15/04/2015

5.688.(15ab2015.13.31') Anatole France

nasceu a 16ab1844
e morreu 1924
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É acreditando nas rosas que as fazemos desabrochar.
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O futuro permanece escondido até dos homens que o fazem.
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De todas as escolas que frequentei, a da rua, foi a que me pareceu melhor.
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Uma coisa sobretudo dá atracção ao pensamento dos homens: a inquietação. Um espírito que não seja ansioso irrita-me ou aborrece-me.
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Sabendo sofrer, sofre-se menos.
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A infelicidade é a nossa maior mestra e amiga. É a que nos ensina o sentido da vida.
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Nós metemos o infinito no amor. A culpa não é das mulheres.
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Os felizes pouco conhecem da vida: a dor é a grande mestra dos homens.
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Mais vale compreender pouco do que compreender mal.
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Nada estraga tanto uma confissão como o arrependimento.
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O dinheiro é um dos fins para se viver feliz: os homens transformaram-no no único fim.
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Não há governos populares. Governar é descontentar.
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Tenho amor à verdade. Creio que a humanidade necessita dela; é, porém, certo que precisa mais da mentira, que a lisonjeia, que a conforta e lhe dá esperanças infinitas. Sem a mentira morrer-se-ia de desesperação e de enfado
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A timidez é um grande pecado contra o amor.
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A compaixão é que nos torna verdadeiramente humanos e impede que nos transformemos em pedra, como os monstros de impiedade das lendas.
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O cristianismo fez muito pelo amor ao torná-lo um pecado.
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Preferi sempre a loucura das paixões à sabedoria da indiferença.
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Chamamos perigosos àqueles cujo espírito é diferente do nosso e imorais aos que não têm a nossa moral.
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As grandes obras deste mundo foram sempre realizadas por doidos.
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A justiça é a sanção das injustiças estabelecidas.
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O que a juventude tem de melhor é ser capaz de admirar sem compreender.
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Não tenho ilusões sobre os homens, e, para não os odiar, desprezo-os.
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Eu prefiro o erro do entusiasmo à indiferença do bom senso.
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O real serve-nos para fabricar melhor ou pior um pouco de ideal.
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As ideias de ontem fazem os costumes de amanhã.
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As promessas custam menos que os presentes e valem muito mais. Nunca se dá tanto que quando se dão esperanças.
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É preciso ser sensual para ser-se humano.
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É o amor que faz a beleza das coisas.
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Não há amor verdadeiro sem alguma sensualidade.
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Por mais que busquemos, apenas nos encontramos a nós próprios.
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Uma implacável honestidade é pobre bagagem no amor.
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Com que direito os deuses imortais rebaixariam um homem virtuoso ao ponto de o recompensar?
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Todos os homens que não sabem o que fazer desta vida desejam outra, que nunca acabe.
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In Crainquebille
A pobreza é indispensável à riqueza, a riqueza é necessária à pobreza. Esses dois males engendram-se um ao outro e sustentam-se um ao outro. O que é preciso não é melhorar a condição dos pobres, mas acabar com ela.
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In O Lírio Vermelho
A majestosa igualdade das leis, que proíbe tanto o rico como o pobre de dormir sob as pontes, de mendigar nas ruas e de roubar pão.
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in O Olmo do Passeio
Os acontecimentos tinham ampliado a sua inteligência naturalmente estreita. A imensa ironia das coisas tinha passado na sua alma e a tornara fácil, sorridente e leve.
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In O Jardim de Epicuro
Muito aprendeu quem bem conheceu o sofrimento.
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Nada temos a fazer neste mundo senão nos resignarmos. Mas as criaturas nobres sabem dar à resignação o lindo nome de contentamento.
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Um bom estilo, afinal, é como esse raio de luz que entra pela minha janela no momento em que escrevo, e que deve a sua clareza pura à união das sete cores das quais é composto. O estilo simples é parecido com a claridade branca.
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Pois a mulher é a grande educadora do homem: ensina-lhe as virtudes encantadoras, a polidez, a discrição e essa altivez que teme ser importuna. Ela mostra a alguns a arte de agradar, a todos a arte útil de não desagradar.
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O jogo é um corpo-a-corpo com o destino.
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A Virtude do Sofrimento


O sofrimento! Que divino desconhecido! Devemos-lhe tudo o que é bom em nós, tudo o que dá valor à vida; devemos-lhe a compaixão, devemos-lhe a coragem, devemos-lhe todas as virtudes. A terra não passa de um grão de areia no deserto infinito dos mundos. Mas, se o sofrimento se limita à terra, ela é maior que todo o resto do universo. 
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In O Sr. Bergeret em Paris
Uma besteira repetida por trinta e seis milhões de bocas não deixa de ser uma besteira. As maiorias têm mostrado as mais das vezes uma aptidão superior à servidão.


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In A Vida em Flor
Agradeço ao destino por ter-me feito nascer pobre. A pobreza foi-me uma amiga benfazeja; ensinou-me o preço verdadeiro dos bens úteis à vida, que sem ela não teria conhecido. Evitando-me o peso do luxo, devotou-me à arte e à beleza.
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Raramente tenho aberto uma porta por descuido sem ter deparado com um espectáculo que me fizesse sentir, pela humanidade, compaixão, nojo ou horror.
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A Verdade e a Mentira

Gosto da verdade. Acredito que a humanidade precisa dela; mas precisa ainda mais da mentira que a lisonjeia, a consola, lhe dá esperanças infinitas. Sem a mentira, a humanidade pereceria de desespero e de tédio.
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O Significado do Progresso

Que devemos entender por essa palavra? Se a definirmos como bons gramáticos, diremos que é um acréscimo de bem ou de mal, na medida em que possamos discernir entre o bem e o mal; e estaremos assim a representar o próprio avanço da humanidade. Mas se, como se faz nesta época em que não se sabe mais pensar nem falar, dissermos que o progresso é o movimento da humanidade que se aperfeiçoa sem cessar, estaremos a dizer uma coisa que não corresponde à realidade. Esse movimento não se observa na História, a qual só nos apresenta uma sucessão de catástrofes e de avanços seguidos de retrocessos. 
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Voltar ao Passado

E se procurarem saber porque é que todas as imaginações humanas, frescas ou murchas, tristes ou alegres, se voltam para o passado, curiosas de nele penetrarem, acharão sem dúvida que o passado é o nosso único passeio e o único lugar onde possamos escapar dos nossos aborrecimentos quotidianos, das nossas misérias, de nós mesmos. O presente é turvo e árido, o futuro está oculto. 
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Raramente tenho aberto uma porta por descuido sem ter deparado com um espectáculo que me fez sentir pela humanidade compaixão, nojo ou horror.
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In O Anel de Ametista
As opiniões comuns passam sem exame. Na maioria das vezes não as admitiríamos se lhes prestássemos atenção.
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Como pensar que as ideias religiosas são essencialmente moralizadoras, quando se vê que a história dos povos cristãos é tecida de guerras, massacres e suplícios?
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Aspectos Positivos do Trabalho

O trabalho é bom para o homem. Distrai-o da própria vida, desvia-o da visão assustadora de si mesmo; impede-o de olhar esse outro que é ele e que lhe torna a solidão horrível. É um santo remédio para a ética e a estética. O trabalho tem mais isto de excelente: distrai a nossa vaidade, engana a nossa falta de poder e faz-nos sentir a esperança de um bom evento.
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In Últimas Páginas Inéditas
O homem não crê no que é, crê no que ele deseja que seja.
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In 'As Opiniões do Sr. Jérôme Coignard' 
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É-se rebelde quando se é vencido. Os vitoriosos nunca são rebeldes.
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Os Grandes Homens aborrecem-se sem os Pequenos

Uma companhia formada exclusivamente de grandes homens seria pouco numerosa e pareceria triste. Os grandes homens não se podem tolerar uns aos outros, e falta-lhes espírito. É bom misturá-los com os pequenos. 
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In Lírio Vermelho

Toda a Ideia Falsa é Perigosa

Toda a ideia falsa é perigosa. Crê-se que os sonhadores não fazem mal; é engano, pois fazem-no e muito. As utopias aparentemente mais inofensivas exercem realmente uma acção nociva. Tendem a inspirar o nojo da realidade. 
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In  'Os Deuses Têm Sede', 'O Manequim de Vime' e 'O Livro do meu Amigo' 

Moral Vazia

O que nós chamamos a moral não passa de um empreendimento desesperado dos nossos semelhantes contra a ordem universal, que é a luta, a carnificina e o jogo cego de forças contrárias.
(...) Cada época tem a sua moral dominante, que não resulta nem da religião nem da filosofia, mas do hábito, única força capaz de reunir os homens num mesmo sentimento, pois tudo o que é sujeito ao raciocínio divide-os; e a humanidade só subsiste com a condição de não reflectir sobre aquilo que é essencial para a sua existência.
(...) A moral é a ciência dos costumes, e com eles muda. Ela difere de país para país e em nenhum lugar permanece a mesma no espaço de dez anos. 
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 in 'Na Pedra Branca' 

As Instituições São Degenerativas

Quem faz uma religião não sabe o que faz. Por pouco diria a mesma coisa a respeito daqueles que fundam as grandes instituições humanas, ordens monásticas, companhias de seguros, guarda nacional, bancos, sindicatos, academias e conservatórios, sociedades de ginástica de beneficência e de de conferências. Estes estabelecimentos, comumente, não correspondem durante muito tempo às intenções dos seus fundadores e acontece às vezes que se tornam coisas completamente opostas. 
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16 de Abril de 1844: Nasce o escritor francês Anatole France

Escritor francês, pseudónimo de Jacques Anatole François Thibault, nascido no dia 16 de Abril de 1844, em Paris, e falecido a 12 de Outubro de 1924, em Tours, laureado com o Prémio Nobel em 1921. Foi durante catorze anos bibliotecário assistente no Senado Francês. Em 1896 foi eleito membro da Academia Francesa.
Publicou a sua primeira colectânea de poemas, Les Poémes Dorés , em 1873. Le Crime de Silvestre Bonnard foi a sua primeira novela publicada.

É autor dos romances históricos Thaïs (1891) e Les dieux ont soif ( Os Deuses têm Sede , 1912). Em Histoire contemporaine ( História Contemporânea , 1897-1901) satiriza a mediocridade e a intolerância de uma certa sociedade francesa.
Anatole France apoiou  Émile Zola no caso Dreyfus; ao dia seguinte da publicação do "J'accuse", assinou a petição que pedia a revisão do processo. Devolveu sua Legião de Honra quando foi retirada a de Zola. Participou na fundação da Liga dos Direitos do Homem.

Fontes: Infopédia
wikipedia (imagens)


Anatole France



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Anatole France em 1921


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"As coisas, em si mesmas, não são grandes nem pequenas, e quando nós consideramos que o universo é vasto, trata-se de uma ideia meramente humana".