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Um pouco mais de Azul (Li nos dias 13 e 14 de abril2019)
" A dança de Shiva, as coisas bonitas do universo..."
"A...l...Uma nova propriedade emergente"
A evolução cósmica
"Este livro é dedicado a todas as pessoas maravilhadas com o mundo"
pág.8- "Com Darwin descobrimos que os animais não têm sido os mesmos. A superfície da terra muda, as populações mudam.
Os homens apareceram há cerca de 3 milhões de anos; os peixes há cerca de quinhentos milhões de anos.
Nestes momentos, uma novidade apareceu na terra. Existe, afinal, uma história da vida da Terra!
(...)
As galáxias têm juventude, idade madura e velhice."
P9- a evolução biológica leva-nos das bactérias ao aparecimento da inteligência humana!
A via da complexidade termina com o ser humano?"
p10- "O homem nasceu do primata. Que nascerá do homem?"
P15-"o ESPAÇO ESTÁ POVOADA POR ESTRELAS SEMELHANTES AO NOSSO SOL. As estrelas que nos rodeiam estão agrupadas numa galáxia, a nossa, a que chamamos Via Láctea...(GALÁXIA palavra grega ...leite)
(...) MILHARES DE GALÁXIAS COMO A NOSSA SE AGRUPAM EM ENXAMES DE GALÁXIAS, por sua vez agrupadas em superenxames.
Esta estrutura hierárquica dos objectos é uma das características da arquitectura do universo. Encontrá-la-emos ao nível dos átomos e também ao nível dos organismos vivos."
"É graças à luz que podemos observar o mundo. Esta luz não se propaga instantâneamente. Em alguns casos, precisa de muitos milhares de milhões de anos para chegar até nós."
"15 mil milhões de anos é a idade do universo"
"As mais velhas estrelas e os mais velhos átomos têm igualmente cerca de 15 mil milhões de anos"
P17-"Algumas estrelas são cem vezes maiores e cem mil vezes mais brilhantes que o Sol."
"Em asreonomia, mede-se a distância conforme o tempo que a luz leva a percorrer essa distância.
A luz atravessa o Atlântico num centésimo de segundo.
Diz-se que a lua está a 1segundo-luz.
Atinge o Sol em 8minutos-luz.
Diz-se que o Sol está a 8 minutos-luz da Terra.
No céu nocturno não há nenhuma estrela a menos de 3 anos-luz, ou seja 30 biliões de km (3x10.elevado a treze.)
Sírius encontra-se a 8anos-luz.
Vega a 22 anos-luz.
As 3 estrelas da Cintura de Orim (3 Reis Magos) estão a 1.500 anos-luz."
P18-"O céu está, pois, praticamente vazio. As estrelas não têm praticamente nenhuma possibilidade de chocar.
No vasto espeço entre estrelas tudo é escuro e faz muito frio. No interior das estrelas está muito calor."
P19-"O Sol nasceu há cerca de 4 mil e seiscentos milhões de anos. ~O Sol conta hoje cerca de 25 anos galácticos
(cada galáctico é 200 milhões de anos)
P20-"Nebulosa de Andrómeda
Nebulosa de Onon na constelação do mesmo nome.
Nebulosa de Oríon está na nossa galáxia.
Nebulosas são amálgamas de gases."
" Na actualidade os telescópios mostram-nos galáxias aos milhões...
As distâncias médias entre cada uma são de cerca de 1 milhão de anos-luz.(...) As colisões entre galáxias não são raríssimas"
P21-"Os átomos em moléculas, de estrelas em galáxias, de enxames em superenxames, o nosso universo é construído de modo hierárquico. Os seres semelhantes juntam-se para formar novos seres, a um nível superior. Esta hierarquia estende-se do infinitamente pequeno ao infinitamente grande."
"Somos um planeta vulgar, que gira, como os outros planetas, à volta do Sol.
E o nosso glorioso Sol é uma banal estrela situada em qualquer parte, nos subúrbios da Via Láctea."
Hora do Deslumbramento
pág.20: "É como se o universo fosse animado por um pulsão de vida."
p.24-"Os objectos mais distantes visíveis no telescópio são os quasars.
São, de facto galáxias, mas galáxias especiais, O seu núcleo emite uma quantidade fantástica de energia. Tanta como dez mil vezes a emitida pela nossa galáxia.
Alguns quasars (quasi-stars) estão situados a 12.000 milhões de anos-luz.
A sua luz, quando nos atinge, viajou durante 80% da idade do universo.
É a juventude do mundo que a sua luz nos permite ver no fim desta inacreditável viagem.
Nestas condições, tornou-se naturalmente impossível uma fotografia instantânea do universo.
(...)
Estamos como no cimo da "montanha do tempo".
Na nossa visão do mundo, o ponto mais avançado é aquele em que nos encontramos.
A toda a nossa volta, o nosso olhar perde-se no passado.
p25-"Nota-se que o ruido do motor, agudo antes da passagem do carro, se torna grave depois da passagem.
É que no 1.º caso, ele aproxima-se, enquanto no 2.º caso ele afasta-se.
Da mesma maneira, a frequência da luz emitida por um objectomuda segundo o seu movimento em relação a um observador.
Torna-se mais"aguda", comparativamente mais azul, se o objecto se aproxima, torna-se mais "grave", portanto mais vermelha, se le se distancia.
Em termos técnicos, a isso chama-se o efeito Doppler."
"Edwin Hubble mostrou que quase todas as galáxias se distanciam de nós. As únicas que se aproximam, como Andrómeda, fazem parte da Amálgama Local. A partir de certa distância, todas fogem e, facto único, fogem tanto mais depressa quanto mais distantes se encontram."
p26-"Apoiando-se na teoria da relatividade de Einstein, os observadores desenvolveram esta imagem numa teoria coerente. Fala-se da teoria da expansão universal, da explosão inicial ou, em americano, do big bang. Actualmente esta teoria recebe a aaprovação da maioria."
P29-"Há 3 métodos diferentes e independentes de medir a idade do universo. Todos dão aproximadamente a mesma idade.
Segundo o movimento das galáxias...
A idade das mais velhas estrelas...
A idade dos mais velhos átomos...
(há cerca de 15 mil milhões de anos)
P34...QUASE TODA
"A matéria atrai matéria. (Newton)
Einstein: "Tudo atrai tudo."
p35...td
p36.td
p37-"905 dos átomos são de hidrogénio
8 ou 9% dos átomos são de hélio
2ou 1% dos outros átomos/elementos
" De onde vêm os elementos químicos?
A maioria nasce no coração das estrelas."
p38-"Um +atomo de hélio para cem átomos de hidrogénio.
9 em 10 átomos de hélio provém do big bang.
Só um décimos foi produzido pelas estrelas."
"Isótopos estáveis, 2 variedades de hidrogénio e 2 variedades de hélio-
h-1, cujo núcleo é composto por 1 só protão
h-2 (hidrogénio pesado ou deutério) tem 1 protão e 1 neutrão - existe na água pesada.Este h-2 é 100.000 vezes mais raro que o h-1"
p39-he-4...isótopo...núcleo com 2 neutrões
he-3...1 neutrão e 2 protões...10 mil vezes mais raro que he-4
"Há no cosmos, em média, mil milhões de fptões por cada átomo"
p40-A anti-matéria e a matéria juntam-se como 2 irmãs gémeas."
pg54: "A natureza está estruturada como uma linguagem"
pg 137: "existem no universo estranhas coincidências que viabilizam a vida."
p251-1 ano-luz=dez biliões de quilómetros (1x10.elevado a 13.km)
Idade do Universo=aproximadamente 15 mil milhões de anos (15x10.elevado a 9.)
Idade do Sol= 4 mil e seiscentos milhões de anos (4,6x10.elevado a 9.)
Nº de estrelas numa galáxia=cerca de 100 mil milhões (10 x10.elevado a 11.)
Velocidade da luz= 300 mil km/s (3 x10.elevado a 5.)km/s
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28 de agosto de 2010
Memórias de Hubert Reeves
Informação recebida da Gradiva sobre um livro acabado de sair:Já não Terei Tempo - Memórias
Hubert Reeves
O título desta obra, retirado de uma peça coral com letra de Pierre Delanoë e música de Michel Fugain, atesta o entusiasmo com que Hubert Reeves sempre encarou a sua vocação de explorador do espaço: «Mesmo em cem anos, não terei tempo de visitar toda a imensidão dum tão grande Universo.»
Neste livro, Hubert Reeves entrega-se como nunca o tinha feito. Conta-nos como se forjou a sua paixão pelo cosmos, porque cedo sentiu o desejo de partilhar o seu saber, de que modo a filosofia, a religião e a música se uniram indissoluvelmente à sua demanda intelectual, como os encontros com outros grandes espíritos orientaram o seu – a vida ao mesmo tempo exemplar e singular de um investigador de hoje relatada na primeira pessoa, num testemunho ímpar. Todos os leitores de Hubert Reeves o verão neste livro mais próximo ainda, e os novos leitores descobrirão um homem admirável e um cientista de excepção. O livro de um cientista que se lê como um romance. Mas não diziam Harold Bloom e Ian McEwan que a grande literatura está hoje em muitos livros de ciência?
«Ciência Aberta», nº 185, 380 pp., € 18,50
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O Universo de Hubert Reeves e Daniel Casanave
Hubert Reeves, astrofísico de renome mundial, divulgador de ciência
e... um poeta que conquistou inúmeros leitores também em Portugal. E com
um talento invulgar para tornar fácil o que é complexo. Este livro não é
excepção: nesta banda desenhada, o autor explica o que sabemos hoje
sobre a criação do Universo, com ideias claras e simples. Particularmente
dirigido aos miúdos e jovens, leva, no entanto, a ciência a todos os
leitores. Somam se ainda os deliciosos desenhos de Daniel Casanave, uma
maravilha! Proporcione a sua leitura, a sua qualidade, o seu benefício, a
filhos, netos e... a si próprio.«Fora de Colecção», n.º 506, 64 pp., € 11,00
http://www.gradiva.pt/
https://www.facebook.com/gradiva.publicacoes/photos/a.218037081542569/1896081007071493/?type=3&theater
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10abr2019
A partir da leitura do livro de entrevistas a escritores do José Rodrigues dos Santos
https://www.facebook.com/watch/?v=1747383958625555
Cada programa está disponível para visualização em
http://ww1.rtp.pt/blogs/programas/conversasdeescritores/
https://biblioesa2.blogspot.com/2009/12/conversas-de-escritores-rtp.html
*
Hubert Reeves
Autor de "Um pouco mais de azul" e cientista da NASA e do CERN, Reeves é descrito como o Carl Sagan europeu. A Conversa de Escritores centrar-se-á na escrita de divulgação de ciência como um género literário e em coisas como o universo, os indícios descobertos pela ciência sobre a existência de Deus e o que sabemos sobre o sentido da nossa própria existência.
Hubert Reeves nasceu no Canadá, vive em França e é considerado o Carl Sagan da Europa. Trabalhou na NASA e depois no CERN, e notabilizou-se com uma vasta obra a explicar o universo e a vida, destacando-se Patience dans l"azur. Outras obras deste autor são L"heure de s"enivrer e Chroniques des atomes et des galaxies.
https://www.rtp.pt/programa/tv/p25324/e4
Livros dele:
A Agonia da Terra
"Nuvens negras se acumulam em todos os planos: o aquecimento global, a poluição, a erosão da biodiversidade.
Vemos que a humanidade está ameaçada a relativamente curto prazo e que, se não age rapidamente...existem problemas muito graves...para preservar o nosso planeta."
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Um pouco mais de Azul
" A dança de Shiva, as coisas bonitas do universo..."
"A...l...Uma nova propriedade emergente"
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"As desigualdades de Bell mostram que o indeterminismo quântico é real e não um mero resultado do nosso desconhecimento de algumas leis da natureza.
Bell estabeleceu que nenhuma teoria física das variáveis ocultas locais poderá alguma vez reproduzir as previsões da mecânica quântica.
Isto quer dizer que, se a mecânica quântica está correcta, o universo não é localmente determinista."
JRS- O indeterminismo não faz sentido, 1xque, em última instância, implicaria que as micropartículas possuem vontade própria, se voltam para a direita ou para esquerda porque lhes apetece e não em obediência estrita das leis da física. Isso não pode ser, insisto, argumentando que me parece existir aqui um equívoco semântico. A matéria tem comportamentos deterministas embora sejam indetermináveis...
JRS conta o problema de aritmética do CAÇADOR DE LEÕES (nasceu em Moçambique)
3 amigos bebem várias cervejas num bar
a conta veio e era 30€
cada um pagou 10€
mereceu um desconto
patrão disse para descontar 5€
empregado meteu ao bolso 2€
e deu 1€ a cada cliente
ONDE ESTÁ O EURO QUE FALTA?
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"O universo vem da explosão do Big Bang...Enormes quantidades de átomos a circular completamente desorganizados e o aparecimento progressivo no universo de organismos de organização.
O que me interessa: a história das estrelas, como é que nascem, vivem e morrem, como o sistema solar se formou.
...determinados tipos de partículas que se associam e formam os átomos que por sua vez se associam e formam as moléculas...
Vivemos num universo que se tornou localmente mais complexo, onde surgiram entidades cada vez mais organizadas, de que nós, seres humanos, somos as mais desenvolvidas...
Obviamente o cérebro humano é qualquer coisa de complexidade extraordinária.
É isto que me interessa, é esse fenómeno de observação, esta observação de estrutura progressiva.
O facto de, por exemplo, sermos capazes de realizar talvez a proeza extraordinária que jamais foi realizada no universo, que é simplesmente fecharmos os olhos e dizer: "Eu existo!"
A consciência e os actos de consciência pressupõem uma quantidade extraordinária de partículas no nosso corpo.
Temos cerca de 100 mil milhões de partículas elementares, quarks e electrões, que no início estavam dispersos no universo e que hoje estão organizadas e nas quais as estrelas, as galáxias e os planestas estão envolvidos neste pequeno planeta banal que gira em torno duma estrela vulgar com milhares de galáxias e de sermos capazes de levantar questões.
O facto de sermos capazes de nos interrogar implica um nível de organização, uma história de organização que envolve toda a ciência, a química, a física, a astronomia, etc."
"Se se alterar 2% à constante de Newton ou à constante do electromagnetismo, teremos universos onde não existem sequer átomos, teremos universos estéreis.
As condições de fertilidade, isto é, aquelas condições em que pode haver estruturas organizadas e que permitiram a vida e a nossa existência surgem-nos como completamente admiráveis."
"Estamos num mundo de contradições.
Há coisas belas que fazem sentido e há coisas horríveis. Há horrores na natureza humana que para mim, não fazem sentido."
"A linguagem humana surgiu há 5 ou 6 mil anos no Iraque ou no Irão..."
"O que se descobriu foi que a natureza faz a mesma coisa, que todo o nosso universo se construiu a partir de partículas elementares que se associam e formaram partículass mais complexas, os átomos, que se tornaram moléculas..."
" O problema do ambiente...aqui a questão não se fala em milhões de anos mas sim em décadas..."
"A realidade é muito mais emocionante do que os livros de ficção científica"
"Deus uma personagem misteriosa, um pouco obscura.
Eu penso fazer-lhe perguntas se me encontrar com ele."
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VER OS 2 LIVROS DE BANDA DESENHADA DA GRADIVA
com Reeves
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No 22º episódio de "Ciência no sofá”, o espaço de divulgação de livros de divulgação científica do RÓMULO - Centro de Ciência Viva da Universidade de Coimbra, o Professor Carlos Fiolhais, apresenta-nos dois livros "O banco do tempo que passa : meditações cósmicas" de Hubert Reeves e "Hubert Reeves Explica a Biodiversidade" de Daniel Casanave. Ambos editados pela Gradiva, em 2018.
https://www.youtube.com/watch?time_continue=7&v=jAziK7IG4D4
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„O homem é a espécie mais insana. Ele adora um Deus invisível e destrói uma natureza visível. Não sabendo que esta natureza que ele está destruindo é esse Deus que ele está adorando."
„No entanto, devemos apresentar todas as interpretações possíveis para cada observação, para que as teorias concorrentes possam ser formuladas e defendidas. Na ciência, como em outros lugares, a inércia intelectual, as modas do momento, o peso das instituições e o autoritarismo devem sempre ser temidos. As heresias desempenham um papel essencial ao manter nossa mente argumentativa e alerta”.
„Estes são os limites do método científico e da própria lógica, na medida em que devem confiar na linguagem. Nossas palavras são construídas sobre os objectos da nossa experiência. Eles adquiriram sua eficácia adaptando-se às ocorrências de nosso mundo quotidiano. Mas quando nos aproximamos de realidades de outra escala, essas palavras podem se tornar obstáculos ”.
„Durante vários milhares de anos, a Terra foi totalmente povoada por pequenos animais microscópicos, invisíveis a olho nu. Vivem em várias nas águas estagnadas. São bons à nossa escala. À escala atómica, são estruturas gigantescas; o número de átomos em cada um deles contém milhares de biliões de carbono, azoto, oxigénio, hidrogénio, gerados em estrelas agora mortas. Estas são as vultuosas estruturas que são mais importantes que as constituintes. Adquiriram uma propriedade que não existe no mundo dos nucleões e dos átomos: podem morrer. A sua existência não é automaticamente assegurada pelo conjunto das forças físicas que ligam. Para o calor, têm que trocar incessantemente com o exterior do mundo. Os átomos e os fotogramas que entram e saem das suas membranas têm por fim um estado de desequilíbrio com o meio ambiente. Quando essa situação terminar, regressará o estado de equilíbrio. E estarão mortas…
https://citacoes.in/autores/hubert-reeves/
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15feVER2015...público
Hubert Reeves: “Não acredito que os seres humanos possam exterminar a vida”
Publicou Um Pouco mais de Azul há mais de
30 anos, o livro que o lançou numa carreira com mais de uma dezena de
títulos de divulgação científica. Tem também uma carreira científica
notável. Cosmólogo, nascido no Canadá, fez de França a sua casa depois
de se ter sido escolhido para director do Centro Nacional da
Investigação Científica.
Reeves esteve na Porto Business School, na última quinta-feira, para uma conferência sobre Cosmos, Sustentabilidade e Responsabilidade,
onde explora algumas das ideias do seu último livro editado em Portugal
“Onde Cresce o Perigo Surge Também a Salvação” (Gradiva). Em breve
deverá editar um novo livro sobre o mar, a Terra e as placas tectónicas,
dedicado ao público juvenil.
Ainda fala de ciência com o mesmo entusiasmo que tinha nas primeiras palestras feitas nas noites das suas férias em França, nos anos 1970?
Tanto quanto consigo ver, sim. Para mim é sempre muito importante poder falar de ciência.
Quando percebeu que a ciência podia ser interessante para uma audiência mais vasta?
Era estudante e dava palestras em Montreal [Canadá]. Um dia fui dar uma palestra a uma escola de estudantes problemáticos. A directora da escola estava à espera que eles fossem grosseiros comigo ao ponto de ela e outro professor terem ficado à espera à porta, na expectativa de terem de me ajudar. Mas não houve problemas e para mim foi uma experiência agradável.
E nessa altura percebeu que a ciência não interessa apenas aos cientistas?
Sim, em particular a astronomia. É um assunto agradável, porque fala para as pessoas. É uma área onde podemos compreender, fazer física, mas também podemos sonhar. E isso é um bom tema para uma audiência. Esta história passou-se no Quebeque, de onde sou, e encontro alguma similitude com Portugal. Temos uma história análoga: quando eu era miúdo, o Quebeque era uma região muito religiosa, onde o conhecimento e o ensino eram completamente governado pelos padres e pela Igreja. Em 1960, aconteceu o que chamamos a “Revolução Tranquila” e isto mudou completamente as coisas. Costumava ser ensinada às pessoas uma verdade eterna e, de repente, foram deixadas no vácuo. Por alguma razão, a astronomia tornou-se muito importante para preencher esse espaço. E encontro coisas muito semelhantes em Portugal, depois de 1974 e da Revolução dos Cravos. Passou a haver um grande interesse em olhar para as questões do Universo. Havia gente que vivia numa espécie de certeza e, de repente, teve a necessidade de pensar sobre estas coisas. Agora as pessoas estão sozinhas e não há uma autoridade que lhes diga o que pensar.
Ainda fala de ciência com o mesmo entusiasmo que tinha nas primeiras palestras feitas nas noites das suas férias em França, nos anos 1970?
Tanto quanto consigo ver, sim. Para mim é sempre muito importante poder falar de ciência.
Quando percebeu que a ciência podia ser interessante para uma audiência mais vasta?
Era estudante e dava palestras em Montreal [Canadá]. Um dia fui dar uma palestra a uma escola de estudantes problemáticos. A directora da escola estava à espera que eles fossem grosseiros comigo ao ponto de ela e outro professor terem ficado à espera à porta, na expectativa de terem de me ajudar. Mas não houve problemas e para mim foi uma experiência agradável.
E nessa altura percebeu que a ciência não interessa apenas aos cientistas?
Sim, em particular a astronomia. É um assunto agradável, porque fala para as pessoas. É uma área onde podemos compreender, fazer física, mas também podemos sonhar. E isso é um bom tema para uma audiência. Esta história passou-se no Quebeque, de onde sou, e encontro alguma similitude com Portugal. Temos uma história análoga: quando eu era miúdo, o Quebeque era uma região muito religiosa, onde o conhecimento e o ensino eram completamente governado pelos padres e pela Igreja. Em 1960, aconteceu o que chamamos a “Revolução Tranquila” e isto mudou completamente as coisas. Costumava ser ensinada às pessoas uma verdade eterna e, de repente, foram deixadas no vácuo. Por alguma razão, a astronomia tornou-se muito importante para preencher esse espaço. E encontro coisas muito semelhantes em Portugal, depois de 1974 e da Revolução dos Cravos. Passou a haver um grande interesse em olhar para as questões do Universo. Havia gente que vivia numa espécie de certeza e, de repente, teve a necessidade de pensar sobre estas coisas. Agora as pessoas estão sozinhas e não há uma autoridade que lhes diga o que pensar.
Fundamentalmente, sim. Questionar tudo. Por que devo acreditar nisto? Em que devo acreditar? E, muito frequentemente, a ciência não dá a resposta. Uma questão simples sobre a bomba atómica: devemos fazer bombas atómicas? A ciência não responde a isso. Diz como se faz uma bomba, mas não diz se a devemos fazer.
Desde a década de 1980, quando começou a publicar livros, houve mudanças na forma como as pessoas acolhem a ciência?
A corrida à Lua abriu um grande interesse pela ciência e pela astronomia. E isto voltou a sentir-se agora com a exploração de Marte. Tinha sido dito que este interesse ia diminuir, que não ia haver um grande espectáculo como no tempo de [J. F.] Kennedy, [antigo presidente dos EUA], mas a Internet mostrou que o interesse das pessoas pelo tema ainda é muito grande.
Está no campo da divulgação científica há décadas e publicou vários livros. Qual é a grande diferença que sente com a Internet?
Todo o conhecimento está lá, o que não era de todo o caso nos anos 1970 ou 1980. O que não mudou é que continua a ser preciso alguém para intermediar. Mesmo que o conhecimento esteja lá, as pessoas que não conhecem não vão procurá-lo espontaneamente. E isso é um papel importante do “apresentador”, que é quem diz: “Aqui está alguma coisa que pode interessá-lo.” A Internet até tornou mais importante o papel do intermediário.
Nos seus livros, torna interessante ler sobre o assunto. Por que é que isso importante?
Se os livros tiverem apenas ciência árida, não vão despertar interesse em lado nenhum. A ciência diz-lhe alguma coisa acerca da sua origem e toda a gente está interessada em saber de onde vem e qual é a história. Mas é importante que alguém diga que a química, a física, a geologia, são todos capítulos desse sítio de onde alguém veio.
Acredita que a divulgação tornou as pessoas mais conscientes da necessidade de ter conta as descobertas científicas?
Tem de haver alguma coisa entre a religiosidade – num sentido absolutamente naïf – e a ciência pura. Não é preciso fazer parte de nenhum grupo evangelista, nem negar toda a possibilidade de espiritualidade. As pessoas hoje podem decidir por si.
Como é que um homem de ciência vê o debate crescente nos EUA sobre o criacionismo?
É ridículo. Nenhuma pessoa inteligente pode acreditar no criacionismo.
Mas já há estados dos EUA onde há a possibilidade disto ser ensinado nas escolas.
Acho que essa é mais uma questão política do que uma questão científica. Há uma pressão social e política de algumas pessoas com interesses. É difícil ver que um miúdo que tem algum cérebro possa acreditar que o mundo foi feito há 4000 anos. E é o caso. Acho que é inútil lutar contra o criacionismo.
O debate na Europa acerca da utilidade da ciência também é uma arma política?
Não vejo que seja esse o caso na Europa. Vejo antes neste sentido: acreditou-se durante todo o século XIX que a ciência traria felicidade ao ser humano e o século XX mostrou que não era assim tão simples. A ciência em si mesma não é garantia de tornar as pessoas felizes. E há uma decepção daqueles que pensaram que a ciência traria felicidade à humanidade.
Todo o conhecimento tem de ter uma aplicação?
É uma questão de escolha pessoal. Algumas pessoas, como eu, pensam que o conhecimento é importante por si mesmo, independentemente da sua aplicação. Queremos perceber este mundo, o que significa a vida. E algumas pessoas não estão interessadas nestas respostas. Mas há uma grande quantidade de pessoas que está interessada em ter um novo conhecimento na ciência. As pessoas têm o direito de saber como a ciência é uma descoberta.
Como olha hoje para o seu primeiro livro, Um Pouco mais de Azul, de 1981 [editado pela Gradiva em 1983], e a sua primeira experiência na divulgação científica?
Fico sempre muito contente quando algumas pessoas me dizem que foi importante para elas. Isso foi o que descobri entretanto, porque quando lancei o livro não tinha ideia alguma do que aconteceria. Quando algumas pessoas me dizem que foi muito importante, que o tiveram na mesinha de cabeceira, isso é gratificante para mim.
Ainda há pessoas que ficam chocadas quando diz que o Sol vai morrer em 5000 milhões de anos?
Não, acham que é tempo suficiente.
Mas quando se diz isso, parece haver uma ideia pessimista.
Por que diz isso?
Porque nos mostra que há um fim na vida.
Não necessariamente. Há outras estrelas, algumas das quais viverão muito mais tempo do que o Sol. Isso não significa o fim da vida no Universo. O futuro longínquo da física do Universo está cheio de incertezas, mas não diria que possa dizer-se que é o fim. Será realmente um problema, mas há outras estrelas que continuam. Se houver vida à volta dessas outras estrelas, a vida pode continuar.
No seu último livro diz que a beleza do mundo está ameaçada pelo ser humano. É uma ideia que explorou em O Tempo do Deslumbramento em que falava numa “pulsão de morte”. Estamos mesmo a caminhar para uma destruição da vida na Terra como a conhecemos?
Não sabemos. O futuro é desconhecido. Não acredito que os seres humanos possam exterminar a vida. Ela é muito robusta, muito mais adaptável do que pensávamos antes. Encontramos sempre novas formas de vida que são muito mais resistentes do que pensávamos e por isso ela continuará.
Mas não como a conhecemos?
A humanidade poderá não estar lá. Os vírus e as bactérias, ninguém sabe. São muito robustos e podem viver muito mais tempo. A questão é o futuro do ser humano. Possivelmente, mais tarde, outra espécie animal poderá desenvolver inteligência. Há poucos milhões de anos, uma espécie recebeu um dom da natureza e uma inteligência fantástica e é hoje em dia este dom que ajuda estas pessoas a viver num ambiente hostil. Mesmo que a humanidade desapareça, ninguém sabe o que pode acontecer dentro de 100 milhões de anos.
É como um historiador: pode entender o passado, mas não pode prever o futuro.
Nesta área, podemos dizer quais são os perigos, mas é impossível dizer o que acontecerá. Quase sempre as pessoas tentaram fazer estas previsões e falharam.
Como vê as alterações climáticas e o desentendimento entre os países nesta matéria?
Pensamos que se a temperatura subir dois graus [Celsius], o clima deixará de poder ser gerido. As previsões actuais são mais próximas de uma subida de três ou quatro graus e isso vai tornar a vida extremamente difícil.
Foi muito crítico com os discursos políticos sobre esta matéria. É importante começar a agir e não apenas produzir documentos?
O Protocolo de Quioto foi uma tentativa positiva, mas o sucesso não foi o que se esperava. A questão é sempre dinheiro. O Canadá, que há uns anos era muito verde, agora descobriu petróleo em Alberta e mudou completamente de política. O dinheiro está primeiro.
A conferência que deu no Porto foi complementada como uma apresentação de “boas práticas” de empresa portuguesas em termos de sustentabilidade. Este discurso chega de facto às empresas?
Há progressos em muitos casos e esforços que vão no sentido certo. Não sou de todo pessimista nesse sentido. Mas há sempre esta questão de dinheiro. O exemplo que dou é o de Fukushima, no Japão. Como é que um país que tem os melhores engenheiros do mundo e alguns dos melhores cientistas, decidiu colocar um reactor nuclear numa das regiões sísmicas mais activas e protegê-la com um muro de seis metros, quando se sabe que um “tsunami” chega a 20 metros de altura? Se fosse no mundo em desenvolvimento, podia dizer-se que eles não sabiam, mas aqui não. A resposta é que a segurança e o lucro não andam juntos. Isto é puramente humano e será sempre o problema. As pessoas correm sempre risco para ganhar dinheiro e, às vezes, mesmo que o evento possa ser muito raro, ele acontece.
O dinheiro e a sustentabilidade podem alguma vez ter um terreno comum?
É o que esperamos. Mas quando olhamos para o que acontece, temos exemplos claros contrários.
Os seus livros têm referências constantes à literatura e às artes plásticas. Como vê a relação entre a ciência e a arte?
A ciência diz como é que o mundo funciona. É uma operação racional, mental. A arte é mais o sentido de maravilhamento do mundo, da imaginação. Ambas são fundamentais para o ser humano. Se alguém está apenas no mundo racional, “seca-se”. Se está apenas no da imaginação, enlouquece. São dois pilares para um desenvolvimento saudável dos indivíduos. Essas pessoas estão impressionadas com o mundo, a nossa vida, o nosso corpo. Mas quando se é um artista, não se está apenas a contemplar o mundo, está-se a usar este poder da imaginação para criar. O cientista é o que tenta entender com lógica, o artista é o que tenta recriar algo que faz as pessoas felizes.
Há um par de anos publicou um livro para jovens. É diferente escrever para pessoas jovens e para um público adulto?
Escrever para crianças é particularmente difícil. É preciso manter a todo o tempo o seu interesse e compreensão. Quando se escreve, é preciso ter um objectivo e ter sempre em mente que os leitores vão continuar a ler. A dificuldade é esta: se eu usar esta palavra, o leitor vai entender? Tem de se evitar que a pessoa que está a ler o livro pense que não é suficientemente inteligente para o entender.
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