pueril para justificar a ruptura unilateral do armistício.
Pincus relata que o representante da Coreia do Norte na Comissão de Armistício descreveu a discussão unilateral do Pentágono como uma tentativa de "arruinar o acordo de armistício e transformar a Coreia do Sul numa base de guerra nuclear dos EUA".
Da mesma forma, hoje Trump, que segue as exigências do primeiro-ministro israelita Netanyahu ao pé da letra, sob o pretexto de que o Irão melhorou o seu sistema de mísseis - que não faz parte do acordo P5 + 1 - está disposto a revogar unilateralmente o acordo criativo alcançado por Obama.
Nem, como agora, poderiam faltar as ‘fake news, já que Murray Snyder, então Secretário Assistente da Defesa para Assuntos Públicos, perante os jornalistas adstritos ao Pentágono desinformou sobre a inexistência de armas nucleares na Coreia do Sul, o que acaba por ser uma soberana mentira.
Finalmente, a Embaixada dos EUA na Coreia do Sul propôs "anunciar a chegada de armas com capacidade atómica", à qual o Comando das Nações Unidas concordou e em 28 de Janeiro de 1958 foi anunciada numa conferência de imprensa em Seul a chegada de armas com capacidade nuclear.
Pincus conclui que "Pyongyang passou 33 anos enfrentando as armas nucleares dos EUA na sua fronteira com a Coreia do Sul".
Estes antecedentes não são ociosos quando o objectivo central da próxima visita de Trump em Maio a Pyongyang versa a "desnuclearização" da Coreia do Norte, na qual as outras duas superpotências nucleares coincidem, com as quais partilham fronteiras no norte: a China, com 1.352 quilómetros, e aa Rússia, com 18 quilómetros.
Recentemente foi sugerida uma saída airosa para a “desnuclearização” de TODA a península. Com a garantia tripolar dos EUA/Rússia/China, que leve à retirada de todas as tropas estrangeiras sem excepção, em uníssono da NEUTRALIDADE de uma península da Coreia unificada.
Fonte: Sputnik

https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=2053112914716264&id=960198530674380
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avante.25jan2018
O mais curioso, no entanto, são as acrobacias a que certos plumitivos se têm dedicado para tentar explicar o inexplicável, a saber, o facto de Hyon Song-wol, líder do grupo pop feminino Moranbong, ter voltado do mundo dos mortos (e a avaliar pelas fotografias em muito bom estado de conservação) para dirigir a delegação norte-coreana ao Jogos. É o que se pode classificar de autêntico milagre.
É UM SUPONHAMOS
Por Anabela Fino
A decisão da República Popular Democrática da Coreia, vulgo Coreia do Norte, de participar nos próximos Jogos Olímpicos de Inverno, na Coreia do Sul, tem dado azo a peculiares artigos nos órgãos de comunicação social. Desde os motivos que terão presidido à decisão, passando por «ausências a reuniões», tudo tem servido para alimentar «notícias», cujas têm como denominador comum o facto de assentarem em especulações.

O mais curioso, no entanto, são as acrobacias a que certos plumitivos se têm dedicado para tentar explicar o inexplicável, a saber, o facto de Hyon Song-wol, líder do grupo pop feminino Moranbong, ter voltado do mundo dos mortos (e a avaliar pelas fotografias em muito bom estado de conservação) para dirigir a delegação norte-coreana ao Jogos. É o que se pode classificar de autêntico milagre.

Expliquemo-nos. Em meados de 2013, um jornal sul-coreano dava conta de que a cantora, alegadamente ex-amante do dirigente Kim Jon-un, tinha sido «executada por um pelotão de fuzilamento», juntamente com mais onze pessoas. A notícia, que de resto fez manchetes em respeitáveis jornais ocidentais, designadamente norte-americanos, teve um prazo de validade de alguns meses, já que em 2014 a pseudo-ex-amante-pseudo-caída-em-desgraça-pseudo-fuzilada apareceu na televisão viva da silva, embora sem o impacto que teve o seu assassinato. Agora, com os Jogos Olímpicos à porta, o caso mudou de figura. A morta-de-morte-matada está mesmo viva e sob os holofotes internacionais.

O caso, diga-se em abono da verdade, nem sequer é inédito. Os mortos-vivos são mais comuns do que se poderia pensar na Coreia do Norte. Que o diga o ex-chefe do Exército norte-coreano, Ri Yong Gil, executado em Fevereiro de 2016, que uns meses depois voltou do reino dos mortos para assumir novos cargos, só para citar um exemplo.

De quem é a culpa de tamanha desinformação? Desconfiamos que é de Pyongyang, mas é um suponhamos...


https://www.facebook.com/960198530674380/photos/a.960209104006656.1073741828.960198530674380/1956900321004191/?type=3&theater
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que bela notícia!!!
17jan2018
Coreias vão desfilar juntas e têm equipa comum de hóquei no gelo
As duas Coreias acordaram esta quarta-feira desfilar em conjunto na cerimónia de abertura nos Jogos Olímpicos de Inverno de PyeongChang, segundo a agência noticiosa sul-coreana Yonhap. A Coreia do Norte e a Coreia do Sul vão também formar uma única equipa feminina de hóquei no gelo.
Estas decisões foram tomadas pelos responsáveis dos dois países numa reunião de trabalho em Panmunjom, cidade fronteira na zona desmilitarizada, que divide a península coreana, onde foi assinado o cessar fogo.
Antes, o ministro da Unificação sul-coreano já tinha anunciado o acordo para o desfile conjunto, sob "bandeira unificada", acrescentando que as duas Coreias vão consultar o Comité Olímpico Internacional (COI) sobre estes temas.
Na sequência de três encontros em menos de 10 dias, a Coreia do Norte acordou também a presença de 230 'cheerleaders' nos Jogos Olímpicos de Inverno, que vão ser disputados em PyeongChang, na Coreia do Sul, entre 9 a 25 de fevereiro, e de uma delegação nos Jogos Paralímpicos, a realizar entre 9 e 18 de março.
No início desta semana, as delegações tinham chegado a acordo sobre a atuação no Sul de 80 músicos e 60 cantores e bailarinos norte-coreanos, durante os Jogos, para os quais o Norte poderia apresentar um par em patinagem artística, mas falharam o período de confirmação de participação.

http://tribunaexpresso.pt/jogos-olimpicos/2018-01-17-Os-tempos-estao-a-mudar--As-duas-Coreias-vao-desfilar-juntas-e-formar-uma-unica-equipa-de-hoquei-no-gelo-nos-JO
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4dez2017

Coreia do Sul e EUA iniciam exercício militar aéreo conjunto

O exercício "Vigilant Ace", que implica 230 aviões, incluindo os caças furtivos F-22 Raptor e dezenas de milhares de soldados, começou esta manhã e deverá prolongar-se por cinco dias, de acordo com a força aérea sul-coreana.
A Coreia do Norte denunciou já esta operação e acusou a administração do Presidente norte-americano, Donald Trump, de "querer uma guerra nuclear a qualquer preço".
Este tipo de exercícios desencadeiam sempre fortes reações de Pyongyang que os considera como uma preparação para a invasão do seu território. A tensão entre os dois lados da península coreana continua a aumentar e o Norte efetua os seus próprios exercícios militares, incluindo disparos de mísseis.
As manobras militares conjuntas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul foram organizadas cinco dias após o disparo pela Coreia do Norte de um míssil balístico intercontinental (ICBM), que Pyongyang afirmou ser capaz de atingir qualquer parte do território continental norte-americano.
O líder norte-coreano, Kim Jong-un, garantiu que o país se tinha tornado um Estado nuclear, com o ensaio do ICBM Hwasong-15.
Os programas nuclear e balístico da Coreia do Norte registaram grandes avanços desde a chegada de Kim Jong-un ao poder, em dezembro de 2011, apesar das várias sanções impostas ao país pela ONU.
A crise entre o dirigente norte-coreano e Donald Trump, marcada também por insultos mútuos, alimenta os receios de um novo conflito, mais de 60 anos depois da Guerra da Coreia (1950-53).
https://www.rtp.pt/noticias/mundo/coreia-do-sul-e-eua-iniciam-exercicio-militar-aereo-conjunto_n1044212
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12ouTUbro2017
http://www.avante.pt/pt/2289/temas/147102/
Sobre a perigosa tensão na Península da Coreia

DESARMAMENTO A Coreia é uma nação dividida. Desde quando? Porquê? O que impede a sua reunificação? E por que se tornou o espaço em que vive o povo coreano, a Península da Coreia, o perigosíssimo foco de tensão que nos últimos tempos tem sacudido o mundo?
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Não se trata de questões simples. Se o fossem não se teria certamente chegado à situação de agudo confronto a que se chegou deixando para trás um rasto de destruição e de morte dos mais trágicos que a humanidade conheceu.

Mas para lhes responder é necessário romper a densíssima cortina de fumo que caiu sobre a verdade histórica e combater a campanha maniqueísta que sistematicamente diaboliza e caricatura a República Popular Democrática da Coreia e apresenta os EUA e os seus mais próximos aliados na região, a Coreia do Sul e o Japão, como impolutos paladinos do Direito e da Segurança internacional.

A posição do PCP em relação ao problema da Coreia é muito clara.

Afirmando o seu próprio programa e projecto para Portugal e independentemente de diferenças de opinião e divergências, algumas de princípio, incluindo quanto a orientações que em nossa opinião se distanciam de princípios e características de edificação de sociedades socialistas, o PCP sempre expressou ao Partido do Trabalho da Coreia e ao povo coreano (RDP da Coreia e Coreia do Sul) a solidariedade com a sua luta pela reunificação independente e pacífica da sua pátria, contra as ameaças e agressões do imperialismo norte-americano, pela completa retirada das forças armadas dos EUA estacionadas na Coreia do Sul, por uma Península da Coreia livre de armas nucleares.

No seu posicionamento político o PCP nunca confundiu a exigência de solidariedade com os comunistas, outros patriotas e democratas e o povo coreano com qualquer identificação com o sistema social e político norte-coreano de que publicamente se distanciou em várias ocasiões, sendo nomeadamente de recordar a entrevista de Álvaro Cunhal ao Avante! de 01.08.91, depois de uma importante visita ao Extremo Oriente em que se encontrou com Kim Il Sung.

Em qualquer caso a questão que está colocada, e com a maior gravidade e urgência, é a questão da paz na Península da Coreia, o que significa também a questão da paz e da segurança numa vasta área que envolve a China, a Rússia e o Japão, e com implicações em toda a região da Ásia-Pacífico. É esta e não outra a questão central colocada às forças que defendem a paz e a soberania dos povos e dela não nos distrairão nem ataques soezes que visam atacar o bom nome do PCP (envolvendo descaradas mentiras como aconteceu em relação à última Festa do Avante!) nem manobras de diversão que, como certas moções na Assembleia da República com autorias que vão do CDS ao BE, visam credibilizar ou que objectivamente branqueiam as posições agressivas dos EUA, da NATO e da União Europeia.

Bárbara agressão

Na análise da situação criada na Península da Coreia não pode esquecer-se que a Coreia é uma civilização milenária, com uma identidade cultural e nacional próprias, que a partir de 1910 sofreu uma cruel ocupação japonesa que só terminou em 1945, após uma heróica guerra de libertação dirigida pelos comunistas coreanos e a rendição do Japão na II Guerra Mundial, ficando a Península dividida pelo paralelo 38 em duas zonas ocupadas por forças soviéticas e norte-americanas.

Mas aquela que deveria ser uma situação provisória prolongou-se indefinidamente. A URSS retirou as suas tropas em 1947 e no ano seguinte foi fundada a República Popular Democrática da Coreia (em resposta à proclamação unilateral um mês antes da República da Coreia), mas os EUA permaneceram no Sul com uma poderosa força militar apoiando a ditadura fascista de Sygman Rhee, situação que se manteve até hoje. A indiscutível legitimidade do poder no Norte, dirigido pelas forças que derrotaram o colonialismo japonês contrastava com o poder imposto pelos EUA no Sul, situação que conduziu ao desenvolvimento de poderosas lutas populares, por vezes com carácter insurrecional, contra a ditadura e pela saída das tropas estrangeiras.

Foi esta complexa situação que em 25 de Junho de 1950 levou ao deflagrar de um conflito interno que degenerou numa guerra que só terminou em 1953. Acusando a RPDC de «invasão» do Sul e aproveitando a ausência da URSS no Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas (em protesto contra a ocupação do lugar da China na ONU pela ditadura de Chiang Kai-shek da Formosa), os EUA instrumentalizam a ONU para intervir militarmente na Coreia aprovando a resolução 84 do CS. É assim que, sob a bandeira das Nações Unidas, o imperialismo norte-americano conduz a mais destruidora e mortífera guerra de agressão até então vista. Calcula-se que nela morreram mais de quatro milhões de coreanos e perto de um milhão de chineses (mobilizados para impedir a perigosa aproximação dos invasores da fronteira com a China). No Norte, a aviação norte-americana bombardeou sistematicamente cidades, vilas e aldeias, destruiu fábricas, escolas e hospitais, pontes e vias férreas, barragens e culturas agrícolas. Pyongyang foi reduzida a um monte de escombros. O napalm, conhecido apenas no final da II Guerra Mundial, foi na Coreia que conheceu a sua primeira utilização sistemática a preceder os monstruosos crimes que mais tarde foram praticados no Vietname e que encheram o mundo de indignação. Para resistir e sobreviver o povo coreano foi obrigado a organizar a vida quotidiana em abrigos subterrâneos de espantosa dimensão.

Contexto internacional

Tanto crime e devastação resulta incompreensível se não se tiver em consideração a natureza criminosa do imperialismo e o contexto internacional de então. Cinco anos antes os EUA haviam lançado as bombas atómicas sobre Hiroshima e Nagazaki com o objectivo de afirmar a sua hegemonia no mundo. A «guerra fria» estava em marcha, a doutrina da «contenção do comunismo» ia de vento em popa e a Coreia tinha fronteiras com a União Soviética e com a República Popular da China que acabava de nascer em 1 de Outubro de 1949 como fruto da grande revolução chinesa. A NATO tinha sido fundada no ano anterior e o tratado de segurança nipo-norte-americano estava em elaboração ao mesmo tempo que se reforçava a base de Okinawa e outras bases militares norte-americanas no Japão e os EUA apoiavam em força os colonialistas franceses na Indochina na sua inglória luta contra o poderoso movimento patriótico e revolucionário dirigido por Ho Chi-Minh. Na terra do tio Sam a «caça às bruxas» macartista avançava e Ethel e Jules Rosemberg eram cruelmente executados na prisão de Sing Sing em 20 de Junho de 1953.

Não, não se tratou de uma guerra puramente «defensiva» como ainda hoje a comunicação social dominante procura fazer crer. Na Coreia o imperialismo norte-americano aplicava a sua teoria da «contenção do comunismo» e rasgava os caminhos da hegemonia mundial que se propunha percorrer, não hesitando mesmo em brandir a ameaça de repetir a utilização («preventiva» claro) da arma nuclear, um cenário que na guerra da Coreia foi em vários momentos considerado e que só não aconteceu porque a URSS, numa corrida contra o tempo que salvou a Humanidade de uma nova guerra mundial ainda mais terrível do que as anteriores, conseguiu dotar-se da arma atómica em 1949 e da bomba de hidrogénio em 1955 logrando alcançar e assegurar o equilíbrio militar estratégico com os EUA.

Tal como nos passados anos cinquenta, também hoje não é possível isolar as ameaças que pairam sobre a Península da Coreia da luta de classes no plano mundial no contexto do agravamento da crise estrutural do capitalismo e do esforço dos EUA para deter o declínio da sua influência no plano mundial. Não é separável das agressões ao Iraque ou à Líbia, com a destruição daqueles países; do bombardeamento com mísseis sobra a Síria onde, aliás, os Estados Unidos estão a sofrer uma severa derrota; no lançamento da «mãe de todas as bombas» sobre o Afeganistão; do prosseguimento impune da acção criminosa do Estado de Israel nos territórios palestinianos ocupados, país cuja posse da arma atómica não inquieta nada o imperialismo; da corrida aos armamentos nos EUA (o maior orçamento militar de sempre) e na NATO; das ameaças de intervenção militar na Venezuela; do reforço militar dos EUA no Afeganistão e no espalhar de bases militares norte-americanas por todo o mundo.

A tensão na Coreia insere-se na escalada militarista no Pacífico, onde a par de uma presença cada vez maior das esquadras navais dos EUA, que já se atrevem no Mar do Sul da China, se verifica um salto em frente perigosíssimo do militarismo japonês (que rasgando a sua Constituição pacifista já reclama armas nucleares), se animam os «nacionalistas» da Formosa provocando a China, e na Coreia do Sul se procura derrotar quaisquer sentimentos de soberania e de abertura ao diálogo com o Norte e se impõe a instalação de um sistema anti-míssil que justamente inquieta a República Popular da China. E tudo isto, note-se, pretextando sempre que a RPDC constitui uma ameaça à segurança na região. É a estratégia da tensão tão cara ao imperialismo, estratégia que lhe permite abater resistências, avançar posições e fazer os chorudos negócios de armamentos (como na Arábia Saudita e agora na Coreia do Sul e Japão) que o poderoso complexo militar-industrial exige e que ajuda a economia norte-americana a iludir a sua crise estrutural.

O armistício de 1953

Depois de dois anos de arrastadas negociações, durante as quais, sem resultado, os EUA tudo fizeram para ocupar todo o Norte e fazer ajoelhar o povo norte-coreano, foi assinado em 27 de Julho de 1953 em Panmunjong o armistício que pôs finalmente fim às operações militares mas não ao estado técnico de guerra que continuou até hoje perante a recusa dos EUA em assinar um acordo de paz. Norte e Sul ficaram separados por uma zona desmilitarizada de quatro quilómetros ao longo (aproximadamente) do paralelo 38. Mas esta linha de demarcação que deveria ser de diálogo e de paz, foi sistematicamente violada. Multiplicaram-se as acções de propaganda hostil, os voos de espionagem e a violação das águas territoriais norte-coreanas o que levou ao derrube de aviões pelas baterias anti-aéreas norte-coreanas e ao abalroamento de navios de guerra dos EUA. Pretextando a «ameaça do Norte» foi construido, de costa a costa e ladeando a parte Sul da zona desmilitarizada, um muro de que a comunicação social dominante nunca fala. Entretanto no Sul as mobilizações pela reunificação e pela saída das tropas norte-americanas de ocupação nunca cessaram. A insurreição de Gwangju de Maio de 1980 contra a ditadura de Chun Doo-huan, afogada em sangue, ainda hoje é celebrada como símbolo da luta pela democracia na República da Coreia.

O problema da reunificação da Coreia permaneceu durante décadas a reivindicação primeira da RPDC que avançou importantes propostas políticas como a da criação de uma «República Democrática de Koryo» baseada no original princípio de «uma nação, um Estado, dois sistemas, dois governos», antecipando de certo modo a política chinesa de «um país dois sistemas» na base do qual Macau e Hong-Kong se integraram na República Popular da China. A luta pela reunificação da Coreia, pela transformação do armistício em acordo de paz, a saída das tropas estrangeiras do Sul e a transformação da Península da Coreia numa zona desnuclearizada suscitaram um amplo movimento internacional de solidariedade com o povo coreano. Em Portugal, onde até 1995 a RPDC manteve uma embaixada, foi criado um amplamente unitário Comité Português para a Reunificação Pacífica da Coreia de que foi expoente o ex-Presidente da República Marechal Costa Gomes e, entre muitas outras manifestações de solidariedade, teve lugar uma importante Conferência Internacional organizada pelo movimento da paz. A Revolução de Abril cumpriu o seu dever para com o povo coreano.

Preparativos de guerra

A questão do desarmamento nuclear e da transformação da Península em zona livre de armas nucleares ganhou progressivamente uma grande dimensão. Os EUA haviam instalado na Coreia do Sul armas dotadas de ogivas nucleares apontadas à Coreia do Norte, que (oficialmente) só foram retiradas em Dezembro de 1991. A RPDC aderiu voluntariamente ao Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) em 1985 (ao contrário por exemplo de Israel que nunca o assinou). O desenvolvimento do seu programa nuclear para fins pacíficos tornou-se objecto das maiores suspeitas por parte do imperialismo que, de exigência em exigência, chega a ameaçar bombardear a central nuclear de Yongbyong. É neste quadro de tensão, e quando na sequência do desaparecimento da URSS e de grandes desastres naturais que afectaram gravemente a agricultura irrompe uma gravíssima crise alimentar na RPDC, que é assinado a 21 de Outubro de 1994 em Genebra um Protocolo de Intenções entre os EUA e a RPDC que previa a paralisação do seu programa nuclear em troca de centrais de água leve (de modo a garantir uma utilização não militar), ajuda alimentar e 500 000 toneladas de petróleo por ano para compensar a paragem da produção nuclear de energia elétrica. Este acordo não foi cumprido pelos EUA e seus aliados, vindo mais tarde altos responsáveis confessar que o que os norte-americanos tinham em vista era estrangular energeticamente a RPDC.

Este é apenas um exemplo, mas particularmente importante, de laboriosos acordos não cumpridos, de avanços e recuos em múltiplos processos de negociação, envolvendo directamente as duas partes coreanas (em que é de relevar a Declaração conjunta de 15 de Junho de 2000 e a Declaração da Cimeira de 4 de Outubro do mesmo ano que tornaram possível o desenvolvimento de relações humanas e económicas entre o Sul e o Norte, incluindo a criação da zona industrial de Kaesong) ou envolvendo os EUA e a RPDC em promissores processos de desanuviamento como aconteceu com as negociações a Seis (com a China, Rússia, Coreia do Sul e Japão), num intrincado processo em que não é nada fácil discernir as responsabilidades pelo seu rompimento. Acordos e negociações entrecortados por frequentes acidentes militares, perigosas ameaças, picos de tensão muito sérios, e múltiplas sanções contra a RPDC. A RPDC aparece invariavelmente apontada como ameaçadora para a segurança regional e internacional. Quando Georges Bush proclama em 2002 o célebre «eixo do mal», nele inclui além do Iraque e do Irão, também eles inimigos a abater, a RPDC, destruindo de uma penada qualquer ponta de confiança que ainda pudesse haver na palavra dos EUA. E durante muito tempo a Coreia do Norte foi incluída pelos EUA na sua lista de estados «promotores de terrorismo». Outros acontecimentos como as agressões ao Iraque, à Líbia (invadidos depois de destruírem os seus arsenais de armas não convencionais) e à Síria vieram alimentar ainda mais sérias desconfianças em relação às reais intenções dos EUA. É neste contexto que a RPDC abandona o TNP em 2003 e decide dotar-se de um sistema de dissuasão nuclear.

Entretanto um facto bem objectivo persiste: os EUA não só não retiraram as suas tropas da Coreia do Sul como reforçaram a sua presença militar na região e tornaram cada vez maiores e mais ameaçadoras as manobras militares conjuntas com a Coreia do Sul, manobras que constituem efectivos preparativos de guerra, tanto mais que Washington nunca excluiu o uso da força militar, incluindo a arma nuclear, para «prevenir a ameaça» vinda do Norte.

Posição do PCP

É neste complexo enquadramento que a perigosa situação na Península coreana tem de ser considerada. Sem isso não será possível caminhar para a solução política negociada que se impõe. Sem isso, que implica o reconhecimento das responsabilidades históricas do imperialismo norte-americano, não será possível estabelecer o clima de confiança necessário a qualquer processo de negociações, o qual passa necessariamente não apenas pelo fim das ameaças, mas por assegurar à RPDC as garantias de segurança exigíveis e pelo desenvolvimento de medidas para reduzir a tensão e avançar para a necessária solução política.

Em 2 de Setembro a RPDC testou a arma nuclear e afirmou estar em condições de retaliar uma agressão ao seu território por parte dos EUA. Dia 11 o Conselho de Segurança adoptou por unanimidade, com o voto da China e da Federação Russa, mais um duríssimo pacote de sanções com o objectivo de dificultar e levar a RPDC a prescindir dos seus programas nuclear e balístico. A resolução faz referências à necessidade de uma desescalada da tensão e pronuncia-se por uma solução negociada. A Rússia e a China estão particularmente empenhados nela. Mas a ausência da mínima referência às responsabilidades dos EUA e mesmo ao sistema anti-míssil em instalação na Coreia do Sul não augurava nada de bom. Como não augurava a reacção da RPDC ao insistir na retórica de confrontação e ao ensaiar um novo míssil de longo alcance, tendendo assim a alienar aliados e a isolar-se perigosamente da opinião pública internacional e a fornecer ao imperialismo norte-americano pretexto para prosseguir na sua escalada militarista agressiva na região e no mundo. De facto acentuou-se ainda mais a retórica belicista, verificaram-se novas e perigosíssimas movimentações militares, e a exigência de diálogo para uma solução política tornou-se ainda mais premente.

Quanto ao PCP a sua posição é clara: não à proliferação do armamento nuclear, sim a uma Península da Coreia livre de armas nucleares, sim à completa abolição da arma nuclear, não à corrida aos armamentos, sim ao desarmamento geral, simultâneo e controlado, sim a um mundo de coexistência pacífica, de cooperação e de paz. E, simultaneamente, solidariedade com todos os povos que lutam contra as agressões do imperialismo e pela sua libertação e solidariedade com a luta do povo coreano para libertar a sua terra de forças militares estrangeiras e pela reunificação sem ingerências externas da sua pátria milenar.
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deputado António Filipe
do PCP
23jan2014

"A comunicação do regime No léxico comunicacional dominante, o “regime” é um exclusivo dos países que quem manda nos media decidiu hostilizar. A Coreia do Norte tem regime, mas a Coreia do Sul não tem. Na América Latina há um regime e meio. Cuba tem sempre um regime. A Venezuela tem dias: quando se trata de atacar a legitimidade do Governo de Nicolas Maduro, há o regime de Nicolas Maduro. Quando se trata de celebrar acordos comerciais com a Venezuela, já não há regime. No resto das Américas, ainda não há regimes, mas há países que, pelas orientações progressistas que prosseguem, ainda se arriscam a ter regime. Em África, há um sector dos media que elege Angola como um dos poucos países africanos que tem regime. O regime de Eduardo dos Santos. Na CPLP, mais ninguém tem regime. E mesmo Angola, tem dias. O Zimbabwe de Mugabe passou por uns tempos em que tinha regime, mas tem andado esquecido. Deixou de ser uma prioridade mediática e perdeu o regime, até ver. No Médio Oriente, só há dois regimes: o da Síria e o do Irão. Felizmente para o Katar, para o Bahrem, ou para a Arábia Saudita, que aí não há regimes. Como já não há regimes no Iraque ou na Líbia. Aí a situação conheceu uma grande mobilidade. Sadam e Kadafi viveram muitos anos no poder sem ter regime. Mas um belo dia passaram a ter regime e foram apeados pelas armas para que os respectivos países deixassem de ter regime. Hoje já não há regimes nesses países. A China é um caso paradigmático. Quando se trata de noticiar condenáveis casos de corrupção muito semelhantes aos que ocorrem em países onde não há regime, dá-se mesmo um upgrade, e refere-se o regime comunista, em caixa alta e com símbolos coloridos em fundo, mas quando se trata de noticiar a venda da EDP ou dos seguros da Caixa a chineses, o regime subitamente eclipsa-se, e os chineses passam a ser unicamente chineses, ou seja, deixam de ter regime. Na Europa, a Rússia voltou de há uns anos para cá a ter regime. Com o fim da URSS deixou de haver regime, mas como os oligarcas russos decidiram guardar para si os proventos da restauração capitalista, frustrando as expectativas dos oligarcas de outras paragens, voltaram a ter regime. Eles e todos os que se queiram dar bem como eles: Ucrânias, Biolorrússias e seja quem for. A Ucrânia está dividida: há os que lutam pelo regime e os que lutam para não ter regime. Ter ou não ter regime depende muito dos ciclos eleitorais. Já na antiga Jugoslávia, só a Sérvia tem direito a ter regime. E enquanto não reconhecer o Kosovo terá regime. Já o dito Kosovo, pode ser “governado” por traficantes a soldo, mas não tem regime. Entre nós também não há regime. A democracia anda pelas ruas da amargura. O regime democrático definha às mãos da troika, dos governos, dos partidos e dos media que sustentam a criminosa política de empobrecimento e de traição nacional. Lutar por uma alternativa a este estado de coisas é um imperativo democrático e patriótico, ainda que nos arrisquemos a ter regime."
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2014


O que vi quando visitei a Coreia do Norte

Jornalista dos EUA visita a Coreia do Norte e “corrige” 

alguns equívocos que a mídia ocidental propaga sobre

 o país. Confira mitos, verdades e episódios que podem 

surpreendê-lo
exército coreia do norte Pyongyang
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coreia do norte Túmulo do Rei Dongmyeong.
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/05/minha-viagem-coreia-do-norte.html
Marcel Cartier
Tive a oportunidade única de pas­sar vários dias em três partes diferentes da República Popular Democrática da Coreia, mais comumente referida apenas como Coreia do Norte. Aqui estão algu­mas coisas sobre o país que podem sur­preendê-lo.
1. Os americanos não são odiados, mas bem-vindos
O alto nível de consciência de classe dos coreanos faz com que eles não con­fundam o povo estadunidense com o seu governo. Os coreanos não fazem segredo quanto ao seu desprezo pelo imperialis­mo dos EUA, mas se você diz que é um estadunidense, a conversa geralmente gira muito mais em torno de temas cul­turais ou relacionados a esportes do que de política. Na biblioteca The Grand Pe­ople’s Study House, localizada em Pyon­gyang, o CD mais popular é o Greatest Hits, dos Beatles, embora Linkin Park também seja bastante solicitado entre a juventude local. Os jovens parecem fasci­nados pela NBA e sabem muito mais so­bre a liga de basquete e seu campeonato do que apenas sobre o ex-jogador Den­nis Rodman.
2. Fronteira e alfândega
Muitos dos ocidentais que viajaram de Pequim para Pyongyang comigo es­tavam preocupados que o procedimen­to de imigração seria longo e intenso. Todos pareciam muito surpresos que os passaportes foram carimbados, sem perguntas, e que apenas um punhado de passageiros teve alguns itens de su­as malas olhados.
Antes de viajar, é al­tamente recomendável por empresas de turismo que as pessoas não tragam qualquer livro sobre a Guerra da Coreia ou itens que estampem bandeiras dos Estados Unidos. Este pode ser um con­selho sólido, mas a imigração realmente não parece muito preocupada com o que é trazido para o país.
3. Pyongyang é bonita, limpa e colorida
Provavelmente uma das cidades mais lindas do mundo, Pyongyang está incrivel­mente bem conservada. Considerando­-se que toda a cidade foi bombardeada pelas forças dos EUA na Guerra da Co­reia (que eles chamam de Guerra de Li­bertação Pátria) e que apenas dois edi­fícios permaneceram em pé em 1953, é uma realização impressionante. As es­tátuas e grandes edifícios são inspira­dores, assim como são os grandes espa­ços verdes, onde você pode ver as pesso­as relaxando. Há muitos novos prédios surgindo em toda a cidade, mas mesmo os que são evidentemente mais antigos são bem mantidos. Costuma-se dizer que Pyongyang durante a noite é escura, e embora possa ser comparada a uma ci­dade ocidental, ela tem belas luzes que iluminam muito o centro da cidade.
4. Cabelo a la Kim Jong-Un
Quando eu estava a caminho do aero­porto para o centro da cidade, vi apenas um homem usando o “corte de cabelo a la Kim”, que, aliás, não me pareceu na­da bom. Os rumores quanto à obrigato­riedade de todos os homens da Coreia do Norte em idade universitária terem de usar o mesmo corte do líder norte-core­ano surgiram após a BBC e a Time vei­cularem a história de um tabloide sul-co­reano. Essa história não só não é verda­de, assim como também não é a alegação de que os homens no país só teriam um número seleto de cortes para escolher na barbearia, sancionado pelo Estado.
5. Norte-coreanos sorriem muito
A pergunta que você deve estar se per­guntando é: “Mas eles não sorriem por­que são forçados a isso?”. Isso seria um grande feito se para todos os risos genu­ínos que eu compartilhei com os corea­nos, eles estiverem apenas rindo “para inglês ver”.
6. Ideologia monolítica não significa personalidade monolítica
Este é um bom lembrete quanto ao fato de individualismo e individualidade não serem a mesma coisa. Na realidade, ob­servando as pessoas interagirem umas com as outras me deu a impressão que a diversidade de tipos de personalidade é tão forte quanto o é no “liberado” Oci­dente. As pessoas têm uma divergência de interesses, desde esportes à cultura, e são livres para escolher o que eles gostam e desgostam.
7. As pessoas se vestem incrivelmente bem no país todo
Até mesmo no campo, os coreanos se vestem de maneira muito digna. Não houve um só lugar que viajei onde as pes­soas parecessem malvestidas ou vestindo roupas que parecessem ser velhas. Ho­mens e mulheres também não vestem o mesmo estilo de roupa, como somos con­dicionados a pensar. É comum ver mu­lheres usando roupas bem brilhantes, in­cluindo ternos e vestidos tradicionais co­reanos de cor pink. Os homens usam gra­vata, camisas de cola e ternos, mas tam­bém não é incomum vê-los em roupas mais casuais, como moletons, dependen­do da ocasião.
8. As crianças começam a aprender inglês aos 7 anos
O domínio da língua inglesa, particu­larmente pela geração mais nova, im­pressiona. Nas décadas anteriores, a época de aprender inglês era no cole­gial. Mas isso foi mudado para a tercei­ra série do ginásio agora. Embora muitas crianças sejam tímidas (no final das con­tas, elas não veem muitos estrangeiros), muitas delas apertaram minhas mãos e até mesmo trocaram poucas palavras em inglês comigo. Entre as línguas popula­res estudadas no colegial estão o chinês e o alemão.
9. O turismo será incentivado num futuro próximo
Um dos aspectos da economia que se­rão priorizados no futuro parece ser o tu­rismo. No momento, todo o aeroporto de Pyongyang está em obras – e sendo ex­pandido. Os coreanos estão dispostos a se abrir para o mundo, mas também es­tão certos de fazerem isso de maneira di­ferente da dos chineses (após ter estado em Pequim e visto a onipotência de al­guns dos piores aspectos da cultural oci­dental, isso os dá toda a razão para te­rem cuidado a esse respeito). A compa­nhia Air Koryo, a qual foi concedida ape­nas 1-estrela pela companhia SkyTrax, na realidade, foi muito melhor em ter­mos de serviço e conforto do que ao me­nos um dúzia de outras companhias aé­reas que já voei. Eles têm uma nova fro­ta de aviões russos que voam entre Pyon­gyang e Pequim, proveem entretenimen­to a bordo ao longo de toda a viagem (o desenho para crianças Clever Raccoon Dog é hilário) e servem um “hambúr­guer” (que não é muito bom, mas comí­vel) e uma variedade de bebidas (café, chá, cerveja e suco). Toda a experiência valeria no mínimo 3 estrelas se tivésse­mos que avaliá-la para valer.
10. Coreanos estão dispostos a falar sobre seu país de maneira aberta
As pessoas estão bem abertas para fa­lar a respeito dos problemas que o país enfrenta e não se furtam em discutir al­guns dos mais difíceis aspectos da vida. Por exemplo, eles falam sobre a “Marcha Árdua” (pense no “Período Especial” em Cuba) quando seca, fome e enchentes so­madas à perda da maioria dos parceiros comerciais do país causaram grandes re­trocessos ao país que até os anos de 1980 tinha uma qualidade de vida mais alta do que a da sua vizinha Coreia do Sul. Eles também discutem as narrativas em rela­ção à Guerra da Coreia e estão dispostos a um melhor relacionamento com a Co­reia do Sul na esperança que aconteça a reunificação. Entretanto, também são bem firmes quanto ao fato de que nunca irão renunciar seus princípios socialistas para facilitar essa reunificação.
11. Cerveja e microcervejarias
Quase todos os distritos do país agora têm uma cervejaria local que provê cer­veja para os arredores. Há uma varieda­de de diferentes tipos que são bebidas por todo o país e a maioria das refeições são servidas com uma pequena quantidade de cerveja. No Kim Il Sung Stadium, on­de a maratona de Pyongyang começou e terminou não era incomum ver locais be­bendo cerveja enquanto observavam as partidas-exibição entre os times de fute­bol do país. Pense no estádio dos Yanke­es, sem a agressividade do público.
12. Tabloides
Havia ao menos 100 estaduniden­ses ao mesmo tempo que eu em Pyon­gyang, em grande parte devido aos cor­redores amadores estrangeiros que tive­ram a permissão de competir pela pri­meira vez na maratona. Um casal disse ser esta sua segunda visita ao país, após o terem visitado no ano passado. Eles mencionaram como estavam um pou­co asssustados quando vieram pela pri­meira vez porque isso foi bem depois de uma história que tinha ganhado as man­chetes sobre Kim Jong – um ter mata­do sua namorada e outras pessoas por terem aparecido em uma fita pornô. O casal falou de como eles entraram em uma ópera em Pyongyang e assim que sentaram perceberam que a mesma mu­lher que devia estar morta estava sen­tada bem na frente deles. De fato, uma walking dead. Outras histórias recentes que saíram na mídia ocidental via tab­lóides sul-coreanos em relação a execu­ções em massa em estádios ou ao tio de Kim Jong – um ter servido de alimen­to para um bando de cachorros famin­tos também são ditas como sem senti­do por ocidentais que viajam frequente­mente para lá e conhecem bem a situa­ção do país. Isto não é para nada dizer sobre a existência de campos de reedu­cação política ou prisões, mas para fa­lar sobre uma campanha de demoniza­ção contra o país que o distorce comple­tamente e que não ajuda em nada o po­vo coreano
13. Os coreanos não hesitaram em fazer com que você se divirta com eles
Aconteceu uma série de eventos orga­nizados em Pyongyang por ocasião do aniversário de Kim Il Sung, que é um fe­riado nacional quando as pessoas ficam dois dias sem trabalhar. Alguns foram or­ganizados publicamente, como as mass dances, em que centenas de pessoas dan­çam em grandes praças ao som de mú­sicas populares coreanas. Outros even­tos envolveram famílias no parque fazen­do piquenique enquanto crianças com­pravam sorvete e vovós bêbadas dança­vam de forma hilária porque tinham tido muito soju caseiro. Mas, como em qual­quer outro Estado autoritário, você tem que participar! Intimidar-se não é uma opção, já que eles vão te puxar pelo bra­ço e te ensinar a dançar todos os passos mesmo que eles próprios não os estejam fazendo de maneira correta.
Em resumo, eu achei os coreanos do Norte uns dos mais acolhedores e mais autênticos seres humanos que já tive a chance de interagir. Seria tolo referir-se ao país como um “paraíso dos trabalha­dores” devido à profundidade de pro­blemas que enfrenta. Como em todas as sociedades, existem aspectos positi­vos e negativos. Entretanto, consideran­do que eles têm superado séculos de do­minação imperial, a perca de quase um quarto de sua população na Guerra da Coreia e continuam a manter seu siste­ma social diante de um continuado esta­do de guerra, eles têm se dado tremen­damente bem. Os sucessos em educa­ção gratuita por meio da Universidade, a não existência de sem-teto e um po­vo orgulhoso e digno deveriam ser apre­sentados no sentido de se ganhar uma imagem do país mais completa e com mais nuances.
Tenho de dizer que a Coreia do Norte pintada pela mídia ocidental na verdade fala mais sobre a eficiência de nosso aparato de propaganda e de téc­nicas de lavagem cerebral do que do de­les. O fato que eu até tenho que escrever sobre as coisas surpreendentes que tes­temunhei é a evidência da séria falta de compreensão que temos sobre o país. Os problemas enfrentados pela Coreia nun­ca são contextualizados como deveriam ser – como uma nação oprimida com o objetivo de libertar-se da servidão das grandes potências que têm a intenção de devorar cada Estado restante livre de uma unipolaridade que morre.
Ah, e eu quase estava esquecendo so­bre as armas nucleares! Bem, vamos considerar se os militares norte-core­anos estivessem realizando exercícios militares anualmente ao largo da cos­ta de Nova Iorque, simulando o bom­bardeio de Manhattan e a ocupação da totalidade do país, o qual já controla a metade ocidental.
Não seria sensato dado o contexto pa­ra os estadunidenses desenvolverem um arsenal nuclear? Os coreanos não são fa­mintos por guerra ou até mesmo “obce­cados” com o exército ou forças militares. No entanto, dado a forma como a situa­ção na Líbia foi jogada, eles ainda estão mais convencidos – com razão – de que a única razão pela qual o seu Estado inde­pendente continua a existir é devido ao Songun (a política “militares em primei­ro lugar”) e a existência de capacidades nucleares. Para ter certeza, eles não têm a intenção de usá-lo a menos que os colo­quem na posição de ter de fazê-lo.
É meu desejo sincero que exista um continuado intercâmbio cultural e inter­pessoal no futuro próximo entre as pes­soas da Coreia do Norte e os países oci­dentais. Praticamente todas as pessoas que viajaram comigo de volta a Pequim estavam em êxtase de quão diferente sua experiência foi, comparado ao que eles esperavam. Eles – como eu – ganharam muito com a experiência humanizado­ra de interagir com os coreanos. Embora os ocidentais sejam relativamente livres para viajar muito mais do que os cida­dãos da Coreia do Norte, é irônico como os coreanos aparentemente sabem muito mais sobre nós do que nós sabemos so­bre eles. Isso terá que mudar nos próxi­mos anos.
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4jan1951
Seul foi capturada por forças chinesas e norte-coreanas...
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Desde 1977 que não tenho muita consideração pela Coreia do Norte quando vi uma exposição em Maputo..." os sapatos do grande leader Kim il sung quando discursou..."
Mas poucos sabem a história da Guerra das Coreias
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Via avante
26ag2010
http://www.avante.pt/pt/1917/temas/110177/
Nos 60 anos do início da guerra da Coreia
Notas sobre a continuada agressão imperialista
Cumpriu-se no passado dia 25 de Junho o sexagésimo aniversário do início da guerra na península coreana. A campanha em curso contra a República Popular Democrática da Coreia e o perigo de um novo conflito de consequências imprevisíveis na região obrigam a revisitar alguns factos da história do território, que nos últimos 60 anos tem sido alvo de permanentes agressões imperialistas.


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Num artigo recentemente publicado no sítio do Partido Comunista do Brasil, o historiador e secretário-geral da Fundação Maurício Grabóis, Augusto Bonicore, recorda os momentos fundamentais do início da contenda na península coreana, marcado, à nascença, pela ingerência imperialista.
A guerra da Coreia foi o primeiro conflito armado entre os campos socialista e imperialista no rescaldo da Segunda Grande Guerra Mundial e fez parte da reacção das principais potências capitalistas à vaga emancipadora dos povos que, após a derrota do nazi-fascismo, alastrava pelo globo. Nela foram usados os métodos mais bárbaros, mas, não obstante, o imperialismo norte-americano acabou por sofrer a sua primeira derrota militar. O desaire é até aos dias de hoje uma espinha cravada na garganta do imperialismo mundial.
Como se observa no texto disponível emwww.vermelho.org.br, meses antes dos EUA desencadearem a agressão contra a Coreia, a Longa Marcha liderada por Mao Tsé-Tung havia triunfado e a nova China socialista consolidava laços com a URSS e com as jovens democracias populares que se afirmavam no Leste da Europa. Nos continentes africano e asiático outros focos de luta anticolonial emergiam.
Por outro lado, depois dos crimes cometidos em Hiroshima e Nagasaki (os quais mostraram ao mundo a existência de um novo perigo – a detenção por parte do imperialismo de uma arma de destruição massiva com um incomparável poder destruidor face às predecessoras), a União Soviética acelerou a procura da paridade nuclear com os EUA, alcançando, posteriormente, o objectivo de conter a agressividade imperialista. Nunca é demais lembrar que somente os EUA já fizeram uso da bomba atómica.

Da guerra mundial à guerra na península


É pois neste contexto adverso ao imperialismo que ocorre a guerra da Coreia, território libertado pelos comunistas coreanos, liderados por Kim Il-sung, após mais de quatro décadas de ocupação japonesa. A expulsão dos imperialistas nipónicos foi o culminar de um longo processo de resistência que levou à capitulação do Japão às mãos da coligação antifascista, em 1945.

Com o fim da Segunda Grande Guerra Mundial, a península coreana foi, tal como a Alemanha, dividida em áreas supervisionadas: a Norte os soviéticos e a Sul os norte-americanos. A separação era, no entanto, uma solução provisória, pois cedo ficou acordada a unificação do território entre as forças vitoriosas do grande conflito mundial.
Porém, em Agosto de 1948, Washington promove a Sul do paralelo 38 a eleição de um governo imbuído de um anticomunismo primário e afecto aos seus interesses geoestratégicos, iniciando uma série de violações ao acordo com Moscovo e as forças progressistas norte-coreanas. EUA e URSS abandonam a península, mas a partir do Sul, desencadeiam-se constantes provocações visando promover uma campanha militar contra o projecto socialista do Norte e o restabelecimento da integridade territorial.
O conflito acabou por eclodir. Porém, em poucos dias, o exército norte-coreano logrou derrotar as forças comandadas pelo títere sul-coreano Synghmam Rhee. Seul foi rapidamente conquistada e a pretendida unificação do território era uma realidade tangível.
Atentos e dispostos a não ceder um palmo ao socialismo, às forças progressistas e ao poderoso e revigorado avanço do movimento operário mundial, os EUA não deixaram que a contenda se mantivesse entre o povo coreano. Intervieram abertamente. Primeiro usando a ONU para condenar a campanha unificadora da Coreia do Norte, depois avançando para o terreno. A presença militar foi travestida de «força» com mandato internacional, prática que, aliás, fez escola até aos dias de hoje. Dezena e meia de nações faziam parte da coligação interveniente, mas eram os EUA quem ditava ordens e eram também as forças armadas norte-americanas o grosso da coluna ocupante.
Mas o exército norte-coreano era uma força treinada em duras batalhas pela liberdade e a soberania da península, uma aspiração enraizada nas gerações que lutaram pela libertação do território do jugo colonial. Imprevisivelmente o general Douglas MacArthur (que acumulara prestígio com a vitória sobre o Japão no Pacífico) e as tropas que comandava foram rechaçadas. Era preciso usar mais e mais poderosos meios. Assim, a Casa Branca fez deslocar para a península um contingente aéreo só comparável ao usado anos antes contra a Alemanha nazi. Cidades, vilas e aldeias da Coreia eram diariamente fustigadas com bombardeamentos. Toneladas de napalm arrasaram quase todo o território.
No final da agressão imperialista contra a RPD da Coreia, em 1953, restavam dois edifícios de pé em Pyongyang. A capital da actual República Popular Democrática da Coreia, tal como dezenas de outras cidades, teve que ser totalmente reconstruída. Só quem ignora este facto pode, no quadro da campanha ideológica que desde então decorre sem pausa, insistir, por exemplo, que os «monótonos edifícios» de Pyongyuang e as suas largas avenidas foram construídos com o fim de apurar o controlo social e a manutenção da «ditadura comunista».

Crime sem perdão


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Armas químicas e bacteriológicas foram usadas pelos norte-americanos em larga escala durante a agressão. Ao contrário dos EUA, a URSS absteve-se de entrar directamente no conflito inter-coreano. Foram os norte-americanos que repetidamente espezinharam os acordos que determinavam a unificação do território.
Acresce que as forças reaccionárias sul-coreanas e os EUA violavam permanentemente os acordos de Genebra, deixando claro que o ventre que havia parido a besta nazi-fascista era ainda fértil para dar à luz novas hordas criminosas. Em face disto, desenvolveu-se uma intensa campanha mundial contra a ingerência imperialista na península coreana.
No campo militar, os EUA avançaram sobre Pyongyang, visando calar pela força das armas o movimento unificador que resistia sob a bandeira do socialismo, mas a China revolucionária sentiu o bafo do imperialismo e reagiu. Um exército de voluntários foi constituído e enviado para lutar ao lado do exército popular coreano. A acção da China revolucionária foi determinante, uma vez que as tropas invasoras norte-americanas voltaram a ser rechaçadas para o extremo Sul da península.
MacArthur encontrava-se derrotado e a solução que propunha era o bombardeamento massivo do território chinês, admitindo, inclusive, o uso de armas atómicas. O conflito regional estava prestes a desencadear um novo conflito mundial, observa Augusto Bonicore no artigo difundido pelovermelho.org.br.
Países como o Reino Unido ficaram alarmados com tal possibilidade, nota ainda o historiador brasileiro. «Grandes manifestações foram realizadas em todas as partes do mundo pela paz na Coreia e contra utilização das armas atómicas. Por fim, o próprio presidente Truman não endossou as propostas temerárias do aventureiro MacArthur e destituiu-o do comando das operações», lembra a este propósito.
A hipótese de um ataque nuclear contra a RPD da Coreia não deixou nunca de ser admitida entre os círculos dirigentes norte-americanos. São frequentes nos tempos que correm as notícias sobre a possibilidade do Pentágono desencadear um «ataque nuclear preventivo» contra a Coreia do Norte.
Já nas décadas de 60 e 70 do século passado, as administrações norte-americanas haviam ponderado tal cenário. Revelou recentemente o jornal El País que o chamado plano «Freedom Drop» foi avaliado por Richard Nixon e pelo então secretário da Defesa, Melvin Laird, responsável que terá mesmo calculado as vítimas norte-coreanas resultantes desse ataque entre «uma centena e alguns milhares».

Armistício sem paz


A actual situação de armistício entre as duas coreias sem a assinatura de um tratado de paz que terminasse, definitivamente, com a guerra iniciada em 1950, acabou por resultar do impasse militar. Reforçados pelo contingente chinês, o exército popular coreano conseguiu, em 1953, manter as forças imperialistas no paralelo 38. Ninguém era capaz de fazer retroceder o inimigo e, assim, iniciam-se as negociações de paz.

Em Julho de 1953 é assinado o armistício, mas a paz nunca chegou e até agora subsiste um clima de tensão latente favorável aos objectivos do imperialismo.

Números de uma guerra com seis décadas


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Num artigo publicado na edição electrónica do Tribuna Popular, órgão central do Partido Comunista da Venezuela, é possível encontrar dados valiosos que nos permitem não apenas aquilatar a intensidade da guerra movida pelo imperialismo contra a RPD da Coreia durante os últimos 60 anos, mas também compreender melhor porque é que o governo de Pyongyang e o povo norte-coreano mantêm as mais sérias reservas em relação aos EUA, considerando aquele país o seu mais acérrimo inimigo.
O documento divulgado no passado dia 24 de Julho pela Agência Telegráfica Central norte-coreana (ATC) sublinha que «os imperialistas yankees cometeram matanças, destruíram, saquearam e praticaram outros crimes de guerra bárbaros e antiéticos sem precedentes na história mundial das guerras, provocando ao povo coreano tremendos sofrimentos».
Prova disso são os factos e os dados enunciados, dos quais destacamos:

  • A política de embargo e ostracização internacional visando derrubar o regime coreano, violando flagrantemente a Carta da ONU e reconhecidas normas do Direito Internacional. Em termos económicos, os prejuízos ascendem a 65 biliões de dólares nos últimos 60 anos, diz o Comité de Averiguação dos danos causados pelos EUA que se socorre do método internacionalmente reconhecido para efectuar estes cálculos.
  • As inúmeras perdas políticas (atentados contra a dignidade e soberania da RPDC e do seu povo), morais (constante pressão psicológica) e culturais (a destruição de lugares, património e vestígios de interesse histórico durante a guerra) são incalculáveis em dinheiro. «Em particular, não se pode reparar as perdas sofridas pelo povo coreano devido à ocupação ilegal do seu território e em virtude do impedimento da reunificação da Coreia», dizem.
  • Os crimes de extermínio da nação coreana, iniciados antes do desencadear da guerra, nomeadamente o assassinato e sequestro de mais de 13 900 pessoas. Os selváticos genocídios levados a cabo durante a guerra coreana deixaram lastro. Durante três anos do conflito, mais de 1 230 000 civis perderam a vida.
  • O uso de armas químicas e bacteriológicas, meios de extermínio proibidos pelas convenções internacionais, difundiram pelo país pragas e doenças. A título de exemplo, só nos três primeiros meses de 1952 a aviação norte-americana atingiu com este tipo de armas mais de 400 localidades da Coreia Popular em cerca de 700 missões aéreas. Mais de 50 000 pessoas morreram com peste, cólera, hemorragia epidémica, varíola ou em resultado das bombas de gases tóxicos nesse período, acrescentam.
  • Sem respeito pelas normas internacionais sobre a matéria, os EUA trataram de forma desumana os prisioneiros de guerra e usaram mesmo alguns como cobaias. 
    Mais de 2 463 000 soldados ficaram feridos e destes quase 295 000 resultaram inválidos para o trabalho.
  • Já depois de terem assinado o armistício, em 1953, os EUA mantiveram a política de ingerência, provocação, «ataque militar, assalto, terrorismo e sabotagem da RPDC», diz o mesmo documento da Agência Telegráfica norte-coreana, causando a morte ou ferimentos graves a quase 25 000 pessoas ao longo de mais de meio século. Um dos exemplos é a responsabilidade da CIA no atentado ao avião daCubanair, em 1976, no qual morreram 73 pessoas. Entre estas encontravam-se funcionários norte-coreanos. As estatísticas mostram igualmente que os actos terroristas e de sabotagem após a assinatura do cessar fogo provocaram a perda de mais de 3000 fábricas, empresas e casas, destruíram milhares de hectares de terra fértil e floresta, e eliminaram milhares de cabeças de gado.
  • O total dos sequestrados ascende a 912 000 indivíduos e outros quase 400 000 encontram-se desaparecidos. É incalculável o total de pessoas cujos direitos foram espezinhados e o número de mulheres violadas ou usadas como escravas sexuais durante os períodos de ocupação territorial dos EUA no decurso da guerra.
  • É elementar e um princípio sadio para a paz que os culpados peçam desculpa pelos crimes cometidos e compensem as vítimas. Os EUA nunca pediram desculpa pelos crimes cometidos na Coreia, os quais, se considerarmos o tamanho do território e a sua população, podem ser equiparados aos mais horrendos crimes cometidos contra a humanidade, frisa ainda a ATC.
  • Durante a guerra, 78 cidades foram pura e simplesmente riscadas do mapa. Quase 60 000 edifícios fabris e estruturas produtivas foram arrasadas pelo napalm e outras bombas, bem como 28 500 escolas, mais de 4500 edifícios de saúde pública, 579 edifícios de investigação científica, cerca de 8000 edifícios de imprensa e cultura, mais de 2 000 000 de casas e quase 7500 edifícios religiosos. No total foram destruídos completa ou parcialmente 2 milhões 416 mil 407 edifícios, calcula-se no relatório da ACT. Quase todos os bens pessoais da população coreana desapareceram nos escombros.
  • Quase 5000 quilómetros de ferrovia ficaram danificados, ao que se somam outros tantos quilómetros de estradas e 1109 quilómetros de pontes, 1489 locomotivas, quase 5000 camiões e mais de 6000 barcos de pesca e transporte de carga. O grau de destruição da Coreia foi tal durante os três anos de guerra que os próprios norte-americanos admitiam que a sua reconstrução demoraria um século, lembra o supracitado documento, o que atesta, destaca-se também, que o conflito promovido pelos imperialistas foi dos mais bárbaros da história da humanidade.
  • Entre a expulsão dos ocupantes japoneses e o início da guerra com os EUA, o Norte da península coreana forneceu o Sul de electricidade e água potável. Se bem que os norte-americanos e as autoridades a seu mando cobrassem grossas tarifas e impostos, os norte-coreanos ainda esperam que a dívida pelo prestação daqueles serviços seja saldada.
  • Os prejuízos ambientais e nos recursos naturais são, igualmente, arrolados no relatório. Estima-se que a pulverização com desfolhante na zona desmilitarizada após a guerra tenha causado perdas agrícolas na ordem dos 4500 milhões de dólares. No total, ao longo de décadas o governo da RPDC gastou 505 356 000 de dólares na descontaminação do meio ambiente e no combate às pragas disseminadas pelos aviões norte-americanos.
  • A manutenção dos exercícios militares e de um clima belicoso obriga a Coreia do Norte a gastar milhões. A permanente ameaça de guerra leva a gastos astronómicos no aparelho militar, somas que podiam ser canalizadas para o «desenvolvimento planificado e equilibrado da economia nacional», diz a fonte citada pelo Tribuna Popular. Só os exercícios civis na Coreia do Norte já consumiram 2 380 186 000 de dólares, notam.
  • Depois do recuo temporário das forças socialistas, no início dos anos 90, e já no dobrar do novo milénio, os EUA usam todos os meios – bloqueio e perseguição das transacções comerciais e financeiras, assaltos piratas a barcos da RPDC e confiscação dos seus bens, para asfixiar economicamente a Coreia do Norte. Só contando com as manobras publicamente conhecidas, as perdas neste particular elevam-se a quase 14 biliões de dólares, acrescenta a ATC.

* Com informações publicadas em www.vermelho.org.br ewww.tribuna-popular.org
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Via avante 2014...sobre os 25 anos da queda do muro de berlim
http://www.avante.pt/pt/2136/internacional/132905/
(....) 4.
É necessário desmascarar a hipocrisia daqueles que, clamando contra o muro erguido em Berlim pelas autoridades da RDA, têm construído e continuam a construir barreiras do mais variado tipo (sociais, raciais, religiosas e outras) por esse mundo fora, incluindo muros físicos, intransponíveis de que o exemplo mais brutal é o muro erguido por Israel para cercar e aprisionar o povo palestiniano na sua própria pátria, a que se juntam os muros erguidos pela Coreia do Sul na Península da Coreia dividida, por Marrocos contra a luta libertadora do povo sahauri, pelos EUA na fronteira com o México e outros.
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25 de Junho de 1950: Início da Guerra da Coreia

Guerra travada, entre 1950 e 1953, entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul. Tratou-se, no fundo, de um confronto indirecto entre as grandes potências que dominavam a cena política internacional durante a chamada Guerra Fria. A Coreia do Norte, liderada por Kim Il-Sung, tentou submeter a Coreia do Sul, pró-ocidental, ao seu regime socialista de partido único.Em 1950, a Coreia do Norte, com o apoio da União Soviética, planeou e executou o ataque. No dia 25 de Junho de 1950, alegando uma suposta transgressão do Paralelo 38º, o exército da Coréia do Norte invade o Sul.


Reunido de emergência o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, foi aprovada uma resolução (devido à abstenção da URSS e à falta de comparência da China) que condenava a Coreia do Norte como agressora. No dia 27 de Junho de 1950, o presidente norte-americano Harry Truman decidiu declarar guerra à Coreia do Norte, ordenando que fosse prestada assistência militar à Coreia do Sul (sem pedir autorização ao Congresso) em nome das Nações Unidas. 

Ao lado da Coreia do Norte estiveram as forças da China.Estima-se que tenham perdido a vida no conflito cerca de 3 milhões de pessoas. Deu-se também a fuga de muitos milhares de cidadãos coreanos, que se tornaram refugiados noutros países. A Coreia do Norte ficou completamente destruída pelas bombas norte-americanas e a Coreia do Sul ficou com o seu aparelho produtivo gravemente danificado. O armistício teve lugar em 1953, dando-se então o reconhecimento das fronteiras entre as duas Coreias, seguido do repatriamento dos prisioneiros.
Fontes: Guerra da Coreia. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. 
www.infoescola.com wikipedia (Imagens)


A group of soldiers readying a large gun in some brush

Ficheiro:Anti-Trusteeship Campaign.jpg
Cidadãos sul-coreanos protestando contra a ocupação das Coreias por potências estrangeiras, em 
Dezembro de 1945
 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2018/06/25-de-junho-de-1950-inicio-da-guerra-da.html
 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/06/25-de-junho-de-1950-inicio-da-guerra-da.html?spref=fb&fbclid=IwAR3GqYCTyqjCSjppGIgW7pMBKYuHXBYs3oP_9Mgb5LPxpF5VwvL6-7p4AKk
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3mar2014
Aqui está a declaração de voto!!!
É mesmo contra a corrente!!!


Declaração de Grupo Parlamentar

Declaração de voto do PCP sobre a Coreia do Norte



Nenhum partido em Portugal pagou como o PCP tão elevado preço pela defesa da liberdade, da democracia e dos direitos humanos. Muitos comunistas portugueses pagaram com a própria vida a defesa desses valores.
É esse projeto de liberdade, democracia, justiça e progresso social que há 93 anos defendemos que nos vincula e que nos distancia de opções e orientações da República Popular Democrática da Coreia.
Reafirmamos o nosso compromisso com a defesa dos direitos humanos, dos direitos dos povos e da paz onde quer que sejam postos em causa, ao mesmo tempo que denunciamos os processos de escalada de confronto e desestabilização da região da Península da Coreia visando impedir uma solução política para a sua reunificação.
O voto que hoje aqui é apresentado por PS, PSD e CDS baseia-se num relatório que ainda não foi apresentado às Nações Unidas mas já teve a sua credibilidade internacionalmente posta em causa quanto à metodologia e conclusões.
Trata-se de um relatório elaborado, nomeadamente, a partir de quatro audições realizadas em Seoul, Tóquio, Londres e Washington que se insere na campanha de permanente tensão e conflito com vista à desestabilização da Península Coreana e à justificação da presença militar norte-americana nesta região.
E a propósito de relatórios, tantas vezes propaganda de guerra, sempre é bom lembrar os relatórios sobre a suposta existência de armas de destruição massiva no Iraque e ao que conduziram.
Por estas razões, o PCP distancia-se deste voto.
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