Hoje são passados 36 anos daquela quinta-feira de 1974, em que o Povo Português pôde:
- celebrar a liberdade, cantá-la a plenos pulmões,;
- ver homens e mulheres saírem de prisões para onde tinham ido por defenderem essa mesma liberdade;
- ver jovens regressarem de uma guerra que não era sua.
O Povo Português pôde anunciar ao Mundo que estava finalmente acesa a luz verde para o trânsito da cidadania.
Cidadania essa que queremos exercer hoje aqui e celebrar, recordando todos os homens e mulheres de bem que deram a sua vida em prol da Liberdade desse povo, que somos todos nós. Um bem hajam a todos, mas especialmente aos Alcobacenses que lutaram, que estiveram encarcerados, permitindo que hoje, aqui, possamos estar a comemorar a viver Abril, ainda com a semente da esperança.
Dessa luta, desse dia, desses muitos dias ficou o cravo, símbolo imorredoiro que devemos neste dia ostentar, para que as gerações mais novas possam ver e querer saber, para que a história não seja esquecida ou deixe de ser transmitida.
Mas mais do que celebração hoje também é tempo de balanço, de reflexão.
O que fizemos com a Liberdade?
O que fizemos com o sonho daqueles que viram mais além?
Um dia, talvez seremos acusados de laxismo, de inoperância, de falta de visão e o Pais que se queria Livre e cheio de cor poderá novamente ficar cinzento e baço.
De certo que não é isso que queremos, para nós, para os nossos filhos e netos.
Hoje, nós, Alcobacenses, temos que ter capacidade e inteligência para realizar Abril localmente. Urge:
• Promover uma gestão participada e criativa com todos,
• Descentralizar meios e competências,
• Criar mais receitas para o município e controlar com rigor a despesa,
• Planear com todos e para todos respeitando quem não pensa como nós, fugindo da algazarra politiqueira que em nada abona o bom nome da política e dos políticos,
• Gerir muito bem os recursos,
• Realizar debates estratégicos
O que queremos?
Para onde vamos?
Que metas queremos atingir?
E depois há tanta emergência social. Há tanto a fazer na área social. O flagelo do desemprego é uma realidade amarga e num crescendo Há muitas famílias a viverem verdadeiros dramas, O QUE FAZEMOS NÓS autarcas deste concelho?
Na área económica – micro e pequenas empresas fecham as suas indústrias e seu pequeno comércio, não há um motor gerador de riqueza, O QUE FAZEMOS NÓS, autarcas d’ Alcobaça?
Na saúde – o que vai acontecer ao Nosso Hospital Bernardino Lopes de Oliveira? Será que estamos atentos?
O QUE FAZEMOS NÓS, eleitos d’Alcobaça?
Hoje temos uma grande responsabilidade como representantes legais do Povo que nos elegeu que é:
Com a liberdade e responsabilidade que nos deram, sermos capazes de dar esperança e a vida condigna a que todos temos direito.
Sérgio Godinho na sua canção Liberdade diz e eu quero, aqui, subscrever:
“Só há liberdade a sério quando houver a paz o pão a habitação…saúde, educação
Só há liberdade a sério quando houver liberdade de mudar e decidir, quando pertencer ao povo o que o povo produzir!!!
Para terminar, quero ler 1 belo soneto que o poeta alcobacense, Palma Rodrigues, premiadíssimo (+ de 800 prémios literários), fez ontem para o jantar da CDU:
ABRIL DE NOVO
Quando, em certo Abril, soprou um vento
Que devolveu, enfim, a Liberdade,
Eu vi, na cara alegre da Cidade,
Lágrimas de imortal contentamento.
Era o fim de um regime bolorento
E, mais do que uma sã necessidade,
Foi toda a fé de um Povo, uma vontade
Que trouxe a esta terra novo alento.
Abril está aí. e a esperança
Volta a ser, outra vez, uma criança
Que em nosso coração torna a sorrir.
Tanto sonho depois, tanta quimera,
No cravo que é sinal de Primavera
Ainda há muito sonho por cumprir!
Pel’ Os Eleitos da CDU, Isabel Granada