23/03/2015

9.765.(23mar2015.7.22') Stendhal

Nasceu a 23jan1783
e morreu a 23mar1842
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o escritor Henri Beyle, Stendhal, autor de "Vermelho e o Negro", "A Cartuxa de Parma", precursor do realismo e inspirador do "nouveau roman" do século XX.
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Via CITADOR
O medo nunca está no perigo, mas em nós.
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Ter firmeza de carácter, é havermos sofrido o efeito dos outros sobre nós próprios.
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Quanto mais forte é um carácter, menos sujeito está à inconstância.
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Pode-se adquirir tudo na solidão, menos o carácter.
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Só existe uma lei no amor; tornar feliz a quem se ama.
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O amor é uma bela flor à beira de um precipício. É necessário ter muita coragem para a ir colher.
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O amor é um sentimento tão delicioso porque o interesse de quem ama confunde-se com o do amado.
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A maior felicidade que o amor pode dar é o primeiro aperto mão da mulher que amamos.

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É um argumento dos aristocratas, esse dos crimes que uma revolução implica. Eles esquecem-se sempre dos que se cometiam em silêncio antes da revolução.
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O que é um amante? Um instrumento no qual nos esfregamos para ter prazer.
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O que torna a dor do ciúme tão aguda é que a vaidade não pode ajudar-nos a suportá-la.
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A diferença da infidelidade nos dois sexos é tão real, que a mulher apaixonada pode perdoar uma infidelidade, o que é impossível a qualquer homem.
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Já vivi o suficiente para ver que a diferença provoca o ódio.
Já vivi o suficiente para ver que a diferença provoca o ódio. - Stendhal - Frases
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IN Do amor
Não é de forma alguma um pequeno número de fortunas colossais que faz a riqueza de um país, mas a multiplicidade de fortunas medíocres.
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O Amor Verdadeiro Não Pensa Senão em Si Próprio

O primeiro amor dum homem que entre na sociedade é geralmente um amor ambicioso. Raramente esse amor se declara por uma rapariga doce, amável e inocente. Como tremer, adorar, sentir-se em presença duma divindade? Um adolescente tem necessidade de amar um ser cujas qualidades o elevem aos seus próprios olhos. É no declínio da vida que voltamos tristemente a amar o simples e o inocente, desesperando do que é sublime. Entre os dois, existe o amor verdadeiro, que não pensa senão em si próprio. 
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O Saudável Receio Como Base de Felicidade no Amor

Sempre uma pequena dúvida a acalmar, eis o que faz a sede de todos os instantes, eis o que constitui a vida do amor feliz. Como o receio nunca o abandona, os seus prazeres não podem nunca entediar. O carácter desta felicidade é a sua extrema seriedade.
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Têm-se Deveres Conforme o Alcance do Espírito

Em quase todos os acontecimentos da vida, uma alma generosa vê a possibilidade duma acção de que uma alma comum não tem a mesma ideia. No próprio instante em que a possibilidade dessa acção se torna visível para a alma generosa, é de seu interesse levá-la a cabo. Se não executasse essa acção que acaba de lhe surgir no espírito, desprezar-se-ia a si própria; seria infeliz. Têm-se deveres conforme o alcance do espírito. (...) É contra a natureza do homem, é impossível para o homem não fazer sempre, e em qualquer momento que se queira examiná-lo, o que nesse momento é possível e lhe dá prazer. 
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O Amor é a Mais Forte das Paixões

Por que é que gozamos com cada nova beleza que descobrimos no que amamos? Porque cada nova beleza nos dá a inteira e total satisfação de um desejo. Se a queremos sensível ela será sensível. Se em seguida a queremos orgulhosa como a Émilie de Corneille, embora estas duas qualidades sejam provavelmente incompatíveis, ela aparece imediatamente com uma alma romana. É esta a razão moral porque o amor é a mais forte das paixões. Nas outras, os desejos têm que se acomodar às tristes realidades; nesta, são as realidades que se apressam a identificar-se com os desejos; ela é, portanto, a paixão em que os desejos violentos têm uma maior realização. 
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Regras Básicas de Avaliação do Amante

Para avaliar o amor da vossa amante, lembrai-vos:
1º - De que, quanto mais prazer físico entrou na base do vosso amor, no que noutros tempos determinou a intimidade, tanto mais ele está sujeito à infidelidade. Isto aplica-se sobretudo aos amores cuja cristalização foi favorecida pelo fogo da juventude, aos dezasseis anos.
2º - De que o amor de duas pessoas que amam não é quase nunca o mesmo. O amor-paixão tem as suas fases durante as quais, e sucessivamente, um dos dois ama mais que o outro. Muitas vezes a simples galanteria ou o amor de vaidade responde ao amor-paixão, e é sobretudo a mulher que ama com exaltação. Qualquer que seja o amor sentido por um dos dois amantes, a partir do momento em que sente cíumes, exige do outro que preencha as condições do amor-paixão; a vaidade simula nele todas as necessidades de um coração terno.
Finalmente, nada aborrece tanto o amor-gosto como a existência do amor-paixão no outro ou outra.
Muitas vezes um homem de espírito, ao fazer a corte a uma mulher, não consegue senão fazê-la pensar no amor e enternecer-lhe a alma. Ela recebe bem este homem que lhe dá um tal prazer. Ele começa a alimentar esperanças. Um belo dia essa mulher encontra o homem que lhe faz sentir o que o outro lhe descreveu. 
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O Melindre é Vaidade Pura

O melindre é um movimento da vaidade: não quero que o meu antagonista leve a melhor sobre mim, e tomo o próprio antagonista por juiz do meu mérito. Quero produzir um efeito sobre o seu coração. É por isso que vamos muito para além do que é razoável. Algumas vezes, para justificar a própria extravagância, chegamos a dizer-nos que este competidor tem a pretensão de nos armar em tolos. 
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A Cegueira do Amor

Desde que se ame, o mais sensato dos homens não vê nenhum objecto tal como é. Exagera para menos as suas próprias vantagens e para mais os menores favores do objecto amado. Os temores e as esperanças transformam-se imediatamente em algo de romanesco. Deixa de atribuir seja o que for ao acaso; perde o sentido das probabilidades; uma coisa imaginada é uma coisa existente que influi na sua felicidade.
Um signo aterrador de que se está a perder a cabeça é que, ao pensar em qualquer facto, por minúsculo e difícil de observar que seja, o vejamos branco e o interpretemos em favor do nosso amor; um instante depois, verificamos que na realidade era negro, e mesmo assim ainda o achamos favorável ao nosso amor.
É nessa altura que uma alma presa de mortais incertezas sente vivamente a necessidade de um amigo; mas para um amante já não há amigos, como muito bem se sabia nas cortes. Eis a fonte da única espécie de indiscrição que uma mulher é capaz de perdoar.
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O Amor e o Dinheiro

No amor, quando se divide o dinheiro, aumenta-se o amor; quando se dinheiro, mata-se o amor.
Afasta-se a infelicidade actual e o odioso receio de vir a necessitar no futuro, ou então faz-se nascer a política e o sentimento de ser dois, e mata-se a simpatia. 
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23 de Março de 1842: Morre, em Paris, o escritor Henri Beyle, Stendhal, autor de "Vermelho e o Negro", "A Cartuxa de Parma", precursor do realismo e inspirador do "nouveau roman" do século XX.

Henri Beyle, mais conhecido pelo seu pseudónimo Stendhal, escritor francês do século XIX, morre em Paris no dia 23 de Março de 1842. Consagrado pela sua aguda análise da psicologia dos seus personagens e a concisão do seu estilo, é considerado como um dos primeiros e mais importantes literatos do realismo.
Beyle utilizou diferentes pseudónimos, sendo Stendhal o mais conhecido. A hipótese mais verossímil sobre a sua origem é que o "tomou emprestado" da cidade alemã de Stendal, lugar de nascimento de Johann Winckelmann, fundador da arqueologia moderna, a quem admirava.
Nascido em Grenoble, em 23 de Janeiro de 1783, numa família burguesa, o seu pai Cherubin Beyle era advogado. Ficou órfão de mãe aos 7 anos. O pai foi preso em 1794 durante o Terror, pela sua defesa da monarquia. Estudou a partir de 1796 na Escola Central de Grenoble, conseguindo elevadas qualificações em matemática.


Em 1799 foi para Paris com ideia de estudar na Escola Politécnica, porém ficou doente e não pôde ingressar. Obteve trabalho no Ministério da Defesa e, no ano seguinte, viajou para a Itália como sub-tenente. acompanhando a retaguarda do exército de Napoleão. Ali conheceu a música de Domenico Cimarosa e Gioacchino Rossini, de quem viria a escrever uma célebre biografia.


Em 1802 deixa o exército, passando a trabalhar como funcionário da administração imperial na Alemanha, Áustria e Rússia. Nesse mesmo ano torna-se amante da Madame Rebuffel, primeira das muitas amantes que teve.



Foi viver para Milão em 1815 e, dois anos depois, publicou "Roma, Nápoles e Florença", uma declaração do seu amor pela Itália. Nessa obra descreve uma espécie de êxtase ao contemplar a basílica de Santa Croce de Florença e o seu entorno de arte e beleza.



Depois de viajar nos anos 1820 pela Europa, de regresso à Itália é acusado de espionagem e expulso, retornando a Paris. Começa a trabalhar num periódico onde pôde exercer o seu estilo romântico, caracterizado pelo reconhecimento da história como parte essencial da literatura.


De 1832 a 1836 foi designado vice-cônsul da França em Civitavecchia, porto dos Estados Pontifícios, perto de Roma. Em 1836 obtém permissão para residir em Paris. Em 1841 sofre um primeiro ataque de apoplexia.


Em 22 de Março de 1842, Stendhal sofre um novo ataque em plena rua. Levado a casa, morre na madrugada de 23 sem ter recuperado a consciência. É enterrado no dia seguinte no cemitério de Montmartre.

Na sua lápide funerária fez escrever o seguinte epitáfio: “Arrigo Beyle, milanese. Scrisse, amò, visse Ann. LIX  M. II.  Mori il XXIII marzo MDCCCXLII”  (Henri Beyle, milanês. Escreveu, amou, viveu 59 anos, 2 meses. Morreu em 23 de Março de 1842).



O seu êxito extraordinário deve-se fundamentalmente aos quatro famosos romances: "Armancia" (1826), "O Vermelho e o Negro" (1830), "A Cartuxa de Parma" (1839) e "Lucien Leuwen" (incompleta e póstuma, 1894).


As principais marcas da sua produção literária foram a elevada sensibilidade romântica e um poderoso sentido crítico que deram vida à filosofia de ‘ busca da felicidade’.


A análise das paixões, dos comportamentos sociais, o amor pela arte e pela música, além da busca pelo prazer,  expressavam-se através de um modo de escrever personalíssimo em que o realismo da observação objectiva e o carácter individual da sua expressão se fundiam de modo harmónico.

Por todas estas razões, Stendhal teve de sofrer o desprezo, se não o desconhecimento, dos seus contemporâneos, com excepção de Balzac, alcançando, posteriormente, um enorme prestígio. Mesclando com mestria a ambientação histórica e a análise psicológica, os seus romances descrevem o clima moral e intelectual da França.
Stendhal é considerado o criador do romance moderno, que deu passo à grande narrativa do século XIX. Diz-se que é o escritor do século XIX que menos envelheceu. Sem se deixar contaminar por modas, mostra ainda hoje ao leitor uma linguagem bastante moderna.
Fontes: Opera Mundi
wikipedia(imagens)

Stendhal, por Olof Johan Södermark
 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/03/23-de-marco-de-1842-morre-em-paris-o.html?spref=fb&fbclid=IwAR1rVnTAw49HOoly6zo9jfqgMJaFuhVMF9vcUkwYjoQPeTikUjDhORE1Wjc
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Via facebook JERO:
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  • "Amei e continuarei a amar as matemáticas por não admitirem a hipocrisia nem a falta de objetividade". Stendhal (1783-1842), escritor francês.
    Lusa/Fim.
    9 min · Gosto
  • José Eduardo Oliveira Henri-Marie Beyle, mais conhecido como Stendhal (Grenoble, 23 de janeiro de 1783 — Paris, 23 de março de 1842) foi um escritor francês reputado pela fineza na análise dos sentimentos de seus personagens e por seu estilo deliberadamente seco.
    8 min · Gosto

  • Infância
    Órfão de mãe desde 1789, criou-se entre seu pai e sua tia. Rejeitou as virtudes monárquicas e religiosas que lhe inculcaram e expressou cedo a vontade de fugir de sua cidade natal. Abertamente republicano, acolheu com entusiasmo a execução do 
    rei e celebrou inclusive a breve detenção de seu pai. A partir de 1796 foi aluno da Escola central de Grenoble e em 1799 conseguiu o primeiro prêmio de matemática. Viajou a Paris para ingressar na Escola Politécnica, mas adoeceu e não pôde se apresentar à prova de acesso. Graças a Pierre Daru, um parente longínquo que se converteria em seu protetor, começou a trabalhar no ministério de Guerra.


  • Vida adulta e guerra
    Enviado pelo exército como ajudante do general Michaud, em 1800 descobriu a Itália, país que tomou como sua pátria de escolha. Desenganado da vida militar, abandonou o exército em 1801. Entre os salões e teatros parisienses, sempre
     apaixonado de uma mulher diferente, começou (sem sucesso) a cultivar ambições literárias. Em precária situação econômica, Daru lhe conseguiu um novo posto como intendente militar em Brunswick, destino em que permaneceu entre 1806 e 1808. Admirador incondicional de Napoleão, exerceu diversos cargos oficiais e participou nas campanhas imperiais. Em 1814, após queda do corso, se exilou na Itália, fixou sua residência em Milão e efetuou várias viagens pela península italiana. Publicou seus primeiros livros de crítica de arte sob o pseudônimo de L. A. C. Bombet, e em 1817 apareceu Roma,Nápoles e Florença, um ensaio mais original, onde mistura a crítica com recordações pessoais, no que utilizou por primeira vez o pseudônimo de Stendhal. O governo austríaco lhe acusou de apoiar o movimento independentista italiano, pelo que abandonou Milão em 1821, passou por Londres e se instalou de novo em Paris, quando terminou a perseguição aos aliados de Napoleão.


  • Paris
    "Dandy" afamado, frequentava os salões de maneira assídua, enquanto sobrevivia com os rendimentos obtidos com as suas colaborações em algumas revistas literárias inglesas. Em 1822 publicou Sobre o amor, ensaio baseado em boa parte nas suas própri
    as experiências e no qual exprimia ideias bastante avançadas; destaca a sua teoria da cristalização, processo pelo que o espírito, adaptando a realidade aos seus desejos, cobre de perfeições o objeto do desejo.
    Estabeleceu o seu renome de escritor graças à Vida de Rossini e às duas partes de seu Racine e Shakespeare, autêntico manifesto do romantismo. Depois de uma relação sentimental com a atriz Clémentine Curial, que durou até 1826, empreendeu novas viagens ao Reino Unido e Itália e redigiu a sua primeira novela, Armance. Em 1828, sem dinheiro nem sucesso literário, solicitou um posto na Biblioteca Real, que não lhe foi concedido; afundado numa péssima situação económica, a morte do conde de Daru, no ano seguinte, afetou-o particularmente. Superou este período difícil graças aos cargos de cônsul que obteve primeiro em Trieste e mais tarde em Civitavecchia, enquanto se entregava sem reservas à literatura.

  • Ambas são novelas de aprendizagem e partilham rasgos românticos e realistas; nelas aparece um novo tipo de herói, tipicamente moderno, caracterizado pelo seu isolamento da sociedade e o seu confronto com as suas convenções e ideais, no que muito possivelmente se reflete em parte a personalidade do próprio Stendhal.
    Outra importante obra de Stendhal é Napoleão, na qual o escritor narra momentos importantes da vida do grande general Bonaparte. Como o próprio Stendhal descreve no início deste livro, havia na época (1837) uma carência de registos referentes ao período da carreira militar de Napoleão, sobretudo a sua atuação nas várias batalhas na Itália. Dessa forma, e também porque Stendhal era um admirador incondicional do corso, a obra prioriza a emergência de Bonaparte no cenário militar, entre os anos de 1796 e 1797 nas batalhas italianas. Declarou, certa vez, que não considerava morrer na rua algo indigno e, curiosamente, faleceu de um ataque de apoplexia, na rua, sem concluir a sua última obra, Lamiel, que foi publicada muito depois da sua morte.
    O reconhecimento da obra de Stendhal, como ele mesmo previu, só se iniciou cerca de cinquenta anos após sua morte, ocorrida em 1842, na cidade de Paris.