26/08/2019

3.309.(26aGOSTO2019.11.11') Fernando Ribeiro...Moonspell...

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Moonspell vai à FAvante2019
 e no dia 13seTEMbro2019 tem o cineteatro
d' Alcobaça que vos abRRaaaça esgotado
para homenagear um fã alcobacense
dos moonspell
que faleceu há uns meses!
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https://www.facebook.com/moonspellband
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 11abril2017
Exmos Srs.
O meu nome é Fernando Ribeiro da banda Portuguesa MOONSPELL.
Os MOONSPELL vão lançar um disco em Novembro próximo cujo conceito aborda o Grande Terramoto de Lisboa, de 1755. Em baixo, o press release do mesmo.
Verificámos que houve um grande buzz e interesse da parte do nosso público e dos media sobre este disco (totalmente cantado em Português) e gostaríamos de fazer um parceria com o IPMA. É um pedido simples:
- gostaríamos de obter informação científica e/ou um pequeno depoimento de um sismólogo relativo ao acontecimento da época.
Em contrapartida, oferecemos a possibilidade de colocar o vosso logotipo em todas as edições da banda bem como referência ao IPMA nas nossas redes sociais.
Espero que vos interesse esta pequena proposta e ficamos a aguardar a vossa resposta ao nosso convite.
Gratos, os melhores cumprimentos e votos de boa semana!
Desculpem esta maneira de contactar mas tentámos telefone e email sem resultado.
Um abraço!
Fernando Ribeiro/MOONSPELL
Os rumores são verdadeiros! Os MOONSPELL irão lançar um disco ainda este ano.
Um lançamento que se reveste de uma particular importância no nosso país, porque é o vai ser primeiro disco totalmente cantado em PORTUGUÊS.
Fernando Ribeiro explica:
“ Ficámos completamente encantados e viciados pelo conceito e história do Terramoto de 1755 e fez todo o sentido avançarmos para o Português. Acredito que estávamos à espera da ideia e do momento certo para o fazer. Musicalmente, vai ser um disco mais pesado que o Extinct. Vai abanar a terra! Mas também estivemos atentos aos detalhes da época, e apostámos em tentar recriar a Lisboa do Século XVIII. Cantar em Português fez-me chegar a outra expressão como vocalista e o meu trabalho neste disco vai ser narrar, entre as ruínas, as queixas dos vivos e dos mortos.”
Surpresos? Os MOONSPELL não perdem tempo e estão já no seu home studio a arranjar as canções com Jon Phipps (orchestralmetal.com). Entram em estúdio em Abril com o produtor Tue Madsen (Meshuggah) que já trabalhou com a banda em ocasiões anteriores (UNDER SATANAE, NIGHT ETERNAL, ALPHA NOIR/OMEGA WHITE).
A banda irá em Maio para a America Latina (Tour dos 25 anos) e irá apresentar-se ao vivo em vários Festivais de Verão. Em breve serão reveladas as novas datas para Portugal da Tour Aniversário 25 anos dos MOONSPELL.

 https://www.facebook.com/ipma.pt/posts/1285522461503013
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Sónia Tavares e Fernando Ribeiro apaixonaram-se aquando AMÁLIA HOJE
Vivem em Alcobaça que vos abRRaaaAÇA
Têm um filho: Fausto!
Casaram a 16seTEMBRO
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18abril2012..nasceu o Fausto Tavares Ribeiro!
é o primeiro filho dos vocalistas dos The Gift e Moonspell e, segundo os cantores, é "uma criança saudável e tranquila", garantindo que é "a celebração pura do amor que nos une".
 "O Fausto Tavares Ribeiro nasceu ontem na Clínica de Santo António, na Reboleira. É uma criança saudável e tranquila, e trouxe-nos uma alegria imensa. Estivemos juntos em todos os momentos e o Fausto vir ao mundo foi sem dúvida a melhor coisa que nos aconteceu, a celebração pura do amor que nos une. A Sónia está a recuperar muito bem. Aproveitamos para agradecer o carinho e o empenho com que fomos tratados pela Clínica de Sto. António e agradecer a todos os media, família e amigos pelas simpáticas felicitações que nos têm enviado", pode ler-se no comunicado emitido por Sónia Tavares e Fernando Ribeiro.
https://www.dn.pt/pessoas/interior/nasceu-o-filho-de-sonia-tavares-e-fernando-ribeiro-2430433.html
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 https://www.movenoticias.com/2017/09/sonia-tavares-fernando-ribeiro-casam-na-companhia-amigos
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 13seTEMbro2019
 Hj...no Cine-Teatro d’ Alcobaça...Moonspell do alcobacense Fernando Ribeiro...esgotou a lotação há meses, para homenagear um fã: o saudoso Carlos Tinta!!
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NAS VÉSPERAS DO CONCERTO DOS MOONSPELL
 A imagem pode conter: 4 pessoas, texto
 https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10217848661839664&set=p.10217848661839664&type=3&theater
José Alberto Vasco
fez selecção dos melhores discos:
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" Evento. Um dos temas de 1755 que os Moonspell certamente tocarão no seu concerto desta sexta-feira 13 no Cineteatro de Alcobaça "

  https://www.youtube.com/watch?v=P4sXvd0V30U&feature=share&fbclid=IwAR0mDzkGCYVaBWYm-tUF0qzVxlWZr7ky70oPDVwyfivceSsexTaTfJ8PMr8

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Alma - Mater

 https://www.youtube.com/watch?v=2rRgr5SU8eE&feature=share&fbclid=IwAR0kl6hvORsHYiHXkjTMck6kEDCEyPBWN1ROaTsnV4vpocXquWt0iz-fy7U

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"Em semana de lobos à solta em Alcobaça, os Moonspell continuam cá por casa. E hoje também ficam para jantar "

 https://www.youtube.com/watch?v=B0kuAbeClt4&feature=share&fbclid=IwAR32AaE3lk87EHGrq3223yKl8TrDAwEcmIN5HIH-SSrIDYAQQKXojFgcha4

"Os Moonspell como aliciante companhia do lanchinho desta tarde "

 https://www.youtube.com/watch?v=ko58dvlYQZo&feature=share&fbclid=IwAR087SD4_Kse_Ecoqda6HRbmSKyUyibSNw7EZMK_tjrb6lgjwT5n5foZUaA

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"Moonspell (feat. Anneke Van Giersbergen) - Scorpion Flower"  

https://www.youtube.com/watch?v=YJINPZ3-2qg&feature=share&fbclid=IwAR1E3EpkPmqRd8-IVf5iXDv_tg193DcDWLEDqzO5uS17uroQG7jyiBsDiQU

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"Em semana de lobos à solta em Alcobaça, nada melhor que ter o Wolfheart dos Moonspell como banda sonora para o jantar "  

https://www.youtube.com/watch?v=Whvsjei0T-o&feature=share&fbclid=IwAR3q8QzQ31FRMNgldH4uHsgvC3bFuAZUtphEADrSjY3PmFr1KSQc24AN1_o

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"Extinct consolida-se de dia para dia como o meu disco preferido dos Moonspell (y) Ouço-o praticamente todas as semanas, de fio a pavio, e a cada audição se cimenta ainda mais essa sua condição (y) Estive na sua apresentação, no Coliseu dos Recreios, em 27 março de 2015, e confesso que se tratou mesmo de um caso de paixão à primeira vista (e ouvidela, claro) (y) A um dia de voltar a ouvir os Moonspell ao vivo e a cores (e tenho-o feito várias vezes nos últimos anos), será ele que hoje vai acompanhar o meu jantar, desde a sua preparação até à lavagem da loiça, passando pela sua degustação (y) Xausinho "

https://www.youtube.com/watch?v=au7xCB9v4QM&feature=share&fbclid=IwAR1jrzbxD2pLLu6hkqw-tv7xD7hL9RBqC3XZvBPF2xjwDNwL6ONWFrQdrOE
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"A acabar os trabalhos de casa para o concerto de amanhã no teatrinho da minha rua: Moonspell ao vivo e a cores, em homenagem a Carlos Tinta e com a receita do concerto (esgotado há 3 meses) a reverter integralmente para a Liga Portuguesa Contra o Cancro. Muito mais que um concerto: um acontecimento (y) (y) "
https://www.youtube.com/watch?v=My5WPes7F2E&feature=share&fbclid=IwAR0wPUg-4puq_mEffaWXZtM3zEV2OJNj4IoX8qCIxF3vOBHl2aQ6RjMPnls
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"Uma das mais fantásticas entre as mais recentes músicas dos Moonspell, que não faltará certamente no seu concerto da próxima sexta-feira 13 no teatrinho da minha rua "
 https://www.youtube.com/watch?v=s76aJ3b1gPU&feature=share&fbclid=IwAR13PXF3TPGxgjSFLiCg-emJdzuwbxeoXGynUBYptvMQiAgIIUGIRage8GY
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"Os Moonspell não se tiram cá de casa. Jantaram comigo e preparam-se para dormir aqui esta noite
https://www.youtube.com/watch?v=wtKhPE6QG88&feature=share&fbclid=IwAR0PB8w2_RqyPz-VJ9E5DYzvNpeyl_CsXruGxJX5QFpPapYElyRxr4Jk63M
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"A dois dias do concerto do ano em Alcobaça, com os Moonspell em homenagem a Carlos Tinta no palco do Cine-teatro de Alcobaça João D'Oliva Monteiro, recordo a (muito!) bem conseguida entrevista que a jornalista Catarina Reis do incontornável quinzenário O Alcoa fez a Fernandomoon (y) É de ler (y) E nesta sexta-feira 13 lá estaremos, pois claro
 fernando-ribeiro-(1)_site

A 13 de setembro, a banda Moonspell subirá ao palco do Cineteatro João d’Oliva Monteiro, em Alcobaça. O concerto de homenagem ao músico e amigo Carlos Tinta está esgotado desde os primeiros dias. Fernando Ribeiro, vocalista dos Moonspell, esteve à conversa com O ALCOA dias antes e falou da banda e deste evento, que se prolongará numa festa a seguir ao espetáculo no restaurante Trindade, a partir da meia-noite. As receitas revertem a favor da Liga Portuguesa Contra o Cancro.
Como surgiu a ideia deste concerto de homenagem?
O “Garrafão”, como lhe chamávamos era, além de amigo, um grande fã dos Moonspell. O Carlos já estava doente há vários anos, mas isso nunca o impediu de desfrutar a vida. Sempre tivemos momentos muito bons. Penso que a última vez que estivemos juntos foi na Feira Medieval de Aljubarrota, há dois anos, antes de ele falecer. Ele era uma pessoa que tinha uma energia muito a ver com Alcobaça e com ele próprio. Os amigos queriam-lhe fazer uma homenagem por volta do aniversário da morte dele porque sentem muita falta dele. Era mesmo um grande companheiro, um dinamizador, ia aos concertos todos, uma pessoa que faz muita falta, e os amigos querem preservar isso, através daquilo que ele mais gostava, para além da família, dos filhos, etc., que era o heavy metal. Fizeram-nos o convite e foi só juntar dois mais dois.

E os bilhetes esgotaram logo?
Os bilhetes venderam-se nos dois primeiros dias. Foi muito engraçado porque os fãs de heavy metal são assim. Sabiam que era um concerto especial, uma homenagem ao Carlos e ele também «vendeu» os bilhetes. Tinha muitos amigos, como verifiquei, não só de Alcobaça. As pessoas também querem vir cá, de alguma forma relembrá-lo.

Resumindo, o que se pode esperar desta noite?
Queremos fazer uma noite em que o “Garrafão” tivesse todo o gosto em vir. Se ele fosse vivo estava na primeira fila, como esteve tantas vezes e depois ia ali ao Trindade beber copos e ouvir heavy metal. É também essa Alcobaça “metaleira”, que desde que vim para aqui, ganhou um aliado. Sempre me identifiquei com eles. Se tivesse nascido aqui, de certeza que estava nesse grupo. Claro que a música é um negócio, vivemos disso, mas se não tivermos liberdade para fazer estes gestos, as bandas esvaziam-se de conteúdo. Para nós é um gosto enorme poder fazer isto, principalmente o concerto em Alcobaça, sabendo que seria uma coisa completamente aprovada pelo Carlos. Os Moonspell vêm prestar uma homenagem àquele que é o cabeça de cartaz dessa noite: o Carlos Tinta.

(Saiba mais na edição impressa e digital do jornal O ALCOA de 5 de setembro de 2019)
https://www.oalcoa.com/concerto-homenagem-a-carlos-tinta-esgota-cineteatro/?fbclid=IwAR28dy11PohOnhVV83SNig1LjNp2lgCxY7gVjoQzeV_CbSFlwYXGBBQHIEE#.XXkLcxNwv0k.facebook
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26aGOSTO2019
 Hj é de dar paraBÉNS ao Fernando.MOONspell...d' Alcobaça que vos abRRaaaAÇA...
 https://www.youtube.com/watch?v=egK4GnkruYA
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Fernando Ribeiro...Fernando Moon
nasceu a 26aGOST1974...
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22abril2018

Em 1755, um terremoto, seguido de tsunami, arrasou a cidade de Lisboa, capital de Portugal. Ano passado, a maior banda de Heavy Metal portuguesa resolveu relembrar os acontecimentos daquele fatídico "dia de todos os santos". O grupo formado por Fernando Ribeiro (vocalista), Ricardo Amorim (guitarra), Pedro Paixão (guitarra), Aires Pereira (baixo) e Mike Gaspar (bateria) chega semana que vem ao Brasil para quatro shows: em 25 de abril (Odisseia, no Rio de Janeiro-RJ), 26 de abril (Carioca, em São Paulo-SP), 28 de abril (no Festival Abril Pro Rock, em Recife-PE), despedindo-se do Brasil em 29 de abril (A Autêntica, Belo Horizonte-MG). Fernando Ribeiro falou conosco sobre vários assuntos, entre os quais, obviamente, a turnê no Brasil, o disco, mas, também sobre a coletânea "Em Nome do Medo" (Heavy and Loud Press e The Burn Productions), com 18 bandas brasileiras regravando canções do MOONSPELL. E por falar em metal brasileiro e metal português, também conversamos sobre diferenças e semelhanças entre ambas as cenas. Fernando colocou vários nomes de bandas portuguesas que deveriam fazer mais sucesso no Brasil em uma "bicha" (sei, o trocadilho é infame). Por fim, sobre alguns de seus compatriotas, Fernando dispara: "há muita desunião e maledicência em Portugal, na cena Metal, existe muita gente que por frustração tornou a cena um sitio mau e quando é assim, é impossível chegar lá fora". Alguma semelhança com a cena no Brasil (ou pelo menos em algumas de suas capitais?). Diga o leitor na seção de comentários depois de conferir a entrevista na íntegra logo abaixo. [Nota: ao começar a editar esta entrevista, até pensamos em adequar o português de Portugal falado por Fernando para o nosso português aqui do Brasil. E sim, há muito trabalho (correção, formatação, escolha de fotos para ilustrar - embora nada da mensagem seja alterada) até que estes textos cheguem até você, leitor. No entanto, optamos por deixar as respostas praticamente como foram recebidas, preservando a beleza e (para nós, um tanto, claro) estranheza de sua língua original].
 https://whiplash.net/materias/entrevistas/281933-moonspell.html
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6feVER2018
 




Fernando Ribeiro, dos Moonspell
Rita Carmo

Fernando Ribeiro dos Moonspell escreve sobre “gente desafinada, feia e sem talento” e atira farpas a Madonna

O vocalista dos Moonspell escreveu um texto de opinião no Jornal de Leiria, em que parte da homenagem dos Metallica a Zé Pedro para abordar a vitalidade do rock e outros temas

 
Jornalista
Fernando Ribeiro, vocalista dos Moonspell, escreveu no Jornal de Leiria um artigo de opinião no qual parte da homenagem que os Metallica prestaram a Zé Pedro, no concerto na Altice Arena, em Lisboa, para defender a vitalidade do rock e lançar algumas críticas.
"Semanalmente, os jornais, sites e publicações de música nacionais passam um atestado de óbito ao rock", começa o português por escrever.
"Quando não morre, desaparece das suas publicações ou leva um carimbo (...) de nicho de mercado, ler como uma coisa ultrapassada, para gente 'fatela' e 'burra' que não consegue aceitar nem compreender a ascensão da 'Afro Lisboa', ou dos novos poetas eléctricos, ou do novo rock das caves e garagens lisboetas de gente desafinada, feia e sem talento".
"Quando a maior banda de metal do mundo homenageia o melhor rocker de sempre de Portugal, só temos de celebrar esse gesto e rendermo-nos à evidência que o rock, afinal, é uma família, sentada à mesa, a comer com as mãos, a beber da garrafa e a abanar a cabeça", defende Fernando Ribeiro, lamentando "o cinismo e o snobismo [que] têm dominado a imprensa alternativa em Portugal" e "os cronistas de todo o peido que a Madonna dá (e com quem) e se o vai samplar no seu próximo disco.

Fernando Ribeiro garante ainda que continua "na estrada, hoje na Alemanha, a viver em pleno da coisa morta do rock".

Pode ler aqui o texto na íntegra, no qual o músico se refere igualmente à "invasão das rádios" pelo kizomba, à "desforra Eurovision em Lisboa" e novamente a Madonna, que a seu ver "entretém os saloios de Lisboa".
https://blitz.pt/principal/update/2018-02-06-Fernando-Ribeiro-dos-Moonspell-escreve-sobre-gente-desafinada-feia-e-sem-talento-e-atira-farpas-a-Madonna
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5feVER2018

A nossa casinha

Já perdi a conta às vezes que o meu gosto e a minha improvável “profissão” de roqueiro (ou Metaleiro, como quiserem) foi posta em causa ou diminuída.

Semanalmente, os jornais, sites e publicações de música nacionais passam um atestado de óbito ao Rock.
Quando ele não morre, desaparece das suas publicações ou leva um carimbo diferente: de nicho de mercado, ler como uma coisa ultrapassada, para gente “fatela” e “burra” que não consegue aceitar nem compreender a ascensão da "Afro Lisboa", ou dos novos poetas eléctricos, ou do novo rock das caves e garagens lisboetas de gente desafinada, feia e sem talento.
Quando a maior banda de Metal do Mundo homenageia o melhor Rocker de sempre de Portugal, só temos de celebrar esse gesto e rendermo-nos à evidência de que o Rock, afinal, é uma familia, sentada à mesa, a comer com as mãos, a beber da garrafa e a abanar a cabeça.
Que nojo, pensarão os editores de Lisboa, os cronistas de todo o peido que a Madonna dá (e com quem) e se o vai samplar no seu próximo disco. E enquanto continua esta evidente sobranceria, o nosso Rock vai desbaratando teorias de losers e wannabes das pistas de dança do Lux, com números e emoções indesmentíveis.
Porque o que custa a esta gente da música domesticada, é a nossa capacidade para sermos ingênuos o suficiente para pensarmos que o que os Metallica fizeram foi simplesmente lindo.
De chorar a pensar que a banda que ouvíamos entre as quatro paredes do nosso quarto pequeno dos subúrbios com os nossos dez amigos lá dentro, teve um gesto do caraças e mostrou toda a sua humanidade, calando todos quanto só já discutiam a especulação dos preços e a morte de um estilo que encheu, outra vez, a arena de todas as negociações.
O cinismo e o snobismo têm, de facto dominado a imprensa alternativa em Portugal. O pouco espaço nos jornais é usado para realçar coisas que no meu tempo nem se deixariam entrar em estúdio.
As colunas de intelectuais e musicólogos são, na sua maioria, um exercício onanista, desligado de qualquer tentativa de passar conhecimento, sugerir, melhorar a vida musical dos seus leitores.
Em bom Português eles odeiam que as pessoas ouçam música e que sintam emoções através de bandas que vendem milhões e que eles humilham nas suas crónicas pagas.
Porque acotovelarmo-nos num concerto de Metallica não é o mesmo que ir a um festival e encher o pescoço de passes laminados dados pelos sponsors.
Ir a um concerto dos Metallica é ir também ver o que passa, reencontrar amigos, dizer mal da banda, porque não, há muita gente que foi, que já nem ouve Metallica desde o fim dos anos 80.
No entanto, esteve lá, e esse estar lá é algo muito próprio do Rock, e que, ao contrário do que se escreve por aí, é a sua força, a força da presença. Da noção da importância de ter lá estado.
Em Lisboa, quando se fez a homenagem ao Zé Pedro (que bem a merece porque não olhou o Metal de lado e bem nos cruzámos em muitos dos concertos dos californianos), escreveu-se um momento que nunca se esquecerá: História. Ponto final, metal up your ass! Eu não estive lá. Continuo na estrada, hoje na Alemanha, a viver em pleno da coisa morta do Rock.
À distância, tenho vergonha do que se escreve sobre o Rock em Portugal. Apetece-me dizer coisas más, impublicáveis. Mas o Rock é magnânimo e perdoa a ignorância porque é a única música que não tem vergonha de ser o que é e os fãs sabem disso.
E enquanto a Madonna entretem os saloios de Lisboa até se fartar de Lx e se pirar; enquanto o kizomba invade as rádios e se prepara, a preço de ouro, a desforra Eurovision em Lisboa; no mundo real os Metallica encheram o Pavilhão, tocaram Xutos, nós por cá, bem obrigado,
Europa com salas esgotadas, dezenas de bandas de Metal a fazerem o mesmo, por todo o mundo.
O mundo: a nossa casinha.
*músico e líder dos Moonspell
 https://www.jornaldeleiria.pt/opiniao/nossa-casinha-8081#.WnhWVhfTDOs.facebook
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 É apontado como o metaleiro-filósofo. Fernando Ribeiro é o rosto dos Moonspell, banda portuguesa de “heavy metal” com tarimba mundial. “Fomos um bocadinho ostracizados na cena em Portugal. Existe uma espécie de racismo musical”.Fernando Ribeiro: O português é um bocadinho medroso


Lúcia Crespo 07 de outubro de 2016 às 09:34
Os países da Europa nunca se odiaram tanto. "Tu não és um metaleiro comum, pois não?", perguntou-lhe Sónia Tavares, vocalista dos The Gift, quando conheceu aquele que é hoje o marido, Fernando Ribeiro, o rosto dos Moonspell, banda portuguesa de "heavy metal" com tarimba mundial. É mesmo um dos grupos portugueses mais reconhecidos internacionalmente. O metaleiro-filósofo, como é apelidado, tem 42 anos, cresceu na Brandoa, onde nos anos 80 encomendava "metal underground" ao Círculo de Leitores e trocava cassetes com "penfriends". "Existia muita fome de material, trocávamos tudo, daí o fascínio pelos Correios!" Ele e os amigos experimentavam as guitarras e, à entrada dos anos 90, lançaram os Morbid God, primeiro nome dos Moonspell, banda feita de gente com cabelos compridos, coletes de cabedal, relógios de bolso. Banda com letras lunares. "Toda a gente dizia que Moonspell era um projecto quase profano, desajustado, um bocado arrogante", diz o vocalista e letrista da banda que está a comemorar os 20 anos do álbum "Irreligious", que será tocado no Pavilhão Multiusos de Guimarães a 2 de Dezembro e no Campo Pequeno, em Lisboa, no dia 4 de Fevereiro.  
Há uns anos, os Moonspell deixaram de ter um "manager" e apostaram no chamado "self-management". São metaleiros-gestores…
Gerir uma banda é algo que não faz parte dos planos iniciais, mas acaba por ir acontecendo. Não é a parte mais bonita da música, todos sabemos disso, mas é uma parte essencial e também pode ser criativa. Há cinco anos, entrámos em regime de "self­-management". E não foi apenas por uma questão financeira. Dá muito mais trabalho, mas temos aquilo que os músicos sonham, e que é a liberdade de dizer "não", é a liberdade de não ter de fazer um álbum para cumprir a agenda de uma "tournée". É a liberdade de poder gerir com "gut feeling". É poder ter uma certa teimosia. Portanto, "self-management" é liberdade de movimentos. Antigamente, gestão e marketing eram palavras proibidas e estranhas ao mundo da música. Felizmente, as bandas têm vindo a mudar a sua própria percepção em relação ao que é ser-se músico e têm vindo a deixar de ser tão ostensivas, deixaram de simular riqueza, algo que acontecia muito em Portugal. Lembro-me de ver bandas com grandes vidas, grandes casas, grandes carros e de pensar: ou estas pessoas se endividam muito ou então nós temos uma noção errada do que é estar numa banda, que é algo que implica muito investimento, sobretudo nos primeiros anos. 

Antes de formarem a vossa banda de "heavy metal", chegaram mesmo a "estudar o mercado"?
Sim, fizemos uma análise da cena portuguesa de "heavy metal" e achámos, na nossa ingenuidade, que faltava uma banda diferente no país. Começámos como jornalistas amadores de fanzines e contactávamos com muitas bandas internacionais. Apesar de não sermos músicos, éramos uns entusiastas daquele estilo de música e de vida, e eu até andava em negociações com os meus pais para deixar crescer o cabelo... 

Foi necessário convencê-los?
Claro que sim. Adoro os meus pais, tenho um grande amor por eles, uma grande gratidão, mas, atenção, eu venho de uma família vulgar, dos subúrbios, da Brandoa. Compreendo que na altura, face ao esforço que os meus pais faziam para terem melhores condições de vida, verem um filho, ainda por cima bom aluno, a apostar numa banda como os Moonspell ou Morbid God (o primeiro nome do grupo) não seria o mais esperado. Bem, também não iria ganhar dinheiro com o curso de Filosofia que andava a tirar, mas eu sempre fiz coisas por vocação. Os meus pais deram-me sempre imensos conselhos e a resistência deles até foi boa para mim. Na altura, havia duas espécies de pais, os combativos e aqueles que proporcionavam tudo aos filhos e, para esses, a música era quase um capricho, não era uma coisa suficientemente séria.

"Faltava uma banda de ‘heavy’ metal diferente." Onde estava a vossa diferença?
A ideia era construir algo original, de modo que, quando as pessoas se referissem ao "heavy metal" em Portugal, não pensassem apenas em meia dúzia de bandas que copiavam grandes nomes, como Metallica, Sepultura, Machine Head. Mas houve um grande período de incompreensão, mesmo dentro da cena do metal, até aceitarem os Moonspell. Fomos um bocadinho ostracizados na cena em Portugal. Eu sentia-me completamente deslocado dentro do meio. Acho que havia uma grande resistência a miúdos novos, como há sempre, que queriam fazer uma coisa diferente – agora, vêm aí os Moonspell, ainda por cima da Brandoa, e já querem ser os maiores! Tudo isto criava anticorpos e nós não íamos a sítios onde não nos sentíamos desejados. Na altura, éramos todos estudantes, não sabíamos o que iria acontecer connosco, mas tentávamos ser bastante profissionais em todos os pormenores, até nas capas dos discos. Pode soar um bocadinho presunçoso, mas acho que éramos realmente diferentes dos metaleiros que conhecíamos, tanto que a Sónia (Tavares) [vocalista dos Gift e esposa de Fernando Ribeiro], quando me conheceu, disse logo: "Tu não és um metaleiro comum, pois não?"  

No início, eram conhecidos por uma certa arrogância, não?
Toda a gente dizia que Moonspell era um projecto quase profano, um bocado desajustado, um bocado arrogante. Mas o que nós víamos era uma cena portuguesa sem qualquer espécie de expressão internacional desde o final dos anos 80 – e falo do "heavy metal", mas poderia falar do resto da música. Não havia praticamente ninguém, sem ser os Madredeus e alguns artistas do fado, com expressão internacional. Grandes bandas como os Xutos iam a Espanha, França, não muito mais. Eles tinham muito sucesso em Portugal e, se calhar, não precisavam dessa aventura lá fora. Nós, não só precisávamos como estávamos à procura dela.     

Que idade é que tinham quando começaram a preparar a banda?
Começámos a prepará-la em 1989, eu tinha 15 anos. Foi aos 13 que entrei em contacto com o universo do metal e depois foi tudo em catadupa. Na altura, eu ouvia a música que os anos 80 nos permitiam ouvir, e os anos 80 foram, na verdade, os anos da música, os músicos eram os maiores, eram eles as grandes vedetas, os grandes ídolos, não eram os jogadores de futebol nem os políticos. Eu vivia na Brandoa, onde havia duas ou três lojas de discos, que não distribuíam "heavy metal", só distribuíam "hard rock" e música de filmes. Lembro-me de descer a rua e entrar numa dessas lojas, que tinha um poster do John Travolta no "Saturday Night Fever", e foi lá que eu ouvi as primeiras bandas pesadas. Na Amadora, já havia uma discoteca que distribuía metal. E eu também comprava por catálogo. De vez em quando, a senhora do Círculo de Leitores batia à porta lá de casa, e os meus pais tinham imensos livros, até o grande livro da costura! Então, eu comecei a controlar as compras do Círculo de Leitores. Encomendava todo o "heavy metal" que havia, e que era pouco, "metal underground", e uma das bandas que mais me influenciou foi Bathory, um projecto de um só homem, muito misterioso. Também contactávamos com a cena internacional de metal através de cartas e dos "penfriends". Aquilo era uma espécie de internet, mas sem a pressa e a urgência de hoje. E havia os gurus dos "penfriends", que eram aqueles que tinham mais discos e mais cassetes para trocar. Existia muita fome de material, nós trocávamos tudo, daí o nosso fascínio pelos Correios. Faltávamos às aulas sempre que recebíamos um pacote importante!

Trocavam, recebiam as cassetes, e depois? Juntavam-se e tocavam numa garagem? Como era?
Éramos quatro miúdos da Brandoa, não sabíamos tocar, juntávamo-nos em casa, íamos experimentando, conversávamos e planeávamos, e fomos formando uma banda que falava muito do lado lunar do homem e do oculto. O lado católico dos pais pesava muito para não se falar dessas coisas. As bandas de "heavy metal", até à data, falavam de assuntos mais corriqueiros, falavam de miúdas, de cervejas, falavam de alguns pedaços de História. Esse lado lunar era, na altura, uma afirmação nossa, e por isso mantivemos os ensaios ultra-secretos, não havia amigos, não havia cervejas, não havia assistentes, éramos só nós, sempre a tocar, a desbravar territórios, horas seguidas a tocar "riff" na guitarra. Foi um período muito chato até 1992.
cotacao Fomos um bocadinho ostracizados na cena em Portugal. Existe uma espécie de racismo musical (...). Os músicos portugueses aburguesavam-se um pouco. 
Porquê chato?
Nós tínhamos entusiasmo, mas não saíamos da cepa torta enquanto músicos, precisávamos de algo que nos estimulasse a dar o primeiro passo. Tal como o poeta sai da gaveta, as bandas também têm de sair dela. É verdade que nunca quisemos participar em festivais de música moderna, que era algo que lançava muitas bandas em Portugal. Mas nós queríamos fazer as coisas à nossa maneira. Até que saímos numa compilação em vinil com as melhores bandas de "heavy metal" portuguesas e alguns novatos na cena. Demos nas vistas, até pela forma de apresentação, com aquela sensibilidade mais esotérica, vestíamos sempre coletes, usávamos relógios de bolso... Mas a imagem era apenas a continuidade do que queríamos transmitir. E tudo isso suscitava curiosidade.

Paralelamente, estudava Filosofia. Até já foi apelidado de filósofo do metal. Que pontos de contacto existem entre o "heavy metal" e a filosofia?
O "heavy metal" tem sido apreciado, por quem está de fora, de uma maneira bastante leviana. Há muitas relações, por exemplo, com a literatura, houve sempre uma relação óbvia com autores como [Charles] Baudelaire e [Samuel Taylor] Coleridge – há mesmo aquele épico dos Iron Maiden, "The Rime of the Ancient Mariner". Há bandas que trabalharam William Blake, nós trabalhámos Marquês de Sade, Mário Cesariny e Fernando Pessoa. O impacto do homem que luta contra o seu destino é um tema muito caro ao "heavy metal", pelo menos àquele de que eu gosto. Sempre me aproximei das bandas que vêem o homem na sua totalidade, ou seja, interessa-me aquele lado lunar, por isso, tive sempre um fascínio por letras de oculto, de ficção, de horror, até porque me parecem, de alguma forma, mais verdadeiras. 

Fazem 25 anos em 2017, são sobejamente conhecidos, mas "os Moonspell passam a vida a tocar no estrangeiro e ninguém faz menção a isso". Ainda sente essa falta de reconhecimento em Portugal?
Sinto, pelo menos, que há um grande incómodo quando reclamo de algo. Para já, tento afastar-me da perspectiva que geralmente é colada a um músico. Um músico em Portugal, hoje em dia, para a maior parte das pessoas, é um "entertainer", um "performer", e muita gente pensa que o facto de vivermos da música já é um privilégio tão grande que não deve haver mais nenhuma compensação. A vida de um músico é mal-entendida em Portugal e praticamente todos os músicos que são "bem-entendidos" acabaram por fazer cedências, habituaram-se à cena. Muitos deles poderiam ter tido uma carreira lá fora – e uma carreira lá fora implica fazer "tournées" de carrinha durante oito semanas, usar estações de serviço… Muitos fizeram isso, principalmente malta do "punk", do "rock" e do "heavy metal". Mas, de resto, os músicos aburguesavam-se um pouco. Quando voltámos a Portugal, em 1996, depois das nossas primeiras "tournées", metiam-nos numa carrinha bastante boa e íamos almoçar num sítio bonito. E eram logo hotéis de quatro e cinco estrelas. Mas o nosso trabalho não era nenhuma excursão…

E, hoje, vocês nunca vão para hotéis de quatro estrelas?
Nem sempre. Quando nos dão um cachê chave na mão e somos nós a tratar do assunto, podemos ficar em quartos duplos, triplos, desde que nos permitam descansar. Mas nós chegámos a ser, não diria achincalhados, mas gozados por um músico de baile que passava num grande carro – "Então?" Tive um Ford Fiesta durante muito tempo, só vou trocar agora, e não vou comprar um carro novo. Eu posso não ter o Audi que outros têm, mas faço aquilo que quero. Mas agora, por vários motivos, já não existe essa ostentação e os músicos portugueses até aparentam algum desleixo.

Existe aí alguma amargura, alguma zanga? Dizia, numa entrevista, que a vossa banda deveria ser considerada um exemplo, dada a sua improbabilidade.
Somos uma banda em plena actividade, com fãs, com concertos, mas de vez em quando temos a impressão de que somos velhos demais para alguns agentes que estão há cinco, dez anos, no mercado. Por outro lado, acho que há um certo branqueamento ou esquecimento dos Moonspell e de outras bandas, em prol de bandas mais consentâneas com o gosto pessoal e com algumas agendas. Para mim, o importante, claro, é fazer as coisas. Mas falar das cosias que fazemos é algo pelo qual temos de lutar, não só pelo nosso próprio ego ou reconhecimento, mas também para não sermos esquecidos numa história que não tem assim tantos exemplos como nós e que pode ser benéfico para outros.

Tiveram um desaguisado com o Público, depois de o autor do artigo "Buraka Som Sistema: dez anos da história mais surpreendente da música portuguesa" afirmar nunca ter existido um grupo português de música popular com tanta visibilidade internacional como os Buraka. Vocês acusaram o jornal de "racismo musical". Não foi excessivo?
O jornalista fazia uma radiografia à internacionalização da música portuguesa através da história, boa e meritória, dos Buraka, e dizia, como facto e não como opinião, que era um consenso que não havia uma banda tão transversal e internacional como os Buraka, o que é mentira. Achamos mesmo que existe uma espécie de racismo musical em desconsiderar bandas que já fizeram várias coisas lá fora, desde os Brigada Victor Jara aos Madredeus. Há uma certa sobranceria, há uma "intelligentsia" que grassa em Lisboa, há um jornalismo muito umbilical.

Falando na parte "feia" da música, a parte internacional representa quanto do vosso mercado?
Diria algo como 80 a 90%. Temo-nos aventurado noutros territórios, como o norte-americano. Mas estamos em toda a Europa, sobretudo na Alemanha, que é a nossa base. É forte, fiel, tem imprensa especializada e os maiores festivais do mundo. Dizem que o "heavy metal" é um nicho de mercado, e é, mas o festival Wacken Open Air, sem anunciar qualquer banda de cartaz, vende 70 mil bilhetes e esgota. O maior festival em Portugal, não específico, vende 60 mil, o que é fantástico para o país, claro. Em Portugal, sobreviver neste nicho seria praticamente impossível sem tocar em bares ou ter outra actividade paralela à música, mas não é impossível. E os Moonspell provaram isso mesmo. Porque arriscaram… Acho que o português é um bocadinho medroso. Alguns músicos poderiam ter arriscado mais. Houve muita gente a tocar lá fora, mas não avançou. O que nos distingue de outras bandas, e que é algo que nos une aos Buraka e aos Madredeus, é a continuidade nessa aventura – fazemos "tournées" há vinte anos e nunca tivemos um ano sabático sem tocar lá fora. Aliás, nunca estivemos mais de dois ou três meses sem sair de Portugal.

Até costumam ir a um cruzeiro de metaleiros, o 70000 Tons of Metal, não é? "Há um ambiente fantástico e todos cantam uns com os outros. De repente, está tudo a tomar o pequeno-almoço e a comer feijões…", dizia a Sónia Tavares, numa entrevista ao Negócios.
Para mim, o "heavy" metal é também um estilo de vida, que se baseia muito numa espécie de "carpe diem" ou "carpe noctem", há ali um desfrutar de uma irmandade imensa. Podemos estar a ouvir a banda mais deprimente do mundo, e sentir aquilo no momento do concerto, mas depois há um lado bestial de camaradagem. E o metal também se modernizou, foi encontrando formas de se diversificar e foram aparecendo festivais de "heavy metal". Só em Portugal, existem uns dez. O Vagos, agora o Vouga, Barroselas…, que são sítios mais ou menos improváveis para metaleiros. Metaleiros que vão para os Bombeiros beber copos, metaleiros que vão para as tascas da aldeia. Há ali uma onda mesmo muito boa. A Sónia, que não é uma fã de "heavy metal", ficava sempre muito espantada com o ambiente – "Ali, ninguém está a representar um papel", dizia-me. E eu compreendo. No outro dia, fui ao Cais do Sodré e parecia que estava a entrar numa aplicação do Instagram. É essa a sensação que tenho quando vou a um festival cheio de marcas. Nós já tocámos no Rock in Rio, por exemplo, mas mesmo dentro de um ambiente mais "hostil", o metaleiro consegue metalizar os festivais… É engraçado, quando eu morava em Lisboa, achava que Lisboa era uma cidade mais para todos, agora não sei, por isso é que fui para Alcobaça, que é uma cidade com o ritmo perfeito. Nada contra Lisboa, mas tenho o direito de pensar que Lisboa está mais "tcham" e mais "uau" e, para mim, não dá.

"Não acredito nas manifestações Time Out que percorreram a cidade para desaguarem no Cais do Sodré ao sabor do gim importado"; "Não acho que o que parva que sou ou o princesa... sejam os hinos de uma geração revolta ou inconformada"; "Por fim, entregámos o título de cantores de intervenção às pessoas mais betas do mudo". Frases duras que escreveu…
 É verdade. A minha tia era militante do Partido Comunista – incompatibilizou-se há uns tempos e dedicou-se ao caravanismo… –, e eu sempre fui a manifestações com ela, apoiei a CDU nas últimas eleições, mas sempre de uma forma crítica e agora até estou mais apartidário. E não, não fui à manifestação de 15 de Setembro de 2012, a essa, eu não fui. Há muitas pessoas em Portugal que têm grandes problemas e, sinceramente, não sei se foram essas as pessoas que saíram à rua nessa altura. Se calhar, manifestaram-se mais as pessoas que estavam a perder um bocadinho do seu "status quo". Pareceu-me mais uma birra gigantesca do que uma manifestação a sério.

Uma birra?!
Isto é a minha opinião, claro. Quanto à minha parte mais crítica…, os membros da banda Deolinda são umas jóias de pessoas, mas não acho que sejam uma banda de protesto, acho que cavalgaram um bocadinho na onda, talvez não eles, talvez a editora. Não são um José Mário Branco. Acho que há poucas bandas perigosas ou, de alguma forma, corrosivas. Para mim, música de intervenção tem de opor, não é só congregar. Não quero dizer que haja violência, mas há outra maneira de fazer as coisas. A mãe de uma amiga usa a expressão: é uma brincadeira levezinha. Mas a vida não é uma brincadeira levezinha.

Falta ao país a "dinâmica do rock"?
Sim, é uma extrapolação, claro, e à excepção de pessoas como a Mariana Mortágua, o Miguel Tiago, falando de exemplos jovens na linha política de que eu gosto mais. Mas também há valores à direita, claro. Pessoalmente, estou na expectativa de que, com ou sem bandas de intervenção, com ou sem manifestações, estas pessoas estejam mais qualificadas para fazer de Portugal um país melhor. A minha esperança está nessa geração, que me parece menos comprometida com o "status quo". Pelo menos, assim espero. Ainda existe falta de coragem em muitos assuntos, mas hoje assisto a coisas que não eram possíveis numa jovem democracia ou numa democracia que se estava a encontrar. Estou optimista, mas não sou ingénuo, sei que a política é feita de compromissos.
cotacao Nós, portugueses, pensamos que merecemos o melhor, mesmo que não façamos nada para isso.
E nós, portugueses, enquanto cidadãos, exercemos bem a nossa cidadania. Amadurecemos?
Aparentemente, sim, mas temos de sair do activismo de rede social para um território mais físico, que não passa apenas por ir a manifestações, mas também por ter um outro sentido de vivência e uma outra gestão de expectativas. Todos nós, portugueses, pensamos que merecemos o melhor, mesmo que não façamos nada para isso. Muitas pessoas de bandas que não conseguiram ir mais além pensam que, provavelmente, poderiam estar num sítio melhor se não lhes tivesse acontecido uma coisa qualquer – atribuindo culpas externas ao Governo, a teorias da conspiração, a compadrios – quando, de vez em quando, lhes falta um bocadinho de autocrítica. De vez em quando, o problema somos mesmo nós. Eu acho que o português tem de saber esperar.

Saber esperar ou fazer?
Fazer, temos de fazer sempre, mas temos de saber esperar pelos resultados. Só agora, passados 20 anos, é que estou em condições para, por exemplo, lançar uma pequena editora – abrimos a Alma Mater Records para lançar o vinil dos 20 anos de "Irreligious" e para lançar, pela primeira vez, o "Opium", o nosso "one­-hit wonder". Não há mal nenhum em sonhar alto, mas, nesta fase, há que refrear a ambição de querer ter sempre tudo, o último telefone, o último carro, isso torna-nos a vida um bocadinho mais triste, temos de saber aquilo que queremos fazer, aquilo que nos faz sentir bem, e daí eu aplaudir as pessoas que saem de empregos que não gostam para avançarem com os seus pequenos negócios em casa – umas fazem bolos, outras dão aulas de yoga em casa ou massagens. Claro, é fácil falar. Ou escrever.

E o Fernando escreve, e muito, nos seus blogues pessoais.
Sim. Comecei um dos blogues com um texto crítico sobre Fernando Tordo – quando o cantor tomou a decisão de ir para o Brasil – "a vida aqui no meu país, ao fim de 50 anos de profissão, tornou­-se impossível", escrevia no seu blogue – e nunca pensei que iria ter o impacto que teve. Os músicos, até os músicos com provas dadas, têm de ser sempre lutadores. O Fernando Tordo é livre de tomar as suas decisões, mas achei que ele não tinha sido muito simpático para um país que, na minha opinião, até o tratou bastante bem. Uma das pessoas que eu admiro imenso, o Herman José, arregaçou as mangas e foi para a estrada, com o espectáculo "One Herman Show!", apesar de já não ter um Bentley. Nunca se pode parar. Eu já gastei muito mais dinheiro com os Moonspell do que alguma vez ganhei. É uma actividade que exige investimento. Se nos oferecem um cachê para irmos tocar à Alemanha, é preciso assinalar que desse cachê saem todas as nossas despesas, os voos, e nós somos oito ou nove ou dez...

Ser reconhecido internacionalmente pode sair caro…
Sai muito mais caro do que ir tocar ao Porto e vir dormir a casa. Por isso é que os cachês das bandas em Portugal eram tão inflacionados, agora são menos. Sempre achei que uma banda que vendia dois ou três mil discos e metia 200 ou 300 pessoas num concerto não podia ter um cachê de determinada ordem. Lá está, a música em Portugal era completamente despesista. E, por isso, a dada altura, nós começámos a evitar almoços-reuniões naqueles restaurantes óptimos e pedíamos a toda a gente para ir ao nosso estúdio. Quando estávamos na Universal, eu morava no centro de Lisboa e ia para a editora a pé, até Benfica, e as pessoas ficavam surpreendidas – vieste a pé?! Toda a gente ia de táxi… Agora, claro, já não é assim. Os músicos têm razão de queixa, sim, mas de vez em quando queixamo-nos nos lugares errados, devíamos reivindicar mais por uma justiça fiscal ou manifestarmo­-nos contra o imposto do artista estrangeiro. Seria mais valioso debater porque é que os Moonspell ou os Deolinda vão a um país estrangeiro e têm uma elevada retenção na fonte nesse país quando pagam impostos em Portugal. A "nacionalidade" europeia é uma coisa que não existe, e isso preocupa­-me muito mais porque é lesivo para quem se quer internacionalizar. É lesivo para quem está a contar com o mercado livre e vê que tal não existe e que, pelo contrário, não há países que desconfiem mais uns dos outros do que os países europeus entre si.

Não acredita nesta Europa?
A Europa foi um projecto pensado de uma forma extremamente humanista por Immanuel Kant, por exemplo. Acreditava numa federação europeia que estimulasse exactamente o contrário do que se está a estimular agora. Acho que os países da Europa nunca se odiaram tanto, nunca desconfiaram tanto dos seus vizinhos, e não estamos a falar do factor desequilibrador dos refugiados. Devíamos equacionar sair da Europa, sim, não podemos ter medo de colocar a questão ou, então, devíamos tentar recuar um bocadinho, não fazer uma Europa europeia, já se viu que não resulta, com todas as diferenças que existem. Acredito que a União Europeia teve boas intenções, acredito que veio estancar conflitos europeus. Mas agora, pelas indicações actuais, pelas frustrações latentes, é capaz de ser mais um barril de pólvora do que propriamente um agente pacificador. 
cotacao Acho que os países da Europa nunca se odiaram tanto. Não há países que desconfiem mais uns dos outros do que os europeus. 
No meio das vossas correrias pela Europa, e não só, que projecto futuro vos entusiasma mais?
É um trabalho que estamos a fazer sobre o terramoto de Lisboa – trata-se de um álbum-conceito, tem o som Moonspell, mas é cantado em português. Fascina-me tudo que aconteceu naquela altura na Europa e a grande mudança que Portugal teve de fazer por causa de uma catástrofe natural e com um verdadeiro iluminado que era o Marquês de Pombal. Achei fantástico que o Voltaire tivesse feito um poema sobre o terramoto – "Poème Sur Le Désastre de Lisbonne" – e se o Voltaire fez uma obra sobre o desastre de Lisboa, nós também vamos fazer (risos). Lá está, os metaleiros-filósofos voltam a atacar.

https://www.jornaldenegocios.pt/weekend/detalhe/fernando_ribeiro_o_portugues_e_um_bocadinho_medroso
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10jun2014

Fernando Ribeiro: “Nós perdemos dinheiro nos EUA”


Moonspell tocaram na China no final de 2013 e começaram o ano com uma tour americana. Agora preparam novo CD, para mostrar ao vivo na Europa a partir de janeiro
 Fernando Ribeiro: "Os músicos têm, talvez, uma noção diferente do que é o sucesso. Todos os dias lutamos pela continuidade e, quando se está a lutar, não se avalia o sucesso"

Correio da Manhã – Vinte e dois anos de sucesso com os Moonspell mudaram-no como pessoa?

Fernando Ribeiro – Não. Os músicos têm, talvez, uma noção diferente do que é o sucesso. Todos os dias lutamos pela continuidade e, quando se está a lutar, não se avalia o sucesso.

– O facto de ter participado no projeto Amália Hoje deu-vos mais cartaz junto do grande público?

– Em reconhecimento, sim. Os Amália Hoje extravasaram as bandas de onde vínhamos. Tivemos a preocupação de fazer um bom produto e correu bem, mas o público que conseguimos não reverteu a favor das bandas. Pelo menos no caso dos Moonspell…

– Mas conheceu a Sónia Tavares.

– Ficou a amizade e, no meu caso, um casamento e um filho.

– Surpreendeu-o a forma como as pessoas reagiram às suas declarações sobre a emigração de Fernando Tordo?

– Algumas perceberam a mensagem, outras nem por isso. A maior parte do que me chegou foram calúnias e mal-entendidos. Mas mantenho o que disse: toda a gente luta em Portugal e não são só os artistas. Vale a pena lutar por este País. É duro? É. Tornou-se mais duro? Sim. Mas com todo o respeito pelas pessoas que querem emigrar, eu tenho o direito de não concordar.

– No início do ano fizeram uma tournée americana como cabeças de cartaz. Como a avalia?

– Ao contrário do que se pensa, nem todas as tournées são rentáveis e nós perdemos dinheiro nos EUA. Mas valia a pena agarrar a oportunidade e pensar nisto como investimento. Por causa deste trabalho, podemos contar com outra tournée para o ano.

– Semear para colher depois?

– Sempre semeámos para colher. As pessoas questionam se os artistas ganham mais em merchandising, no Spotify, ou das vendas… É uma discussão errada. O músico é como a galinha: grão a grão, enche o papo.

– E o concerto na China?

– Era importante para nós, e foi uma experiência de descobridor. Ficou em aberto a possibilidade de voltar para o ano.

– Os Moonspell têm disco novo...
– Há um disco que tencionamos lançar em janeiro de 2015. Ainda não tem título. Depois, queremos sair para tournée europeia.
PERFIL
FERNANDO RIBEIRO Nasceu a 26 de agosto de 1974 e fundou a banda de metal Morbid God em 1989. Em 1992, o grupo passou a chamar-se Moonspell. Com dez álbuns editados, banda já vendeu mais de 500 mil discos e as suas canções estão frequentemente nos tops europeus. É casado com Sónia Tavares, dos Gift, de quem tem um filho, Fausto.
https://www.cmjornal.pt/cultura/detalhe/fernando-ribeiro-nos-perdemos-dinheiro-nos-eua