Nasceu 5jun1898
e morreu19aGOSTO1936
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21aGOSTO2018
Nos 80 anos do seu assassinato, que teve lugar no início do criminoso levantamento franquista contra o governo legítimo e democrático da República, a melhor homenagem que podemos prestar a Federico García Lorca é continuarmos a ler a sua extraordinária obra poética e dramática.
Federico
García Lorca (1898-1936) nasceu em Fuente Vaqueros, perto de Granada, e
é considerado um dos maiores poetas europeus do século XX. A sua
influência fez-se sentir em muitos poetas portugueses dos anos 30, 40 e
50, especialmente nos neo-realistas, como Manuel da Fonseca, também em
Eugénio de Andrade – que o traduziu admiravelmente – ou ainda em Matilde
Rosa Araújo, já nos anos 60. O poeta Joaquim Namorado, por seu turno,
foi dos primeiros a divulgar o andaluz em Portugal, através do seu
pequeno livro Vida e Obra de Federico García Lorca, publicado em 1943.
Na muita e variada poesia de Lorca (Canciones, 1927; Romancero Gitano, 1928; Llanto por Ignacio Sánchez Mejías, 1935; Poeta en Nueva York (1929-30), 1940, etc.), cruzam-se veios diversos: o simbolismo e os ritmos e temas tradicionais (designadamente de raiz popular e andaluza), mas também uma linguagem em que são já visíveis traços das poéticas de vanguarda das primeiras décadas do século XX (entre as quais se conta, por exemplo, o surrealismo, rótulo que todavia o poeta sempre rejeitou). Em boa verdade, a surpreendente dimensão metafórica dos versos de Lorca, a ousadia das imagens, a insinuante musicalidade da escrita que legou à posteridade fizeram da sua uma voz poética verdadeiramente singular. Uma voz e um olhar que se deixaram seduzir também pelo jazz, pelos ritmos cubanos, pelo cinema (Chaplin, Buster Keaton…); uma voz e um olhar sensíveis, em Poeta en Nueva York, à condição social e económica dos negros, à discriminação de que eram vítimas, e à vida desumanizada das massas no coração do capitalismo, isto é, na América do Norte, onde permaneceu entre 1929 e 1930.
Apaixonado pela cultura e pela arte populares da Espanha – que tantas vezes recriou admiravelmente no seu trabalho artístico, fosse na poesia e no teatro, fosse na música –, imbuído de ideias e sentimentos generosos que o fizeram colaborar em numerosas iniciativas artísticas e político-culturais de cunho progressista, o poeta refugiou-se em Granada para fugir ao ambiente de agitação que se vivia em Madrid, acabando por ser surpreendido pelo levantamento fascista do general Franco (início da chamada Guerra Civil em Espanha). Os franquistas prendem-no na tarde de 16 de Agosto de 1936 e, na madrugada de 18 para 19, fuzilam-no num campo dos arredores de Granada. O seu corpo nunca foi encontrado. Esta trágica circunstância, aliada à memória da própria personalidade de Lorca, viria a contribuir para tornar este poeta uma figura mítica e uma espécie de símbolo dos milhares e milhares de vítimas do terror fascista em Espanha e do combate da cultura contra a barbárie.
Muitos outros poetas o prantearam, em particular companheiros seus do chamado «Grupo de 27» (Rafael Alberti, Manoel Altolaguirre, Luis Cernuda, Vicente Aleixandre, etc.) e poetas latino-americanos de quem foi amigo, como o chileno Pablo Neruda. Apoiantes ou mesmo combatentes do lado republicano, alguns dos que conheceram Lorca, como o poeta, mais jovem, Miguel Hernández, viriam, eles também, a ser encarcerados e a morrer precocemente ou então a exilar-se para fugir à perseguição franquista.
Nos 80 anos do seu assassinato, que teve lugar, como foi dito, no início do criminoso levantamento franquista contra o governo legítimo e democrático da República, a melhor homenagem que podemos prestar a Federico García Lorca é continuarmos a ler a sua extraordinária obra poética e dramática. E descobrirmos textos como Alocução ao Povo da Aldeia de Fuentevaqueros, obra editada em 2004 e reeditada, em 2014, pelo Sector Intelectual do Porto do PCP, que constitui um admirável e emotivo elogio do livro, uma viagem pela sua história, além de um incentivo à leitura e um tributo à própria literatura.
Experimente, por isso, ler o famoso «Pranto por Ignacio Sánchez Mejías», em tradução de Jorge de Sena.
Depois encante-se também (e leia o poema aos seus filhos) com esta maravilha de simplicidade que é, na tradução de José Bento, a
Canção tonta
Mamã.
Eu quero ser de prata.
Filho,
terás muito frio.
Mamã.
Eu quero ser de água.
Filho,
terás muito frio.
Mamã.
Borda-me em tua almofada.
Está bem!
Agora mesmo!
Federico García Lorca, Antologia Poética,
Lisboa, Relógio d’Água, p. 37 (trad. de José Bento)
Na muita e variada poesia de Lorca (Canciones, 1927; Romancero Gitano, 1928; Llanto por Ignacio Sánchez Mejías, 1935; Poeta en Nueva York (1929-30), 1940, etc.), cruzam-se veios diversos: o simbolismo e os ritmos e temas tradicionais (designadamente de raiz popular e andaluza), mas também uma linguagem em que são já visíveis traços das poéticas de vanguarda das primeiras décadas do século XX (entre as quais se conta, por exemplo, o surrealismo, rótulo que todavia o poeta sempre rejeitou). Em boa verdade, a surpreendente dimensão metafórica dos versos de Lorca, a ousadia das imagens, a insinuante musicalidade da escrita que legou à posteridade fizeram da sua uma voz poética verdadeiramente singular. Uma voz e um olhar que se deixaram seduzir também pelo jazz, pelos ritmos cubanos, pelo cinema (Chaplin, Buster Keaton…); uma voz e um olhar sensíveis, em Poeta en Nueva York, à condição social e económica dos negros, à discriminação de que eram vítimas, e à vida desumanizada das massas no coração do capitalismo, isto é, na América do Norte, onde permaneceu entre 1929 e 1930.
Lorca conheceu ou foi amigo de artistas como o realizador de cinema Luis Buñuel, o poeta chileno Pablo Neruda, o pintor Salvador Dalí e muitos outros. Personalidade de proverbial encanto, simpatia e talento, foi ainda músico e cantor, encenador, actor e desenhador, além de grande dramaturgo (exemplos: Bodas de Sangue; Yerma; A Casa de Bernarda Alba) e promotor teatral, tendo escrito também alguns poemas para crianças («Canciones para niños»), caso de «Canção tonta». Exemplo do seu trabalho de dinamização teatral é «La Barraca»: um grupo de teatro universitário, itinerante e de orientação popular, fundado e dirigido pelo poeta e por Eduardo Ugarte. Criado em 1931 com o apoio do governo, no início da Segunda República, e lançado no Verão de 1932, o grupo tinha como propósito levar o teatro clássico espanhol a regiões com escassa actividade cultural.«Em boa verdade, a surpreendente dimensão metafórica dos versos de Lorca, a ousadia das imagens, a insinuante musicalidade da escrita que legou à posteridade fizeram da sua uma voz poética verdadeiramente singular.»
Apaixonado pela cultura e pela arte populares da Espanha – que tantas vezes recriou admiravelmente no seu trabalho artístico, fosse na poesia e no teatro, fosse na música –, imbuído de ideias e sentimentos generosos que o fizeram colaborar em numerosas iniciativas artísticas e político-culturais de cunho progressista, o poeta refugiou-se em Granada para fugir ao ambiente de agitação que se vivia em Madrid, acabando por ser surpreendido pelo levantamento fascista do general Franco (início da chamada Guerra Civil em Espanha). Os franquistas prendem-no na tarde de 16 de Agosto de 1936 e, na madrugada de 18 para 19, fuzilam-no num campo dos arredores de Granada. O seu corpo nunca foi encontrado. Esta trágica circunstância, aliada à memória da própria personalidade de Lorca, viria a contribuir para tornar este poeta uma figura mítica e uma espécie de símbolo dos milhares e milhares de vítimas do terror fascista em Espanha e do combate da cultura contra a barbárie.
Muitos outros poetas o prantearam, em particular companheiros seus do chamado «Grupo de 27» (Rafael Alberti, Manoel Altolaguirre, Luis Cernuda, Vicente Aleixandre, etc.) e poetas latino-americanos de quem foi amigo, como o chileno Pablo Neruda. Apoiantes ou mesmo combatentes do lado republicano, alguns dos que conheceram Lorca, como o poeta, mais jovem, Miguel Hernández, viriam, eles também, a ser encarcerados e a morrer precocemente ou então a exilar-se para fugir à perseguição franquista.
Nos 80 anos do seu assassinato, que teve lugar, como foi dito, no início do criminoso levantamento franquista contra o governo legítimo e democrático da República, a melhor homenagem que podemos prestar a Federico García Lorca é continuarmos a ler a sua extraordinária obra poética e dramática. E descobrirmos textos como Alocução ao Povo da Aldeia de Fuentevaqueros, obra editada em 2004 e reeditada, em 2014, pelo Sector Intelectual do Porto do PCP, que constitui um admirável e emotivo elogio do livro, uma viagem pela sua história, além de um incentivo à leitura e um tributo à própria literatura.
Experimente, por isso, ler o famoso «Pranto por Ignacio Sánchez Mejías», em tradução de Jorge de Sena.
Depois encante-se também (e leia o poema aos seus filhos) com esta maravilha de simplicidade que é, na tradução de José Bento, a
Canção tonta
Mamã.
Eu quero ser de prata.
Filho,
terás muito frio.
Mamã.
Eu quero ser de água.
Filho,
terás muito frio.
Mamã.
Borda-me em tua almofada.
Está bem!
Agora mesmo!
Federico García Lorca, Antologia Poética,
Lisboa, Relógio d’Água, p. 37 (trad. de José Bento)
https://www.abrilabril.pt/cultura/nos-80-anos-do-seu-assassinato-ler-lorca-sempre
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Moreno de verde luna
Assim, António Machado, nas suas Poesías de La Guerra, publicará «El crimen fue en Granada» que se tornou a epígrafe do Romance de Federico de Joaquim Namorado, e Mário Dionísio publica «Elegia ao companheiro morto», que é uma glosa de «Llanto por Ignacio Sánchez Mejías» de García Lorca, em que a morte do companheiro se torna uma alusão à morte de um prisioneiro político.
«DESPEDIDA
No duerme nadie por el cielo. Nadie. nadie.
Edição: 2324, 14-06-2018
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Biografia
https://www.youtube.com/watch?v=ZAfaklT_uZU
*
https://www.youtube.com/watch?v=yt0BALshdTY
*
Federico García Lorca nació el 5 de junio de 1898 en la localidad de Fuentevaqueros, Granada (España). Era el hijo mayor del adinerado terrateniente Federico García Rodriguez y de la maestra Vicenta Lorca Romero. Los hermanos pequeños de Federico se llamaban Francisco, Concha e Isabel. Asistió a la Universidad de la ciudad andaluza, en donde estudió Derecho y Filosofía y Letras. También aprendió música con Antonio de Segura y posteriormente con Manuel de Falla, dominando con soltura el piano y la guitarra. Ambos organizaron en 1922 el Festival del Cante Jondo, mostrando el apego de Lorca con la cultura popular de su tierra, característica prominente en gran parte de su obra literaria. Su vínculo con la música fue base para el ensayo de Marco Antonio de la Ossa Martínez “Ángel, Musa y Duende”. En 1919 se trasladó a Madrid, en donde conoció al escritor Juan Ramón Jiménez. En la capital de España entabló una estrecha amistad con Salvador Dalí y Luis Buñuel, sus compañeros en la Residencia de Estudiantes. La película de Buñuel y Dalí, “Un Perro Andaluz” (1928) está inspirada en el poeta granadino. En el año 1928 creó la efímera revista “Gallo” y un año después viajó a los Estados Unidos para dar conferencias y estudiar inglés en la Universidad de Columbia. Su estancia en tierras americanas produjo la obra de contenido social en entorno urbano y con influencia del surrealismo “Poeta En Nueva York”. Tras una breve estancia en Cuba, regresó a España en 1931 y fundó junto a Eduardo Ugarte el teatro universitario “La Barraca”, en donde dirigió obras de autores clásicos como Lope de Vega, Calderón de la Barca o Tirso de Molina. Posteriormente viajó por Argentina y Uruguay y recorrió diferentes países europeos. Como secretario de “La Barraca” trabajó con Rafael Rodriguez Rapún, con quien se rumorea que Federico mantuvo una relación sentimental. Su primera obra literaria fue “Impresiones y Paisajes” (1918), un libro en prosa poética inspirado por un viaje a Castilla. Posteriormente presentó la obra teatral “El Maleficio De La Mariposa” (1920) y su primera colección de poesía, titulada “Libro De Poemas” (1921). Espléndido autor de teatro, escribió obras tan importantes como “Mariana Pineda” (1927), que en su estreno contó con la interpretación de la actriz Margarita Xirgú y decorados realizados por Dalí, “La Zapatera Prodigiosa” (1930), “Doña Rosita La Soltera” (1935) y las tragedias “Bodas De Sangre” (1933), “Yerma” (1935), y “La Casa De Bernarda Alba” (1936), trabajos que le convierten en uno de los dramaturgos más importante surgidos en España desde los tiempos de Lope o Calderón. Otras piezas teatrales escritas por Lorca en los años 30 fueron “El Público” (1930) y “Así Que Pasen Cinco Años” (1931). Entre su producción poética, manifestada con una lírica imaginería, gran riqueza en los recursos técnicos, intensa profundidad emocional y su raíz en lo popular desde una óptica universal, destacan “Canciones” (1927), “Romancero Gitano” (1928), “Llanto Por Ignacio Sánchez Mejías” (1935) y su citada obra póstuma “Poeta En Nueva York” (1940). Escribió también versos en lengua gallega titulados “Seis Poemas Galegos” (1935). El 19 de agosto de 1936 y en los inicios de la Guerra Civil Española, el miembro más destacado de la llamada “Generación del 27” murió fusilado en Viznar sin juicio tras ser detenido en casa de su amigo, el poeta Luis Rosales, quien intentó protegerle ya que su familia pertenecía a la Falange. Su detención no está clara, algunas fuentes citan su homosexualidad, otras su ideología y otras por simples cuestiones de animadversión a causa de conflictos territoriales entre familias terratenientes. Su asesinato convirtió al genial literato, que no pertenecía a ningún partido político y tanto mantenía amistad con políticos de izquierda como de derecha (incluido José Antonio Primo de Rivera, con quien compartió según Gabriel Celaya cenas y tertulias literarias), en uno de los grandes mártires de la literatura moderna. En el momento de su fallecimiento tenía 38 años. Su persona ha sido objeto de varios ensayos. En uno de ellos, “La Imagen Duende”, escrito por Rafael Llano, se analiza su vínculo con el cineasta José Val Del Omar.
https://www.youtube.com/watch?v=6bwjFr6Tfzo
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by JERO:
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FUNDAÇÃO
http://garcia-lorca.org/Home/Home.aspx
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https://historia-biografia.com/federico-garcia-lorca/
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Via Susana Duarte
21dez2016
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Via Gisela Mendonça
27ouTUbro 2011
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"A poesia não quer adeptos, quer amantes."
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saber escreVIVER:
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Gisela Mendonça
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Via Maria Elisa Ribeiro:
"Todas as coisas têm o seu mistério, e a poesia é o mistério de todas as coisas"
Via JERO:
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Federico García Lorca (Fuente Vaqueros, 5 de junho de 1898 — Granada, 19 de agosto de 1936) foi um poeta e dramaturgo espanhol, e uma das primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola.
https://www.leme.pt/magazine/efemerides/0819/
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Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)
https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/06/05-de-junho-de-1898-nasce-o-poeta-e.html?spref=fb&fbclid=IwAR3jv6dYbbvIxwoOvJGQ-E5EcA3xfkWQ6Wba4uAfBwy9wEo-yLQxkcdDFDw
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*Algumas fontes referem 18 de Agosto como data da morte
Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)
https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2018/08/19-de-agosto-de-1936-o-escritor.html
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https://www.facebook.com/photo.php?fbid=885330088197154&set=a.128649463865224.20680.100001605121894&type=1&theater
Le célèbre poète Espagnol LORCA déclamant son ultime poème, juste avant son exécution durant la guerre civile d’Espagne En Août 1936, Par un peloton d’exécution fasciste.
C’est quoi l’homme sans liberté
O ! Mariana dis moi
Dis-moi comment puis-je t’aimer
Si je ne suis pas libre, dis-moi
Comment t’offrir mon cœur
S’il n’est pas à moi,
*
(tradução minha)
O que é o homem sem liberdade
O ! Mariana diz-me
Diz-me como posso t' amar
Se não estou livre, diz-me
Como oferecer-te meu coração
Se ele não é meu,
***
Via Citador:
http://www.citador.pt/frases/citacoes/a/federico-garcia-lorca
Há coisas encerradas dentro dos muros que, se saíssem de repente para a rua e gritassem, encheriam o mundo
*
O mais terrível dos sentimentos é o sentimento de ter a esperança perdida.
*
A poesia não quer adeptos, quer amantes.
*
Olha à direita e à esquerda do tempo, e que o teu coração aprenda a estar tranquilo.
*
A poesia é algo que anda pela rua.
*
A criação poética é um mistério indecifrável, como o mistério do nascimento do homem. Ouvem-se vozes, não se sabe de onde, e é inútil preocuparmo-nos em saber de onde vêm.
*
Como não me preocupei com o nascer, não me preocupo com o morrer.
*
A poesia é a união de duas palavras que nunca se supôs que se pudessem juntar e que formam uma espécie de mistério.
*
A tradução destroça o espírito do idioma.
*
O homem famoso tem a amargura de levar o peito frio e trespassado por lanternas furta-fogo que os outros lhe dirigem.
**
in Conversa Sobre o Teatro
in 'Poeta em Nova Iorque'
in 'Romanceiro Gitano'
in 'Divã do Tamarit'
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in 'Poemas Esparsos'
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1165004206849480&set=a.104671869549391.10003.100000197344912&type=1&theater
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http://www.culturapara.art.br/opoema/garcialorca/garcialorca.htm
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Federico García Lorca, o poeta dos sete instrumentos
EVOCAÇÃO Federico
García Lorca é uma figura de artista emblemática. Poeta, ele será
também dramaturgo e homem de teatro, compositor e artista plástico. O
seu envolvimento com todas estas artes é, também, um envolvimento com as
tradições populares da sua terra natal, a Andaluzia.
Nasceu
em Fuente Vaqueros, em Granada, Espanha, no dia 5 de Junho de 1898. Por
imposição da família, estudou Direito na Universidade de Granada. Cinco
anos depois de 1914, data da entrada no curso, mudou-se para Madrid
onde se tornará amigo de Buñuel, Dalí e Rafael Alberti.
Ligado
ao movimento que ficou conhecido como geração de 27, e antecipando, de
alguma forma, vertentes que caracterizam o modernismo, por um lado, a
sua poesia, a sua criação dramatúrgica e musical mergulham raízes no
sangue e na seiva popular das figuras que povoam o território.
A sua poesia começa por ser um relançamento da poesia tradicional e popular que se reúne em Romancero Gitano (1924-27) publicado em 1928 e Poema del cant jondo (1921-22), publicado em 1931. Os poemas do Romancero constroem um mito antropológico centrado no gitano enquadrado numa paisagem liricamente constituída e historicamente marcada, quer através de notícias do prendimiento
e da morte de Antonio Torres Heredia, / hijo e nieto de Camborios, /
[que] com una vara de mimbre / va a Sevilla a ver los toros.
Moreno de verde luna
Anda despacio y garboso.
Sus empavonados bucle
le brillan entre los ojos.
A la mitad del caminho
cortó limones redondos,
y los fué tirando al agua
hasta que la puso oro,
Y a la mitad del caminho,
bajo las ramas de um olmo,
guardiã civil caminera
lo llevó codo com codo.
quer do Romance deLa guardi civil española,
onde as imagens sintetizam essa guarda através de uma imagem sonora e
de imagens falsamente sonoras que verdadeiramente falam do medo que
inspiram.
Los caballos negros son.
Las herraduras son negras.
Sobre las capas relucen
manchas de tinta y cera.
Tienen, por esso no lloran,
de plomo las calaveras.
[…]
Pasan, si quieren pasar,
y ocultan en la cabeza
una vaga astronomia
de pistolas inconcretas.
Oh ciudad de los gitanos!
En las esquinas banderas,
La luna y la calabaza
con las guindas en conserva.
Oh ciudad de los gitanos!
Quién te vió y no te recuerda?
Ciudad de dolor y almizcle
con las torres de canela.
No fim do curso viaja para os Estados Unidos e Cuba, período em que escreve poemas modernistas de modo surrealista. Ode a Walt Whitman, 1933, Poeta em Nueva York (1929-30), publicado em 1940.
Assassinado
muito jovem, a sua morte (em 1936) será mantida envolta em algum
mistério embora em grande parte fabricado pelo fascismo na tentativa de
ocultar a sua cumplicidade nesse acontecimento. Este assassinato choca
profundamente os intelectuais ibéricos que seguem atentamente a guerra
civil de Espanha desencadeada a partir de uma rebelião contra o governo
de Frente Popular eleito democraticamente na República espanhola. Os
poetas, designadamente anarquistas e comunistas espanhóis e portugueses,
compreendem o que está em jogo na República: as forças nazi-fascistas
preparam o que virá a ser a segunda Guerra Mundial e revelam o que se
preparam para fazer com a liberdade: liquidá-la.
Se
Garcia Lorca é o assassinado individual que mais comove esses
intelectuais, a chacina colectiva que mais protestos desencadeia é a de
Guernica, pintada por Picasso (é o bombardeamento selvagem de uma aldeia
basca), na qual Carlos de Oliveira descobre um anjo camponês que dá a
ver a cena, num poema de 1971, intitulado Descrição da guerra em Guernica.
Estes protestos traduzem-se de outro modo nos cidadãos anónimos que vão combater para Espanha junto com os rojos e que mais tarde fogem para França onde lutarão com os alemães que a virão a ocupar.Assim, António Machado, nas suas Poesías de La Guerra, publicará «El crimen fue en Granada» que se tornou a epígrafe do Romance de Federico de Joaquim Namorado, e Mário Dionísio publica «Elegia ao companheiro morto», que é uma glosa de «Llanto por Ignacio Sánchez Mejías» de García Lorca, em que a morte do companheiro se torna uma alusão à morte de um prisioneiro político.
Manuel
da Fonseca deixar-se-à guiar pela musicalidade e pela prosódia oral e
popular da poesia de Lorca, construindo a comunidade do Alentejo,
centrada, por sua vez, na vida do maltês.
No teatro Lorca é fundador do grupo La Barraca e escreve três peças épicas sobre o universo rural, concentrando-se nas figuras das mulheres e da sua força, são elas: Bodas de Sangre (1933) Yerma ( 1934) e Casa de Bernarda Alba (1936) que se destacam de um conjunto de peças com acentuado pendor lírico como La Zapatera Prodigiosa ( 1930), Amor de perlimpim com Belisa en su jardin (1933) e Dona Rosita la soltera o el lenguage de las flores ( 1935). A peça El publicoé uma peça surrealista só publicada, postumamente.
De igual modo, Lorca é um talentoso músico, é conhecido o seu talento para a música ainda antes de saber falar.
E despeço-me de Federico no ritmo agora, dos versos do poeta em Nova Iorque.
«DESPEDIDA
No duerme nadie por el cielo. Nadie. nadie.
No duerme nadie.
Lorca
Não é agora a mão do pai que o levava à noite por Évora.
Era a sua voz que lia em voz alta.
Essa voz fazia o som que era então para o filho
o som de Espanha. E por contiguidade era também
um som possível para aquele sul deitado até ao horizonte
em que o céu é ainda terra: a sua alta respiração ou
a branca asfixia na noite que não dorme?
A voz acendia o álcool e ninguém podia dormir – tu não podias –
enquanto o som do poema se erguia, ritmava o mundo e o seu céu
deslizava na palavra muslos que era como peixes surpreendidos.
A voz e o poema vibravam a ansiedade e o orgulho,
a desesperada elegância de heróis obscuros, a inquietação
e a ternura inábil daquele pai que viera louco da guerra civil.
Quando mataram Federico, haveria uma lua vermelha...
Não a podes comparar com a que havia quando
Wozzeck bebe na faca o sangue de Marie.
Anos mais tarde, quando aquele que lia em voz alta morre
não tiveste uma lua para lhe dar. É também por isso
que ninguém dorme no céu do mundo. O filho dava-lhe a mão
para que ele soubesse que estava ali: "Sou eu, outra vez».
Mas era também já o desastre, a tristeza em voz baixa.
Estes últimos anos colheram-te demasiados amigos
Pela morte assassinados. Agora não dormem já.
No duerme nadie por el mundo. Nadie. Nadie.
Não podes já telefonar-lhes; não podes chamá-la ou ouvir
como te chama; nenhum gesto poderá fazer o arco cintilante
entre viventes nós, e abrir uma passagem no mundo.
Nenhum, nenhuma amante poderá agora olhar-lhes
a pedra respirante do sono ardendo raso e devagar.
Não lhes podes perguntar por exemplo
porque quereria ele dormir o sueño
daquele menino. Ou porque é que esse menino oscuro
queria cortarse el corazón en alta mar?
E se o cortasse, que rosa, que ferida se abriria no mar?
Como será a onda que tal sangue faz, tinge, dispara?
Poderei eu mesmo assim dizer e prometer que
nada calará o silvo dessa rosa que se abre na água
e é um mar.
Um mar, uma rosa de sangue e todo o esquecimento.
Então alguém se volta para a parede cega e apaga a luz do candeeiro
desta lua vermelha que vive na casa.
A sala fica feita da matéria da noite.
E a noite é um mar um labirinto com céu de rocha.
Já ninguém
verá naquela janela a chama da vigília, a figura da solidão
o gesto da ausência: o vestígio da presença; próxima e distante.
Só podes escutar o fluxo e o refluxo
do grande mar que o sangue tinge numa onda que agora se desfaz.
Olhas então o negro do negro dentro e fora
da casa, sob e sobre as pontes e as margens dos mundos.
E esperas.
E pedes o sono. Mas
no duerme nadie por el mundo.
Estendes os dedos – haverá talvez um clamor submerso
o da noite insone respondendo à noite dos que não dormem.
Como se a poesia guardasse a voz dos que a lêem alto,
na noite contra o silêncio, a peste, a barbárie...
Lês o poema e
ouves outra vez a voz que lia em voz alta.
En alta mar, na mais alta flor, a canção
daquele marinheiro que é sempre o último.
E vem ter contigo.»
Excerto de «Um Pai, uma biblioteca, uma despedida» in A Foz em Delta, ed. «Avante!», 2018
Federico García Lorca, o poeta dos sete instrumentosEdição: 2324, 14-06-2018
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Biografia
https://www.youtube.com/watch?v=ZAfaklT_uZU
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https://www.youtube.com/watch?v=yt0BALshdTY
*
Federico García Lorca nació el 5 de junio de 1898 en la localidad de Fuentevaqueros, Granada (España). Era el hijo mayor del adinerado terrateniente Federico García Rodriguez y de la maestra Vicenta Lorca Romero. Los hermanos pequeños de Federico se llamaban Francisco, Concha e Isabel. Asistió a la Universidad de la ciudad andaluza, en donde estudió Derecho y Filosofía y Letras. También aprendió música con Antonio de Segura y posteriormente con Manuel de Falla, dominando con soltura el piano y la guitarra. Ambos organizaron en 1922 el Festival del Cante Jondo, mostrando el apego de Lorca con la cultura popular de su tierra, característica prominente en gran parte de su obra literaria. Su vínculo con la música fue base para el ensayo de Marco Antonio de la Ossa Martínez “Ángel, Musa y Duende”. En 1919 se trasladó a Madrid, en donde conoció al escritor Juan Ramón Jiménez. En la capital de España entabló una estrecha amistad con Salvador Dalí y Luis Buñuel, sus compañeros en la Residencia de Estudiantes. La película de Buñuel y Dalí, “Un Perro Andaluz” (1928) está inspirada en el poeta granadino. En el año 1928 creó la efímera revista “Gallo” y un año después viajó a los Estados Unidos para dar conferencias y estudiar inglés en la Universidad de Columbia. Su estancia en tierras americanas produjo la obra de contenido social en entorno urbano y con influencia del surrealismo “Poeta En Nueva York”. Tras una breve estancia en Cuba, regresó a España en 1931 y fundó junto a Eduardo Ugarte el teatro universitario “La Barraca”, en donde dirigió obras de autores clásicos como Lope de Vega, Calderón de la Barca o Tirso de Molina. Posteriormente viajó por Argentina y Uruguay y recorrió diferentes países europeos. Como secretario de “La Barraca” trabajó con Rafael Rodriguez Rapún, con quien se rumorea que Federico mantuvo una relación sentimental. Su primera obra literaria fue “Impresiones y Paisajes” (1918), un libro en prosa poética inspirado por un viaje a Castilla. Posteriormente presentó la obra teatral “El Maleficio De La Mariposa” (1920) y su primera colección de poesía, titulada “Libro De Poemas” (1921). Espléndido autor de teatro, escribió obras tan importantes como “Mariana Pineda” (1927), que en su estreno contó con la interpretación de la actriz Margarita Xirgú y decorados realizados por Dalí, “La Zapatera Prodigiosa” (1930), “Doña Rosita La Soltera” (1935) y las tragedias “Bodas De Sangre” (1933), “Yerma” (1935), y “La Casa De Bernarda Alba” (1936), trabajos que le convierten en uno de los dramaturgos más importante surgidos en España desde los tiempos de Lope o Calderón. Otras piezas teatrales escritas por Lorca en los años 30 fueron “El Público” (1930) y “Así Que Pasen Cinco Años” (1931). Entre su producción poética, manifestada con una lírica imaginería, gran riqueza en los recursos técnicos, intensa profundidad emocional y su raíz en lo popular desde una óptica universal, destacan “Canciones” (1927), “Romancero Gitano” (1928), “Llanto Por Ignacio Sánchez Mejías” (1935) y su citada obra póstuma “Poeta En Nueva York” (1940). Escribió también versos en lengua gallega titulados “Seis Poemas Galegos” (1935). El 19 de agosto de 1936 y en los inicios de la Guerra Civil Española, el miembro más destacado de la llamada “Generación del 27” murió fusilado en Viznar sin juicio tras ser detenido en casa de su amigo, el poeta Luis Rosales, quien intentó protegerle ya que su familia pertenecía a la Falange. Su detención no está clara, algunas fuentes citan su homosexualidad, otras su ideología y otras por simples cuestiones de animadversión a causa de conflictos territoriales entre familias terratenientes. Su asesinato convirtió al genial literato, que no pertenecía a ningún partido político y tanto mantenía amistad con políticos de izquierda como de derecha (incluido José Antonio Primo de Rivera, con quien compartió según Gabriel Celaya cenas y tertulias literarias), en uno de los grandes mártires de la literatura moderna. En el momento de su fallecimiento tenía 38 años. Su persona ha sido objeto de varios ensayos. En uno de ellos, “La Imagen Duende”, escrito por Rafael Llano, se analiza su vínculo con el cineasta José Val Del Omar.
https://www.youtube.com/watch?v=6bwjFr6Tfzo
***
***
by JERO:
"Todas as coisas têm o seu mistério, e a poesia é o mistério de todas as coisas"
*
"Tenho medo de perder a maravilha
de teus olhos de estátua e aquele acento
que de noite me imprime em plena face
de teu alento a solitária rosa.
Tenho pena de ser nesta ribeira
tronco sem ramo..."
***
FUNDAÇÃO
http://garcia-lorca.org/Home/Home.aspx
***
https://historia-biografia.com/federico-garcia-lorca/
***
https://www.facebook.com/dAsEntranhas/photos/a.341443995976255.1073741844.338478916272763/349291168524871/?type=3&theater
***
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=364972510376998&set=a.271616623045921.1073742131.100005927551960&type=1&theater
***
Via Susana Duarte
21dez2016
(...)
Nos livros seus de versos,
entre rosas de sangue,
vão passando as tristonhas
e eternas caravanas,
Nos livros seus de versos,
entre rosas de sangue,
vão passando as tristonhas
e eternas caravanas,
que fizeram ao poeta
quando chora nas tardes,
rodeado e cingido
por seus próprios fantasmas.
quando chora nas tardes,
rodeado e cingido
por seus próprios fantasmas.
Poesia, amargura,
mel celeste que mana
de um favo invisível
que as almas fabricam.
mel celeste que mana
de um favo invisível
que as almas fabricam.
Via Gisela Mendonça
27ouTUbro 2011
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2353681495021&set=a.1181415429102.28176.1639690204&type=3&theater
"A poesia não quer adeptos, quer amantes."
***
*
saber escreVIVER:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2189464669703&set=a.1181415429102.28176.1639690204&type=3&theater
Gisela Mendonça
A poesia é a união de duas palavras que nunca se supôs que se pudessem juntar e que formam uma espécie de mistério.
-Frederico Garcia Lorca-
Via Maria Elisa Ribeiro:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1436795573003674&set=a.104671869549391.10003.100000197344912&type=3&theater
O POETA PEDE AO SEU AMOR QUE LHE ESCREVA
Amor de minhas entranhas, morte viva,
em vão espero tua palavra escrita
e penso, com a flor que se murcha,
que se vivo sem mim quero perder-te.
em vão espero tua palavra escrita
e penso, com a flor que se murcha,
que se vivo sem mim quero perder-te.
O ar é imortal. A pedra inerte
nem conhece a sombra nem a evita.
Coração interior não necessita
o mel gelado que a lua verte.
nem conhece a sombra nem a evita.
Coração interior não necessita
o mel gelado que a lua verte.
Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias,
tigre e pomba, sobre tua cintura
em duelo de kordiscos e açucenas.
tigre e pomba, sobre tua cintura
em duelo de kordiscos e açucenas.
Enche, pois, de palavras minha loucura
ou deixa-me viver em minha serena
noite da alma para sempre escura.
ou deixa-me viver em minha serena
noite da alma para sempre escura.
(tradução: William Agel de Melo)
***"Todas as coisas têm o seu mistério, e a poesia é o mistério de todas as coisas"
Via JERO:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10205092795314124&set=a.1029365188983.3914.1670949754&type=3&theater
Federico García Lorca (Fuente Vaqueros, 5 de junho de 1898 — Granada, 19 de agosto de 1936) foi um poeta e dramaturgo espanhol, e uma das primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola.
- Grande parte dos seus primeiros trabalhos baseia-se em temas relativos à Andaluzia (Impressões e Paisagens, 1918), à música e ao folclore regionais (Poemas do Canto Fundo, 1921-1922) e aos ciganos (Romancero Gitano, 1928).
https://www.leme.pt/magazine/efemerides/0819/
***
05 de Junho de 1898: Nasce o escritor espanhol Federico García Lorca
No
dia 19 de Agosto* de 1936, o escritor espanhol Federico García Lorca é
fuzilado pelos franquistas perto de Granada, no sul de Espanha. A
guerra civil no país eclodiria menos de um mês depois. O conflito opôs o
exército do general Francisco Franco ao governo republicano. As
simpatias de esquerda, o seu comprometimento com os mais desfavorecidos e
a sua homossexualidade custariam a vida ao poeta.
Nascido
em Fuente Vaqueros, província de Granada, no dia 5 de Junho de 1898,
Lorca escreveu uma obra que constitui um dos pontos altos da poesia
espanhola do século XX. Após sobreviver a uma infância marcada por
graves e consecutivas doenças, estudou Direito e Literatura,
inicialmente em Granada e depois em Madrid. Nessa época, por volta de
1919, aproximou-se dos grandes nomes da vanguarda artística espanhola e
tornou-se amigo íntimo do pintor Salvador Dalí, do compositor Manuel de
Falla, do cineasta Luis Buñuel e do poeta Rafael Alberti.
Com a publicação de Libro de Poemas (1921),
García Lorca despertou a atenção da crítica, e em 1925 passou a
colaborar em várias revistas literárias madrilenas, sobretudo em La Gaceta Literaria e na Revista de Occidente. A crítica consagrou-o em definitivo após a publicação das Canciones Gitanas (1927). No ano seguinte publicou Romancero Gitano (1928),
para muitos a maior das suas obras poéticas. Esteve em Nova Iorque, em
1929, como bolsista da Universidade de Colúmbia, e fez ainda uma viagem a
Cuba.
Voltou
a Espanha em 1931 e fundou e passou a dirigir o importante grupo
teatral universitário La Barraca. Visitou países da América Latina,
fazendo grande sucesso como poeta, dramaturgo e conferencista em países
como Brasil, Argentina e Uruguai. Socialista convicto sem nunca ter sido
comunista, havia tomado posição a favor da República. Foi preso por
ordem de um deputado católico de direita que justificou a sua prisão
sob a alegação de que ele era mais perigoso com a caneta do que outros
com o revólver.
Em
seguida foi executado pelos nacionalistas franquistas em Víznar, com um
tiro na nuca, numa execução que teve repercussão mundial. O seu corpo
foi deixado em Serra Nevada. Segundo algumas versões, ele teria sido
fuzilado de costas, em alusão à sua homossexualidade. A caneta
calava-se, mas emergia em todas as partes um sentimento de que o que
ocorria na Espanha dizia respeito a todo o planeta.
Assim
como muitos artistas, Pablo Picasso, Pablo Casals, Salvador Dali e
outros -, durante o longo regime ditatorial do generalíssimo Franco, as
suas obras foram consideradas clandestinas em Espanha.
Com
o fim do regime, e o regresso do país à democracia, finalmente a sua
terra natal rendeu-lhe homenagem, sendo hoje considerado o maior autor
espanhol desde Miguel de Cervantes. Lorca tornou-se o mais notável numa
constelação de poetas surgidos durante a guerra, conhecida como "geração
de 27", alinhando-se entre os maiores poetas do século XX.
Foi
ainda um excelente pintor, compositor precoce e pianista. Como
dramaturgo, Lorca fez incursões no drama histórico e na farsa antes de
obter sucesso com a tragédia. As três tragédias rurais passadas na
Andaluzia, Bodas de Sangue (1933), Yerma (1934) e A Casa de Bernarda Alba (1936) escrita na maior parte em prosa e talvez a sua melhor peça, asseguraram a sua posição como grande dramaturgo.
Como poeta, destacou-se com as publicações Poema del Cante Jondo (1931), Llanto por Ignacio Sánchez Mejías (1935), Seis Poemas Gallegos (1935), Poeta en Nueva York (1940) publicado em livro postumamente, no México.
*Algumas fontes referem 18 de Agosto como data da morteFontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)
Federico García Lorca em 1914
Alma Ausente - Federico García Lorca
No te conoce el toro ni la higuera,
ni caballos ni hormigas de tu casa.
No te conoce tu recuerdo mudo
porque te has muerto para siempre.
No te conoce el lomo de la piedra,
ni el raso negro donde te destrozas.
No te conoce tu recuerdo mudo
porque te has muerto para siempre. El otoño vendrá con caracolas,
uva de niebla y montes agrupados,
pero nadie querrá mirar tus ojos
porque te has muerto para siempre.
Porque te has muerto para siempre,
como todos los muertos de la Tierra,
como todos los muertos que se olvidan
en un montón de perros apagados.
No te conoce nadie. No. Pero yo te canto.
Yo canto para luego tu perfil y tu gracia.
La madurez insigne de tu conocimiento.
Tu apetencia de muerte y el gusto de su boca.
La tristeza que tuvo tu valiente alegría.
Tardará mucho tiempo en nacer, si es que nace,
un andaluz tan claro, tan rico de aventura.
Yo canto su elegancia con palabras que gimen
y recuerdo una brisa triste por los olivos.
ni caballos ni hormigas de tu casa.
No te conoce tu recuerdo mudo
porque te has muerto para siempre.
No te conoce el lomo de la piedra,
ni el raso negro donde te destrozas.
No te conoce tu recuerdo mudo
porque te has muerto para siempre. El otoño vendrá con caracolas,
uva de niebla y montes agrupados,
pero nadie querrá mirar tus ojos
porque te has muerto para siempre.
Porque te has muerto para siempre,
como todos los muertos de la Tierra,
como todos los muertos que se olvidan
en un montón de perros apagados.
No te conoce nadie. No. Pero yo te canto.
Yo canto para luego tu perfil y tu gracia.
La madurez insigne de tu conocimiento.
Tu apetencia de muerte y el gusto de su boca.
La tristeza que tuvo tu valiente alegría.
Tardará mucho tiempo en nacer, si es que nace,
un andaluz tan claro, tan rico de aventura.
Yo canto su elegancia con palabras que gimen
y recuerdo una brisa triste por los olivos.
El crimen fue en Granada - Antonio Machado
Se le vio, caminando entre fusiles,
por una calle larga,
salir al campo frío,
aún con estrellas de la madrugada.
Mataron a Federico
cuando la luz asomaba.
El pelotón de verdugos
no osó mirarle la cara.
Todos cerraron los ojos;
rezaron: ¡ni Dios te salva!
Muerto cayó Federico
—sangre en la frente y plomo en las entrañas—
... Que fue en Granada el crimen
sabed —¡pobre Granada!—, en su Granada.
por una calle larga,
salir al campo frío,
aún con estrellas de la madrugada.
Mataron a Federico
cuando la luz asomaba.
El pelotón de verdugos
no osó mirarle la cara.
Todos cerraron los ojos;
rezaron: ¡ni Dios te salva!
Muerto cayó Federico
—sangre en la frente y plomo en las entrañas—
... Que fue en Granada el crimen
sabed —¡pobre Granada!—, en su Granada.
2. El poeta y la muerte
Se le vio caminar solo con Ella,
sin miedo a su guadaña.
—Ya el sol en torre y torre, los martillos
en yunque— yunque y yunque de las fraguas.
Hablaba Federico,
requebrando a la muerte. Ella escuchaba.
«Porque ayer en mi verso, compañera,
sonaba el golpe de tus secas palmas,
y diste el hielo a mi cantar, y el filo
a mi tragedia de tu hoz de plata,
te cantaré la carne que no tienes,
los ojos que te faltan,
tus cabellos que el viento sacudía,
los rojos labios donde te besaban...
Hoy como ayer, gitana, muerte mía,
qué bien contigo a solas,
por estos aires de Granada, ¡mi Granada!»
sin miedo a su guadaña.
—Ya el sol en torre y torre, los martillos
en yunque— yunque y yunque de las fraguas.
Hablaba Federico,
requebrando a la muerte. Ella escuchaba.
«Porque ayer en mi verso, compañera,
sonaba el golpe de tus secas palmas,
y diste el hielo a mi cantar, y el filo
a mi tragedia de tu hoz de plata,
te cantaré la carne que no tienes,
los ojos que te faltan,
tus cabellos que el viento sacudía,
los rojos labios donde te besaban...
Hoy como ayer, gitana, muerte mía,
qué bien contigo a solas,
por estos aires de Granada, ¡mi Granada!»
3. Se le vio caminar...
Labrad, amigos,
de piedra y sueño en el Alhambra,
un túmulo al poeta,
sobre una fuente donde llore el agua,
y eternamente diga:
el crimen fue en Granada, ¡en su Granada!
de piedra y sueño en el Alhambra,
un túmulo al poeta,
sobre una fuente donde llore el agua,
y eternamente diga:
el crimen fue en Granada, ¡en su Granada!
https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/06/05-de-junho-de-1898-nasce-o-poeta-e.html?spref=fb&fbclid=IwAR3jv6dYbbvIxwoOvJGQ-E5EcA3xfkWQ6Wba4uAfBwy9wEo-yLQxkcdDFDw
*
19 de Agosto de 1936: O escritor espanhol Federico García Lorca é assassinado
No
dia 19 de Agosto* de 1936, o escritor espanhol Federico García Lorca é
fuzilado pelos franquistas perto de Granada, no sul de Espanha. A
guerra civil no país eclodiria menos de um mês depois. O conflito opôs o
exército do general Francisco Franco ao governo republicano. As
simpatias de esquerda, o seu comprometimento com os mais desfavorecidos e
a sua homossexualidade custariam a vida ao poeta.
Nascido
em Fuente Vaqueros, província de Granada, Lorca escreveu uma obra que
constitui um dos pontos altos da poesia espanhola do século XX. Após
sobreviver a uma infância marcada por graves e consecutivas doenças,
estudou Direito e Literatura, inicialmente em Granada e depois em
Madrid. Nessa época, por volta de 1919, aproximou-se dos grandes nomes
da vanguarda artística espanhola e tornou-se amigo íntimo do pintor
Salvador Dalí, do compositor Manuel de Falla, do cineasta Luis Buñuel e
do poeta Rafael Alberti.
Com a publicação de Libro de Poemas (1921),
García Lorca despertou a atenção da crítica, e em 1925 passou a
colaborar em várias revistas literárias madrilenas, sobretudo em La Gaceta Literaria e na Revista de Occidente. A crítica consagrou-o em definitivo após a publicação das Canciones Gitanas (1927). No ano seguinte publicou Romancero Gitano (1928),
para muitos a maior das suas obras poéticas. Esteve em Nova Iorque, em
1929, como bolsista da Universidade de Colúmbia, e fez ainda uma viagem a
Cuba.
Voltou
a Espanha em 1931 e fundou e passou a dirigir o importante grupo
teatral universitário La Barraca. Visitou países da América Latina,
fazendo grande sucesso como poeta, dramaturgo e conferencista em países
como Brasil, Argentina e Uruguai. Socialista convicto sem nunca ter sido
comunista, havia tomado posição a favor da República. Foi preso por
ordem de um deputado católico de direita que justificou a sua prisão
sob a alegação de que ele era mais perigoso com a caneta do que outros
com o revólver.
Em
seguida foi executado pelos nacionalistas franquistas em Víznar, com um
tiro na nuca, numa execução que teve repercussão mundial. O seu corpo
foi deixado em Serra Nevada. Segundo algumas versões, ele teria sido
fuzilado de costas, em alusão à sua homossexualidade. A caneta
calava-se, mas emergia em todas as partes um sentimento de que o que
ocorria na Espanha dizia respeito a todo o planeta.
Assim
como muitos artistas, Pablo Picasso, Pablo Casals, Salvador Dali e
outros -, durante o longo regime ditatorial do generalíssimo Franco, as
suas obras foram consideradas clandestinas em Espanha.
Com
o fim do regime, e o regresso do país à democracia, finalmente a sua
terra natal rendeu-lhe homenagem, sendo hoje considerado o maior autor
espanhol desde Miguel de Cervantes. Lorca tornou-se o mais notável numa
constelação de poetas surgidos durante a guerra, conhecida como "geração
de 27", alinhando-se entre os maiores poetas do século XX.
Foi
ainda um excelente pintor, compositor precoce e pianista. Como
dramaturgo, Lorca fez incursões no drama histórico e na farsa antes de
obter sucesso com a tragédia. As três tragédias rurais passadas na
Andaluzia, Bodas de Sangue (1933), Yerma (1934) e A Casa de Bernarda Alba (1936) escrita na maior parte em prosa e talvez a sua melhor peça, asseguraram a sua posição como grande dramaturgo.
Como poeta, destacou-se com as publicações Poema del Cante Jondo (1931), Llanto por Ignacio Sánchez Mejías (1935), Seis Poemas Gallegos (1935), Poeta en Nueva York (1940) publicado em livro postumamente, no México.
*Algumas fontes referem 18 de Agosto como data da morte
Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)
Federico García Lorca em 1914
Alma Ausente - Federico García Lorca
No te conoce el toro ni la higuera,
ni caballos ni hormigas de tu casa.
No te conoce tu recuerdo mudo
porque te has muerto para siempre.
No te conoce el lomo de la piedra,
ni el raso negro donde te destrozas.
No te conoce tu recuerdo mudo
porque te has muerto para siempre. El otoño vendrá con caracolas,
uva de niebla y montes agrupados,
pero nadie querrá mirar tus ojos
porque te has muerto para siempre.
Porque te has muerto para siempre,
como todos los muertos de la Tierra,
como todos los muertos que se olvidan
en un montón de perros apagados.
No te conoce nadie. No. Pero yo te canto.
Yo canto para luego tu perfil y tu gracia.
La madurez insigne de tu conocimiento.
Tu apetencia de muerte y el gusto de su boca.
La tristeza que tuvo tu valiente alegría.
Tardará mucho tiempo en nacer, si es que nace,
un andaluz tan claro, tan rico de aventura.
Yo canto su elegancia con palabras que gimen
y recuerdo una brisa triste por los olivos.
ni caballos ni hormigas de tu casa.
No te conoce tu recuerdo mudo
porque te has muerto para siempre.
No te conoce el lomo de la piedra,
ni el raso negro donde te destrozas.
No te conoce tu recuerdo mudo
porque te has muerto para siempre. El otoño vendrá con caracolas,
uva de niebla y montes agrupados,
pero nadie querrá mirar tus ojos
porque te has muerto para siempre.
Porque te has muerto para siempre,
como todos los muertos de la Tierra,
como todos los muertos que se olvidan
en un montón de perros apagados.
No te conoce nadie. No. Pero yo te canto.
Yo canto para luego tu perfil y tu gracia.
La madurez insigne de tu conocimiento.
Tu apetencia de muerte y el gusto de su boca.
La tristeza que tuvo tu valiente alegría.
Tardará mucho tiempo en nacer, si es que nace,
un andaluz tan claro, tan rico de aventura.
Yo canto su elegancia con palabras que gimen
y recuerdo una brisa triste por los olivos.
El crimen fue en Granada - Antonio Machado
Se le vio, caminando entre fusiles,
por una calle larga,
salir al campo frío,
aún con estrellas de la madrugada.
Mataron a Federico
cuando la luz asomaba.
El pelotón de verdugos
no osó mirarle la cara.
Todos cerraron los ojos;
rezaron: ¡ni Dios te salva!
Muerto cayó Federico
—sangre en la frente y plomo en las entrañas—
... Que fue en Granada el crimen
sabed —¡pobre Granada!—, en su Granada.
por una calle larga,
salir al campo frío,
aún con estrellas de la madrugada.
Mataron a Federico
cuando la luz asomaba.
El pelotón de verdugos
no osó mirarle la cara.
Todos cerraron los ojos;
rezaron: ¡ni Dios te salva!
Muerto cayó Federico
—sangre en la frente y plomo en las entrañas—
... Que fue en Granada el crimen
sabed —¡pobre Granada!—, en su Granada.
2. El poeta y la muerte
Se le vio caminar solo con Ella,
sin miedo a su guadaña.
—Ya el sol en torre y torre, los martillos
en yunque— yunque y yunque de las fraguas.
Hablaba Federico,
requebrando a la muerte. Ella escuchaba.
«Porque ayer en mi verso, compañera,
sonaba el golpe de tus secas palmas,
y diste el hielo a mi cantar, y el filo
a mi tragedia de tu hoz de plata,
te cantaré la carne que no tienes,
los ojos que te faltan,
tus cabellos que el viento sacudía,
los rojos labios donde te besaban...
Hoy como ayer, gitana, muerte mía,
qué bien contigo a solas,
por estos aires de Granada, ¡mi Granada!»
sin miedo a su guadaña.
—Ya el sol en torre y torre, los martillos
en yunque— yunque y yunque de las fraguas.
Hablaba Federico,
requebrando a la muerte. Ella escuchaba.
«Porque ayer en mi verso, compañera,
sonaba el golpe de tus secas palmas,
y diste el hielo a mi cantar, y el filo
a mi tragedia de tu hoz de plata,
te cantaré la carne que no tienes,
los ojos que te faltan,
tus cabellos que el viento sacudía,
los rojos labios donde te besaban...
Hoy como ayer, gitana, muerte mía,
qué bien contigo a solas,
por estos aires de Granada, ¡mi Granada!»
3. Se le vio caminar...
Labrad, amigos,
de piedra y sueño en el Alhambra,
un túmulo al poeta,
sobre una fuente donde llore el agua,
y eternamente diga:
el crimen fue en Granada, ¡en su Granada!
de piedra y sueño en el Alhambra,
un túmulo al poeta,
sobre una fuente donde llore el agua,
y eternamente diga:
el crimen fue en Granada, ¡en su Granada!
***
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=885330088197154&set=a.128649463865224.20680.100001605121894&type=1&theater
Le célèbre poète Espagnol LORCA déclamant son ultime poème, juste avant son exécution durant la guerre civile d’Espagne En Août 1936, Par un peloton d’exécution fasciste.
C’est quoi l’homme sans liberté
O ! Mariana dis moi
Dis-moi comment puis-je t’aimer
Si je ne suis pas libre, dis-moi
Comment t’offrir mon cœur
S’il n’est pas à moi,
*
(tradução minha)
O que é o homem sem liberdade
O ! Mariana diz-me
Diz-me como posso t' amar
Se não estou livre, diz-me
Como oferecer-te meu coração
Se ele não é meu,
***
Via Citador:
http://www.citador.pt/frases/citacoes/a/federico-garcia-lorca
Há coisas encerradas dentro dos muros que, se saíssem de repente para a rua e gritassem, encheriam o mundo
*
O mais terrível dos sentimentos é o sentimento de ter a esperança perdida.
*
A poesia não quer adeptos, quer amantes.
*
Olha à direita e à esquerda do tempo, e que o teu coração aprenda a estar tranquilo.
*
A poesia é algo que anda pela rua.
*
A criação poética é um mistério indecifrável, como o mistério do nascimento do homem. Ouvem-se vozes, não se sabe de onde, e é inútil preocuparmo-nos em saber de onde vêm.
*
Como não me preocupei com o nascer, não me preocupo com o morrer.
*
A poesia é a união de duas palavras que nunca se supôs que se pudessem juntar e que formam uma espécie de mistério.
*
A tradução destroça o espírito do idioma.
*
O homem famoso tem a amargura de levar o peito frio e trespassado por lanternas furta-fogo que os outros lhe dirigem.
**
in Conversa Sobre o Teatro
Todas as coisas têm o seu mistério, e a poesia é o mistério de todas as coisas.
**in 'Poeta em Nova Iorque'
Ruína
Sem encontrar-se.
Viajante pelo seu próprio torso branco.
Assim ia o ar.
Logo se viu que a lua
era uma caveira de cavalo
e o ar uma maçã escura.
Detrás da janela,
com látegos e luzes se sentia
a luta da areia contra a água.
Eu vi chegarem as ervas
e lhes lancei um cordeiro que balia
sob seus dentezinhos e lancetas.
Voava dentro de uma gota
a casca de pluma e celulóide
da primeira pomba.
As nuvens, em manada,
ficaram adormecidas contemplando
o duelo das rochas contra a aurora.
Vêm as ervas, filho;
já soam suas espadas de saliva
pelo céu vazio.
Minha mão, amor. As ervas!
Pelos cristais partidos da morada
o sangue desatou suas cabeleiras.
Tu somente e eu ficamos;
prepara teu esqueleto para o ar.
Eu só e tu ficamos.
Prepara teu esqueleto;
é preciso ir buscar depressa, amor, depressa,
nosso perfil sem sonho.
**Viajante pelo seu próprio torso branco.
Assim ia o ar.
Logo se viu que a lua
era uma caveira de cavalo
e o ar uma maçã escura.
Detrás da janela,
com látegos e luzes se sentia
a luta da areia contra a água.
Eu vi chegarem as ervas
e lhes lancei um cordeiro que balia
sob seus dentezinhos e lancetas.
Voava dentro de uma gota
a casca de pluma e celulóide
da primeira pomba.
As nuvens, em manada,
ficaram adormecidas contemplando
o duelo das rochas contra a aurora.
Vêm as ervas, filho;
já soam suas espadas de saliva
pelo céu vazio.
Minha mão, amor. As ervas!
Pelos cristais partidos da morada
o sangue desatou suas cabeleiras.
Tu somente e eu ficamos;
prepara teu esqueleto para o ar.
Eu só e tu ficamos.
Prepara teu esqueleto;
é preciso ir buscar depressa, amor, depressa,
nosso perfil sem sonho.
in 'Romanceiro Gitano'
A Casada Infiel
Levei-a comigo ao rio,
pensando que era donzela,
porém já tinha marido.
Foi na noite de Santiago
e quase por compromisso.
Os lampiões se apagaram
e acenderam-se os grilos.
Nas derradeiras esquinas
toquei seus peitos dormidos
e pra mim logo se abriram
como ramos de jacintos.
A goma de sua anágua
soava no meu ouvido,
como uma peça de seda
lacerada por dez facas.
Sem luz de prata nas copas
as árvores têm crescido,
e um horizonte de cães
ladra mui longe do rio.
*
Passadas as sarçamoras
os juncos e os espinheiros,
por debaixo da folhagem
fiz um fojo sobre o limo.
Minha gravata tirei.
Tirou ela seu vestido.
Eu, o cinto com revólver.
Ela, seus quatro corpetes.
Nem nardos nem caracóis
têm uma cútis tão fina,
nem os cristais ao luar
resplandecem com tal brilho.
Suas coxas me fugiam
como peixes surpreendidos,
metade cheia de lume,
metade cheia de frio.
Percorri naquela noite
o mais belo dos caminhos,
montado em potra de nácar
sem bridas e sem estribos.
Dizer não quero, homem sendo,
as coisas que ela me disse.
A luz do entendimento
me faz ser mui comedido.
Suja de beijos e areia,
trouxe-a comigo do rio.
A aragem travava luta
com as espadas dos lírios.
Portei-me como quem sou.
Como um gitano legítimo.
Uma cesta de costura
dei-lhe de raso palhiço
e não quis enamorar-me
porque tendo ela marido
me disse que era donzela
quando a levava eu ao rio.
**pensando que era donzela,
porém já tinha marido.
Foi na noite de Santiago
e quase por compromisso.
Os lampiões se apagaram
e acenderam-se os grilos.
Nas derradeiras esquinas
toquei seus peitos dormidos
e pra mim logo se abriram
como ramos de jacintos.
A goma de sua anágua
soava no meu ouvido,
como uma peça de seda
lacerada por dez facas.
Sem luz de prata nas copas
as árvores têm crescido,
e um horizonte de cães
ladra mui longe do rio.
*
Passadas as sarçamoras
os juncos e os espinheiros,
por debaixo da folhagem
fiz um fojo sobre o limo.
Minha gravata tirei.
Tirou ela seu vestido.
Eu, o cinto com revólver.
Ela, seus quatro corpetes.
Nem nardos nem caracóis
têm uma cútis tão fina,
nem os cristais ao luar
resplandecem com tal brilho.
Suas coxas me fugiam
como peixes surpreendidos,
metade cheia de lume,
metade cheia de frio.
Percorri naquela noite
o mais belo dos caminhos,
montado em potra de nácar
sem bridas e sem estribos.
Dizer não quero, homem sendo,
as coisas que ela me disse.
A luz do entendimento
me faz ser mui comedido.
Suja de beijos e areia,
trouxe-a comigo do rio.
A aragem travava luta
com as espadas dos lírios.
Portei-me como quem sou.
Como um gitano legítimo.
Uma cesta de costura
dei-lhe de raso palhiço
e não quis enamorar-me
porque tendo ela marido
me disse que era donzela
quando a levava eu ao rio.
in 'Divã do Tamarit'
Gazel do Amor Imprevisto
O perfume ninguém compreendia
da escura magnólia de teu ventre.
Ninguém sabia que martirizavas
entre os dentes um colibri de amor.
Mil pequenos cavalos persas dormem
na praça com luar de tua fronte,
enquanto eu enlaçava quatro noites,
inimiga da neve, a tua cinta.
Entre gesso e jasmins, o teu olhar
era um pálido ramo de sementes.
Procurei para dar-te, no meu peito,
as letras de marfim que dizem sempre,
sempre, sempre; jardim em que agonizo,
teu corpo fugitivo para sempre,
teu sangue arterial em minha boca,
tua boca já sem luz para esta morte.
da escura magnólia de teu ventre.
Ninguém sabia que martirizavas
entre os dentes um colibri de amor.
Mil pequenos cavalos persas dormem
na praça com luar de tua fronte,
enquanto eu enlaçava quatro noites,
inimiga da neve, a tua cinta.
Entre gesso e jasmins, o teu olhar
era um pálido ramo de sementes.
Procurei para dar-te, no meu peito,
as letras de marfim que dizem sempre,
sempre, sempre; jardim em que agonizo,
teu corpo fugitivo para sempre,
teu sangue arterial em minha boca,
tua boca já sem luz para esta morte.
*
Gazel da Lembrança de Amor
Tua lembrança não leves.
Deixa-a sozinha em meu peito,
tremor de alva cerejeira
no martírio de janeiro.
Dos que morreram separa-me
um muro de sonhos maus.
Dou pena de lírio fresco
para um coração de gesso.
A noite inteira, no horto,
meus olhos, como dois cães.
A noite inteira, correndo
os marmelos de veneno.
Algumas vezes o vento
uma tulipa é de medo,
é uma tulipa enferma
a madrugada de inverno.
Um muro de sonhos maus
me afasta dos que morreram.
A névoa cobre em silêncio
o vale gris de teu corpo.
Pelo arco do encontro
a cicuta está crescendo.
Mas deixa tua lembrança,
deixa-a sozinha em meu peito.
Tradução de Oscar Mendes
Deixa-a sozinha em meu peito,
tremor de alva cerejeira
no martírio de janeiro.
Dos que morreram separa-me
um muro de sonhos maus.
Dou pena de lírio fresco
para um coração de gesso.
A noite inteira, no horto,
meus olhos, como dois cães.
A noite inteira, correndo
os marmelos de veneno.
Algumas vezes o vento
uma tulipa é de medo,
é uma tulipa enferma
a madrugada de inverno.
Um muro de sonhos maus
me afasta dos que morreram.
A névoa cobre em silêncio
o vale gris de teu corpo.
Pelo arco do encontro
a cicuta está crescendo.
Mas deixa tua lembrança,
deixa-a sozinha em meu peito.
Tradução de Oscar Mendes
Gazel do Amor que Não se Deixa Ver
Somente por ouvir
o sino da Vela
pus em ti uma coroa de verbena.
Granada era uma lua
afogada entre as heras.
Somente por ouvir
o sino da Vela
destrocei meu jardim de Cartagena.
Granada era uma corça
rosada pelos cataventos.
Somente por ouvir
o sino da Vela
me abrasava em teu corpo
sem saber de quem era.
*o sino da Vela
pus em ti uma coroa de verbena.
Granada era uma lua
afogada entre as heras.
Somente por ouvir
o sino da Vela
destrocei meu jardim de Cartagena.
Granada era uma corça
rosada pelos cataventos.
Somente por ouvir
o sino da Vela
me abrasava em teu corpo
sem saber de quem era.
Gazel do Amor Desesperado
A noite não quer vir
para que tu não venhas,
nem eu possa ir.
Mas eu irei,
inda que um sol de lacraus me coma a fronte.
Mas tu virás
com a língua queimada pela chuva de sal.
O dia não quer vir
para que tu não venhas,
nem eu possa ir.
Mas eu irei
entregando aos sapos meu mordido cravo.
Mas tu virás
pelas turvas cloacas da escuridade.
Nem a noite nem o dia querem vir
para que por ti morra
e tu morras por mim.
Tradução de Oscar Mendes Cacida da Mão Impossível
Não quero mais que uma mão,
mão ferida, se possível.
Não quero mais que uma mão,
inda que passe noites mil sem cama.
Seria um lírio pálido de cal,
uma pomba atada ao meu coração,
o guarda que na noite do meu trânsito
de todo vetaria o acesso à lua.
Não quero mais que essa mão
para os diários óleos e a mortalha de minha agonia.
Não quero mais que essa mão
para de minha morte ter uma asa.
Tudo mais passa.
Rubor sem nome mais, astro perpétuo.
O demais é o outro; vento triste
enquanto as folhas fogem debandadas.
**mão ferida, se possível.
Não quero mais que uma mão,
inda que passe noites mil sem cama.
Seria um lírio pálido de cal,
uma pomba atada ao meu coração,
o guarda que na noite do meu trânsito
de todo vetaria o acesso à lua.
Não quero mais que essa mão
para os diários óleos e a mortalha de minha agonia.
Não quero mais que essa mão
para de minha morte ter uma asa.
Tudo mais passa.
Rubor sem nome mais, astro perpétuo.
O demais é o outro; vento triste
enquanto as folhas fogem debandadas.
in 'Poemas Esparsos'
E Eu te Beijava
E eu te beijava
sem me dar conta
de que não te dizia:
Oh lábios de cereja!
Que grande romântica
eras!
Bebias vinagre às escondidas
de tua avó.
Toda te enfeitaste como um
arbusto de primavera.
E eu estava enamorado
de outra. Vê que pena?
De outra que escrevia
um nome sobre a areia.
Tradução de Oscar Mendes
*sem me dar conta
de que não te dizia:
Oh lábios de cereja!
Que grande romântica
eras!
Bebias vinagre às escondidas
de tua avó.
Toda te enfeitaste como um
arbusto de primavera.
E eu estava enamorado
de outra. Vê que pena?
De outra que escrevia
um nome sobre a areia.
Tradução de Oscar Mendes
Confusão
Meu coração
é teu coração?
Quem me reflexa pensamentos?
Quem me presta
esta paixão
sem raízes?
Por que muda meu traje
de cores?
Tudo é encruzilhada!
Por que vês no céu
tanta estrela?
Irmão, és tu
ou sou eu?
E estas mãos tão frias
são daquele?
Vejo-me pelos ocasos,
e um formigueiro de gente
anda por meu coração.
*é teu coração?
Quem me reflexa pensamentos?
Quem me presta
esta paixão
sem raízes?
Por que muda meu traje
de cores?
Tudo é encruzilhada!
Por que vês no céu
tanta estrela?
Irmão, és tu
ou sou eu?
E estas mãos tão frias
são daquele?
Vejo-me pelos ocasos,
e um formigueiro de gente
anda por meu coração.
Sinto
Sinto
que em minhas veias arde
sangue,
chama vermelha que vai cozendo
minhas paixões no coração.
Mulheres, por favor,
derramai água:
quando tudo se queima,
só as fagulhas voam
ao vento.
* que em minhas veias arde
sangue,
chama vermelha que vai cozendo
minhas paixões no coração.
Mulheres, por favor,
derramai água:
quando tudo se queima,
só as fagulhas voam
ao vento.
Tenho Medo de Perder a Maravilha
Tenho medo de perder a maravilha
de teus olhos de estátua e aquele acento
que de noite me imprime em plena face
de teu alento a solitária rosa.
Tenho pena de ser nesta ribeira
tronco sem ramos; e o que mais eu sinto
é não ter a flor, polpa, ou argila
para o gusano do meu sofrimento.
Se és o tesouro meu que oculto tenho
se és minha cruz e minha dor molhada,
se de teu senhorio sou o cão,
não me deixes perder o que ganhei
e as águas decora de teu rio
com as folhas do meu outono esquivo.
*
O Poeta Pede a Seu Amor que lhe Escreva
Meu entranhado amor, morte que é vida,
tua palavra escrita em vão espero
e penso, com a flor que se emurchece
que se vivo sem mim quero perder-te.
O ar é imortal. A pedra inerte
nem a sombra conhece nem a evita.
Coração interior não necessita
do mel gelado que a lua derrama.
Porém eu te suportei. Rasguei-me as veias,
sobre a tua cintura, tigre e pomba,
em duelo de mordidas e açucenas.
Enche minha loucura de palavras
ou deixa-me viver na minha calma
e para sempre escura noite d'alma.
*
Tradução de Oscar Mendes *
Este é o Prólogo
Deixaria neste livro
toda minha alma.
Este livro que viu
as paisagens comigo
e viveu horas santas.
Que compaixão dos livros
que nos enchem as mãos
de rosas e de estrelas
e lentamente passam!
Que tristeza tão funda
é mirar os retábulos
de dores e de penas
que um coração levanta!
Ver passar os espectros
de vidas que se apagam,
ver o homem despido
em Pégaso sem asas.
Ver a vida e a morte,
a síntese do mundo,
que em espaços profundos
se miram e se abraçam.
Um livro de poemas
é o outono morto:
os versos são as folhas
negras em terras brancas,
e a voz que os lê
é o sopro do vento
que lhes mete nos peitos
— entranháveis distâncias. —
O poeta é uma árvore
com frutos de tristeza
e com folhas murchadas
de chorar o que ama.
O poeta é o médium
da Natureza-mãe
que explica sua grandeza
por meio das palavras.
O poeta compreende
todo o incompreensível,
e as coisas que se odeiam,
ele, amigas as chama.
Sabe ele que as veredas
são todas impossíveis
e por isso de noite
vai por elas com calma.
Nos livros seus de versos,
entre rosas de sangue,
vão passando as tristonhas
e eternas caravanas,
que fizeram ao poeta
quando chora nas tardes,
rodeado e cingido
por seus próprios fantasmas.
Poesia, amargura,
mel celeste que mana
de um favo invisível
que as almas fabricam.
Poesia, o impossível
feito possível. Harpa
que tem em vez de cordas
chamas e corações.
Poesia é a vida
que cruzamos com ânsia,
esperando o que leva
nossa barca sem rumo.
Livros doces de versos
são os astros que passam
pelo silêncio mudo
para o reino do Nada,
escrevendo no céu
as estrofes de prata.
Oh! que penas tão fundas
e nunca aliviadas,
as vozes dolorosas
que os poetas cantam!
Deixaria no livro
neste toda a minha alma...
toda minha alma.
Este livro que viu
as paisagens comigo
e viveu horas santas.
Que compaixão dos livros
que nos enchem as mãos
de rosas e de estrelas
e lentamente passam!
Que tristeza tão funda
é mirar os retábulos
de dores e de penas
que um coração levanta!
Ver passar os espectros
de vidas que se apagam,
ver o homem despido
em Pégaso sem asas.
Ver a vida e a morte,
a síntese do mundo,
que em espaços profundos
se miram e se abraçam.
Um livro de poemas
é o outono morto:
os versos são as folhas
negras em terras brancas,
e a voz que os lê
é o sopro do vento
que lhes mete nos peitos
— entranháveis distâncias. —
O poeta é uma árvore
com frutos de tristeza
e com folhas murchadas
de chorar o que ama.
O poeta é o médium
da Natureza-mãe
que explica sua grandeza
por meio das palavras.
O poeta compreende
todo o incompreensível,
e as coisas que se odeiam,
ele, amigas as chama.
Sabe ele que as veredas
são todas impossíveis
e por isso de noite
vai por elas com calma.
Nos livros seus de versos,
entre rosas de sangue,
vão passando as tristonhas
e eternas caravanas,
que fizeram ao poeta
quando chora nas tardes,
rodeado e cingido
por seus próprios fantasmas.
Poesia, amargura,
mel celeste que mana
de um favo invisível
que as almas fabricam.
Poesia, o impossível
feito possível. Harpa
que tem em vez de cordas
chamas e corações.
Poesia é a vida
que cruzamos com ânsia,
esperando o que leva
nossa barca sem rumo.
Livros doces de versos
são os astros que passam
pelo silêncio mudo
para o reino do Nada,
escrevendo no céu
as estrofes de prata.
Oh! que penas tão fundas
e nunca aliviadas,
as vozes dolorosas
que os poetas cantam!
Deixaria no livro
neste toda a minha alma...
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***
http://www.culturapara.art.br/opoema/garcialorca/garcialorca.htm
O POETA PEDE AO SEU AMOR QUE LHE ESCREVAAmor de minhas entranhas, morte viva, em vão espero tua palavra escrita e penso, com a flor que se murcha, que se vivo sem mim quero perder-te. O ar é imortal. A pedra inerte nem conhece a sombra nem a evita. Coração interior não necessita o mel gelado que a lua verte. Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias, tigre e pomba, sobre tua cintura em duelo de kordiscos e açucenas. Enche, pois, de palavras minha loucura ou deixa-me viver em minha serena noite da alma para sempre escura.
( tradução: William Agel de Melo )
ESTE É O PRÓLOGO Deixaria neste livro toda a minha alma. este livro que viu as paisagens comigo e viveu horas santas. Que pena dos livros que nos enchem as mãos de rosas e de estrelas e lentamente passam ! Que tristeza tão funda é olhar os retábulos de dores e de penas que um coração levanta ! Ver passar os espectros de vida que se apagam, ver o homem desnudo em Pégaso sem asas, ver a vida e a morte, a síntese do mundo, que em espaços profundos se olham e se abraçam. Um livro de poesias é o outono morto: os versos são as folhas negras em terras brancas, e a voz que os lê é o sopro do vento que lhes incute nos peitos - entranháveis distâncias. O poeta é uma árvore com frutos de tristeza e com folhas murchas de chorar o que ama. O poeta é o médium da Natureza que explica sua grandeza por meio de palavras. O poeta compreende todo o incompreensível e as coisas que se odeiam, ele, amigas as chamas. Sabe que as veredas são todas impossíveis, e por isso de noite vai por elas com calma. Nos livros de versos, entre rosas de sangue, vão passando as tristes e eternas caravanas que fizeram ao poeta quando chora nas tardes, rodeado e cingido por seus próprios fantasmas. Poesia é amargura, mel celeste que emana de um favo invisível que as almas fabricam. Poesia é o impossível feito possível. Harpa que tem em vez de cordas corações e chamas. Poesia é a vida que cruzamos com ânsia, esperando o que leva sem rumo a nossa barca. Livros doces de versos sãos os astros que passam pelo silêncio mudo para o reino do Nada, escrevendo no céu suas estrofes de prata. Oh ! que penas tão fundas e nunca remediadas, as vozes dolorosas que os poetas cantam ! Deixaria neste livro toda a minha alma...
( tradução: William Agel de Melo )
VOLTA DE PASSEIOAssassinado pelo céu, entre as formas que vão para a serpente e as formas que buscam o cristal, deixarei crescer meus cabelos. Com a árvore de tocos que não canta e o menino com o branco rosto de ovo. Com os animaizinhos de cabeça rota e a água esfarrapada dos pés secos. Com tudo o que tem cansaço surdo-mudo e mariposa afogada no tinteiro. Tropeçando com meu rosto diferente de cada dia. Asassinado pelo céu !
( tradução: William Agel de Melo )
AR DE NOTURNO Tenho muito medo das folhas mortas, medo dos prados cheios de orvalho. eu vou dormir; se não me despertas, deixarei a teu lado meu coração frio. O que é isso que soa bem longe ? Amor. O vento nas vidraças, amor meu ! Pus em ti colares com gemas de aurora. Por que me abandonas neste caminho ? Se vais muito longe, meu pássaro chora e a verde vinha não dará seu vinho. O que é isso que soa bem longe ? Amor. O vento nas vidraças, amor meu ! Nunca saberás, esfinge de neve, o muito que eu haveria de te querer essas madrugadas quando chove e no ramo seco se desfaz o ninho. O que é isso que soa bem longe ? Amor. O vento nas vidraças, amor meu !
( tradução: William Agel de Melo )
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***
https://www.youtube.com/watch?v=yt0BALshdTY
VIDA E OBRA
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https://www.facebook.com/izquierda.unida/photos/a.10151720415768867.1073741829.74858103866/10153187770738867/?type=1&theater
***
Via:
https://www.youtube.com/watch?v=LAzF9seSQVk
Por tu amor me duele el aire,
el corazón
y el sombrero.
¿Quién me compraría a mí
este cintillo que tengo
y esta tristeza de hilo
blanco, para hacer pañuelos?
¡Ay qué trabajo me cuesta
quererte como te quiero!
https://www.facebook.com/izquierda.unida/photos/a.10151720415768867.1073741829.74858103866/10153187770738867/?type=1&theater
***
Via:
https://www.youtube.com/watch?v=LAzF9seSQVk
LOLA FLORES RECITA A GARCIA LORCA:
¡Ay qué trabajo me cuesta
quererte como te quiero!Por tu amor me duele el aire,
el corazón
y el sombrero.
¿Quién me compraría a mí
este cintillo que tengo
y esta tristeza de hilo
blanco, para hacer pañuelos?
¡Ay qué trabajo me cuesta
quererte como te quiero!
Por el arco de Elvira
quiero verte pasar
Para saber tu nombre
y ponerme a llorar.
¿Qué luna gris de las nueve
te desangró la mejilla?
¿Quién recoge tu semilla
de llamarada en la nieve?
¿Qué alfiler de cactus breve
asesina tu cristal?
Por el arco de Elvira
voy a verte pasar
para beber tus ojos
y ponerme a llorar.
¡Qué voz para mi castigo
levantas por el mercado!
¡Qué clavel enajenado
en los montones de trigo!
¡Qué lejos estoy contigo!
¡qué cerca cuando te vas!
Por el arco de Elvira
voy a verte pasar
para sufrir tus muslos
y ponerme a llorar.
quiero verte pasar
Para saber tu nombre
y ponerme a llorar.
¿Qué luna gris de las nueve
te desangró la mejilla?
¿Quién recoge tu semilla
de llamarada en la nieve?
¿Qué alfiler de cactus breve
asesina tu cristal?
Por el arco de Elvira
voy a verte pasar
para beber tus ojos
y ponerme a llorar.
¡Qué voz para mi castigo
levantas por el mercado!
¡Qué clavel enajenado
en los montones de trigo!
¡Qué lejos estoy contigo!
¡qué cerca cuando te vas!
Por el arco de Elvira
voy a verte pasar
para sufrir tus muslos
y ponerme a llorar.
Tengo miedo a perder la maravilla
de tus ojos de estatua y el acento
que de noche me pone en la mejilla
la solitaria rosa de tu aliento.
Tengo pena de ser en esta orilla
tronco sin ramas; y lo que más siento
es no tener la flor, pulpa o arcilla,
para el gusano de mi sufrimiento.
Si tú eres el tesoro oculto mío,
si eres mi cruz y mi dolor mojado,
si soy el perro de tu señorío,
no me dejes perder lo que he ganado
y decora las aguas de tu río
con hojas de mi otoño enajenado.
***de tus ojos de estatua y el acento
que de noche me pone en la mejilla
la solitaria rosa de tu aliento.
Tengo pena de ser en esta orilla
tronco sin ramas; y lo que más siento
es no tener la flor, pulpa o arcilla,
para el gusano de mi sufrimiento.
Si tú eres el tesoro oculto mío,
si eres mi cruz y mi dolor mojado,
si soy el perro de tu señorío,
no me dejes perder lo que he ganado
y decora las aguas de tu río
con hojas de mi otoño enajenado.
ver filmes:
POUCAS CINZAS
https://www.youtube.com/watch?v=Ot0JE5u1MPo
Em 1922, Madri se vê em plena revolução cultural por conta das mudanças de valores provocadas pelo jazz, as ideias de Freud e a avant-garde . Nesse mesmo ano, aos 18 anos, Salvador Dalí (Robert Pattinson) entra para a faculdade determinado em se tornar um grande artista. Sua incomum mistura de timidez e exibicionismo faz com que a elite social da universidade volte suas atenções ao jovem estudante, como Federico Garcia Lorca (Javier Beltran) e Luis Buñuel (Matthew McNulty). O filme acompanha a relação travada entre esses tão importantes artistas contemporâneos.
Elenco:
Javier Beltrán ... Federico García Lorca
Robert Pattinson ... Salvador Dalí
Matthew McNulty ... Luis Buñuel
Marina Gatell ... Magdalena
Bruno Oro ... Paco
Esther Nubiola ... Adela
Marc Pujol ... Carlos
Arly Jover ... Gala
Simón Andreu ... Fernando de Valle
Vicky Peña ... Tía de Magdalena
Rubén Arroyo ... Rafael
Diana Gómez ... Ana María
Elenco:
Javier Beltrán ... Federico García Lorca
Robert Pattinson ... Salvador Dalí
Matthew McNulty ... Luis Buñuel
Marina Gatell ... Magdalena
Bruno Oro ... Paco
Esther Nubiola ... Adela
Marc Pujol ... Carlos
Arly Jover ... Gala
Simón Andreu ... Fernando de Valle
Vicky Peña ... Tía de Magdalena
Rubén Arroyo ... Rafael
Diana Gómez ... Ana María
*
LORCA MORTE DE POETA
https://www.youtube.com/watch?v=PO4QiJXLV_s
***
***
A saudosa Amélia Pais enviava-nos diariamente a companhia do poeta...
Federico Garcia Lorca nasceu há 115 anos...5junho...
GACELA DEL AMOR DESESPERADO
La noche no quiere venirpara que tú no vengas,
ni yo pueda ir.
Pero yo iré,
aunque un sol de alacranes me coma la sien.
Pero tú vendrás
con la lengua quemada por la lluvia de sal.
El día no quiere venir
para que tú no vengas,
ni yo pueda ir.
Pero yo iré
entregando a los sapos mi mordido clavel.
Pero tú vendrás
por las turbias cloacas de la oscuridad.
Ni la noche ni el día quieren venir
para que por ti muera
y tú mueras por mí.
-1898-1936
https://www.youtube.com/watch?v=_c5s0WiQz54&feature=player_embedded
***
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=670961069606277&set=a.559507790751606.1073741828.559343457434706&type=1&theater
Deixaria neste livro
toda minha alma.
Este livro que viu
as paisagens comigo
e viveu horas santas.
© Jeannette Woitzik - Imagem
***
***
São Paulo
***
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=791958257483924&set=a.462529847093435.111436.462489187097501&type=1&theater
***
Via CITADOR
"O mais terrível dos sentimentos é o sentimento de ter a esperança perdida."
"Todas as coisas têm o seu mistério, e a poesia é o mistério de todas as coisas."
"Há coisas encerradas dentro dos muros que, se saíssem de repente para a rua e gritassem, encheriam o mundo."
"Olha à direita e à esquerda do tempo, e que o teu coração aprenda a estar tranquilo."
"A poesia não quer adeptos, quer amantes."
"A poesia é algo que anda pela rua."
"A poesia é a união de duas palavras que nunca se supôs que se pudessem juntar e que formam uma espécie de mistério."
"A criação poética é um mistério indecifrável, como o mistério do nascimento do homem. Ouvem-se vozes, não se sabe de onde, e é inútil preocuparmo-nos em saber de onde vêm."
"O homem famoso tem a amargura de levar o peito frio e trespassado por lanternas furta-fogo que os outros lhe dirigem."
"Como não me preocupei com o nascer, não me preocupo com o morrer."
"A tradução destroça o espírito do idioma."
Tenho Medo de Perder a MaravilhaTenho medo de perder a maravilha
de teus olhos de estátua e aquele acento
que de noite me imprime em plena face
de teu alento a solitária rosa.
Tenho pena de ser nesta ribeira
tronco sem ramos; e o que mais eu sinto
é não ter a flor, polpa, ou argila
para o gusano do meu sofrimento.
Se és o tesouro meu que oculto tenho
se és minha cruz e minha dor molhada,
se de teu senhorio sou o cão,
não me deixes perder o que ganhei
e as águas decora de teu rio
com as folhas do meu outono esquivo.
in 'Poemas Esparsos'
Tradução de Oscar MendesSintoSinto
que em minhas veias arde
sangue,
chama vermelha que vai cozendo
minhas paixões no coração.
Mulheres, por favor,
derramai água:
quando tudo se queima,
só as fagulhas voam
ao vento.
in 'Poemas Esparsos'
Tradução de Oscar MendesConfusãoMeu coração
é teu coração?
Quem me reflexa pensamentos?
Quem me presta
esta paixão
sem raízes?
Por que muda meu traje
de cores?
Tudo é encruzilhada!
Por que vês no céu
tanta estrela?
Irmão, és tu
ou sou eu?
E estas mãos tão frias
são daquele?
Vejo-me pelos ocasos,
e um formigueiro de gente
anda por meu coração.
in 'Poemas Esparsos'
Tradução de Oscar MendesGazel do Amor DesesperadoA noite não quer vir
para que tu não venhas,
nem eu possa ir.
Mas eu irei,
inda que um sol de lacraus me coma a fronte.
Mas tu virás
com a língua queimada pela chuva de sal.
O dia não quer vir
para que tu não venhas,
nem eu possa ir.
Mas eu irei
entregando aos sapos meu mordido cravo.
Mas tu virás
pelas turvas cloacas da escuridade.
Nem a noite nem o dia querem vir
para que por ti morra
e tu morras por mim.
in 'Divã do Tamarit'
Tradução de Oscar Mendes
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Deixaria neste livro
toda minha alma.
Este livro que viu
as paisagens comigo
e viveu horas santas.
© Jeannette Woitzik - Imagem
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São Paulo
Quem passa pela praça das Guianas, nos Jardins, pode observar uma escultura que se destaca na paisagem por suas cores e formas: o monumento a Federico Garcia Lorca (Fuentevaqueros, 1898 — Viznar, Espanha, 1936).
Exilados espanhóis, membros do Centro Cultural Garcia Lorca, resolveram homenagear o poeta morto por forças franquistas, sob acusação de ser comunista, durante a Guerra Civil Espanhola. Lorca, no entanto, não era vinculado a ideologias ou partidos políticos. Dizia-se um homem livre, sem preconceitos, que lutava contra a opressão e pelos direitos das minorias.
O escritor Paulo Duarte foi convidado a participar e colocou o Centro em contato com o escultor e arquiteto Flávio de Carvalho (Amparo da Barra Mansa, RJ, 1899 — Valinhos, SP, 1973). O projeto da escultura foi enviado à Serralheria Diana, de propriedade de espanhóis no bairro do Tatuapé, onde Flávio de Carvalho acompanhou sua execução passo a passo. Depois de pronta, a praça das Guianas foi escolhida para a implantação.
A cerimônia de inauguração, no dia 1º de outubro de 1968, foi prestigiada pelo poeta chileno Pablo Neruda, que fez um caloroso discurso elogiando o amigo Garcia Lorca e o autor da escultura. Uma exposição na Biblioteca Mário de Andrade e um espetáculo no Theatro Municipal com a participação de Chico Buarque, Geraldo Vandré, Sérgio Cardoso e outros completaram a homenagem, com repercussão internacional.
Na madrugada de 20 de julho de 1969, uma explosão danificou a escultura. Nunca se apurou o responsável pelo ato, que, no entanto, foi atribuído ao CCC (Comando de Caça aos Comunistas). Folhetos deixados junto à obra informavam sobre a destruição do monumento ao poeta “comunista e homossexual”, no dia da Revolução Cubana.
Os destroços da escultura foram levados a um depósito da Prefeitura. Em 1971, Flávio de Carvalho restaurou-a para levá-la à Bienal de Arte de São Paulo. Com muito custo e sem o apoio das autoridades responsáveis, conseguiu colocá-la do lado de fora do prédio da Bienal, no Parque Ibirapuera, onde ficou apenas dois dias. O embaixador da Espanha reclamou da presença da “escultura do comunista” e ela voltou ao depósito.
Dispostos a devolver a obra ao espaço público, alunos da Escola de Comunicações e Artes e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo falsificaram documentos e a roubaram em 1979. Durante três meses, trabalharam na sua recuperação e a depositaram no vão livre do MASP (Museu de Arte de São Paulo), estrategicamente, no dia em que o prefeito Olavo Setúbal participava de um evento no museu. Pietro Maria Bardi, diretor do MASP, e o prefeito não aprovaram o ato. Dias depois, finalmente, a obra foi reimplantada na praça das Guianas, seu local de origem.
Seção Técnica de Levantamentos e Pesquisa
Divisão de Preservação – DPH
Divisão de Preservação – DPH
fonte: http://www.prefeitura.sp.gov.br
http://www.fmarte.org/monumento-a-federico-garcia-lorca-flavio-de-carvalho/***
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Via CITADOR
"O mais terrível dos sentimentos é o sentimento de ter a esperança perdida."
"Todas as coisas têm o seu mistério, e a poesia é o mistério de todas as coisas."
"Há coisas encerradas dentro dos muros que, se saíssem de repente para a rua e gritassem, encheriam o mundo."
"Olha à direita e à esquerda do tempo, e que o teu coração aprenda a estar tranquilo."
"A poesia não quer adeptos, quer amantes."
"A poesia é algo que anda pela rua."
"A poesia é a união de duas palavras que nunca se supôs que se pudessem juntar e que formam uma espécie de mistério."
"A criação poética é um mistério indecifrável, como o mistério do nascimento do homem. Ouvem-se vozes, não se sabe de onde, e é inútil preocuparmo-nos em saber de onde vêm."
"O homem famoso tem a amargura de levar o peito frio e trespassado por lanternas furta-fogo que os outros lhe dirigem."
"Como não me preocupei com o nascer, não me preocupo com o morrer."
"A tradução destroça o espírito do idioma."
Tenho Medo de Perder a MaravilhaTenho medo de perder a maravilha
de teus olhos de estátua e aquele acento
que de noite me imprime em plena face
de teu alento a solitária rosa.
Tenho pena de ser nesta ribeira
tronco sem ramos; e o que mais eu sinto
é não ter a flor, polpa, ou argila
para o gusano do meu sofrimento.
Se és o tesouro meu que oculto tenho
se és minha cruz e minha dor molhada,
se de teu senhorio sou o cão,
não me deixes perder o que ganhei
e as águas decora de teu rio
com as folhas do meu outono esquivo.
in 'Poemas Esparsos'
Tradução de Oscar MendesSintoSinto
que em minhas veias arde
sangue,
chama vermelha que vai cozendo
minhas paixões no coração.
Mulheres, por favor,
derramai água:
quando tudo se queima,
só as fagulhas voam
ao vento.
in 'Poemas Esparsos'
Tradução de Oscar MendesConfusãoMeu coração
é teu coração?
Quem me reflexa pensamentos?
Quem me presta
esta paixão
sem raízes?
Por que muda meu traje
de cores?
Tudo é encruzilhada!
Por que vês no céu
tanta estrela?
Irmão, és tu
ou sou eu?
E estas mãos tão frias
são daquele?
Vejo-me pelos ocasos,
e um formigueiro de gente
anda por meu coração.
in 'Poemas Esparsos'
Tradução de Oscar MendesGazel do Amor DesesperadoA noite não quer vir
para que tu não venhas,
nem eu possa ir.
Mas eu irei,
inda que um sol de lacraus me coma a fronte.
Mas tu virás
com a língua queimada pela chuva de sal.
O dia não quer vir
para que tu não venhas,
nem eu possa ir.
Mas eu irei
entregando aos sapos meu mordido cravo.
Mas tu virás
pelas turvas cloacas da escuridade.
Nem a noite nem o dia querem vir
para que por ti morra
e tu morras por mim.
in 'Divã do Tamarit'
Tradução de Oscar Mendes