12/01/2017

2.842.(12jan2017.8.8') António Guterres

Nasceu a
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Tenho na memória 1 dia
eu com 17 aninhos
na cantina do I.S. técnico
ele a saltar para cima duma mesa para mobilizar para uma luta estudantil
ele com o meu camarada que foi candidato a PRepública
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Não esqueço o queijo Limiano
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Não esqueço que foi ele nos colocou, com o PSD e o CDS
no euro
para ficarmos no comboio da frente
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12jan2017
Via Jorge Messias
Avante
Foto de Guilherme Antunes.
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1102570843153924&set=a.113367988740886.18583.100002030573081&type=3&theater
A MISSÃO DE ANTÓNIO GUTERRES
(por Jorge Messias) - escrito em 2005 no jornal Avante
Na verdade, se António Guterres é ou não membro do Opus Dei, como por aí se afirma, só o próprio o saberá dizer. Ele, e obviamente o papa e meia dúzia de grandes senhores deste incerto planeta que se esfarrapa e se divide profundamente entre os escravos e os nababos. Tudo em nome da ética solidária.
Guterres é uma entidade curiosa que se preocupa, simultaneamente, com os miseráveis que, sem nada terem feito para merecer tal sorte, fogem às fomes e às guerras; e com as angústias metafísicas dos multimilionários promotores dessas mesmas guerras. A provar que assim é, ficou o registo do enorme dispêndio de energias que Guterres não regateou durante o longo processo da sua nomeação como Alto-Comissário da ONU para os Refugiados. Foi ao Médio Oriente ver, com os seus próprios olhos, como eram capazes de sobreviver, os deserdados. Depois, rumou a Bilderberg para pregar a moral aos capitalistas. Mal refeito destes esforços, logo tomou o jacto com destino a Washigton a fim de assegurar a sua fidelidade a Bush, a Condoleeza Rice e ao FMI. Porque Guterres tem um pecadilho na sua límpida consciência: num momento de desinspirado arroubo condenou (é certo que ao de leve) a agressão norte-americana ao Iraque.
Apesar do transpirado esforço desenvolvido com estes e muitos outros contactos, o ex-primeiro-ministro português foi completamente apanhado de surpresa pela notícia da sua nomeação. Estava ele nessa altura em Ramallah, na Palestina, por entre os riscos da batalha e na qualidade de presidente da Internacional Socialista. Embora não se entenda bem a surpresa de Guterres. Porque de há muito - dizem, e o novo Alto-Comissário já o confirmou - Guterres alimentou o sonho de ser ele a cuidar dos refugiados mais desvalidos. Sonho que já vem de longe. Talvez, desde quando evangelizava a Quinta do Mocho, já lá vão uns anos.
Voltando à terra, não se pense que o «sonho» de Guterres é devaneio de poeta. A ONU acaba de atribuir ao também presidente da Internacional Socialista, um verdadeiro reino, com mais de 22 milhões de súbditos. É certo que se trata de uma multidão imensa de mendigos, de esfomeados andrajosos, de homens, mulheres e crianças espavoridos que fogem à guerra e à morte, em busca de um lugar para viver. Guterres sabe que assim é e a sua alma estremece. Viu, nas cidades de barracas da Palestina, que a torrente humana de excluídos não cessa de aumentar. E testemunhou depois, nas mansões paradisíacas dos seus amigos suíços e norte-americanos, que também a estes o sofrimento alheio angustia. Porém, que hão-de eles fazer? Sem petróleo barato não há capitalismo que resista. A guerra e o sofrimento são males inevitáveis. Nada deterá o império dos ricos.
O ACNUR (Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), agora entregue a Guterres, tem um orçamento anual de cerca de 25 milhões de contos, na antiga moeda portuguesa. Nada de espantar, se considerarmos a vastidão dos problemas a enfrentar. O que é original, no caso do ACNUR, é que o financiamento deste pesado orçamento apenas depende da ONU em menos de 2% das verbas previstas. Assim, aproximadamente 98% dos gastos anuais do comissariado, depende dos contributos voluntários de governos beneméritos, de ONGS, da sociedade civil, etc. Poucos são os estados que efectivamente contribuem. O orçamento assenta, basicamente, nas quotas pagas pelos governos norte-americano e japonês, por organizações inter-governamentais, empresas e ricos patrocinadores. Ou seja: a miséria é produzida pela exploração do homem pelo homem; e o combate à miséria depende da generosidade das forças que produzem a miséria.
Tudo isto acaba por assentar, que nem uma luva, no perfil de Guterres, socialista e católico de missão. Apesar de tudo ter feito pela nomeação, Guterres recebeu-a humildemente, como resposta aos seus sonhos e às suas orações. Tal como os seus amigos de Bilderberg, também ele acredita que a sociedade terá de depender sempre de elites de iluminados e que os pobres e os excluídos são um mal inevitável cuja existência os homens bons apenas podem atenuar. Porque, afinal, a pobreza extrema também purifica a alma. E as guerras, ainda que todas elas sejam condenáveis, podem rasgar indirectamente as vias de uma nova evangelização dos povos.
Tal como António Guterres, assim pensa e age o Vaticano. Nas grandes decisões da igreja, sem dúvida que a metanoia, o movimento da alma e do coração, se deve revelar no amor aos pobres e humilhados. Mas os cardeais e os bispos não podem esquecer que são homens que deus carregou com o fardo de enormes responsabilidades. A sua obediência é ao papa, a sua grande fidelidade, à igreja. E a igreja deve crescer no mundo. Mesmo que o agente de missão não entenda bem qual o sentido da sua acção, importa que tenha a coragem de agir.
Assim deus o quer.
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12.12.2016
Via JERO:
http://www.dn.pt/mundo/interior/as-tarefas-mais-urgentes-de-antonio-guterres-na-onu-5546679.html
Temos hoje, dia 12 de Dezembro, um português no topo do Mundo. António Guterres faz esta segunda-feira o seu juramento solene da Carta das Nações Unidas numa cerimónia perante a Assembleia Geral que decorre em Nova Iorque a partir das 10h00 locais (15h00 em Portugal).É, na prática, a tomada de posse do novo secretário-geral da ONU, já que no dia 1 de Janeiro começa a exercer funções, A Assembleia Geral da ONU reúne-se com a solenidade que estes momentos exigem, com as regras protocolares em rigor máximo, na presença dos representantes diplomáticos dos 193 países com assento na organização e ainda do Presidente da República e do primeiro-ministro de Portugal.. Guterres será o nono membro do clube mais restrito do mundo
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Via DN

http://www.dn.pt/mundo/interior/as-tarefas-mais-urgentes-de-antonio-guterres-na-onu-5546679.html
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6ouTUbro2016
 https://www.publico.pt/2016/10/06/mundo/noticia/antonio-guterres-aclamado-como-novo-secretariogeral-da-onu-1746387
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set.out2016
António Guterres consegue vencer a candidata da Merkel
e é eleito S.G. da ONU
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http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-10-05-Guterres-muito-proximo-de-ser-eleito-lider-da-ONU-apos-vencer-sexta-eleicao
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https://www.publico.pt/2016/09/28/mundo/noticia/merkel-tirou-candidata-bulgara-da-cartola-1745509
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http://visao.sapo.pt/actualidade/mundo/2016-09-28-Bulgaria-troca-candidata-e-dificulta-vida-a-Guterres
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11fev2016

GUTERRES, A SÉRVIA, 

A NATO E A ONU


http://manifesto74.blogspot.pt/2016/02/guterres-servia-nato-e-onu.html
O governo PS assumiu a candidatura de António Guterres ao cargo de secretário-geral das Nações Unidas como um projecto nacional para o qual mobilizará os seus esforços diplomáticos. Calculo que a direita fará deste tema uma boa oportunidade para sublinhar o seu “sentido de Estado” e a sua capacidade para “assegurar consensos”.

A candidatura fará as delícias dos comentadores do regime, que sublinharão o espírito humanitário do ex-Alto Comissário da ONU para os refugiados. E eu não perderei a oportunidade para lembrar 1999 e o papel desempenhado por Guterres e pelo seu governo num dos momentos-chave de descredibilização e secundarização do papel da ONU no plano da segurança internacional. Refiro-me à agressão da NATO à Jugoslávia, lembram-se?

Após 1989 a Europa conheceu uma série de processos políticos a leste que determinaram uma reconfiguração também geográfica no chamado “velho continente”. Antigos países deram origem a novos territórios independentes. Velhas alianças e amizades geraram novos focos de tensão. De entre os territórios mais afectados pelas tensões pós-89 e pós-91 a Jugoslávia foi aquele que viveu o processo mais conturbado, com uma série de guerras consecutivas em dois períodos praticamente consecutivos (1991-1995 e 1998-1999).

As guerras jugoslavas estão explicadas em detalhe na obra “Da Jugoslávia à Jugoslávia”, de Carlos Santos Pereira, cuja leitura se aconselha vivamente. Quem o fizer compreenderá aliás o papel instrumental que os conflitos 1991-1995 primeiro e a agressão da NATO aos sérvios e montenegrinos desempenharam na afirmação dos Estados Unidos da América como polícia do mundo e da NATO como se braço político-bélico preferencial numa estratégia de afirmação como potência dominante num mundo unipolar em recomposição pós-dissolução da URSS e do campo socialista saído da II Guerra Mundial. A guerra da Sérvia/Kosovo foi aliás um momento particularmente relevante neste processo já que foi o primeiro momento de intervenção directa e declarada da NATO fora do seu âmbito geográfico e em clara violação do direito internacional, sem mandato da ONU e contra os próprios estatutos da organização.

A agressão da NATO à Jugoslávia fez-se fundamentalmente com sacrifício da população civil e de infra-estruturas fundamentais do país. A ideia da NATO foi desde o primeiro momento vergar em definitivo Sérvia – parceiro histórico da Rússia nos Balcãs –, assegurando o desmembramento do que restava da antiga Jugoslávia titista e criando novos territórios fiéis à Aliança, mais tarde incorporados na sua estrutura política e militar (casos da Croácia e da Albânia, país que mais influencia o Kosovo independente, saído do conflito de 1999).

A guerra de 1999 foi e é muito dura para sérvios, montenegrinos e kosovares. A utilização de munições de urânio empobrecido por parte das forças da NATO determinou o aumento exponencial dos casos de cancro na região. A guerra ainda não terminou num território profundamente marcado pelo sofrimento imposto pelas bombas e pelas suas consequências duradouras. Estima-se que em 1999 tenham sido despejadas sobre território sérvio 15.000 toneladas de urânio empobrecido.

Ora, Guterres – o agora candidato ao cargo de secretário-geral da ONU – esteve para a guerra de 1999 como Barroso esteve para a segunda invasão norte-americana do Iraque. Juntou a sua voz à dos governos de maioria “social-democrata” que dominavam então a Europa. Esteve ao lado de uma agressão ilegal e injustificada a um país soberano que provocou uma imensa crise humanitária e o desmembramento do território jugoslavo. Ajudou a enterrar de vez a primazia da ONU como garante da paz e da segurança internacional, abrindo a porta ao chamado “novo conceito estratégico da NATO”, que alarga indefinidamente o perímetro geográfico e os pretextos políticos para a intervenção da “Aliança”. E posto isto não será despropositado colocar a questão: que condições tem Guterres para reerguer a ONU e relançar por exemplo a ideia dos chamados “Acordos de Helsínquia” destinados à criação de um sistema de segurança colectivo que priorize a paz e submeta os chamados “interesses estratégicos” das nações militarmente mais poderosas? Que legitimidade tem Guterres para promover no seio da ONU o processo de democratização da Organização que desde há muito se exige?

Apoiar Guterres com base na simples circunstância da sua nacionalidade é um disparate que o longo mandato de Durão Barroso na Comissão Europeia bem ilustrou. A questão não é de nacionalidade, de género ou etnia. É de convicções, credibilidade e compromisso com a Paz.***