06/01/2016

7.326.(6jan2016.16.16') Wislawa Szymborska

Nasceu a 2jul1923
Kórnik
Polónia
Faleceu a 1fev2012 em Cracóvia.Polónia
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http://um-buraco-na-sombra.netsigma.pt/p_mundo/index.asp?op=5&p=33
Vive em Carcóvia desde 1931. Durante a guerra frequentou cursos clandestinos,
 posteriormente estudou literatura polaca e sociologia na Universidade Jaguellonica. 
Estreou-se como poeta em 1945 com o poema Szukam slowa (Procuro uma Palavra). 
De 1953 a 1981 colaborou, como editora de poesia e como colunista, na revista semanal 
Zycie Literackie (A vida literária). Os seus ensaios Lektury nadobowiazkowe foram reunidos num livroTraduziu vários poetas franceses. Wislawa Szymborska tem 16 obras de poesia publicadas, 
a primeira,intitulada É por isso que estamos vivos (1951), é uma tentativa de se adaptar aorealismo-socialista, o estilo literário aprovado oficialmente pelo regime comunista.W. 
Szymborska aborda temas como as lutas modernas na Polónia, o Holocaustoa II Guerra
 Mundial, a ocupação soviética e a transição para a democracia. Na sua poesia, o contexto
 histórico e biológico manifesta-se em fragmentos da realidade humanaOs seus poemas 
foram traduzidos para 36 línguas. Em Portugal foram publicados dois livros: Paisagem com
 grão de Areia, Relógio D’Água, 1998 e Alguns Gostam de Poesia- Antologia, Czeslaw Milosz e Wislawa Szymbrosca, Cavalo de Ferro Editores, 2004.
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http://www.wook.pt/authors/detail/id/19675
PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA 1996
Poetisa e mulher de letras polaca, Wislawa Szymborska nasceu a 2 de julho de 1923 em Bnin, nas cercanias 
de Kornik. Acompanhou a família na sua mudança para Cracóvia em 1931.
Após um período difícil para a Polónia, invadida pelos alemães em 1939, a paz trouxe um novo alento a 
Szymborska, que, em 1945, não só pôde ingressar na Universidade de Jagelão, em Cracóvia, como estudante 
de Literatura Polaca e Sociologia, como também se estreou como poetisa, ao publicar o seu trecho "Szukam 
Slowa" num jornal proeminente.
Concluiu o seu primeiro livro em 1948, uma coletânea de poemas que não chegou a ser publicada, já que o
 regime comunista caracterizou o trabalho como demasiadamente burguês. Alterando o seu discurso, politizando-o, conseguiu dedilhar as tramas da censura, e publicou Dlagtego Zyjemy (1952, Por Isso Vivemosa).
Contribuindo regularmente para a imprensa, Szymborska foi editora de poesia e colunista no semanário
 literário de Cracóvia, o Zycle Literackie, entre 1953 e 1981. Traduziu também várias obras de poesia francesa,
 mas continuou no entanto a compor poesia, aparecendo com obras como Wolanie Do Yeti (1957, Apelo ao Yeti),
 em que se demarca dos ideais socialistas, e que lhe garante renome a nível internacional, e Sól (1962, Sal),
 em que exprime um certo pessimismo quanto ao futuro da humanidade, aliado a uma certa esperança nos
 poderes da imaginação, único meio para atingir uma parte da felicidade. De mencionar também as obras Wiersze Wybrane(1964), Sto Pociech (1967), Ludzie Na Moscie (1986) e Koniec I Poczatec (1993). Chwila surgiu em 2002, 
quando a poetisa contava já setenta e nove anos de idade. Alguns dos seus artigos periódicos foram compilados 
emLektury Nadobowiazkowe (1973-81).
Laureada com inúmeros prémios literários, entre os quais se destacam o Goethe, em 1991, o Herder, em 1995 e, 
de maior relevo, o Prémio Nobel da Literatura em 1996, Szymborska recebeu um doutoramento em Honoris Causa 
pela Universidade de Poznán em 1995.

In Infopédia . Porto: Porto Editora, 2003-2011.
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http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=13056
Aos 88 anos, Wislawa Szymborska vive desde menina em Cracóvia, cidade situada às margens do Vístula,
 no sul da Polônia. O fato de ter permanecido a vida inteira no mesmo lugar diz muito sobre essa poeta 
conhecida por sua reserva e extrema timidez. Contudo, embora os fatos de sua vida tenham permanecido 
privados, quase secretos, seus poemas viajam pelo mundo. Não são tantos: sua obra inteira consiste em 
cerca de 250 poemas cuja função, como declarou a poeta no discurso de Oslo, é perguntar, buscar o sentido
 das coisas.
Com sua poesia indagadora, Szymborska foi chamada “poeta filosófica”, ou “poeta da consciência do ser”. 
No Brasil, teve poemas esparsos publicados em jornais e revistas ao longo dos anos, mas esta edição da 
Companhia das Letras, com seleção, introdução e tradução de Regina Przybycien, é a primeira oportunidade
 que tem o leitor brasileiro de lê-la em português. A coletânea de 44 poemas é uma belíssima apresentação 
à obra dessa importante poeta contemporânea.
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https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1019844954725647&set=a.211013438942140.52240.100001004569506&type=3&theater
“Utopia” 


Aqui se pode pisar no sólido solo das provas.

Não há estradas senão as de chegada.

Os arbustos até vergam sob o peso das respostas.

Cresce aqui a árvore da Suposição Justa

de galhos desenredados desde antanho.

A Árvore do Entendimento, fascinantemente simples

junto à fonte que se chama Ah, Então É Isso.

Quanto mais denso o bosque, mais larga a vista

do Vale da Evidência (…)

Domina o vale a Inabalável Certeza.

Do seu cume se descortina a Essência das Coisas.

Apesar dos encantos a Ilha é deserta

e as pegadas miúdas vistas ao longo das praias

se voltam sem exceção para o mar.

https://armonte.wordpress.com/2012/02/05/um-poema-de-wislawa-szymborska-para-cada-dia-da-semana/
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http://palavraspalabras.blogspot.pt/2012/06/amor-primeira-vista-wislawa-szymborska.html
Nunca tinha lido, nem mesmo ouvido falar  (minha falta! Mas a modo de desagravo devo dizer que o mundo está tão pleno de maravilhosas pessoas, sensíveis artistas, gente absolutamente incrível, que se torna impossível conhecê-los todos!)  desta poeta fantástica, Wislawa Szymborksa, que ganhou o Nobel de Literatura em 1996!  Acabei de ser apresentada pelo colega e também sensível poeta José Eduardo Amaral Leal
Poema incrível este, que me faz sentir que não, não há fronteiras nem distâncias neste mundo quando o tema é sua gente.  Vale a pena uma pesquisa!
*
Ambos estão certos
de que uma paixão súbita os uniu.

É bela essa certeza,
mas é ainda mais bela a incerteza.

Acham que por não terem se encontrado antes
nunca havia se passado nada entre eles.
Mas e as ruas, escadas, corredores
nos quais há muito talvez se tenham cruzado?

Queria lhes perguntar,
se não se lembram -
numa porta giratória talvez
algum dia face a face?
um “desculpe” em meio à multidão?
uma voz que diz “é engano” ao telefone?
- mas conheço a resposta.
Não, não se lembram.

Muito os espantaria saber
que já faz tempo
o acaso brincava com eles.

Ainda não de todo preparado
para se transformar no seu destino
juntava-os e os separava
barrava-lhes o caminho
e abafando o riso
sumia de cena.

Houve marcas, sinais,
que importa se ilegíveis.
Quem sabe três anos atrás
ou terça-feira passada
uma certa folhinha voou
de um ombro ao outro?
Algo foi perdido e recolhido.
Quem sabe se não foi uma bola
nos arbustos da infância?

Houve maçanetas e campainhas
onde a seu tempo
um toque se sobrepunha ao outro.
As malas lado a lado no bagageiro.
Quem sabe numa noite o mesmo sonho
que logo ao despertar se esvaneceu.

Porque afinal cada começo
é só continuação
e o livro dos eventos
está sempre aberto no meio.

(Tradução  Regina Przybycien)
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http://www.companhiadasletras.com.br/trechos/13056.pdf
Repenso o mundo

Repenso o mundo,
segunda edição,
segunda edição corrigida,
 aos idiotas o riso,
aos tristes o pranto,
 aos carecas o pente,
 aos cães botas.

 Eis um capítulo:
A Fala dos Bichos e das Plantas,
com um glossário próprio para cada espécie.
Mesmo um simples bom-dia
 trocado com um peixe,
a ti, ao peixe,
a todos na vida fortalece.

 Essa há muito pressentida,
 de súbito revelada,
improvisação da mata.
Essa épica das corujas!
 Esses aforismos do ouriço
 compostos
 quando imaginamos que,
 ora, está só adormecido!

 O tempo
 (capítulo dois)
tem direito de se meter em tudo,
 coisa boa ou má.
Porém — ele que pulveriza montanha
s remove oceanos
e está presente na órbita das estrelas
, não terá o menor poder sobre os amantes,
 tão nus tão abraçados,
com o coração alvoroçado
 como um pardal na mão pousado.

 A velhice é uma moral
só na vida de um marginal.
Ah, então todos são jovens!
O sofrimento (capítulo três)
 não insulta o corpo.
A morte chega com o sono.
 E vais sonhar
que nem é preciso respirar,
 que o silêncio sem ar
 não é uma música má,
pequeno como uma fagulha,
a um toque te apagarás.
 Morrer, só assim.
Dor mais dolorosa
 tiveste segurando nas mãos uma rosa
 e terror maior
sentiste ao som de uma pétala
 caindo no chão.

 O mundo, só assim.
Só assim viver.
 E morrer só esse tanto.
E todo o resto
 — é como Bach
 tocado por um instante
 num serrote.
*
É assim meu grande sonho sobre os exames finais: sentados no parapeito dois macacos acorrentados, atrás da janela flutua o céu e se banha o mar. A prova é de história da humanidade. Gaguejo e tropeço. Um macaco, olhos fixos em mim, ouve com ironia, o outro parece cochilar — mas quando à pergunta se segue o silêncio, me sopra com um suave tilintar de correntes.
***
vivaaaaaaaaaaaaa Wislawa Szymborska,
Amélia Pais
Morre a poetisa polaca,Prémio Nobel da Literatura em 1996
A curta vida dos nossos antepassados”
Poucos chegavam aos trinta
A velhice era privilégio das pedras e das árvores.
A infância durava tanto quanto a dos lobos.
Tinham de apressar-se, acompanhar a vida
antes de o sol se pôr,
antes de a primeira neve cair.
Progenitoras de treze anos,
Meninos de quatro a andar aos ninhos pelos juncais,
aos vinte, batedores das caçadas,
ainda mal eram gente e logo deixavam de o ser.
Os extremos do infinito rapidamente se tocavam.
As bruxas mastigavam palavras mágicas
ainda com todos os dentes da juventude.
O filho amadurecia aos olhos do pai,
mas era a caveira do avô que via o filho nascer.
De resto, não contavam os anos.
Contavam redes, tachos, tendas e machados.
O tempo, tão generoso com as estrelas do céu,
estendia-lhes uma mão cheia de nada
para logo a retirar como que arrependido.
Mais um passo, mais dois
ao longo do rio refulgente,
que nas trevas nasce e nas trevas se perde.
Não havia um instante a perder,
perguntas adiadas ou revelações tardias,
se não tivessem já sido vividas.
A sabedoria não podia esperar cabelos brancos,
tinha que ver com clareza antes de se fazer luz,
ouvir toda a voz antes de se propagar.
O bem e o mal,
pouco dele sabiam, porém tudo:
quando o mal triunfa, o bem oculta-se;
quando o bem se manifesta, o mal fica à espreita.
Um e outro invencíveis,
inseparáveis de uma vez para sempre.
E por isso, na alegria – a angústia misturada,
no desespero – sempre uma esperança calada.
A vida, mesmo a mais longa, será sempre curta.
Curta demais, para aqui algo acrescentar.
Wislawa Szymborska, “A curta vida dos nossos antepassados”
em Alguns gostam de Poesia. Antologia. Tradução do polaco de Elzbieta Milewska e Sérgio das Nevessa polaca,Prémio Nobel da Literatura e em 1996: