Maus Exemplos
“Há três tipos de pessoas: as que fazem, as que vêem fazer, e as que perguntam o que aconteceu.” John Newborn.
Pedem-se aos portugueses mais pobres grandes sacrifícios para reduzir o défice.De certa forma as pessoas aceitam, embora protestando, porque observam o que se passa nos outros países.O problema são os maus exemplos que vêm de cima.Pedro Bento passou de administrador da empresa pública que gere os chips de matrícula para “manager”do fabricante do aparelho, a empresa Sistema de Identificação Electrónica de Veículos.Ganhava 6.256 € de salário bruto.Por norma não gosto de discutir salários, mas compreende-se que numa altura de contenção como a actual, gestores de empresas públicas ganhem mais que o Presidente da República ou o Primeiro Ministro?
Eu não compreendo e os exemplos são mais que muitos.Querem ver outro caso?Fonseca Ferreira recebe 6.200 € de salário ilíquido como Presidente da empresa pública Arco Ribeirinho Sul, criada já em período de crise para requalificar 910 hectares na margem sul do Tejo.Se o Estado já tem há mais de dez anos uma empresa que trata do mesmo assunto, porquê criar mais uma empresa com mais custos acrescidos?Será porque Fonseca Ferreira perdeu as eleições Municipais em Palmela e não podia ficar sem emprego?
Como podem os Portugueses mais pobres aceitar estas injustiças quando lhes retiram mais dinheiro através de mais impostos?Podiam animar-se se vissem alguma redução nas “gorduras” do Estado.Pelo contrário o que vemos são essas despesas de funcionamento a aumentarem cada vez mais.É necessário acabar com muitas empresas públicas e com muitos institutos que só aumentam a despesa sem criar valor para o País.É necessário reduzir nos assessores dos Ministérios e nos pareceres solicitados aos grandes gabinetes de advogados.É necessário gerir melhor a frota de automóveis do Estado para não serem necessários tantos carros e respectivos motoristas.E será que têm de ser topo de gama?
Também na Comunidade Europeia ninguém olha a despesas.Veja-se o caso da nova líder do futuro serviço diplomático europeu, Catherine Ashtor, que quer criar uma sala de crise como tem Obama nos Estados Unidos.Quanto custa?Vão precisar de 8.000 empregados, 40% dos quais serão diplomatas dos 27 estados membros.Ninguém faz contas na União Europeia?
Nas empresas privadas também não há muito pudor, como no caso de Fernando Soares Carneiro, administrador da Portugal Telecom até há quatro meses atrás, onde decidiu efectuar um investimento de 75 milhões de euros na Ongoing.Foi demitido por causa do caso das escutas e acabou de ser contratado imaginem por quem?Acertaram, pela mesma Ongoing!
Com casos destes multiplicados por todo o Mundo, admiram-se que na última reunião do G20 em Toronto no Canadá se tenham gasto mais de mil milhões de dólares para proteger a reunião dos países ricos.Tiveram protestos na rua durante 3 dias.Viram-se mais jornalistas a cobrir os tumultos do que na reunião propriamente dita.Admiram-se de os Bancos em certos países terem redes de protecção de 3 metros de altura.Admiram-se de cada vez mais pessoas viverem em condomínios fechados.
A verdade é esta: foram feitas as contas, 30 mil milhões de dólares eram suficientes para matar a fome em todo o mundo.Não havia esse dinheiro, responderam os países ricos.Mas para acudir aos Bancos na ressaca da crise provocada pelo sub-prime americano de 2008 já houve muito mais de 30 mil milhões de dólares que apareceram subitamente.