2020
III.CCXCVII-AVÔ
A importância da pele
do nu
do nuzinhos
A importância do toque terno
meigão
A importância do beijo
do beijinho
A importância do encaixar entre o ombro, pescoço/orelha/nuca
do joelho, do tornozelo, do pé, dos dedos
do infinito que é o teu corpo
das curvas
A importância do penetrar em ti
lentamente
do ir ao fundo
e estar na abertura
e no teu farol do prazer
A importância de estar teso, com imensa tesão
quando me anunciaram, várias vezes, que pelos medicamentos iria estar impotente
A importância da ternura
do pupilar do sussurrar
***
2018
UM+297avÔ
que bom poder gritar
1 vivaaaaaaaaaaaa à vidaaaaaaaaa
que bom poder apreciar
a tua beleza
que é o teu SER
que bom é corAGIR
com inteiro viVERdade
que bom é quase nunca
chorar
verTER lágRIMAS
que bom é ter quase SEMpre
soRRisos
boa disposição
que bom é ter tantos
momentos de terNUra
e êxtase
***
2017
297.avÔ
Como eu gosto de apreciar as curvas do teu corpo...
Como eu gosto de ir ao porMAIOR + pequeRRuchinho do teu SER...
Como eu gosto de atirar-me a ti na perpendicular, ou pela frente, ou por trás, de lado ou de qualquer outra maneira que experimentei delícias...
Como eu gosto de parar n1 poro e aí ser infinito contigo.
Como eu gosto de estar 5h5'5" ou n1 rapidinha, na terNUra e no sexo espantoso que praticamos mesmo com as nossas altas idades.
Como eu gosto de ser raptado por ti e viajar pelo mundo, à volta dos astros e perder-me nas constelAÇÕES, para depois, noutro milénio, regressar ao meu cantinho, à minha cELA...
Como eu gosto de nAVEgar e ir bem longe, mui distante, ao longínquo a que poucos lá chegam, mesmo estando, apenas, no meu quarto...
Como eu gosto de todas as estAÇÕES e sei viver em cada tempo, no nevar, no choVER, no enSOLarar, nos dias cinzentos ou nos azuis...
Como eu gosto de partIR na minha nave espacial e ir pelo teu buraco rosa.
Como eu gosto de viver a minha estória, como eu gosto de viVER, apesar das imensas desgraças que me rodeiam.
Como eu gosto deste instante que é a minha vida neste TEMPO sem fim.
***
2018
9.30' estacionamento junto ao mercado municipal
Cipriano Simão faz
Caminhada urbana Alcobaça
com os caminheiros das Caldashttps://www.facebook.com/events/861813463990139/
*
16h...conCERto dos 134 anos da SFMAIORguense
comentei asSIM no face: 16.55.55”...134...aniversáRIO e tributo... com muitos músicos...váRIOS maestros...sfMAIORguense...d’ Alcobaça que vos abRRaça...Presidente da direcção Olga Gomes...maestro Renato Tomás...actuação especial do Pianista turquelense Joel Vicente...21 anos!!!

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10213618996900684&set=pcb.10213618997540700&type=3&theater

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10213618996780681&set=pcb.10213618997540700&type=3&theater


António Matias: "Grande dia de convívio na Sociedade Filarmónica de Maiorga o seus 134 anos reuniu em Palco o Tributo aos que partiram músicos e amantes da mesma, várias gerações. Foi servido um maravilhoso almoço e no fim partiu-se o bolo cantamos os parabéns, também está de parabéns o meu irmão José Matias, pela feliz ideia de trazer à Filarmónica vários profissionais músicos, que pela mão dele deram os primeiros passos para o grande sucesso da vida deles, a estes também o meu reconhecimento por se disponibilizarem e aderirem a este grande evento. Parabéns também à direcção da Filarmónica tudo esteve altura. Em nome dos que não se manifestam o meu obrigado a todos."
***
2017
Vereador do CDS lança livro
sobre o Afeganistão
16h30'...aud. Biblioteca
Alcobaça
*
17h
Terra Mágica - Benedita
Lança novo projecto
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2016...face traz-me memórias deste dia:
hj é dia d' AVANTE...é só clicar...mas bem sei...é preciso QUERER ter outra informAÇÃO!..."Com a UE, Portugal foi sendo transformado num país fornecedor de mão-de-obra barata (dentro e para fora do País); onde às grandes transnacionais são oferecidas benesses fiscais e financeiras; onde se produz e não se produz, exporta e importa, o que vão ditando os interesses dos grandes grupos económicos e financeiros; onde o défice e a dívida foram transformados em instrumentos de ingerência e de saque."...
*
20H.jantar. CONVERSAS PÚBLICAS. CDU.
CAMPANHA EDGAR SILVA
restaurante padaria estica
*
https://www.facebook.com/bomdiaalcobaca/photos/a.296396247237395.1073741828.296377900572563/327178397492513/?type=1&theater
eu by José Eduardo Oliveira
***
2015...face traz-me memórias deste dia:
ATENÇÃO...A Refer Património anuncia vendas de terrenos de estações, nomeadamente, São Martinho do Porto e Valado de Frades...ALCOBAÇA que vos abRRaçA tem de estar muito vigilante!!!
http://uniralcobaca.blogspot.pt/2015/01/93567jan201513h44-refer-patrimonio.html
*
via Ricardo Duarte
sempre na luta pela LIBERDADE!!! vivABRILiberdade...viva quem luta em França contra tds os fanatismos, utilizando o humor e a imprensa, mesmo que não concorde com a forma e o conteúdo!!!
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10152736242734440&set=a.431832099439.200637.674849439&type=3&theater
***
2014..face traz-me memórias deste dia:
Rogério Manuel Madeira Raimundo partilhou a foto de sonhar a realidade.
22.2' é um bELO miNUto...para pitadinhas com dRUMMOnd
AMAR
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
AMAR
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o cru,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa,
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o cru,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa,
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
Solidão, não te mereço,
pois que te consumo em vão.
Sabendo-te embora o preço,
calco teu ouro no chão.
Carlos Drummond de Andrade, em 'Viola de Bolso'
*Hj...boas imAGEns da bela lagoa de Pataias...encheu...transbordou e temos rio...Há muito que não acontecia...d'Alcobaça que vos abRRaça
http://uniralcobaca.blogspot.pt/2014/01/73397jan20141737-bela-lagoa-de-pataias.html
*
fotos d' hj...Atlântico continua violento! Litoral sofre!!!Paredes da Vitória.d'Alcobaça que vos abRRaça...
http://uniralcobaca.blogspot.pt/2014/01/73367jan20141242-continua-violencia.html
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2012...face traz-me memórias deste dia:
hj x AQUI: Jorge Palma
https://www.youtube.com/watch?v=C3Mye0jfNws&list=RDC3Mye0jfNws
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DIA DO LEITOR...ler faz mbem à saúde
fazer viAGEns a partir d1 paLAVRA
mergulhar n1 parágrafo e ir ao fundo-do-fundo
adormeCER depois de ler 1 bELO texto
*
https://www.facebook.com/RevistaVegetarianos/photos/a.204241442968742.51720.193506774042209/642939665765582/?type=3
***
1355...Inês de Castro é assassinada...Hj não há nada em Alcobaça que vos abRRaça....A bela escultura do escultor José Aurélio... CDU a governar Alcobaça e hj havia evento!!!"Alcobaça não pode ignorar a história...o mito...a tragédia...os túmulos...património histórico...aprender com a história, para transformar!!!"CDU propôs em jan2015: "6jan..dia dos reis...7jan...dia da rainha morta...11jan DMunicipal da Educação...18jan morre D.Pedro I...a proposta da CDU...Quantos conhecem os principais pormenores dos túmulos de Pedro e Inês?...d' ALCOBAÇA que vos abRRaça"
http://uniralcobaca.blogspot.pt/2014/01/73357jan201499-ha-658-anos-morte-de.html
*
http://uniralcobaca.blogspot.pt/2010/09/3313-os-amores-de-pedro-e-inesum-artigo.html
*
via Ana Martinho
"aqui deixo o registo da terceira edícula do facial nascente do túmulo de D. Inês de Castro (Mosteiro de Alcobaça), onde está representada a adoração ao Menino pelos magos do Oriente.
"Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, chegaram a Jerusalém uns magos vindos do Oriente. (...) Ao ver a estrela, sentiram imensa alegria; e, entrando na casa, viram o Menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, adoraram-no; e, abrindo os cofres, ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra (Mt 2, 1-12).
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1526366370710209&set=a.108234709190056.14166.100000105829295&type=3&theater
*
https://www.facebook.com/mosteiro.santaclara.a.velha/photos/a.110921215591058.17225.110381918978321/1215680418448460/?type=3&theater
***
1610...Galileu Galilei descobriu 3 das luas de Júpiter..." Todas as verdades são fáceis de perceber depois de terem sido descobertas; o problemas é descobri-las. * Não se pode ensinar coisa alguma a alguém; pode-se apenas auxiliá-la a descobrir por si mesmo. * Nunca encontrei uma pessoa tão ignorante que não pudesse ter aprendido algo com a sua ignorância. * Duas verdades nunca se podem contradizer. * A maior sabedoria que existe é a de conhecer-se alguém a si próprio. * Mede o que é mensurável e torna mensurável o que não o é."
http://uniralcobaca.blogspot.pt/2015/01/93517jan2015722-galileu-galilei.html
***
e as pitadinhas da poesia de Joaquim Pessoa:
2012
hj x AQUi a poesia de Joaquim Pessoa com o saudoso Pedro Osório
https://www.youtube.com/watch?v=1IDTJ-xhXnI
*
Rogério Manuel Madeira Raimundo partilhou a nota de Joaquim Pessoa.
estava necessitado de ler boa poesia:

Sagrado é o coração da árvore, a vigília da pedra, a gravidez
da amêndoa, o pulsar do rio, a timidez do bosque, o trabalho
discreto da semente. Sagrado é o lenho, e a erva, o cavalo, o
boi e o cão, sagrado é o sol, sagrada a casa, a noite, o dia, o
* da amêndoa, o pulsar do rio, a timidez do bosque, o trabalho
discreto da semente. Sagrado é o lenho, e a erva, o cavalo, o
boi e o cão, sagrado é o sol, sagrada a casa, a noite, o dia, o
círculo e a pirâmide.
E sagrado é o vento e a vontade, e o branco e a esperança.
Sagrados são os montes e os filhos e os sentidos e os pássa-
ros e os humildes. É sagrada a dança e a cabeça e o azul e a
primavera. Sagrados são os cornos do inverno. E as flores a-
marelas.
Sagrado é o desejo que humedece o corpo. Sagrada é a dis-
tância. E a memória. Sagrados são os lábios, o cérebro e as
mãos. E os astros, e a espuma e a teimosia dos metais.
E é sagrada a arte e o amor e a claridade. E o centro do ho-
mem. E a voz da terra. E o equilíbrio dos instintos. E o misté-
rio dos mortos e dos vivos. E as razões do amor.
Sagrada é a forma e a beleza e a luz e o fogo dos teus olhos.
in NO COMUM, Litexa Editora, 2011 (Introdução de Robert
Simon; Posfácio de Teresa Sá Couto).
E sagrado é o vento e a vontade, e o branco e a esperança.
Sagrados são os montes e os filhos e os sentidos e os pássa-
ros e os humildes. É sagrada a dança e a cabeça e o azul e a
primavera. Sagrados são os cornos do inverno. E as flores a-
marelas.
Sagrado é o desejo que humedece o corpo. Sagrada é a dis-
tância. E a memória. Sagrados são os lábios, o cérebro e as
mãos. E os astros, e a espuma e a teimosia dos metais.
E é sagrada a arte e o amor e a claridade. E o centro do ho-
mem. E a voz da terra. E o equilíbrio dos instintos. E o misté-
rio dos mortos e dos vivos. E as razões do amor.
Sagrada é a forma e a beleza e a luz e o fogo dos teus olhos.
in NO COMUM, Litexa Editora, 2011 (Introdução de Robert
Simon; Posfácio de Teresa Sá Couto).
2014
Rogério Manuel Madeira Raimundo partilhou a foto de sonhar a realidade.
pitadinhas de Joaquim Pessoa para começar bem o dia 7
Dia 60.
A dor avisa-nos.A menos que alguém nos anestesie ou nos corte o cérebro.
Mas como é que se pode viver com dor todos os dias?Não sou especialista
em dor,não sou especialista em nada,mas tudo me dói.Dentro e fora de
mim.E já nem preciso de aviso.A dor é implícita.E explícita,permanente,
como uma amiga fiel que nos abandona mas não sabe dar conselhos.
A verdade dói-me,a mentira dói-me.Dói-me a família.Doem-me os
amigos.Dóis-me tu.Doem-me as palavras.E o amor.E tudo o que é mau,e
o que é bom.E o que é melhor.Doem-me a cobardia e a coragem.O sólido,
o confuso,o útil,o inútil.Os crimes e o arrependimento.Doem-me os
segredos,a virtude,a fealdade e a beleza.E a felicidade e a esperança.
Doem-me as coisas semelhantes,as diferentes,e as que não têm
possibilidades de comparação.Dói-me o que é indivisível e o que posso
repartir.Dói-me o que faço e todas as coisas que não posso fazer.E as que
não sei fazer doem-me mais.Dói-me o disparatado e o razoável.Dói-me
ter de escrever isto.E sei que me haveria de doer se o não escrevesse.
Dia 60.
A dor avisa-nos.A menos que alguém nos anestesie ou nos corte o cérebro.
Mas como é que se pode viver com dor todos os dias?Não sou especialista
em dor,não sou especialista em nada,mas tudo me dói.Dentro e fora de
mim.E já nem preciso de aviso.A dor é implícita.E explícita,permanente,
como uma amiga fiel que nos abandona mas não sabe dar conselhos.
A verdade dói-me,a mentira dói-me.Dói-me a família.Doem-me os
amigos.Dóis-me tu.Doem-me as palavras.E o amor.E tudo o que é mau,e
o que é bom.E o que é melhor.Doem-me a cobardia e a coragem.O sólido,
o confuso,o útil,o inútil.Os crimes e o arrependimento.Doem-me os
segredos,a virtude,a fealdade e a beleza.E a felicidade e a esperança.
Doem-me as coisas semelhantes,as diferentes,e as que não têm
possibilidades de comparação.Dói-me o que é indivisível e o que posso
repartir.Dói-me o que faço e todas as coisas que não posso fazer.E as que
não sei fazer doem-me mais.Dói-me o disparatado e o razoável.Dói-me
ter de escrever isto.E sei que me haveria de doer se o não escrevesse.
Joaquim Pessoa/ANO COMUM
Nos Olhos de Isa
Nos olhos de Isa a chuva grita e a noite
Acende fogueiras.
Os meus olhos param. Nos olhos de Isa.
Oh, nos olhos de Isa espreguiça-se a madrugada
E o vento acorda para ajudar os pássaros a voar
E as árvores a acenar-lhes uma bandeira de folhas, uma tristeza verde.
Nos olhos de Isa.
Nos olhos de Isa a manhã explode num inferno de estrelas,
Num clarão de silêncio, em estilhaços de rosas, pétalas de sombra.
Nos olhos de Isa os poetas vagueiam num bosque de mel
Onde as abelhas constroem a tarde
Desesperadamente.
Nos olhos de Isa ninguém repara na minha solidão."
Através de Hortênsia Calçada
Art by Yuriy Ratush
*Oh, nos olhos de Isa espreguiça-se a madrugada
E o vento acorda para ajudar os pássaros a voar
E as árvores a acenar-lhes uma bandeira de folhas, uma tristeza verde.
Nos olhos de Isa.
Nos olhos de Isa a manhã explode num inferno de estrelas,
Num clarão de silêncio, em estilhaços de rosas, pétalas de sombra.
Nos olhos de Isa os poetas vagueiam num bosque de mel
Onde as abelhas constroem a tarde
Desesperadamente.
Nos olhos de Isa ninguém repara na minha solidão."
Através de Hortênsia Calçada
Art by Yuriy Ratush
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=783881278346040&set=a.115803568487151.13305.100001725243075&type=1&theater
O Corpo
Poema XV
Violentada e triste. Recortada
na chuva.
Perfil de primavera
nas mãos que eu ergo acima desta ausência.
O meu sangue desperta, cria raízes no teu sangue.
Nos jardins desertos da nossa solidão.
As minhas mãos, as tuas mãos, os corpos abraçados.
E a única cidade construída para o nosso amor:
Nua. Inquieta.
Clandestina.
A tua boca no meu peito. Os beijos
demorados. E todos os silêncios.
As ruas que eu abri no teu olhar
começam nos meus dedos.
Vem.
Eu amo-te.
in OS OLHOS DE ISA, Litexa, 1982, edição especial
_________
imagem da web
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Amélia dos olhos doces,
Quem é que te trouxe grávida de esperança?
Um gosto de flor na boca,
Na pele e na roupa, perfumes de França.
Quem é que te trouxe grávida de esperança?
Um gosto de flor na boca,
Na pele e na roupa, perfumes de França.
Cabelos cor-de-viúva,
Cabelos de chuva, sapatos de tiras,
E pois, quantas vezes,
Não queres e não amas
Os homens que dormem,
Os homens que dormem contigo na cama.
Cabelos de chuva, sapatos de tiras,
E pois, quantas vezes,
Não queres e não amas
Os homens que dormem,
Os homens que dormem contigo na cama.
Amélia dos olhos doces,
Quem dera que fosses apenas mulher.
Amélia dos olhos doces,
Se ao menos tivesses direito a viver.
Quem dera que fosses apenas mulher.
Amélia dos olhos doces,
Se ao menos tivesses direito a viver.
Cabelos cor-de-viúva,
Cabelos de chuva, sapatos de tiras,
E pois, quantas vezes,
Não queres e não amas
Os homens que dormem,
Os homens que dormem contigo na cama.
Cabelos de chuva, sapatos de tiras,
E pois, quantas vezes,
Não queres e não amas
Os homens que dormem,
Os homens que dormem contigo na cama.
Amélia gaivota, amante, poeta,
Rosa de café.
Amélia gaiata, do bairro da lata,
Do Cais do Sodré.
Rosa de café.
Amélia gaiata, do bairro da lata,
Do Cais do Sodré.
Tens um nome de navio,
Teu corpo é um rio onde a sede corre.
Olhos doces, quem diria,
Que o amor nascia onde Amélia morre.
Teu corpo é um rio onde a sede corre.
Olhos doces, quem diria,
Que o amor nascia onde Amélia morre.
Cabelos cor-de-viúva,
Cabelos de chuva, sapatos de tiras,
E pois, quantas vezes,
Não queres e não amas
Os homens que dormem,
Os homens que dormem contigo na cama.
Cabelos de chuva, sapatos de tiras,
E pois, quantas vezes,
Não queres e não amas
Os homens que dormem,
Os homens que dormem contigo na cama.
Amélia dos olhos doces...
POEMA (excerto)
Ela está em tudo. Em toda a parte.
Por toda a parte a vejo, por toda a parte a sinto.
Beijo-a nos meus músculos e na minha respiração,
possuo-a, penetro-a, conheço-a como o pão conhece o trigo
e preciso dela como a semente precisa da água. Ela
é como eu. Que digo? Ela é eu, quando sou viril e tudo
arde em mim, até a água e o mistério da água.
Pertenço-lhe como a pedra pertence à montanha.
Um segundo com ela é mais do que um milénio
porque ela é que é poeta em mim,
ela é que escreve todos os meus versos,
ela é que faz eternos os meus dias.
Por toda a parte a vejo, por toda a parte a sinto.
Beijo-a nos meus músculos e na minha respiração,
possuo-a, penetro-a, conheço-a como o pão conhece o trigo
e preciso dela como a semente precisa da água. Ela
é como eu. Que digo? Ela é eu, quando sou viril e tudo
arde em mim, até a água e o mistério da água.
Pertenço-lhe como a pedra pertence à montanha.
Um segundo com ela é mais do que um milénio
porque ela é que é poeta em mim,
ela é que escreve todos os meus versos,
ela é que faz eternos os meus dias.
in O POETA ENAMORADO (Os Poemas de Amor),
com Prefácio de Guilherme Antunes, a publicar
em Março/2015 na Editora Edições Esgotadas.
com Prefácio de Guilherme Antunes, a publicar
em Março/2015 na Editora Edições Esgotadas.