11/05/2009

7.413..(11maio2009.16.16') Afonso Lopes Vieira

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Nasceu a 26jan1878
e morreu a 25jan1946
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a casa dele em S.Pedro Moel

http://www.cm-mgrande.pt/pages/325
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http://www.cm-mgrande.pt/pages/326
Investigadores como Pierre Nora (1986) e Mona Ozouf (1986) demonstraram a importância que o culto aos heróis fundadores e aos grandes homens desempenharam nos discursos subjacentes à fundação dos vários tipos de comunidades modernas (Ozouf, 1986).
A criação dos grandes homens e dos heróis possui, em cada um destes conceitos, imagens sociais que ora os aproximam dos seres humanos, ora dos divinos. No primeiro caso temos os grandes homens, seres mortais, terrestres, cuja categoria inclui muitas figuras do Estado-Nação, escritores de renome, pintores, cientistas, poetas e gente comum como pais de família exemplares. Estes, de acordo com os cânones da Revolução Francesa, destacaram-se das massas pelo contributo que deram num qualquer campo da vida social.
Os heróis constituem personagens posicionadas num campo de contacto entre o mundo dos homens e o dos Deuses. Fazem parte desta categoria os santos, reis, guerreiros e rainhas, muitos deles santificados. Os heróis estabelecem a ponte entre o mundo visível e o invisível, reclamando a legitimidade em Deus para exercerem o poder político sobre os seus reinos (Bourdieu, 1989; Pomian, 1984; Kantorowicz, 1999: 37), no caso dos reis, ou religioso, no caso dos santos (Ozouf, 1986). Como declarou Jaime I, rei inglês de inícios do século XVII, “Os Reis são com razão chamados Deuses, porque exercem sobre a terra um poder semelhante ao Poder Divino” (Kantorowicz, 1999: 37).
Na categoria dos grandes homens incluem-se personalidades portuguesas que se destacaram pela sua obra em prol da nação. Também as comunidades locais possuem os seus grandes homens. Este desiderato é observado na Marinha Grande, onde se destacam reis e poetas cuja acção contribuiu para a afirmação da comunidade local.
Em São Pedro de Moel, Marinha Grande, a figura dos heróis fundadores conjuga-se em harmonia com a dos grandes homens: se D. Dinis plantou o Pinhal de Leiria, Afonso Lopes Vieira transformou-o num ícone da sua região, ao declamá-lo seus versos.
Afonso Lopes Vieira faz parte da categoria dos grandes homens marinhenses, leirienses, portugueses e europeus. Pela obra desenvolvida foi imortalizado na metamorfose da sua casa à beira-mar plantada em museu. A casa-museu é, como refere a Doutora Cristina Nobre, um lugar literário, sem dúvida, mas também um lugar de memória. Em cada canto, em cada azulejo, em cada móvel, em cada livro, enfim, em cada objecto sopram a sensibilidade, a inteligência e a escrita de um poeta imortal.
O mar e o pinhal, cantados por Afonso Lopes Vieira constituem os principais símbolos identificativos da Marinha Grande. O simbolismo que estes dois elementos alcançaram no repertório local materializou-se na sua apropriação e inscrição no brasão de armas do município marinhense, que incorpora um pinheiro de ouro ladeado de duas vieiras assente sobre dunas de areia. O vermelho do campo simboliza a força, o vigor, a actividade, uma energia constante. O pinheiro, o realce do seu tronco e as vieiras são de ouro por este ser o metal mais rico e que significa poder e liberdade.
O frutado de verde é associado à firmeza e honestidade.
As dunas de areia de prata esmalte denotam humildade e riqueza. Características tão bem delineadas pela obra de Afonso Lopes Vieira.
Nem sempre valorizada da melhor maneira, a heráldica permite compreender a realidade cultural da comunidade marinhense.
A heráldica municipal ha merecido poca atención como objeto simbólico por parte de los antropólogos. Y sin embargo encapsula símbolos de la realidad cultural en que se inserta. Es multifacética: representa personas, grupos, hechos históricos, valores, autonomía de la ciudad, individualidad, afirmación de soberanía. El análisis de los símbolos heráldicos revela motivos de la topografía o paisaje local (río, castillo, muralla, animales, árboles) hitos cristianos y situaciones históricas que denotan el valor y la lealdad de la ciudad a sus héroes (Cátedra, 2003: 64).
A obra dos heróis e dos grandes homens da Marinha expressa-se, portanto, em elementos pictóricos como o pinheiro ou as duas vieiras que ladeiam o escudo do concelho. A atribuição da acção heróica a Afonso Lopes Vieira encontra-se da mesma forma ligada à importância do pinhal na epopeia dos descobrimentos. Nos séculos XV e XVI saiu desta mancha florestal muita madeira que serviu para construir as caravelas e as naus das descobertas. Foi com a madeira do Pinhal que se construíram as nossas caravelas, os mastros das nossas naus. Foi o solo da Marinha Grande, os seus areais dourados, que forneceram a seiva que alimentou esses gigantescos pinheiros, matéria-prima base da nossa frota dos Descobrimentos e Conquistas (Cardoso, 1944: 46) e de grande parte da obra do nosso poeta
Dois séculos depois o pinhal de Leiria viria a estar na origem do desenvolvimento industrial da região. Constituiu uma matéria-prima fundamental para a instalação da indústria vidreira na Marinha Grande. Fornecendo combustível para moldar o vidro, introduziu o concelho na modernidade industrial que se desenhou por toda a Europa, ao longo dos séculos XVIII e XIX.
A expansão industrial (nos séculos XVIII e XIX) e o aumento demográfico trouxeram a necessidade de produzir carvão de madeira quer para alimentar os fornos das indústrias metalúrgicas e de vidro, quer para o aquecimento das populações. Em meados do séc. XIX começou a produção de produtos resinosos, nomeadamente com a extracção da goma dos pinheiros (Joanaz; Soares, 2001: 1).
A inauguração da Casa-Museu Afonso Lopes Vieira, inserindo-se num tempo em que este tipo de estruturas se transformou num meio de imortalização de heróis e de grandes homens (Ozouf, 1986), na localidade de S. Pedro de Moel, povoação onde o pinhal e o mar se encontram, constitui o maior tributo ao poeta.
A corporização da memória do poeta consubstancia-se não só na casa mas também nos objectos que dela fazem parte, relíquias sagradas contendo a marca vivida do poeta. A instalação do paradigma moderno, a inauguração das comunidades de âmbito nacional, e depois regional e local bem como a procura da sua legitimação em tempos imemoriais, incrementou o movimento de criação de lugares e de objectos de memória.
Bibliografia
BOURDIEU, Pierre (1989) O Poder Simbólico. Lisboa: DIFEL.
CARDOSO, Leonel de Parma (1944) “O Distrito de Leiria: Coração do Império”. In Livro do I Congresso das Actividades do Distrito de Leiria. Leiria: Casa do Distrito de Leiria, pp. 45-49.
CÁTEDRA, Maria (2003) “La violencia de las Imágenes: Giraldo Sem Pavor”. In Afonso, Ana Isabel; Branco, Jorge Freitas (orgs.) Retóricas sem Fronteiras 2: violências. Oeiras: Celta.
KANTOROWICZ, Ernst (1999) Morrer pela Pátria. Lisboa: Edições João Sá da Costa.
NOBRE, Cristina (2007) Fotobiografia de Afonso Lopes Vieira, 1878-1946. Leiria: Imagens & Letras.
NORA, Pierre (dir.) (1986-1992a) Les lieux de mémoire I-VII. Paris: Gallimaurd (7 vols.).
NORA, Pierre (dir.) (1986-1992b) ”Entre Mémoire et Histoire”. Les lieux de mémoire - I La République. Paris: Gallimaurd, pp. 17-42.
OZOUF, Mona (1986) “Le Panthéon, L’École normale dês mortes”. In Nora, Pierre (dir.) Les Lieux de Mémoire – I La République. Paris: Gallimard, pp. 139-163.
POMIAN, Krystof (1984) “Colecção”. Enciclopédia Einaudi. Lisboa: INCM, pp. 51-87.
SOARES, Renato; JOANAZ, Salomé (2001) O Pinhal e a Lagoa [online]. [Leiria, Portugal], [citado em 05 de Agosto de 2007; 11:10 horas], disponível na Internet em http://www.regiaocentro.net/lugares/leiria/pinhalelagoa.html 
São Pedro de Moel, 18 de Junho de 2011
Fernando Magalhães
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biografia
IPLeiria
http://wiki.ued.ipleiria.pt/wikiEducacao/index.php/VIEIRA,_Afonso_Lopes
Era filho de Afonso Xavier Lopes Vieira e de Mariana Xavier Lopes Vieira, sobrinho-neto do poeta, prosador e jornalista António Xavier Rodrigues Cordeiro.
Na aldeia de Cortes - Leiria, na livraria em casa do seu tio-avô, privou com os clássicos aí existentes. Aliás a sua vida foi vivida entre o seu solar em Lisboa e a casa de Verão de São Pedro e completada com algumas viagens por Espanha, França, Itália, Bélgica, norte de África e Brasil.
Ainda que, nas palavras do poeta, fosse " o mesmo aluno medíocre que já for ano curso dos liceus" formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra em 1900. Declinou o cargo de subdelegado régio e tentou a carreira de advogado sob a alçada do pai até 1906, ano em que aceitou o cargo de redactor na Câmara dos Deputados que exerceu até 1916.
Quanto à sua dedicação à literatura portuguesa é em 1897 com o livro “Para Quê?” que marca a sua estreia. No entanto, só em 1916 se dedica em exclusivo a esta actividade que se prolonga até 1947, data em que publica o seu ultimo livro:“Branca Flor e Frei Malandro”. Pelo meio, "perdidos" entre publicações em jornais, artigos,cartas e entrevistas, ficaram ainda mais de uma dúzia de obras literárias, canções, fotografias e de um filme: “O Afilhado de Santo António” de 1928.
Foi um acérrimo defensor do património cultural Português, o que lhe valeu o reconhecimento de alguns (regime politico) e a critica de outros (Fernando Pessoa). No entanto e com o texto “Éclogas de Agora” publicado em 1935 demarca-se da ideologia Salazarista.
Afonso Lopes Vieira foi um ecléctico homem de cultura. É considerado um ilustre poeta, um dos primeiros representantes do Neogarretismo, ligado à corrente conhecida como Renascença Portuguesa. Atributos estes que o tornaram digno do titulo de "Grão-Mestre de Portugalidade".
Entre algumas homenagens que foram feitas ao autor dado o seu relevo na cultura Portuguesa podemos salientar a Biblioteca Municipal e uma das escolas secundárias em Leiria com o seu nome e o museu criado na sua casa de São Pedro de Moel e reconhecendo também a forte ligação do poeta com a música, o grupo coral CantábiLis (Grupo Coral da CGD Leiria) realiza anualmente o Festival Internacional Afonso Lopes Vieira.
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http://www.portaldaliteratura.com/autores.php?autor=207
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Via Citador:

http://www.citador.pt/poemas/a/afonso-lopes-vieira
 in 'Cancioneiro de Coimbra' 

Linda Inês

Choram ainda a tua morte escura
Aquelas que chorando a memoraram;
As lágrimas choradas não secaram
Nos saudosos campos da ternura.

Santa entre as santas pela má ventura,
Rainha, mais que todas que reinaram;
Amada, os teus amores não passaram
E és sempre bela e viva e loira e pura.

Ó Linda, sonha aí, posta em sossêgo
No teu muymento de alva pedra fina,
Como outrora na Fonte do Mondego.

Dorme, sombra de graça e de saudade,
Colo de Garça, amor, moça menina,
Bem-amada por toda a eternidade! 

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in ANTOLOGIA POÉTICA

O Segredo do Mar

A “Flor do Mar” avançando
Navegava, navegava,
Lá para onde se via
O vulto que ela buscava.

Era tão grande, tão grande
Que a vista toda tapava.

E Bartolomeu erguido
Aos marinheiros bradava
Que ninguém tivesse medo
Do gigante que ali estava.

E mais perto agora estão
Do que procurando vão!

Bartolomeu que viu?
Que descobriu o valente?
- Que o gigante era um penedo
que tinha forma de gente?

Que era dantes o mar? Um quarto escuro
Onde os meninos tinham medo de ir.
Agora o mar é livre e é seguro
E foi um português que o foi abrir. 
*

Saudades não as Quero

Bateram fui abrir era a saudade
vinha para falar-me a teu respeito
entrou com um sorriso de maldade
depois sentou-se à beira do meu leito
e quis que eu lhe contasse só a metade
das dores que trago dentro do meu peito

Não mandes mais esta saudade
ouve os meus ais por caridade
ou eu então deixo esfriar esta paixão
amor podes mandar se for sincero
saudades isso não pois não as quero

Bateram novamente era o ciúme
e eu mal me apercebi de que batera
trazia o mesmo ódio do costume
e todas as intrigas que lhe deram
e vinha sem um pranto ou um queixume
saber o que as saudades me fizeram

Não mandes mais esta saudade,
ouve os meus ais por caridade,
ou eu então deixo esfriar esta paixão,
amor podes mandar se for sincero,
saudades isso não pois não as quero. 
*

Dança do Vento

O vento é bom bailador,
Baila, baila e assobia.
Baila, baila e rodopia
E tudo baila em redor.
E diz às flores, bailando:
- Bailai comigo, bailai!
E elas, curvadas, arfando,
Começam, débeis, bailando.
E suas folhas, tombando,
Uma se esfolha, outra cai.
E o vento as deixa, abalando,
- E lá vai!...
O vento é bom bailador,
Baila, baila e assobia,
Baila, baila e rodopia,
E tudo baila em redor.
E diz às altas ramadas:
Bailai comigo, bailai!
E elas sentem-se agarradas
Bailam no ar desgrenhadas,
Bailam com ele assustadas,
Já cansadas, suspirando;
E o vento as deixa, abalando,
E lá vai!...
O vento é bom bailador,
Baila, baila e assobia
Baila, baila e rodopia,
E tudo baila em redor!
E diz às folhas caídas:
Bailai comigo, bailai!
No quieto chão remexidas,
As folhas, por ele erguidas,
Pobres velhas ressequidas
E pendidas como um ai,
Bailam, doidas e chorando,
E o vento as deixa abalando
- E lá vai!
O vento é bom bailador,
Baila, baila e assobia,
Baila, baila e rodopia,
E tudo baila em redor!
E diz às ondas que rolam:
- Bailai comigo, bailai!
e as ondas no ar se empolam,
Em seus braços nus o enrolam,
E batalham,
E seus cabelos se espalham
Nas mãos do vento, flutuando
E o vento as deixa, abalando,
E lá vai!...
O vento é bom bailador,
Baila, baila e assobia,
Baila, baila e rodopia,
E tudo baila em redor! 
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 in 'País Lilás, Desterro Azul' 

Leve, Leve, o Luar

Leve, leve, o luar de neve
goteja em perlas leitosas,
o luar de neve e tão leve
que ameiga o seio das rosas.

E as gotas finas da etérea
chuva, caindo do ar,
matam a sede sidéria
das coisas que embebe o luar.

A luz, oh sol, com que alagas,
abre feridas, e a lua
vem pôr no lume das chagas
o beijo da pele nua. 
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 in 'Animais Nossos Amigos' 

O Sapo

Não há jardineiro assim,
Não há hortelão melhor
Para uma horta ou jardim,
Para os tratar com amor.

É o guarda das flores belas,
da horta mais do pomar;
e enquanto brilham estrelas,
lá anda ele a rondar...

Que faz ele? Anda a caçar
os bichos destruidores
que adoecem o pomar
e fazem tristes as flores.

Por isso, ficam zangadas
as flores, se se faz mal
a quem as traz tão guardadas
com o seu cuidado leal.

E ele guarda as flores belas,
a horta mais o pomar;
brilham no céu as estrelas,
e ele ronda, a trabalhar...

E ao pobre sapo, que é cheio
de amor pela terra amiga,
dizem-lhe que é feio
e há quem o mate e persiga

Mas as flores ficam zangadas,
choram, e dizem por fim:
- «Então ele traz-nos guardadas,
e depois pagam-lhe assim?»

E vendo, à noite, passar
o sapo cheio de medo,
as flores, para o consolar,
chamam-lhe lindo, em segredo...
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 in 'Ilhas de Bruma'

Saudades Trágico-Marítimas

Chora no ritmo do meu sangue, o Mar.
Na praia, de bruços,
fico sonhando, fico-me escutando
o que em mim sonha e lembra e chora alguém;
e oiço nesta alma minha
um longínquo rumor de ladainha,
e soluços,
de além...

Chora no ritmo do meu sangue, o Mar.

São meus Avós rezando,
que andaram navegando e que se foram,
olhando todos os céus;
são eles que em mim choram
seu fundo e longo adeus,
e rezam na ânsia crua dos naufrágios;
choram de longe em mim, e eu oiço-os bem,
choram ao longe em mim sinas, presságios,
de além, de além...

Chora no ritmo do meu sangue, o Mar.

Naufraguei cem vezes já...
Uma, foi na nau S. Bento,
e vi morrer, no trágico tormento,
Dona Leonor de Sá:
vi-a nua, na praia áspera e feia,
com os olhos implorando
- olhos de esposa e mãe -
e vi-a, seus cabelos desatando,
cavar a sua cova e enterrar-se na areia.
- E sozinho me fui pela praia além...

Chora no ritmo do meu sangue, o Mar.

Escuto em mim, - oiço a grita
da rude gente aflita:
- Senhor Deus, misericórdia!
- Virgem Mãe, misericórdia!
Doidos de fome e de terror varados,
gritamos nossos pecados,
e sai de cada boca rouca e louca
a confissão!
- Senhor Deus, misericórdia!
- Misericórdia, Virgem Mãe!
e o vento geme
no bulcão
sem astros;
anoitecemos sem leme,
amanhecemos sem mastros!
E o mar e o céu, sem fim, além...

Chora no ritmo do meu sangue, o Mar.

Ah! Deus por certo conhece
minha voz que se ergue, branca e sozinha,
- flor de angústia a subir aos céus varados
p'la dor da ladainha!
Transido, o clamor da prece
do mesmo sangue nos veio
Deus conhece os meus olhos alongados;
onde o mar e o céu deixaram
um pouco de vago anseio
nesse mistério longo do seu halo...
Rezam em mim os outros que rezaram,
e choraram também;
há um pranto português, e eu sei chorá-lo
com lágrimas de além...

Chora no ritmo do meu sangue, o Mar.

Ó meu amor, repara
nos meus olhos, na sua mágoa clara!
Ainda é de além
o meu olhar de amor
e o meu beijo também.
Se sou triste, é de outrora a minha pena,
de longe a minha dor
e a minha ansiedade.
Vês como te amo, vês?
Meu sangue é português,
minha pele é morena,
minha graça a Saudade,
meus olhos longos de escutar sem fim
o além, em mim...

Chora no ritmo do meu sangue, o Mar. 
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11maio2009
estamos com visitas de representantes da UNESCO
estamos nos 20 anos da Abadia de Alcobaça como Património da Humanidade
+1 declaração importante de há 5 anos...
d118. Esqueleto de gigante aniquilado ou espaço pleno de vida
Segunda, 05.Abril.2004

15 anos de Património Mundial. Acções concretas para transformar o “esqueleto de gigante aniquilado” num centro de cidade pleno de vida!
Nos últimos mergulhos rápidos que fiz na nossa Biblioteca Municipal procurei as obras de Joaquim Vieira Natividade.
Daí que aproveite as palavras do grande Alcobacense para provar que, há 50 anos, já se dizia quase tudo que nos preocupa no presente. Vejamos o que o insigne Alcobacense Joaquim Vieira Natividade escrevia sobre o Mosteiro de Santa Maria Alcobaça, sobre Afonso Lopes Vieira e sobre os lendários Pedro e Inês de Castro:
“Esse monumento, pedras sagradas que o sol de séculos amorosamente doirou, e cujo valor nacional e universal Afonso Lopes Vieira tantas vezes enalteceu, se bem que hoje sem vida e despojado das suas riquezas – esqueleto de um gigante aniquilado, como o plesiossauro, pela própria grandeza e inadaptação ao tempo...
“A morte escura” de Inês, e “os saudosos campos e montes e as ervas falam de idílios dos dois amantes,- e que se exalta em Alcobaça perante as arcas tumulares onde, mercê do génio do escultor, o drama da paixão havia de perdurar, através de séculos, angustioso e palpitante(...)
(...)A lenda, deliciosamente romântica, se encanta o poeta, entristece e magoa o coração de português; e de tal conflito íntimo decerto nasceu essa maravilhosa crónica que é a Paixão de Pedro o Cru.
Jamais esquecerei o prazer espiritual usufruído uma tarde em S. Pedro Moel, quando Lopes Vieira, que para este fim nos reunira, leu, a meu Irmão e a mim, o manuscrito da paixão há pouco terminado.”
Não precisamos de procurar novas palavras para descrever o presente.
Precisamos sim, e muito, de projectos galvanizantes e de acção, para acabar com o “esqueleto gigante aniquilado”!
Propostas concretas para debate público e para agirmos neste ano 15, de Património Mundial da UNESCO. Temos que invadir, urgentemente, ABRAÇAR o nosso Mosteiro, de Povo e de Vida. Há vários projectos expressos publicamente por várias instituições e personalidades Alcobacenses. Atrevo-me a sugerir algumas:
1. Sede do Município (para discutir bem perante o PP da Cova d’ Onça).
2. Museu dos Coutos. e de associações e cooperativas do património, do ensino e da cultura.
3. Pólo do ensino Superior.
4. Centro da Rota de Cister de Portugal.
5. Centro de Estudos Medievais com um grande objectivo de retorno do espólio que está disperso por toda a parte.
6. Hospedaria.
7.Restauração.
Para quando de faz a discussão pública e de define uma estratégia para os 15 anos de Património Mundial?
Para quando se avança com um projecto empolgantes à volta de Pedro e Inês?
Rogério Raimundo
Vereador da C.M. Alcobaça
DECLARAÇÃO n.º 118
Entregue na reunião de câmara no dia 5de Abril de 2004