02/07/2019

6.845.(2jul2019.8.8') António Hespanha

Nasceu a 23feVEReiro1945...Coimbra
e morreu a 1jul2019...Lisboa
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 António Manuel Hespanha
 ANTÓNIO MANUEL HESPANHA nasceu em Coimbra a 23 de Fevereiro de 1945. É Professor Catedrático jubilado da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, investigador honorário do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Direito de Lucerna. Foi também professor convidado no Departamento de História da Yale University (EUA, 1999), no Programa Europeu de Mestrados da Facoltà di Scienze Politiche (Messina, vários anos, a partir de 2001), na Faculdade de Direito da Universidad Autónoma de Madrid (2001), no Curso de Doutoramento em Expansão Europeia da Universidad Pablo de Olavide (Sevilha, vários anos, a partir de 2002), na Robbins Collection da Law School da University of California (Berkeley, 2003), entre muitas outras. Desempenhou ainda os prestigiantes cargos de Maître de Conferences na Faculdade de Direito da Université de Sciences Sociales (Toulouse, 1985), de Directeur d’Études Associé na École des Hautes Études en Sciences Sociales (Paris, 1993, 2002) e de Director académico do Sommerkurs do Max-Planck-Institut für europäische Rechtsgeschchte (Frankfurt/Main, 2001).

Membro dos conselhos editoriais de cerca de 20 revistas. Peer Reviewer da European Science Foundation (2008-). António Manuel Hespanha foi ainda Director-geral do Ensino Superior (1974-1975), Comissário-Geral da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses (1995-1998) e Presidente do Conselho Científico de Ciências Sociais e Humanidades da Fundação para a Ciência e Tecnologia (2007). Membro do Instituto Histórico-Geográfico do Rio de Janeiro. Foi condecorado, pela Presidência da República com o Grande-Oficialato da Ordem de Santiago e recebeu o Prémio Universidade de Coimbra, em 2005.


Os seus interesses incluem a história do direito e das instituições, as lógicas sociais e jurídico-políticas do Antigo Regime – sendo considerado, juntamente com Bartolomé Clavero, como um dos grandes renovadores da história institucional e política do mundo ibérico e seus impérios -, e a teoria do direito.

No seu extenso curriculum inclui-se a fundação e direcção das revistas Penélope: Fazer e desfazer a História e Themis: Revista da Faculdade de Direito da UNL e a autoria de mais de 150 artigos e cerca de 20 livros, maioritariamente no âmbito da história do Direito, das instituições, da cultura e dos sistemas políticos. Entre as suas obras mais representativas, podem referir-se: As Vésperas do Leviathan. Instituições e Poder Político (1994); História de Portugal moderno, político e institucional (1995, 2007); O Antigo Regime (vol. IV da História de Portugal, ed. José Mattoso, 1993); Panorama da História Institucional e Jurídica de Macau (1995); História militar de Portugal, vol. II, Época moderna (2004); Cultura jurídica europeia. Síntese de um milénio (20014); Guiando a mão invisível: Direito, Estado e lei no liberalismo monárquico português (2004); Hércules Confundido. Sentidos Improváveis e Variados do Constitucionalismo Oitocentista. O Caso Português (2009); Imbecillitas. As bem-aventuranças da inferioridade nas sociedades de Antigo Regime, São Paulo, Annablume (2011).

 https://www.goodreads.com/author/show/1885277.Ant_nio_Manuel_Hespanha
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"(...) Mas algumas manhas persistem. Por exemplo, a de, quando se
fala na autonomia e criatividade dos discursos e das suas figuras, se
responder com o facto de que estes não falam por si, mas que são
apropriados
socialmente. E que, sendo-o, perdem uma lógica própria e
se dobram à lógica dos “interesses” dos grupos apropriadores. E, com
isto, voltamos à vaca fria. Pois os tais “interesses” voltaram a ser
coisas
perante as quais as palavras recebidas (“apropriadas”, tornadas “coisa
própria” pelas imperiais coisas) voltaram a perder qualquer autonomia.
Que existe uma sobre-determinação de sentido local sobre o sentido
geral, que falamos, ouvimos, sentimos, avaliamos “em situação” e que
isso redefine os sentidos gerais, isso parece evidente. Mas que essa re
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definição decorra de “interesses em bruto”, no “estado de natureza”, não
mediados por representações “internas” particulares, isso já é uma coisa
totalmente diferente.
Outra via de recuperar a soberania das
coisas
é a de, falando-se
em discursos, se responder com as
práticas
. As práticas serão, natural
-
mente,
coisas
. Puras e duras. Gestos, gestos cruzados, contra-gestos,
contagens, frequências, viagens, tiros, cópulas, cultivos. Coisas mera
-
mente exteriores, sem qualquer interioridade. Uma vénia já é duvidoso
que seja uma “coisa”; uma palavra, quase nunca; uma ideia, isso jamais.
Se houver uma qualquer dimensão interior na prática, ela já deixa de
ser prática e passa a representação. E estas nunca fecundariam as prá
-
ticas. Trata-se, na verdade, apenas de uma maneira de simular alguma
abertura às representações, por quem, na verdade, crê que elas cantam
ociosamente, enquanto as práticas, afanosamente, constroem a história.
Bondosamente, sugere-se agora que a formiga às vezes pára um bocadi
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nho para ouvir a cigarra. Mas segue, imperturbada, a sua lida.(...)"
 http://www.praticasdahistoria.pt/issues/2019/7/10_PDH07_Hespanha.pdf?fbclid=IwAR3r_kjJIh1FFz6Z-RGc4qR_PrKRdTWP3KRnvXlwmolgXGD1fHf3SDf8cj8
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Videos
Palestra..."A crise e o Direito"
22maio2012
 https://www.youtube.com/watch?v=O0lc-8oKCPs
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A Pena de morte e o controlo social em Portugal no Antigo Regime

 https://www.youtube.com/watch?v=l-4x2KNiuCU
"O Direito na Cultura Europeia" foi o tema escolhido pelo Prof. Doutor António Manuel Hespanha para a Aula Aberta de História do Direito. Esta Aula teve lugar no Anfiteatro A da Faculdade de Direito da Nova no dia 14 de Fevereiro de 2011.
https://www.youtube.com/watch?v=-Yuuq5Ugdy0
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 1jul2019

Morreu António Hespanha, o historiador que veio do Direito


Tal como ensinou aos seus alunos e aos seus inúmeros discípulos, António Hespanha gostava de contrariar mitos. Nas suas obras, defendeu a existência de um pluralismo político e jurídico no Antigo Regime, contrariando a tendência para a excessiva valorização do papel da coroa. Mas também abordou o colonialismo e o império, como historiador e como presidente da Comissão Nacional paras as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses.