e morreu a 20jun1933
***
2019
Via Cláudia Cláudio:
«O camarada Lénine falou-me mais de uma vez sobre a questão feminina. É evidente que atribuía um significado muito grande ao movimento feminino, parte integrante do movimento de massas, tão importante que poderia, em certas condições, tornar-se uma parte decisiva. É claro que para ele a igualdade completa da mulher constituía um princípio base, absolutamente incontestável para todo o comunista.»
Clara Zetkin, recordações sobre Lénine, 1924
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Clara Zetkin e o 8 de Março
Clara Josephine Eißner Zetkin nasceu
em Eissner Wiederau, uma aldeia camponesa na região da Saxónia,
Alemanha, no dia 5 de Julho de 1857. O seu pai, Gottfried Eissner,
mestre e organista da igreja, foi um protestante devoto, enquanto a sua
mãe, Josephine Vitale Eissner, veio de uma família burguesa de Leipzig e
tinha formação superior.
Tendo
estudado para se tornar professora, Zetkin desenvolveu ligações com o
movimento das mulheres e com movimento operário na Alemanha de 1874. Em
1878, entrou para o Partido Socialista dos Trabalhadores (Sozialistische
Arbeiterpartei, SAP).
Por
causa da proibição por Bismarck, em 1878, instituída à actividade
socialista na Alemanha, Zetkin partiu para Zurique em 1882, e em seguida
partiu para o exílio em Paris. Durante o tempo passado em Paris, ela
desempenhou um papel importante na fundação do grupo socialista da
Internacional Socialista.
Na
altura adoptou o nome do seu companheiro, o revolucionário russo Ossip
Zetkin, com quem teve dois filhos, Kostja e Maxim. Ossip Zetkin morreu
em 1889. Mais tarde, Zetkin foi casada com o artista Georg Friedrich
Zundel, dezoito anos mais novo que ela, de 1899 a 1928.
No
SPD, Clara Zetkin, juntamente com Rosa Luxemburgo, sua amiga íntima e
confidente, foi uma das principais figuras da esquerda revolucionária do
partido.
Zetkin
estava muito interessada na política feminista, incluindo a luta pela
igualdade de oportunidades e o direito de voto das mulheres. Ela
desenvolveu o movimento social-democrata de mulheres, na Alemanha; entre
1891-1917 editou o jornal de mulheres do SPD “Die Gleichheit”
(Igualdade). Em 1907 Zetkin tornou-se líder do recém-fundado "Instituto
da Mulher" no SPD.
Clara
Zetkin lançou as bases para o primeiro "Dia Internacional da Mulher", a
8 de Março de 1911, tendo proposto a ideia no ano anterior, em
Copenhaga, aquando da II Conferência Internacional de Mulheres
Socialistas, no sítio que mais tarde se tornou o Ungdomshuset (uma
espécie de casa cultural e ponto de encontro para grupos autónomos e de
esquerda).
Durante
a I Guerra Mundial, Zetkin, juntamente com Karl Liebknecht, Rosa
Luxemburgo e outros políticos influentes do SPD, rejeitou a política do
partido de Burgfrieden (uma trégua com o governo, prometendo abster-se
da marcação de greves durante a guerra).
Entre
outras actividades anti-guerra, em 1915 Zetkin organizou uma
Conferência Socialista Internacional de Mulheres Anti-Guerra, em Berlim.
Por causa da sua postura anti-guerra, foi presa várias vezes durante a
guerra.
Em
1916, Zetkin foi uma dos co-fundadores da Liga Espartaquista e do
Partido Social-Democrata Independente da Alemanha (USPD), que se separou
em 1917 do seu partido mãe, o SPD, em protesto contra a sua posição
pró-guerra.
Em
Janeiro de 1919, depois da Revolução alemã em Novembro do ano anterior,
o KPD (Partido Comunista da Alemanha) foi fundado e Zetkin também se
juntou a este e representou o partido entre 1920-1933 no Reichstag.
Em
Agosto de 1932, como presidente do Reichstag por antiguidade, Zetkin
convocou todos a lutar contra o nacional-socialismo. Quando Adolf Hitler
e o seu partido Nacional-Socialista Alemão chegaram ao poder, o Partido
Comunista da Alemanha foi banido do Reichstag, após o incêndio do
Reichstag, em 1933.
Clara
Zetkin exilou-se pela última vez, desta vez na União Soviética. Aí
morreu, no Archangelskoye, perto de Moscovo, no dia 20 de Junho de 1933,
com quase 76 anos. Foi enterrada junto ao muro do Kremlin, em Moscovo.
wikipedia(imagens)
Clara Zetkin em 1897
Clara Zetkin e Rosa Luxemburgo em 1910
Clara Zetkin (quarta a contar da esquerda) no II Congresso da Internacional Comunista
https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/03/clara-zetkin-e-o-8-de-marco.html?spref=fb&fbclid=IwAR388Mqm92xV6gXhepsRPpmLnLGP0qXEG5CMQo4ZJjLcRyxKavjm0VN0BaQ***
Via blogue arte poesia
7mar2014
# CLARA ZETKIN: MULHER DE NOTÁVEIS IDEAIS E ATITUDES E O DIA INTERNACIONAL DA MULHER #
Recorrendo a história para entender
um pouco sobre o dia internacional da mulher, comecei a compreender
toda a luta que muitas mulheres que nos antecederam passaram para
conquistar seu espaço de respeito e dignidade em toda sua trajetória
histórica, sempre marcada pela opressão, a desvalorização de seu
trabalho e o preconceito de uma sociedade machista .Elas nos deixaram um
legado de reivindicações sociais, de luta política e de organização sindical,cooperativista, para darmos prosseguimento.
Em 8 de março de 1857, houve uma grande greve de operárias de uma
fábrica de tecidos em Nova Iorque, nos Estados Unidos. As tecelãs
ocuparam o local de trabalho e reivindicaram melhores condições de
trabalho, como redução na carga diária de trabalho para 10 horas diárias
,ao invés de 16 horas, igualdade de salários entre homens e mulheres,
além de tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. A manifestação
trabalhista foi contida com violência: as operárias foram trancadas na
fábrica e a construção foi incendiada. Com isso, 130 trabalhadoras morreram carbonizadas.
Outro
fato de efeitos catastróficos foi o incêndio na fábrica da Triangle
Shirtwaist em Nova York em 25 de março de 1911 foi um grande desastre
industrial que causou a morte de mais de uma centena de costureiras que
morreram no fogo ou se precipitaram do edifício. Este incêndio iria
contribuir para a especificação de critérios rigorosos sobre as
condições de segurança no trabalho e para o crescimento dos
sindicatos.
A Triangle Company ocupava os três últimos andares do edifício Asch,
de dez andares, que fazia esquina entre as ruas Greene Street e
Washington Place, e empregava cerca de 600 trabalhadores, a maioria
constituída por mulheres jovens imigrantes que trabalhavam 14 horas
por dia, em semanas de trabalho de 60-72 horas, costurando vestuário por
modestos salários entre os 6 e os 10 dólares por semana.Na hora do
incêndio , por falta de saídas adequadas , muitos morreram ou se
atiraram dos andares.
Ao final do incêndio o total de mortos foi de 146, sendo que 91 morreram carbonizados no incêndio e 54 nas queda
O incêndio da Triangle Shirtwaist é muitas vezes associado à origem do Dia Internacional da Mulher.
Esta data de 08 de março, ficou determinada para comemoração do dia
internacional da mulher, mas há algum tempo vários movimentos feministas
vinham fazendo protestos contra a exploração de seus trabalhos, o
salário menor do que o do homem e uma carga horária exaustiva, e
ambientes insalubres para o trabalho.
A Ativista Clara Josephine Zetkin, (1857-1933), alemã, membro do
Partido Comunista Alemão professora, jornalista, deputada em 1920,
militava junto ao movimento operário e se dedicava à
conscientização feminina. Fundou e dirigiu a revista Igualdade, que
durou 16 anos (1891-1907). A sua proposta de criar o dia internacional
da mulher acontece em 1910, um ano ano de acontecer este incêndio na
fábrica de tecidos em New York.
Ao participar do II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas,
realizado na Casa do Povo (Folkete Hus) em Copenhagen, em 26 de agosto de 1910, Clara Zetkin propôs a criação de um Dia
Internacional da Mulher sem definir uma data precisa. Contudo, há
controvérsias históricas se Clara teria proposto o 8 de Março para
lembrar operárias mortas no incêndio em Nova Iorque em 1857.
É muito provável que o sacrifício das trabalhadoras da fábrica de
tecidos tenha se incorporado ao imaginário coletivo da luta das
mulheres. Mas o processo de instituição de um Dia Internacional da
Mulher já vinha sendo elaborado pelas socialistas americanas e européias
há algum tempo e foi ratificado com a proposta de Clara Zetkin.
A data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1975, por um decreto.
A data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1975, por um decreto.
Felizmente, o Brasil nos últimos anos tem avançado bastante na busca
pela igualdade efetiva entre homens e mulheres, principalmente no
mercado de trabalho.
AVANTE MULHERES !!!! Bjus a todas as mulheres que no anonimato de seu dia faz a diferença e aquela que se destaca nas lutas políticas, literárias, intelectuais, das artes, do jornalismo, enfim a estas que acreditam que seu saber vai fazer a diferença, vai dar um sentido a sua vida e a do outro, parabéns!!! Pois entendendo assim o nosso papel, não só de gênero mais de humanos, estamos em busca do sentido da vida e do nosso auto conhecimento.
AVANTE MULHERES !!!! Bjus a todas as mulheres que no anonimato de seu dia faz a diferença e aquela que se destaca nas lutas políticas, literárias, intelectuais, das artes, do jornalismo, enfim a estas que acreditam que seu saber vai fazer a diferença, vai dar um sentido a sua vida e a do outro, parabéns!!! Pois entendendo assim o nosso papel, não só de gênero mais de humanos, estamos em busca do sentido da vida e do nosso auto conhecimento.
JANE
***
avante 21dez2017
Revolução de Outubro – um marco histórico na luta emancipadora das mulheres
IGUALDADE
A Revolução de Outubro de 1917 inaugurou a construção de uma sociedade
nova que nas suas profundas transformações inscreveu, desde a primeira
hora, a consagração da igualdade na lei e na vida constituindo um marco
decisivo para a luta emancipadora das mulheres.
A
Revolução de Outubro introduziu uma profunda transformação na situação
das mulheres e constituiu um marco decisivo na sua luta emancipadora com
repercussões mundiais. O carácter revolucionário destas transformações
foi de tal forma profundo que a grande maioria delas se mantém actual na
luta das mulheres e dos povos no tempo presente.
A
força da participação das mulheres contribuiu para que a velha e
atrasada Rússia se transformasse, em poucas décadas, num país altamente
desenvolvido, mais industrializado e socialmente mais avançado.
Transformação gigantesca que foi possível concretizar vencendo as
dificuldades próprias do processo de construção de uma nova sociedade
face às brutais adversidades fomentadas pela velha oligarquia,
articulada com a intervenção das potências imperialistas, o bloqueio
económico e sabotagem externa, com a guerra civil e duas grandes guerras
devastadoras.
A
Revolução Socialista de Outubro concretizou avanços notáveis na
situação das mulheres, desde logo no combate ao analfabetismo, no acesso
à educação e ao Ensino Superior, e na sua integração massiva no mercado
de trabalho, nas mais diversas funções e em todos os ramos da economia –
engenheiras, mineiras, cientistas, maquinistas, professoras, aviadoras
ou médicas, na indústria, agricultura e na administração do Estado.
O
combate à elevada taxa de mortalidade infantil mereceu um cuidado
particular, com a criação de uma ampla rede de cuidados de saúde
materno-infantil, de creches para crianças até aos três anos, e a
construção de maternidades, a par das consultas de planeamento familiar.
A
Rússia dos Sovietes tornou-se no primeiro país do mundo a garantir às
mulheres quer o direito ao voto, quer o direito a serem eleitas. Em
1917, Alexandra Kollontai foi a primeira mulher no mundo a ser ministra e
também, em 1922, a primeira mulher a ser nomeada embaixadora. A
participação social e política das mulheres foi profundamente
incentivada, com realce para a promoção de vigorosas campanhas pela
emancipação das mulheres nas Repúblicas Soviéticas da Ásia Central, onde
o atraso era ainda maior.
Foi
notável a participação das mulheres e raparigas na guerra civil e na II
Guerra Mundial que assolaram e devastaram o país. Na II Guerra cerca de
800 000 mulheres estiveram nas fileiras das Forças Armadas Soviéticas e
são incontáveis os casos de heroísmo das mulheres, voluntárias ou
militares.
A emancipação da mulher significa a modificação da sua posição social
No seu primeiro discurso público, em 1898, Clara Zetkin afirmará que a emancipação da mulher «significa a completa modificação da sua posição social, uma revolução do seu papel na vida económica» (1). Se a entrada da mulher na produção a liberta da dependência económica face ao homem, a natureza exploradora do sistema capitalista usa o trabalho das mulheres para diminuir o salário dos homens, o trabalho das crianças para diminuir o salário das mulheres, e as máquinas para desvalorizar o trabalho humano. Esta percepção do carácter histórico da «moderna» questão das mulheres e sua compreensão como parte da questão social tem por base a contradição nuclear entre o Trabalho e o Capital – não é possível transformar a condição das mulheres sem abolir o modo de produção capitalista.
No seu primeiro discurso público, em 1898, Clara Zetkin afirmará que a emancipação da mulher «significa a completa modificação da sua posição social, uma revolução do seu papel na vida económica» (1). Se a entrada da mulher na produção a liberta da dependência económica face ao homem, a natureza exploradora do sistema capitalista usa o trabalho das mulheres para diminuir o salário dos homens, o trabalho das crianças para diminuir o salário das mulheres, e as máquinas para desvalorizar o trabalho humano. Esta percepção do carácter histórico da «moderna» questão das mulheres e sua compreensão como parte da questão social tem por base a contradição nuclear entre o Trabalho e o Capital – não é possível transformar a condição das mulheres sem abolir o modo de produção capitalista.
Clara
Zetkin evidenciou o carácter distinto dos objectivos finais que
norteavam a luta das mulheres pela igualdade em função da sua classe
social: «a luta de libertação da
mulher proletária não pode ser semelhante à luta que as mulheres
burguesas desenvolvem contra os homens da sua classe; pelo contrário,
deve ser uma luta conjunta com os homens da sua classe contra a classe
inteira de capitalistas.» (2).
Lénine e a emancipação da mulher
Clara Zetkin escreveu, em Recordações sobre Lénine, as suas conversas sobre «a questão feminina», sobre o significado que atribuía ao movimento de mulheres operárias e à sua importância decisiva como parte integrante do movimento de massas – «É claro que para ele a igualdade completa da mulher constituía um princípio de base, absolutamente incontestável para todo o comunista.» (3).
Clara Zetkin escreveu, em Recordações sobre Lénine, as suas conversas sobre «a questão feminina», sobre o significado que atribuía ao movimento de mulheres operárias e à sua importância decisiva como parte integrante do movimento de massas – «É claro que para ele a igualdade completa da mulher constituía um princípio de base, absolutamente incontestável para todo o comunista.» (3).
As
suas análises centraram-se na opressão, exploração e na miséria das
mulheres operárias, no direito ao divórcio, na situação crítica das
camponesas, na integração das operárias na luta geral do proletariado,
na sua participação na revolução e na construção do socialismo, nos
objectivos e tarefas do movimento revolucionário de mulheres,
internacional e da Rússia. Lénine participou de forma permanente na
preparação dos decretos e leis do poder soviético para efectivar a plena
igualdade de direitos entre mulheres e homens.
Em
1902, preparou o projecto de Programa do Partido Operário
Social-Democrata da Rússia onde se incluíam diversas reivindicações: o
direito ao voto para todos por sufrágio directo; a plena igualdade para
todos os cidadãos independentemente do sexo, raça ou religião; educação
universal, gratuita e obrigatória até aos 16 anos; proibição do trabalho
infantil.
Apenas um ano após a tomada do poder pelos sovietes, teve lugar o 1.º Congresso das Mulheres Proletárias e Camponesas
(Novembro, 1918), onde Lénine discursou: «Uma das primeiras tarefas da
República Soviética é abolir todas as restrições aos direitos das
mulheres (…) Pela primeira vez na história, a nossa lei removeu tudo o
que negou os direitos às mulheres. Mas o mais importante não é a lei.»
(4).
A igualdade entre mulheres e homens na lei é apenas o primeiro passo para a emancipação das mulheres. Em Sobre as Tarefas do Proletariado na Presente Revolução (Teses de Abril), que Lénine apresentou aquando da sua chegada à Rússia depois do exílio, são reforçadas as orientações – a não
ser que as mulheres tomem parte, não apenas na vida política mas em
todo o serviço público, não vale a pena falar de democracia plena e
estável. É preciso que as trabalhadoras atinjam a igualdade, não apenas na lei mas também na vida,
que tomem parte na vida política e em todo o serviço público, um lugar
crescente na administração das empresas públicas e do Estado, mais
trabalhadoras eleitas para o Partido e para os Sovietes.
Após
a tomada do poder pelos Sovietes, e ainda em Novembro, foram decretadas
medidas concedidas a todos os cidadãos, sem distinção de sexo: o
direito ao uso da terra; salário igual para trabalho igual; o máximo de 8
horas de trabalho diário com interrupções obrigatórias para descanso, o
direito a férias remuneradas e a dias de descanso semanal; a interdição
do trabalho infantil; o direito à segurança social na doença,
invalidez, velhice, parto, viuvez, orfandade e no desemprego.
Em Dezembro, o Comissariado do Povo emitiu o decreto de constituição do Departamento para a Protecção da Mãe e da Criança. Tinham passado apenas seis semanas desde a tomada do poder pelo proletariado.
Não há igualdade entre explorados e exploradores
O governo dos Sovietes foi o primeiro governo do mundo a legitimar a maternidade na lei como função eminentemente social. E também o primeiro a garantir clínicas especializadas de planeamento familiar e métodos contraceptivos gratuitos – o aborto a pedido da mulher foi despenalizado por decreto (Novembro, 1920) se praticado até às 10 semanas, e de forma gratuita nos hospitais públicos. O casamento civil passou a ser o único reconhecido perante a lei, o divórcio foi legalizado com formalidades simplificadas, e acabou a distinção entre filhos legítimos e ilegítimos. Em Julho de 1918, foi aprovada a primeira Constituição da Federação Soviética da República Socialista da Rússia consagrando um conjunto muito alargado de direitos políticos e sociais: o direito ao voto e a ser eleito/a, o direito universal ao ensino e à assistência médica, gratuitos; o direito à habitação, o direito ao desporto e à livre criação e fruição da cultura. Publicado em Dezembro de 1918, o Código do Trabalho decretou o acesso a todas as profissões sem distinção de sexo, a licença de maternidade de doze semanas com remuneração integral, a completa proibição do despedimento de mulheres grávidas, o direito de amamentação de 30 minutos por cada três horas de trabalho, e aos apoios especiais no caso das mães solteiras.
O governo dos Sovietes foi o primeiro governo do mundo a legitimar a maternidade na lei como função eminentemente social. E também o primeiro a garantir clínicas especializadas de planeamento familiar e métodos contraceptivos gratuitos – o aborto a pedido da mulher foi despenalizado por decreto (Novembro, 1920) se praticado até às 10 semanas, e de forma gratuita nos hospitais públicos. O casamento civil passou a ser o único reconhecido perante a lei, o divórcio foi legalizado com formalidades simplificadas, e acabou a distinção entre filhos legítimos e ilegítimos. Em Julho de 1918, foi aprovada a primeira Constituição da Federação Soviética da República Socialista da Rússia consagrando um conjunto muito alargado de direitos políticos e sociais: o direito ao voto e a ser eleito/a, o direito universal ao ensino e à assistência médica, gratuitos; o direito à habitação, o direito ao desporto e à livre criação e fruição da cultura. Publicado em Dezembro de 1918, o Código do Trabalho decretou o acesso a todas as profissões sem distinção de sexo, a licença de maternidade de doze semanas com remuneração integral, a completa proibição do despedimento de mulheres grávidas, o direito de amamentação de 30 minutos por cada três horas de trabalho, e aos apoios especiais no caso das mães solteiras.
No 2.º aniversário da Revolução, o Pravda publicou o texto de Lénine O Poder Soviético e o Estatuto das Mulheres, a propósito da falsidade da social-democracia: «A
democracia burguesa é uma democracia de frases pomposas, palavras
solenes, promessas exuberantes e slogans sonantes de liberdade e
igualdade. Mas na verdade expõe a
falta de liberdade e a inferioridade das mulheres, a falta de liberdade e
a inferioridade dos trabalhadores e explorados. Não pode haver, nem nunca haverá “igualdade” entre oprimidos e opressores, entre explorados e exploradores.» (5).
Álvaro
Cunhal confirmará esta afirmação, 70 anos após a Revolução de Outubro,
no discurso de encerramento da Conferência Nacional do PCP A Emancipação da Mulher no Portugal de Abril
(1986): «Ao contrário de numerosas revoluções burguesas em que foram
reconhecidos formalmente direitos que nunca foram concretizados na
prática, com a participação na luta revolucionária a mulher alcança de
facto numerosos direitos antes que estes sejam formalmente reconhecidos
pelo poder revolucionário posteriormente instaurado.» (6).
O
desaparecimento da URSS e as derrotas do socialismo no Leste da Europa
não negam a necessidade de construção de uma nova sociedade sem
explorados nem exploradores (7). Pelo contrário, a luta pelo socialismo
afirma-se como objectivo de luta dos povos enquanto perspectiva e
condição de futuro, inseparável da plena libertação e realização
humanas, inseparável da luta das mulheres, pela igualdade na lei e na
vida, pela sua verdadeira emancipação social. E, por ela, vale a pena
lutar todos os dias.
NOTAS
(1 e 2) Clara Zetkin, 1898. Pela libertação da mulher, Clara Zetkin e a Luta das Mulheres, Edições Avante, 2007.
(3) Lénine, 1918. First All-Russia Congress of Working Women, Lenin’s Collected Works, Progress Publishers, Moscow, 1974.
(4) Lénine, 1917. Materiais para a Revisão do Programa do Partido, Obras Escolhidas de V. I. Lénine, 2.º Tomo, Edições Avante, Lisboa, 1977.
(5) Lénine, 1919. Soviet Power and the Status of Women, Lenin’s Collected Works, Progress Publishers, Moscow, 1965.
(6) Álvaro Cunhal, 1986. Intervenção de encerramento, Conferência Nacional do PCP A Emancipação da Mulher no Portugal de Abril, SIP/PCP (http://www.pcp.pt/esta-conferencia-ficara-assinalada-como-um-marco-na-luta-do-partido-da-mulher-portuguesa-pela-sua).
(7) Resolução Política do XX Congresso do PCP, DEP/PCP, 2016.
http://www.avante.pt/pt/2299/temas/148034/