26/12/2018

9.472.(26dez2018.10.01') Catalina Pestana

Nasceu a 5maio1947...Barreiro
e morreu a 22dez2018
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 “Hoje sou uma pessoa melhor porque mergulhei no sofrimento indizível de mais de uma centena de miúdos”
 "Se eu fosse discreta não tinha havido processo. Vou carregar este fardo a vida toda com muita honra.” 
 “Quem está em julgamento é a guarda avançada, o grosso da coluna está cá fora”
 “Pode haver pedofilia na Casa Pia, em qualquer outra instituição do mesmo cariz, na minha casa, na casa de cada um de nós”
 “Nada ultra-passará as feridas que foram reabertas vezes sem conta com o processo casa Pia”
 “há uma Justiça para os pobres e outra para os ricos e poderosos. Se eu tinha dúvidas, perdi-as completamente” 
“Os miúdos contaram-me coisas horríveis. De tal maneira que Quando alguns saíam do meu gabinete eu vomitava.”
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 Entornointeligente.com /
"Se eu fosse discreta não tinha havido processo. Vou carregar este fardo a vida toda com muita honra.” A frase resume o impacto que Catalina Pestana teve na Casa Pia de Lisboa e na sociedade portuguesa. Uma mulher que tanto era vista como ‘a dama de ferro’ como ‘a mãe dos gansos’, apelido dado aos menores acolhidos na instituição. Morreu este sábado, vítima de uma infeção generalizada, num hospital de Lisboa em que estava internada há duas semanas. Maria Catalina Batalha Pestana nasceu no Barreiro a 5 de maio de 1947 e foi entre o Tejo e o Sado que cresceu. A licenciatura em Filosofia motivou a travessia para Lisboa da margem Sul do Tejo. Tornou-se professora num colégio feminino aos 24 anos e organizadora de férias para filhos de presos políticos, o que a colocou sob vigilância da PIDE. Em 1975 chegou à direção do Colégio de Santa Catarina, a única escola mista da Casa Pia. Dali saiu para dar aulas de Análise Sócio-Histórica da Educação na Faculdade de Motricidade Humana. Mas voltou em dezembro de 2002, uma semana depois de rebentar o escândalo de pedofilia, agora para o cargo de Provedora da Casa Pia. As suspeitas existiam há décadas, mas foi com Catalina que as crianças passaram a ter alguém que as defendesse. “Hoje sou uma pessoa melhor porque mergulhei no sofrimento indizível de mais de uma centena de miúdos”, disse numa entrevista ao CM em 2012, cinco anos depois de deixar o cargo. Catalina Pestana quis proteger as crianças, mas assumia que o problema tinha 200 anos. “Conheço a Casa Pia muito bem e respeito-a, mas se fosse o ministro da tutela encerrava e construía de novo.” A Casa Pia não fechou, mas mudou, para melhor, por causa de Catalina. Cerimónias Fúnebres este domingo em Oeiras As cerimónias fúnebres de Catalina Pestana decorrem este domingo, a partir das 11h00, na Igreja da Cruz Quebrada, em Oeiras, seguindo depois para o cemitério de Barcarena. Intransigente na defesa das crianças “O seu legado na nossa instituição foi particularmente relevante na defesa intransigente dos Direitos das nossas crianças e jovens”, afirmou este sábado o Conselho Diretivo da Casa Pia. Frases marcantes de Catalina Pestana: “Quem está em julgamento é a guarda avançada, o grosso da coluna está cá fora” “Pode haver pedofilia na Casa Pia, em qualquer outra instituição do mesmo cariz, na minha casa, na casa de cada um de nós” “Nada ultra-passará as feridas que foram reabertas vezes sem conta com o processo casa Pia” “há uma Justiça para os pobres e outra para os ricos e podero-sos. Se eu tinha dúvidas, perdi-as comple-tamente” “Os miúdos contaram-me coisas horríveis. De tal maneira que Quando alguns saíam do meu gabinete eu vomitava”
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8mar2013
 Para uns é a "dama de Ferro", para outros a "mãe dos Gansos”. Maria Catalina Batalha Pestana é um dos rostos mais visíveis na defesa das vítimas de abusos sexuais em Portugal. Provedora da Casa Pia entre 2002 e 2007, a atual vice-presidente da Associação Rede de Cuidadores (fundada em 2008 para apoiar crianças maltratadas, na sequência do processo Casa Pia) revela que esse período foi o mais duro da sua vida profissional. "Foi a altura mais cinzenta em que eu deixei de confiar em todos os humanos, todos”, disse em entrevista à revista Forum Estudante.

O seu nome aparece na sequência de uma afirmação proferida no âmbito da sua ex-direção de um dos colégios da Casa Pia - o Colégio de Santa Catarina, a jurar que "as crianças não mentem". A sua voz juntou-se de imediato à da jornalista Felícia Cabrita e à de Teresa Costa Macedo, antiga secretária de Estado da Família, no combate à pedofilia. É nesta altura que Catalina Pestana se coloca ao lado de crianças e jovens vítimas de abusos sexuais, assumindo a postura de advogada e defensora das vítimas. Conhecida como "a mãe dos Gansos” - alcunha dos casapianos, Catalina mostrou sempre que acreditava, incondicionalmente, naqueles que protegia, mesmo quando estes acusavam Paulo Pedroso, membro do Partido Socialista, assim como outras pessoas ligadas à Política e à Cultura.


Era do conhecimento geral a proximidade de Catalina Pestana aos irmãos João e Paulo Pedroso.

Sentindo a proteção e a simpatia dos portugueses, Pestana ia atiçando o "monstro" do processo que, com o seu empenho, crescia todos os dias principalmente quando declarou ao semanário Expresso a magnitude do problema: "quando se souber tudo vai haver um terramoto de grau sete na escala de Richter."

Catalina Pestana considera que o processo modificou a forma como os adultos ouvem a denúncia de uma criança, "nenhum de nós quando uma criança denuncia uma situação deste tipo se abstrai da conversa e olha para o lado”, afirmou. A ex-provedora admite que o facto dos jornais trazerem mais notícias sobre abusos sexuais não quer dizer que estes tenham aumentado. "Não, não aumentaram, ou presumimos que não aumentaram, as pessoas é que denunciam, porque sabem que vão ser ouvidas e os profissionais da Justiça, da Saúde e os familiares já estão atentos aos sinais que uma criança abusada dá, como não estávamos antes do Processo Casa Pia”, garante.

Hoje, longe da Casa Pia, Catalina continua a dar que falar na luta contra os abusos sexuais. A Vice-Presidente da Rede de Cuidadores vai estar na Universidade Autónoma de Lisboa esta sexta feira, dia 8, para mais um Ciclo de Conferências às Sextas. Desta vez o tema vai ser: "Da sexualidade segundo a Organização Mundial de Saúde à sexualidade pecaminosa na tradição Judaico Cristã".

Biografia Catalina Pestana

Catalina Pestana nasceu a 5 de Maio de 1947. Viveu no Barreiro e fez o liceu em Setúbal, antes de ir estudar Filosofia para a Universidade de Letras de Lisboa.

Em 1975, assumiu a direção do Colégio de Santa Catarina, em Lisboa. Exerceu estas funções durante cerca de doze anos, até 1987, naquele que era o único estabelecimento misto da instituição. Depois, começou a dar aulas de Análise Sócio-Histórica da Educação na Faculdade de Motricidade Humana.

Ao mesmo tempo coordenou, entre 1990 e 1993, o Projeto Vida de Prevenção da Toxicodependência em Meio Escolar. A partir de 1998 (até 2002), passou a exercer o cargo de diretora do Plano para a Eliminação de Exploração do Trabalho Infantil.

No final de 2002, Catalina Pestana foi escolhida pelo Ministério da Segurança Social e do Trabalho, liderado por Bagão Félix, para ser a provedora da Casa Pia de Lisboa. Atualmente é vice-presidente da Associação Rede de Cuidadores.
 http://www.ualmedia.pt/pt/?det=13833
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Catalina Pestana, ex-provedora da Casa Pia, morreu esta madrugada, confirmou fonte próxima da família à TSF. Foi nomeada provedora da instituição precisamente no ano em que veio a público o caso Casa Pia, que envolveu figuras como o apresentador de televisão Carlos Cruz, foi uma voz constante na defesa dos jovens abusados.
A ex-responsável da Casa Pia estava internada numa unidade hospitalar em Lisboa e "morreu durante a noite" vítima de uma infeção generalizada.
Catalina Pestana foi nomeada em 2002 pelo Ministério da Segurança Social e do Trabalho, na altura tutelado por Bagão Félix, provedora da Casa Pia e era uma das vozes de defesa das vítimas do processo de pedofilia que abalou a instituição.

Permaneceu à frente da instituição até maio de 2007, quando o julgamento do caso Casa Pia ainda decorria.
A ex-provedora, nascida em 1946, viveu no Barreiro e fez o liceu em Setúbal, antes de ir estudar para a Universidade de Lisboa, onde tirou Filosofia. Aos 24 anos, já professora de um colégio feminino, foi uma das organizadoras de férias para filhos dos presos políticos. O que lhe a tornou um alvo da PIDE, que a passou a vigiar.
Em 1975, assumiu a direção do Colégio de Santa Catarina, em Lisboa, pertença da Casa Pia. Exerceu funções durante doze anos, naquele que era o único estabelecimento misto da instituição. Depois, começou a dar aulas de Análise Sócio-Histórica da Educação na Faculdade de Motricidade Humana.

Marcelo: "Marcou a luta pelos diretos das crianças"

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que que a antiga provedora da Casa Pia de Lisboa "marcou a luta pelos direitos das crianças em Portugal".
Na página da Presidência na Internet, lembra que Catalina Pestana "foi a primeira mulher a assumir a direção da centenária Casa Pia de Lisboa, num dos momentos mais difíceis que a instituição atravessou".
"Catalina Pestana, professora e cuidadora, nunca desistiu de combater pelas causas em que acreditava, nomeadamente a defesa das crianças acolhidas. Depois da Casa Pia encarregou-se da refundação da Casa do Gaiato de Lisboa", acrescenta.
Marcelo Rebelo de Sousa recorda assim "a sua coragem no desempenho das funções profissionais e genuinidade com que tratava todos com quem convivia".

Pessoa de "coragem e sensibilidade"

O antigo ministro do Trabalho e das Finanças António Bagão Félix destacou hoje "o sentido de dever, força da coragem e enorme sensibilidade humana" da antiga provedora.
"Foi uma pessoa admirável, com rosto, alma e coração. Esteve sempre ao lado dos que não têm voz, não têm poder e que não fazem notícias, não abrem telejornais, dos que estão indefesos", disse em declarações à agência Lusa.
Segundo Bagão Félix, Portugal perdeu "uma grande senhora, uma portuguesa de eleição, uma pessoa que ao longo da sua vida juntou qualidades essenciais para as causas cívicas e públicas em que se envolveu".
"Era uma pessoa com quem tive o gosto e felicidade de trabalhar e a escolher em 2002 para liderar o projeto de refundar a Casa Pia. Era uma pessoa que juntava o sentido de dever, força da coragem, a enorme sensibilidade humana e a consistência da vontade. Trabalhou sempre em nome de um valor ético que as vezes desprezamos, que é valor ético da esperança", acrescentou.
O ex-governante lembrou ainda que a antiga provedora lutou sempre contra "a tecnocracia estatística", que transforma pessoas em números. "Catalina Pestana teve uma vida feita pela grande luta pelas causas em que acreditava, com total autenticidade", sinalizou ainda.
https://www.dn.pt/pais/interior/morreu-a-ex-provedora-da-casa-pia-catalina-pestana-10356541.html?fbclid=IwAR3yvx3aAXMs8ex-KkrOo6tyZVc6qm10-T3anajqI5Niv5U2AItyccnli5k