Opinião
O artigo de opinião do ex-Vice-presidente da Câmara
foi respigado do blogue "Tinta Fresca"
A sorte protege os audazes
Estive desde a primeira hora envolvido na elaboração da candidatura da regeneração urbana do mercado municipal, por isso, conheço muito bem este projecto e as suas virtualidades.
Na realidade a aprovação deste projecto foi um caminho cheio de espinhos. Na primeira fase do concurso, o Município de Alcobaça foi excluído por uma questão meramente formal. Só na segunda fase e com um concurso que envolvia vinte e quatro municípios onde só dez seriam aprovados, conseguimos o feito notável de aprovar a candidatura e ficarmos no clube dos concelhos com fortes centros urbanos como Caldas da Rainha, Figueira da Foz ou Castelo Branco.
Esta foi uma vitória do anterior executivo que nos últimos anos, “lutou” junto da CCDR para que nos fosse reconhecida importância idêntica a outros centros urbanos da região. Valeu a pena persistir e levar quase até há exaustão, a discussão de que Alcobaça tinha que ser respeitada e reconhecido o seu papel no plano económico, social e cultural na região.
O mérito da candidatura está no facto do projecto ir mais além do que uma mera intervenção no espaço público, onde se situam os campos de ténis e parque de campismo, constitui essencialmente a oportunidade de criar uma solução de estacionamento para a cidade, reabilitar o mercado que se encontra degradado, sem perder a sua finalidade, envolver os agentes económicos locais, permitindo criar um “Frent Office” de exposição e venda de produtos regionais em parceria com os produtores locais, funcionando a cooperativa como entidade medidora. Ao CEERIA cabe a responsabilidade de instalar um ateliê ao vivo para realizar actividades de carácter social e gerar novas oportunidades de negócio, tudo acompanhado com um plano de marketing e animação com a colaboração da ACSIA, tendo por base a necessidade de envolver o comércio e a restauração da cidade.
O executivo anterior tinha plena consciência que esta era a última oportunidade para Alcobaça, dado que se encontram esgotados os fundos do QREN, nenhum Município tem condições de realizar obra, apenas com os seus parcos recursos. Por isso, foi o tudo ou nada e ganhámos.
Trata-se de um programa sem paralelo em termos de volume de investimento com mais de 6 milhões de euros de apoio só de fundos comunitários e com um volume de investimento global de mais de 12 milhões de euros, onde se inclui a participação de privados. Diz-se que é muito dinheiro, é verdade, mas também é verdade que tem uma capacidade de retorno muito superior.
Por isso, ainda acredito, apesar de estar a ser avaliado se o projecto vai mesmo para a frente, que Alcobaça não desperdiçará estas verbas da União Europeia que justamente foram conquistadas num concurso público.
A cidade tem potencialidades ímpares por explorar e pode vencer. Por isso, tudo fiz, para que Alcobaça não se resigne e fique do lado dos vencedores, seguindo sempre o lema “a sorte protege os audazes”.
Carlos Bonifácio
21-03-2010