e morreu a 23mar1842
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o escritor Henri Beyle, Stendhal, autor de "Vermelho e o Negro", "A Cartuxa de Parma", precursor do realismo e inspirador do "nouveau roman" do século XX.
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Via CITADOR
O medo nunca está no perigo, mas em nós.
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Ter firmeza de carácter, é havermos sofrido o efeito dos outros sobre nós próprios.
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Quanto mais forte é um carácter, menos sujeito está à inconstância.
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Pode-se adquirir tudo na solidão, menos o carácter.
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Só existe uma lei no amor; tornar feliz a quem se ama.
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O amor é uma bela flor à beira de um precipício. É necessário ter muita coragem para a ir colher.
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O amor é um sentimento tão delicioso porque o interesse de quem ama confunde-se com o do amado.
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A maior felicidade que o amor pode dar é o primeiro aperto mão da mulher que amamos.
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É um argumento dos aristocratas, esse dos crimes que uma revolução implica. Eles esquecem-se sempre dos que se cometiam em silêncio antes da revolução.
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O que é um amante? Um instrumento no qual nos esfregamos para ter prazer.
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O que torna a dor do ciúme tão aguda é que a vaidade não pode ajudar-nos a suportá-la.
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A diferença da infidelidade nos dois sexos é tão real, que a mulher apaixonada pode perdoar uma infidelidade, o que é impossível a qualquer homem.
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Já vivi o suficiente para ver que a diferença provoca o ódio.
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IN Do amor
Não é de forma alguma um pequeno número de fortunas colossais que faz a riqueza de um país, mas a multiplicidade de fortunas medíocres.
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O Amor Verdadeiro Não Pensa Senão em Si Próprio
O primeiro amor dum homem que entre na sociedade é geralmente um amor ambicioso. Raramente esse amor se declara por uma rapariga doce, amável e inocente. Como tremer, adorar, sentir-se em presença duma divindade? Um adolescente tem necessidade de amar um ser cujas qualidades o elevem aos seus próprios olhos. É no declínio da vida que voltamos tristemente a amar o simples e o inocente, desesperando do que é sublime. Entre os dois, existe o amor verdadeiro, que não pensa senão em si próprio.
*O Saudável Receio Como Base de Felicidade no Amor
Sempre uma pequena dúvida a acalmar, eis o que faz a sede de todos os instantes, eis o que constitui a vida do amor feliz. Como o receio nunca o abandona, os seus prazeres não podem nunca entediar. O carácter desta felicidade é a sua extrema seriedade.
*Têm-se Deveres Conforme o Alcance do Espírito
Em quase todos os acontecimentos da vida, uma alma generosa vê a possibilidade duma acção de que uma alma comum não tem a mesma ideia. No próprio instante em que a possibilidade dessa acção se torna visível para a alma generosa, é de seu interesse levá-la a cabo. Se não executasse essa acção que acaba de lhe surgir no espírito, desprezar-se-ia a si própria; seria infeliz. Têm-se deveres conforme o alcance do espírito. (...) É contra a natureza do homem, é impossível para o homem não fazer sempre, e em qualquer momento que se queira examiná-lo, o que nesse momento é possível e lhe dá prazer.
*O Amor é a Mais Forte das Paixões
Por que é que gozamos com cada nova beleza que descobrimos no que amamos? Porque cada nova beleza nos dá a inteira e total satisfação de um desejo. Se a queremos sensível ela será sensível. Se em seguida a queremos orgulhosa como a Émilie de Corneille, embora estas duas qualidades sejam provavelmente incompatíveis, ela aparece imediatamente com uma alma romana. É esta a razão moral porque o amor é a mais forte das paixões. Nas outras, os desejos têm que se acomodar às tristes realidades; nesta, são as realidades que se apressam a identificar-se com os desejos; ela é, portanto, a paixão em que os desejos violentos têm uma maior realização.
*Regras Básicas de Avaliação do Amante
Para avaliar o amor da vossa amante, lembrai-vos:
1º - De que, quanto mais prazer físico entrou na base do vosso amor, no que noutros tempos determinou a intimidade, tanto mais ele está sujeito à infidelidade. Isto aplica-se sobretudo aos amores cuja cristalização foi favorecida pelo fogo da juventude, aos dezasseis anos.
2º - De que o amor de duas pessoas que amam não é quase nunca o mesmo. O amor-paixão tem as suas fases durante as quais, e sucessivamente, um dos dois ama mais que o outro. Muitas vezes a simples galanteria ou o amor de vaidade responde ao amor-paixão, e é sobretudo a mulher que ama com exaltação. Qualquer que seja o amor sentido por um dos dois amantes, a partir do momento em que sente cíumes, exige do outro que preencha as condições do amor-paixão; a vaidade simula nele todas as necessidades de um coração terno.
Finalmente, nada aborrece tanto o amor-gosto como a existência do amor-paixão no outro ou outra.
Muitas vezes um homem de espírito, ao fazer a corte a uma mulher, não consegue senão fazê-la pensar no amor e enternecer-lhe a alma. Ela recebe bem este homem que lhe dá um tal prazer. Ele começa a alimentar esperanças. Um belo dia essa mulher encontra o homem que lhe faz sentir o que o outro lhe descreveu.
*1º - De que, quanto mais prazer físico entrou na base do vosso amor, no que noutros tempos determinou a intimidade, tanto mais ele está sujeito à infidelidade. Isto aplica-se sobretudo aos amores cuja cristalização foi favorecida pelo fogo da juventude, aos dezasseis anos.
2º - De que o amor de duas pessoas que amam não é quase nunca o mesmo. O amor-paixão tem as suas fases durante as quais, e sucessivamente, um dos dois ama mais que o outro. Muitas vezes a simples galanteria ou o amor de vaidade responde ao amor-paixão, e é sobretudo a mulher que ama com exaltação. Qualquer que seja o amor sentido por um dos dois amantes, a partir do momento em que sente cíumes, exige do outro que preencha as condições do amor-paixão; a vaidade simula nele todas as necessidades de um coração terno.
Finalmente, nada aborrece tanto o amor-gosto como a existência do amor-paixão no outro ou outra.
Muitas vezes um homem de espírito, ao fazer a corte a uma mulher, não consegue senão fazê-la pensar no amor e enternecer-lhe a alma. Ela recebe bem este homem que lhe dá um tal prazer. Ele começa a alimentar esperanças. Um belo dia essa mulher encontra o homem que lhe faz sentir o que o outro lhe descreveu.
O Melindre é Vaidade Pura
O melindre é um movimento da vaidade: não quero que o meu antagonista leve a melhor sobre mim, e tomo o próprio antagonista por juiz do meu mérito. Quero produzir um efeito sobre o seu coração. É por isso que vamos muito para além do que é razoável. Algumas vezes, para justificar a própria extravagância, chegamos a dizer-nos que este competidor tem a pretensão de nos armar em tolos.
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A Cegueira do Amor
Desde que se ame, o mais sensato dos homens não vê nenhum objecto tal como é. Exagera para menos as suas próprias vantagens e para mais os menores favores do objecto amado. Os temores e as esperanças transformam-se imediatamente em algo de romanesco. Deixa de atribuir seja o que for ao acaso; perde o sentido das probabilidades; uma coisa imaginada é uma coisa existente que influi na sua felicidade.
Um signo aterrador de que se está a perder a cabeça é que, ao pensar em qualquer facto, por minúsculo e difícil de observar que seja, o vejamos branco e o interpretemos em favor do nosso amor; um instante depois, verificamos que na realidade era negro, e mesmo assim ainda o achamos favorável ao nosso amor.
É nessa altura que uma alma presa de mortais incertezas sente vivamente a necessidade de um amigo; mas para um amante já não há amigos, como muito bem se sabia nas cortes. Eis a fonte da única espécie de indiscrição que uma mulher é capaz de perdoar.
Um signo aterrador de que se está a perder a cabeça é que, ao pensar em qualquer facto, por minúsculo e difícil de observar que seja, o vejamos branco e o interpretemos em favor do nosso amor; um instante depois, verificamos que na realidade era negro, e mesmo assim ainda o achamos favorável ao nosso amor.
É nessa altura que uma alma presa de mortais incertezas sente vivamente a necessidade de um amigo; mas para um amante já não há amigos, como muito bem se sabia nas cortes. Eis a fonte da única espécie de indiscrição que uma mulher é capaz de perdoar.
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O Amor e o Dinheiro
No amor, quando se divide o dinheiro, aumenta-se o amor; quando se dádinheiro, mata-se o amor.
Afasta-se a infelicidade actual e o odioso receio de vir a necessitar no futuro, ou então faz-se nascer a política e o sentimento de ser dois, e mata-se a simpatia.
***Afasta-se a infelicidade actual e o odioso receio de vir a necessitar no futuro, ou então faz-se nascer a política e o sentimento de ser dois, e mata-se a simpatia.
23 de Março de 1842: Morre, em Paris, o escritor Henri Beyle, Stendhal, autor de "Vermelho e o Negro", "A Cartuxa de Parma", precursor do realismo e inspirador do "nouveau roman" do século XX.
Henri
Beyle, mais conhecido pelo seu pseudónimo Stendhal, escritor francês do
século XIX, morre em Paris no dia 23 de Março de 1842. Consagrado pela
sua aguda análise da psicologia dos seus personagens e a concisão do seu
estilo, é considerado como um dos primeiros e mais importantes
literatos do realismo.
Beyle
utilizou diferentes pseudónimos, sendo Stendhal o mais conhecido. A
hipótese mais verossímil sobre a sua origem é que o "tomou
emprestado" da cidade alemã de Stendal, lugar de nascimento de Johann
Winckelmann, fundador da arqueologia moderna, a quem admirava.
Nascido
em Grenoble, em 23 de Janeiro de 1783, numa família burguesa, o seu pai
Cherubin Beyle era advogado. Ficou órfão de mãe aos 7 anos. O pai foi
preso em 1794 durante o Terror, pela sua defesa da monarquia. Estudou a
partir de 1796 na Escola Central de Grenoble, conseguindo elevadas
qualificações em matemática.
Em
1799 foi para Paris com ideia de estudar na Escola Politécnica, porém
ficou doente e não pôde ingressar. Obteve trabalho no Ministério da
Defesa e, no ano seguinte, viajou para a Itália como sub-tenente.
acompanhando a retaguarda do exército de Napoleão. Ali conheceu a música
de Domenico Cimarosa e Gioacchino Rossini, de quem viria a escrever uma
célebre biografia.
Em
1802 deixa o exército, passando a trabalhar como funcionário da
administração imperial na Alemanha, Áustria e Rússia. Nesse mesmo ano
torna-se amante da Madame Rebuffel, primeira das muitas amantes que
teve.
Foi
viver para Milão em 1815 e, dois anos depois, publicou "Roma, Nápoles e
Florença", uma declaração do seu amor pela Itália. Nessa obra descreve
uma espécie de êxtase ao contemplar a basílica de Santa Croce de
Florença e o seu entorno de arte e beleza.
Depois
de viajar nos anos 1820 pela Europa, de regresso à Itália é acusado de
espionagem e expulso, retornando a Paris. Começa a trabalhar num
periódico onde pôde exercer o seu estilo romântico, caracterizado pelo
reconhecimento da história como parte essencial da literatura.
De 1832 a 1836 foi designado vice-cônsul da França em Civitavecchia,
porto dos Estados Pontifícios, perto de Roma. Em 1836 obtém permissão
para residir em Paris. Em 1841 sofre um primeiro ataque de apoplexia.
Em
22 de Março de 1842, Stendhal sofre um novo ataque em plena rua. Levado
a casa, morre na madrugada de 23 sem ter recuperado a consciência. É
enterrado no dia seguinte no cemitério de Montmartre.
Na sua
lápide funerária fez escrever o seguinte epitáfio: “Arrigo Beyle,
milanese. Scrisse, amò, visse Ann. LIX M. II. Mori il XXIII marzo
MDCCCXLII” (Henri Beyle, milanês. Escreveu, amou, viveu 59 anos, 2
meses. Morreu em 23 de Março de 1842).
O
seu êxito extraordinário deve-se fundamentalmente aos quatro famosos
romances: "Armancia" (1826), "O Vermelho e o Negro" (1830), "A Cartuxa
de Parma" (1839) e "Lucien Leuwen" (incompleta e póstuma, 1894).
As
principais marcas da sua produção literária foram a elevada
sensibilidade romântica e um poderoso sentido crítico que deram vida à
filosofia de ‘ busca da felicidade’.
A
análise das paixões, dos comportamentos sociais, o amor pela arte e
pela música, além da busca pelo prazer, expressavam-se através de um
modo de escrever personalíssimo em que o realismo da observação
objectiva e o carácter individual da sua expressão se fundiam de modo
harmónico.
Por todas estas razões, Stendhal teve de sofrer o desprezo, se não o
desconhecimento, dos seus contemporâneos, com excepção de Balzac,
alcançando, posteriormente, um enorme prestígio. Mesclando com mestria a
ambientação histórica e a análise psicológica, os seus romances
descrevem o clima moral e intelectual da França.
Stendhal é considerado o criador do romance moderno, que deu passo à
grande narrativa do século XIX. Diz-se que é o escritor do século XIX
que menos envelheceu. Sem se deixar contaminar por modas, mostra ainda
hoje ao leitor uma linguagem bastante moderna.
Fontes: Opera Mundi
wikipedia(imagens)
https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/03/23-de-marco-de-1842-morre-em-paris-o.html?spref=fb&fbclid=IwAR1rVnTAw49HOoly6zo9jfqgMJaFuhVMF9vcUkwYjoQPeTikUjDhORE1WjcFontes: Opera Mundi
wikipedia(imagens)
Stendhal, por Olof Johan Södermark
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