07/04/2010

2.396.O Região de Cister e o oeste online tb publica informação sobre a venda da SPAL

“Não estão previstos despedimentos”







Ângelo Mesquita, novo presidente do Conselho de Administração da Spal, refuta o cenário de despedimentos na empresa e, por outro lado, garante que os novos accionistas vão investir na capacidade produtiva. Uma das primeiras medidas nesse sentido foi a aquisição de um novo forno.

REGIÃO DE CISTER (RC) > Como é que surgiu o interesse da Ângelo Mesquita SA, através da Cup & Saucer, na aquisição da Spal?
ÂNGELO MESQUITA (AM) > A Cup & Saucer destina-se exclusivamente à produção de chávenas para a hotelaria, exportamos 85% da produção e há muito tempo que pensávamos diversificar o nosso ramo de negócios. Surgiram várias hipóteses, analisámos fábricas de pequena dimensão, ponderámos montar uma fábrica de raiz, até que um dia, numa conversa com uma pessoa ligada ao sector, surgiu a informação de que a Spal poderia ser uma oportunidade. Na ocasião, pensámos que poderia ser algo demasiado grande para quem queria, apenas, diversificar os negócios, mas à medida que fomos tendo reuniões com a administração da Spal percebemos que era algo que estava ao nosso alcance e que nos permitiria, de facto, diversificar. Era uma marca já lançada no estrangeiro, muito conceituada a nível nacional, e decidimos avançar.
RC > Este é um momento histórico, porque a Spal sempre esteve ligada a famílias da região...
AM > Ela continua ligada a um grupo familiar, porque a Cup & Saucer é propriedade de uma família. Aquilo que complicava na anterior administração era o facto de haver muita gente dividida por muitas famílias. E agora a empresa passa a ser gerida por uma família, mas uma família com três pessoas, que são a administração. A nossa forma de gerir é muito descentralizada. Estamos atentos e permanentemente nas empresas, mas conseguimos colocá-las a funcionar sozinhas. Estamos cá, continuamente, desde meados de Março e posso dizer que este foi o mês recorde de facturação da Cup & Saucer desde a sua fundação. E a administração estava cá.
RC > Especulou-se sobre a necessidade de despedimentos na empresa. É isso que vai acontecer?
AM > Aquilo que posso dizer é que foram admitidas dez pessoas nas últimas semanas. Não estão previstos despedimentos de trabalhadores da Spal. Contudo, cmo nesta empresa há um nível etário bastante elevado, poderá acontecer que algumas pessoas que não tenham tanta facilidade em adaptar-se à nova administração saiam, de uma forma negociada. Mas essas saídas serão compensadas com a entrada de outros funcionários. O que estamos a prever é um forte aumento de vendas e da capacidade produtiva.
RC > Há necessidade de proceder a investimentos na Spal?
AM > Já fizemos a aquisição de um forno e essa era a prioridade das prioridades, porque a empresa não tem capacidade de resposta ao nível da cozedura final. Vamos aumentar a produção e a qualidade, porque queremos que a Spal volte a atingir o volume de vendas de há quatro, cinco anos e não encolher-se e mandar pessoas embora, só para reduzir despesas. A Spal tem de continuar a ser uma grande empresa.
RC > Isso passa por um reforço da internacionalização?
AM > Fundamentalmente. O mercado nacional é muito pequeno, por isso a empresa tem de continuar a exportar. A Spal tem capacidade para se bater com as melhores marcas da Europa e pode crescer muito, especialmente nos Estados Unidos, onde tem dois ou três grandes clientes. Precisamos de multiplicar esse número por dez ou vinte. O crescimento terá de ser feito pela exportação.
Joaquim Paulo

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http://www.oesteonline.pt/noticias/noticia.asp?nid=22601
SPAL vendida a empresa do Norte

Ao fim de 45 anos, a SPAL deixou de pertencer a famílias de Alcobaça e Valado dos Frades
Ao fim de alguns meses de negociações, a empresa Ângelo Mesquita, sedeada em Famalicão e que se especializou no fabrico de chávenas com a marca "Cup&Sauce" adquiriu a quase totalidade do capital da alcobacense SPAL, Sociedade de Porcelanas. O negócio, do qual haviam já rumores há largas semanas, acabaria por ser consumado no final da passada semana, mas ainda se conhecem muitos poucos pormenores da transacção.
O nosso jornal tentou, em vão, contactar as administrações das duas empresas (SPAL e Ângelo Mesquita). Já em declarações à Agência Lusa o presidente do conselho de administração do grupo SPAL, José António Paiva, confirmou que a empresa de Famalicão adquiriu a totalidade da sociedade Acções Mais, que controla cerca de 90 por cento do capital social do Grupo SPAL. José António Paiva salientou ainda que o negócio reuniu o consenso dos accionistas da fábrica de porcelana e que foi motivada pela dispersão de capital e visões diferentes quanto ao futuro da empresa, fundada há 45 anos.
Sem adiantar os valores implicados no negócio, o administrador assegurou que a dimensão e o nome da SPAL estão garantidas. A empresa deixa, no entanto, de pertencer a diversas famílias de Alcobaça e Valado dos Frades, que acompanhavam o seu crescimento desde que foi fundada, em 1965.
Num contexto de crise a SPAL tinha já reduzido o número de trabalhadores de mais de 600 para cerca de 400, o que foi feito através de acordo com os trabalhadores mais antigos, evitando despedimentos. Mas o mais difícil era enfrentar a falta de encomendas dos seus maiores clientes, nos Estados Unidos da América, Reino Unido, Alemanha, França e Itália, entre outros países para onde era exportada cerca de 70% da produção.
Em Setembro, por ocasião da visita de Jerónimo de Sousa à fábrica, José António Paiva admitia que estava a ser difícil encontrar alternativas e que para enfrentar a crise a SPAL tinha reduzido “substancialmente a sua dimensão, a sua capacidade industrial”.
Joana Fialho