Opinião
a proposta foi respigada de http://www.tintafresca.net/
A História do Turismo. Celebrar o Centenário da Institucionalização do Turismo em Portugal (1911-2011).
A Ideia
No âmbito do Centro de Estudos do Turismo (CESTUR), apresentei, em 2008, a proposta de celebrar, em 2011, o Centenário da institucionalização do Turismo em Portugal, tanto pela importância desta actividade para a economia e cultura, como pela linha de investigação sobre a História do Turismo que pessoalmente desenvolvo. Esta proposta fez parte de um conjunto de projectos apresentados, então, a serviços competentes do Governo Português, iniciando-se no CESTUR um percurso de contactos com outras entidades universitárias e instituições do sector.
Neste sentido, afigurou-se desde logo como importante a realização de um Programa de Congresso, e de outras manifestações, em data e local coincidentes com o IV Congresso Internacional do Turismo, realizado de 12 a 16 de Maio de 1911, na Sociedade de Geografia de Lisboa (SGL), para o que se solicitou, em Março de 2009, junto do Presidente da SGL, Professor Luís Aires-Barros, a reserva da Sala Portugal para o efeito, precisamente de 12 a 16 de Maio de 2011, obtendo o melhor acolhimento.
Têm tomado assento em reuniões preparatórias representantes, pluridisciplinares, do CESTUR, da SGL, das universidades do Algarve e de Aveiro e, ainda, da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP). Mais recentemente, outras entidades, designadamente outros centros de investigação em Turismo e autarquias, têm tomado o partido desta ideia, esperando-se que venham a enriquecer o programa da iniciativa. O debate das ideias já produziu alguns documentos, de que este contributo é parte abreviada e integrante, no sentido de uma leitura da história e de uma abertura a espaços de intercâmbio inter-regional e transnacional.
Há 100 Anos – a Inovação Republicana
No princípio do século XX, o reconhecimento da importância do lazer levou a que quase todos os países da Europa criassem instituições governamentais com o fim de se promover e organizar o Turismo.
No que toca a Portugal, a implantação do regime republicano introduziu transformações políticas, sociais e administrativas. Na Sociedade Propaganda de Portugal, o seu fundador, Leonildo de Mendonça e Costa, foi substituído na presidência por Sebastião Magalhães de Lima, iniciando-se um novo ciclo. A realização do IV Congresso Internacional de Turismo traria dividendos para o regime republicano, sobretudo na imagem externa de Portugal, sendo uma prova da aceitação do regime por parte de outros países europeus.
Em 12 de Maio, foram abertos com solenidade os trabalhos do Congresso, com a presença de um grande número de especialistas estrangeiros. Das conclusões, sublinha-se a necessidade de criação, em Portugal, de um organismo oficial de Turismo, ideia bem recebida pelo Governo. No encerramento do Congresso, a 16 de Maio, o Governo Provisório da República decretava que, no Ministério do Fomento, passasse a funcionar um Conselho de Turismo, coadjuvado por uma Repartição de Turismo.
Um Século Transformador
De então para cá, um longo caminho foi percorrido: desde o pioneiro plano do Estoril, congregando termas, praia, mar, clima e jogo, à institucionalização de uma rede local de Turismo pelo país; dos melhoramentos em vias de comunicação à reestruturação dos transportes terrestres; da hospitalidade a refugiados de guerra ao nascimento da TAP; da decadência das termas à criação das pousadas; e do surgimento do Turismo de massas às praias apinhadas de um Algarve descoberto como tesouro para os portugueses e estrangeiros.
Mais recentemente, as manifestações culturais são valorizadas no quadro do Turismo, como os centros históricos, o património natural e cultural, a gastronomia e as artes diversas, o que tem tornado o Turismo um organismo vivo e inesgotável.
O Turismo é um dos sectores mais importantes da economia nacional, sendo aquele que é maioritário de actividade em varias regiões do país, como o Algarve ou a Madeira, e com peso crescente em muitas outras regiões, como configura o Plano Estratégico Nacional de Turismo. O Turismo surge mesmo como uma das imagens de marca do nosso papel no contexto europeu e mundial.
O Futuro do Turismo e a Lusofonia
Importa pois celebrar os 100 anos da institucionalização do Turismo em Portugal, não só recordando essa data de 1911 e contribuindo para o conhecimento e a história, como, sobretudo, projectando para o futuro novos desafios que se abrem ao Turismo, a Portugal e à comunidade das nações.
O grupo de entidades e investigadores proponentes, pelo contributo que têm vindo a dar ao longo das últimas dezenas de anos a esta causa, não podia deixar de suscitar a sua própria contribuição, à volta de uma ideia quiçá mobilizadora e recentradora da relação de Portugal com a sua história, o seu presente e o seu futuro.
Comemorar este Centenário, no contexto e espaço da vida, da economia e da cultura que é o espaço da Lusofonia, isto é, dos países que têm como língua oficial o Português e que tão profundamente têm estado ligados entre si, por esses laços de história de vida, de economia e de cultura, é, simbioticamente, celebrar este aniversário para desenvolver um programa mais vasto e perene de trabalho, cooperação e investigação, no quadro dos PALOPS.
Jorge Mangorrinha