11/05/2009

Em Torno da Arte de Cister

síntese da intervenção
EM TORNO DA ARTE DE CISTER
António Filipe Pimentel
(Universidade de Coimbra)

As origens da implantação da Ordem Cisterciense em Portugal confundem-se com as origens da própria definição de Portugal como estado e nação e com a construção da mancha do respectivo território, em cuja ocupação desempenharia um excepcional papel, testemunhado pela densa grelha definida pelos seus mosteiros. Por outro lado, a evolução sofrida pela congregação, ao nível da vivência da regra que professava e a intimidade da sua ligação, seja às classes privilegiadas, seja à própria Coroa, justificariam um investimento patrimonial consolidado e de longa duração, seja na qualidade de consumidora, seja mesmo de produtora, que alcançaria situá-la, entre os séculos XII e XVIII, na medula da cultura visual desenvolvida em Portugal, em relação à qual se pode dizer que opera, no decurso dos séculos, uma síntese total e eficaz. Nesse sentido, uma abordagem diacrónica da arte cisterciense ostenta a virtude rara de constituir um observatório dos próprios ritmos do processo global: sobre cuja rede, de infinitos cruzamentos, necessariamente se inscreve, do mesmo passo que sobre ela mesma estabelece contínuas inter-relações. E nisso — mais que na óbvia relevância intrínseca do seu legado patrimonial — assenta a sua riqueza essencial.