Nasceu a 10seTEMbro1923...Beckum...Alemanha
e morreu a 20aGOSTO2018...Tel aviv...Israel
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Nasceu com o nome Helmut Ostermann...
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Uri_Avnery
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26noVEM2012
Um dos maiores guerreiros da esquerda de Israel quer paz com Hamás e Gaza. Mas e o Knesset?
Robert Fisk (The Independent, UK)
O velho Uri Avnery tem 89 anos e ainda luta. De fato, escritor mundialmente conhecido, é um dos maiores guerreiros da esquerda de Israel, continua a exigir paz com os palestinos, paz com o Hamás, um estado palestino nas fronteiras de 67 – com pequenos acertos de território para um lado e outro. Ainda crê que Israel poderia ter paz, amanhã ou na próxima semana. Se Netanyahu quisesse paz.
Avnery, o pacifista
“Azar de otimista incorrigível” – assim ele descreve o próprio destino. Ou talvez seja, mesmo, só, um velho mágico?
Ainda é o mesmo sujeito que encontrei há 30 anos, jogando xadrez com Yasser Arafat nas ruínas de Beirute. Cabelos e barbas hoje brancos, lança palavras – diz que ultimamente anda um pouco surdo – com a mesma fúria e o humor de sempre. Pergunto a Avnery o que estão fazendo Netanyahu e seu governo. Qual o objetivo deles nessa guerra de Gaza? Os olhos dele brilham e ele responde.
“Você pressupõe que eles queiram alguma coisa e que queiram paz – e, nesse caso, a política deles é idiota, ou insana. Mas se você assume que não dão a mínima para a paz, mas querem um estado judeu que vá do Mediterrâneo ao rio Jordão, então, em certa medida, o que estão fazendo tem um certo sentido. O problema é que o que eles querem está levando a um beco sem saída – porque já temos um estado em toda a Palestina histórica, três quartos do qual é o estado judeu de Israel e um quarto do qual são a Cisjordânia e a Faixa de Gaza ocupadas.”
Avnery fala em sentenças perfeitas. Minha caneta corre pelo papel até ficar sem tinta. Tenho de usar uma das dele.
“Se anexarem a Cisjordânia como anexaram Jerusalém Leste” – diz ele –, “nem faz muita diferença. O problema é que nesse território que hoje é dominado por Israel, há 49% de judeus e 51% de árabes, e o desequilíbrio aumenta ano a ano, porque o crescimento populacional natural entre os árabes é muito maior que o crescimento natural do nosso lado. Portanto, a verdadeira pergunta é: se essa política continua, que tipo de estado haverá? Como é hoje, é um estado de apartheid; absoluto apartheid nos territórios ocupados e apartheid crescente em Israel. E se isso continuar, haverá absoluto apartheid em todo o país, sem dúvida alguma.”
### MAIORIA ÁRABE
O argumento de Avnery avança, claro. Se os habitantes árabes tiverem garantidos plenos direitos civis, logo haverá maioria árabe no Knesset [Parlamento], e a primeira coisa que esse Parlamento fará será trocar o nome do país, de ‘Israel’ para ‘Palestina’, e todo o exercício dos últimos 130 anos será reduzido a nada. Limpeza étnica massiva é impossível no século 21” – diz ele ou espera ele –, “mas quanto à demografia, não há o que discutir”.
“É uma supressão. Espera-se que ninguém pense nisso, que se afaste a ideia da nossa consciência. Nenhum dos partidos fala sobre esse problema. A palavra ‘paz’ não aparece em nenhum manifesto eleitoral, exceto no do pequeno partido Meretz, nem nos partidos da Oposição nem na Coalizão. A palavra ‘paz’ desapareceu completamente em Israel”.
“A esquerda em Israel? Como que, mais ou menos, hiberna – desde que a esquerda foi destruída por Ehud Barak, em 2000. Ele voltou de Camp David – como autoproclamado líder do ‘campo da paz’ – e decidiu que ‘não temos parceiro para a paz’. Foi golpe mortal. Quem disse isso não foi Netanyahu, mas o líder do Partido Trabalhista. Foi o fim do movimento Paz Agora.”
### ESPERANÇA
Então, o otimista ressurge, com a nuvens escurecendo o mar que se avista do apartamento de Avnery, sétimo andar, em Telavive. “Quando encontrei-me com Arafat em 1982, os termos estavam ali. O mínimo e o máximo do que os palestinos queriam era a mesma coisa: um estado palestino junto a Israel, que compreenderia a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e Jerusalém Leste como capital, com pequenos acertos de território e uma solução simbólica para a questão dos refugiados. Lá está sobre a mesa, como flor murcha. Olha para nós todos os dias. Já cedemos a Faixa de Gaza – para ganhar o controle sobre a Cisjordânia, assim como [Menachem] Begin cedeu todo o Sinai, para ganhar toda a Palestina.”
Avnery está convencido de que o Hamás aceitaria proposta semelhante – como disse a eles, em Gaza, em 1993, “lá estava eu, frente a 500 xeiques de barbas negras, eu falando hebraico. Aplaudiram e me convidaram para o almoço.”
Várias vezes, reuniu-se com delegados do Hamás depois daquele dia. Para eles, defender a Palestina é waqf [dever absoluto, sob a lei islâmica], não podem ceder a Palestina. Mas um acordo pode ser reconhecido e santificado também em termos religiosos. “Se oferecessem uma trégua de 50 anos, para mim, pessoalmente, seria suficiente.” “Claro” – diz Avnery, o Hamás mantém, em seu manifesto, que quer destruir Israel. Abolir um manifesto é coisa muito difícil de fazer. Os russos algum dia aboliram o Manifesto Comunista? Pois a OLP aboliu o manifesto deles.”
E assim seguem as coisas. Os grupos da paz, pequenos mais muito ativos – Gush Shalom [Bloco da Paz], o projeto Paz Agora, que monitora as colônias, os Combatentes da Paz (ex-soldados israelenses e ex-combatentes palestinos) e outros assemelhados preparam-se para as eleições de janeiro. Curiosamente, Avnery acredita que o terrível – e muito execrado – Relatório Goldstone sobre a matança que foi a guerra de Gaza de 2008-2009, foi o que impediu, daquela vez, a invasão por terra.
“Goldstone pode orgulhar-se do que fez – de fato, salvou muitas vidas.” Não poucos, na esquerda de Israel, sonham com que Uri Avnery viva outros 89 anos.
http://carlosnewton.com.br/um-dos-maiores-guerreiros-da-esquerda-de-israel-quer-paz-com-hamas-e-gaza-mas-e-o-knesset/O velho Uri Avnery tem 89 anos e ainda luta. De fato, escritor mundialmente conhecido, é um dos maiores guerreiros da esquerda de Israel, continua a exigir paz com os palestinos, paz com o Hamás, um estado palestino nas fronteiras de 67 – com pequenos acertos de território para um lado e outro. Ainda crê que Israel poderia ter paz, amanhã ou na próxima semana. Se Netanyahu quisesse paz.
Avnery, o pacifista
“Azar de otimista incorrigível” – assim ele descreve o próprio destino. Ou talvez seja, mesmo, só, um velho mágico?
Ainda é o mesmo sujeito que encontrei há 30 anos, jogando xadrez com Yasser Arafat nas ruínas de Beirute. Cabelos e barbas hoje brancos, lança palavras – diz que ultimamente anda um pouco surdo – com a mesma fúria e o humor de sempre. Pergunto a Avnery o que estão fazendo Netanyahu e seu governo. Qual o objetivo deles nessa guerra de Gaza? Os olhos dele brilham e ele responde.
“Você pressupõe que eles queiram alguma coisa e que queiram paz – e, nesse caso, a política deles é idiota, ou insana. Mas se você assume que não dão a mínima para a paz, mas querem um estado judeu que vá do Mediterrâneo ao rio Jordão, então, em certa medida, o que estão fazendo tem um certo sentido. O problema é que o que eles querem está levando a um beco sem saída – porque já temos um estado em toda a Palestina histórica, três quartos do qual é o estado judeu de Israel e um quarto do qual são a Cisjordânia e a Faixa de Gaza ocupadas.”
Avnery fala em sentenças perfeitas. Minha caneta corre pelo papel até ficar sem tinta. Tenho de usar uma das dele.
“Se anexarem a Cisjordânia como anexaram Jerusalém Leste” – diz ele –, “nem faz muita diferença. O problema é que nesse território que hoje é dominado por Israel, há 49% de judeus e 51% de árabes, e o desequilíbrio aumenta ano a ano, porque o crescimento populacional natural entre os árabes é muito maior que o crescimento natural do nosso lado. Portanto, a verdadeira pergunta é: se essa política continua, que tipo de estado haverá? Como é hoje, é um estado de apartheid; absoluto apartheid nos territórios ocupados e apartheid crescente em Israel. E se isso continuar, haverá absoluto apartheid em todo o país, sem dúvida alguma.”
### MAIORIA ÁRABE
O argumento de Avnery avança, claro. Se os habitantes árabes tiverem garantidos plenos direitos civis, logo haverá maioria árabe no Knesset [Parlamento], e a primeira coisa que esse Parlamento fará será trocar o nome do país, de ‘Israel’ para ‘Palestina’, e todo o exercício dos últimos 130 anos será reduzido a nada. Limpeza étnica massiva é impossível no século 21” – diz ele ou espera ele –, “mas quanto à demografia, não há o que discutir”.
“É uma supressão. Espera-se que ninguém pense nisso, que se afaste a ideia da nossa consciência. Nenhum dos partidos fala sobre esse problema. A palavra ‘paz’ não aparece em nenhum manifesto eleitoral, exceto no do pequeno partido Meretz, nem nos partidos da Oposição nem na Coalizão. A palavra ‘paz’ desapareceu completamente em Israel”.
“A esquerda em Israel? Como que, mais ou menos, hiberna – desde que a esquerda foi destruída por Ehud Barak, em 2000. Ele voltou de Camp David – como autoproclamado líder do ‘campo da paz’ – e decidiu que ‘não temos parceiro para a paz’. Foi golpe mortal. Quem disse isso não foi Netanyahu, mas o líder do Partido Trabalhista. Foi o fim do movimento Paz Agora.”
### ESPERANÇA
Então, o otimista ressurge, com a nuvens escurecendo o mar que se avista do apartamento de Avnery, sétimo andar, em Telavive. “Quando encontrei-me com Arafat em 1982, os termos estavam ali. O mínimo e o máximo do que os palestinos queriam era a mesma coisa: um estado palestino junto a Israel, que compreenderia a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e Jerusalém Leste como capital, com pequenos acertos de território e uma solução simbólica para a questão dos refugiados. Lá está sobre a mesa, como flor murcha. Olha para nós todos os dias. Já cedemos a Faixa de Gaza – para ganhar o controle sobre a Cisjordânia, assim como [Menachem] Begin cedeu todo o Sinai, para ganhar toda a Palestina.”
Avnery está convencido de que o Hamás aceitaria proposta semelhante – como disse a eles, em Gaza, em 1993, “lá estava eu, frente a 500 xeiques de barbas negras, eu falando hebraico. Aplaudiram e me convidaram para o almoço.”
Várias vezes, reuniu-se com delegados do Hamás depois daquele dia. Para eles, defender a Palestina é waqf [dever absoluto, sob a lei islâmica], não podem ceder a Palestina. Mas um acordo pode ser reconhecido e santificado também em termos religiosos. “Se oferecessem uma trégua de 50 anos, para mim, pessoalmente, seria suficiente.” “Claro” – diz Avnery, o Hamás mantém, em seu manifesto, que quer destruir Israel. Abolir um manifesto é coisa muito difícil de fazer. Os russos algum dia aboliram o Manifesto Comunista? Pois a OLP aboliu o manifesto deles.”
E assim seguem as coisas. Os grupos da paz, pequenos mais muito ativos – Gush Shalom [Bloco da Paz], o projeto Paz Agora, que monitora as colônias, os Combatentes da Paz (ex-soldados israelenses e ex-combatentes palestinos) e outros assemelhados preparam-se para as eleições de janeiro. Curiosamente, Avnery acredita que o terrível – e muito execrado – Relatório Goldstone sobre a matança que foi a guerra de Gaza de 2008-2009, foi o que impediu, daquela vez, a invasão por terra.
“Goldstone pode orgulhar-se do que fez – de fato, salvou muitas vidas.” Não poucos, na esquerda de Israel, sonham com que Uri Avnery viva outros 89 anos.
(Artigo enviado pelo jornalista Sergio Caldieri)
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Aos 94 anos morre o jornalista e escritor israelense Uri Avnery

Avnery foi um dos primeiros israelenses a entrevistar Arafat, considerado na época o maior inimigo de Israel.
A entrevista aconteceu em Beirute, cercada pelo exército israelense.
Partidário
da criação de um Estado Palestino, Avnery integrou o exército israelense
e atuou em uma milícia de direita antes de virar um grande defensor da
paz no Oriente Médio.
Uri Avnery,
cujo nome oficial é Helmut Ostermann, nasceu na Alemanha em 1923 e
emigrou para a Palestina em 1933, após a chegada de Adolf Hitler ao
poder.
Depois de
fazer parte do Irgun, um grupo militar clandestino judeu que era
contrário às autoridades britânicas presentes na Palestina, Avnery se
alistou no exército israelense após a fundação do Estado de Israel em
1948 e foi ferido durante primeira guerra árabe-israelense.
Depois de
abandonar o exército, Avnery fundou a Haolam Haze (Este Mundo) em 1950,
um revista crítica das instituições israelenses.
À frente
esta Haolam Haze, Avnery foi vítima da censura do governo de Israel e de
ataques pessoais. Em 1955, uma bomba foi colocada na redação da
revista, a única publicação da época em Israel que não estava sob o
amparo de um partido.
Avnery
dirigiu durante 40 anos a revista, caracterizada por reportagens
investigativas, além de sua defesa da criação de um Estado palestino e
da convivência entre judeus e árabes.
Foi eleito deputado para o Parlamento de Israel em 1965 e ocupou uma cadeira na Assembleia durante 10 anos.
Foi o fundador do movimento pacifista Gush Shalom, e proprietário do HaOlam HaZeh, primeira revista em Israel a trazer de forma aberta os conflitos da sociedade Israelense , HaOlam HaZeh circulou de 1950 a 1993.
Fundou em 1994 a ONG pacifista Gush Shalom (Bloco da paz), que se diferenciou de outros movimentos pacifistas israelenses ao exigir o retorno dos palestinos expulsos durante a criação de Israel em 1948.
Foi o fundador do movimento pacifista Gush Shalom, e proprietário do HaOlam HaZeh, primeira revista em Israel a trazer de forma aberta os conflitos da sociedade Israelense , HaOlam HaZeh circulou de 1950 a 1993.
Fundou em 1994 a ONG pacifista Gush Shalom (Bloco da paz), que se diferenciou de outros movimentos pacifistas israelenses ao exigir o retorno dos palestinos expulsos durante a criação de Israel em 1948.
Escritor prolífico, Avnery publicou diversos livros, incluindo a autobiografa "Otimista".
Também recebeu muitos prêmios internacionais, como o Prêmio da Paz Erich Maria Remarque em 1995.
Depois de sofrer um AVC, passou vários dias internados no hospital Ichilov de Tel Aviv.
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MORREU URI AVNERY: A GRANDE MÍDIA OMITIU. NÃO ERA UM FALCÃO DA GUERRA
Uri Avnery, antigo jornalista e activista pelos direitos do povo palestino, faleceu, dia 20, aos 95 anos.
Lamentando a morte deste «incansável obreiro da paz», o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) recorda que Avnery, nascido na Alemanha em 1923, com o nome de Helmut Ostermann, emigrou para a Palestina, em Novembro de 1933, pouco meses depois de Hitler subir ao poder.
Foi eleito para o Parlamento de Israel em 1965, 1969 e 1977.
Renunciou ao cargo em 1981, proferindo um discurso que ficaria célebre, durante o qual ostentou na lapela as duas bandeiras, de Israel e da Palestina.
Em 1993, Avnery fundou o Gush Shalom, movimento pela paz que apoiava a criação de um Estado palestino, sendo Jerusalém capital dos dois países, e defendia o desmantelamento dos colonatos israelitas.
Fonte: jornal Avante!
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O jornalista israelita Uri Avnery, figura central do movimento pela Paz com os palestinianos, faleceu na noite de domingo para segunda-feira, aos 94 anos.
Um
das grandes vozes contra a ocupação israelita dos territórios
palestinianos e feroz defensor da criação de um Estado palestiniano,
causou furor e atraiu fortes críticas no seu país, ao recolher em 1982
aquela que seria a primeira entrevista de Yasser Arafat com um jornal
israelita, o Haolam Haze, dirigido pelo próprio Avnery.
Foi na época um dos primeiros israelitas a encontrar-se com Arafat, então considerado como o "inimigo número um" de Israel. A entrevista decorrer em Beirute, que se encontrava cercada pelo Exército israelita.
https://www.youtube.com/watch?v=NG_it-6MXzAFoi na época um dos primeiros israelitas a encontrar-se com Arafat, então considerado como o "inimigo número um" de Israel. A entrevista decorrer em Beirute, que se encontrava cercada pelo Exército israelita.
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