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jan2010
respiguei do www.regiaodecister.com
edição 858
Turíbio Machado, autor e antigo presidente da junta de pataias
PerfilTuríbio da Encarnação Machado, de 62 anos, foi presidente da Junta de Pataias, no mandato autárquico entre 1982-85, eleito como independente nas listas do PS. Foi a única experiência autárquica e política, finda a qual se afastou, manifestando-se “desiludido” com a forma como funcionam a política e as máquinas partidárias.
“Cansei-me de andar a lutar contra moinhos de vento”, justifica.
Figura respeitada pela população local, começou a trabalhar aos 10 anos e assegura que teve muitas profissões ao longo da vida. Foi barbeiro, escriturário, guarda-livros e Técnico Oficial de Contas, que exerceu até 2009. Sempre ligado à sua terra, fez parte da Direcção de várias associações culturais, entre as quais a Casa da Cultura e o “Jornal de Pataias”.
Há oito anos lançou um livro, de título “Deserdados”, retratando a década de 60 na freguesia. Actualmente, para espanto de muitos, dado ser um sexagenário, é estudante de Arqueologia e História na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, cidade onde passa a maior parte do tempo. A vida de estudante impõe-lhe que permaneça em Coimbra a semana inteira, regressando à vila apenas aos fins-de-semana. Esta alteração na sua rotina levou-o a afastar-se, ainda mais, da vida da sua terra.“Servimos para dar receitas à Câmara mas pouco recebemos”
É muito crítico em relação ao que tem sido o papel da Câmara de Alcobaça no desenvolvimento daquela que é a sua freguesia, Pataias.
Turíbio Machado, que foi presidente da Junta na década de 80, até escreveu um romance, num misto de humor e drama, que decorre em cenários da freguesia. Hoje em dia, assume-se como observador da vida da vila e aconselha a “uma maior união em nome dos interesses da terra”.
Relevo algumas frases da entrevista:
A somar a isso, tive a fatalidade de encontrar uma Câmara de Alcobaça que, por razões políticas, não investia nesta freguesia. A prioridade do executivo era, e sempre foi, o investimento em São Martinho do Porto.
Uma das prioridades foi o abastecimento de água a Pataias, vinda das Paredes. Era uma água de qualidade e esse abastecimento ainda se mantém nos dias de hoje.
Foi, também, inaugurado o parque de campismo da praia das Paredes, que era uma necessidade e hoje está em funcionamento, com bons rendimentos.
As piscinas foram construídas devido à venda de um terreno à Cibra, terreno esse que foi o ganha-pão de muita gente e durante muitos anos. Era desse terreno que era extraída a pedra para os fornos da cal, indústria muito antiga na freguesia. Lamentavelmente, vejo lá inscrito o nome de piscinas municipais, quando, ao que me consta, a Câmara nada lá gastou. O dinheiro foi proveniente daquilo que era nosso. Logo, se eu fosse presidente da Junta, não permitiria que alguém colocasse ali o ‘municipal’.
É por questões como esta que prefiro alhear-me do que se passa. Outra das minhas desilusões é o parque de campismo. Eu empenhei-me e esperava ver o projecto desenvolvido, com bungalows, restaurantes e outras soluções de qualidade. E hoje vejo, com desgosto, que as barracas dos Mijaretes, lamentavelmente, se passaram para dentro do parque.
Muitas empresas fecharam, infelizmente. Já fomos uma referência, a nível nacional, na indústria do mobiliário, mas as coisas decaíram drasticamente. E se calhar foi porque os empresários não souberam unir-se, nem criar uma estratégia no sentido de obter apoios estatais, de forma a desenvolver o sector.
Tivemos uma Casa da Cultura e um Jornal de Pataias. Tive o privilégio de estar na Direcção de ambos e acho que fizemos um bom trabalho. Havia uma pessoa, o Emídio de Sousa, que foi notável na luta pela defesa da Cultura nesta terra. Fizemos colóquios, concertos, espectáculos, criámos um grupo musical e um Rancho Folclórico... Hoje, não resta nada.
Esqueceu os 2 Grupos de Teatro, a Banda Filarmónica!!!O Carnaval que está no top no concelho
Gostaria que fosse um futuro risonho. Gostava de ver mais união em defesa dos interesses da terra e menos divisões em nome da política