13/05/2010

2.669. No mesmo instante em que se pratica a mentira de Fátima, PS (Passos e Sócrates)

ex-jotas PPD/PSD acertam como papar dos pobres (e não só, desta vez) para dar aos capitalistas, aos coitadinhos dos financeiros...
Vejam como foi a prática deles num estudo do meu camarada Eugénio Rosa:
Política de crédito da banca contribuiu para o atraso e estagnação do país

- apenas 7,3% do crédito foi concedido à agricultura, pesca e indústria
- 78,1% foi para a construção, habitação, imobiliário e consumo

RESUMO DESTE ESTUDO ( que está na totalidade em http://resistir.info/e_rosa/politica_credito_05mai10.html )
A direita no seu ataque violento ao investimento público procura fazer passar a ideia junto da opinião pública que o investimento privado é sinónimo de qualidade, de crescimento económico e desenvolvimento, e de que o investimento público é necessariamente mau investimento, aumento do endividamento e mesmo desperdício. Embora o investimento público não seja sempre bom investimento (exs.:os estádios de futebol construídos durante o Euro2000, muitos deles agora não utilizados estrangulando financeiramente as autarquias, e a multiplicação de auto-estradas em regiões de tráfego reduzido em que uma simples via rápida de menores custos seria suficiente), o investimento privado, mais interessado em obter lucros elevados e rápidos, leva muitas vezes ao estrangulamento das actividades produtivas, à promoção da especulação, e ao aumento das assimetrias regionais, como aconteceu no nosso País. O bom investimento público, que para o ser tem de ser eficiente, é fundamental para combater a crise, criar emprego e recuperar o atraso.



A banca em Portugal é responsável pela falta de qualidade do investimento e, consequentemente, também pela estagnação do País, pela gravidade da crise e pelo aumento das desigualdades regionais . Ela tem a função importante de recolher recursos (poupança dos portugueses e empréstimos externos que aumentam a divida do país ao estrangeiro) e depois em canalizar os meios que assim obtém, que não são seus, através do crédito que concede, para as diferentes áreas de actividade económica, regiões, empresas e indivíduos, promovendo uns (os que têm acesso a esse crédito) e estrangulando outros (os que não conseguem crédito). Desta forma, a banca acaba por condicionar todo o crescimento económico e desenvolvimento de um pais.



E segundo o Banco de Portugal (Quadro I), em Janeiro de 2010, o crédito concedido à agricultura representava apenas 0,8% do credito total; à pesca somente 0,1%; às industrias extractivas 0,2%, à Industria Transformadora 6,2%; em suma, estes 4 sectores produtivos fundamentais para o crescimento económico e aumento da competitividade do País receberam apenas 7,3% de todo o crédito concedido pela banca em Portugal. E entre 2000 e 2010, o crédito concedido a estes 4 sectores baixou de 11,3% para 7,3% do credito total concedido pela banca, ou seja, sofreu uma redução de 35,4%. Enquanto sucedeu isto em relação às actividades produtivas essenciais para o desenvolvimento do País, entre 2000 e 2010, o crédito concedido pela banca às empresas de construção cresceu de 8,4% para 9,3% do total; às actividades imobiliárias de 11,2% para 17,2%; e à habitação, que permitiu a especulação nas duas actividades anteriores, subiu de 42,7% para 45,2% do crédito total concedido pela banca; em resumo, estas três actividades – construção, imobiliário e habitação – absorveram, em 2000, 62,3% de todo o crédito concedido pela banca em Portugal e, em 2010, 71,7% do crédito total. Se adicionarmos o crédito ao consumo (6,5% do total em 2000 e 6,4% em 2010) a desigualdade de tratamento ainda se torna mais grave.



Mas esta distorção no crédito imposta pela banca na ânsia de obter lucros elevados e rápidos com riscos reduzidos, é visível não só na repartição do credito concedido pelas diferentes actividades económicas, promovendo as especulativas e estrangulando as produtivas, mas também na repartição pelas diferentes regiões do País agravando as desigualdades regionais.



Segundo dados também do Banco de Portugal (Quadro II), no fim de 2009, o crédito concedido no distrito de Aveiro representava apenas 4,4% do crédito total; no de Beja: 0,8%; no de Braga: 5,2%; no de Bragança: 0,5%; no de Castelo Branco: 0,9%; no de Coimbra: 2,6%; no de Évora : 1,1%; no de Faro: 3,9%; no da Guarda: 0,6%; no de Leiria: 3,6% . Por outras palavras, estes 10 distritos receberam apenas 20,5% de todo o crédito concedido pela banca, enquanto o distrito de Lisboa recebeu 42,7%, ou seja, mais 89,3%. A mesma desigualdade se verifica em relação aos restantes distritos. O de Santarém recebeu apenas 2,7%; o de Setúbal: 5,8%; o de Viana de Castelo: 1,2%; o de Vila Real: 0,9%; o de Viseu: 2%; os Açores somente 1,8%; a Madeira:3,3%; e o de Portalegre: 0,6%. Estas oito regiões receberam 18,3% de todo o crédito concedido pela banca, ou seja, um pouco mais que o recebido pelo distrito do Porto que, em 2009, tinha obtido 15,4%. É evidente que esta grave desigualdade na repartição do crédito pelas diferentes regiões do País agravou as assimetrias regionais, contribuindo para um País cada vez mais desigual.



Em resumo, os dados do Banco de Portugal mostram: (1) Que a politica de crédito da banca na ânsia de maximizar os lucros e reduzir o risco, é também responsável pela estagnação económica e pela gravidade da crise que o País enfrenta; (2) Que o investimento privado não é sinónimo de bom investimento, muito pelo contrário; (3) Que uma politica de crescimento económico e de combate à crise passa também pela alteração da politica de crédito da banca ( é urgente ) incluindo a da CGD, e do investimentos público (aprova-se o TGV mas corta-se para menos de metade o investimento na CP e na ferrovia convencional), até porque os recursos são escassos e limitados.