9feVER2019
Via Graça Silva
A escola que produz 100% de sua energia e ensina crianças a cultivar orgânicos
Com quase 10 mil metros quadrados, o novo projeto de escola sustentável, localizado no coração de Copenhague, ensinará como cultivar, colher e preparar seus próprios alimentos (orgânicos!) às crianças, além de ser equipado com painéis solares – o que tornará a escola autossuficiente energeticamente.Projetado pelos escritórios de arquitetura C.F. Møller e Tredje Natur, ganhadores de um leilão de design em 2017, a iniciativa busca oferecer um espaço educacional que equilibre ambientes abertos e fechados, consciente da importância de uma educação ao ar livre para as crianças.
Batizado de New Islands Brygge School, o colégio será destinado a alunos do Ensino Fundamental e terá todo o seu currículo focado em atividades que visam ensinar por meio de experiências. Conceitos de agricultura orgânica, que buscam despertar nas crianças o gosto por uma alimentação mais saudável e nutritiva, são o carro-chefe da escola.
Previsto para ser inaugurado em 2020, o colégio será projetado para ter ventilação natural, isolação térmica e controle de iluminação artificial durante o dia, para economizar eletricidade, além de duas cozinhas fechadas, uma minicozinha ao ar livre com espaço para fogueira, estufas e hortas urbanas. “Cada sala de aula ainda terá acesso privativo ao terraço, onde os alunos poderão aprender química e física em estufas e biologia no jardim”, explicam os idealizadores.
Quem aí gostaria de colocar os filhos para estudar num colégio como esse?
https://thegreenestpost.com/escola-sustentavel-gerara-sua-propria-energia-e-ensinara-criancas-cultivar-alimentos-2/?fbclid=IwAR0y-h_AStqHhxQg6nA_cDVOPEoWabE6MbV5qzY43zPI0vyBr-QIuPaJz3A
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Aprendiz de Utopias
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10seTEM2010
No CCCela estamos a preparar 1 projecto de escola nova...
Tenho estado a ler muito...
Hoje tenho estado à volta da experiência da "escola da ponte" e dos escritos do seu criador:
José Pacheco Mestre em Ciências da Educação pela Universidade do Porto, foi professor da Escola da Ponte. Foi também docente na Escola Superior de Educação do IPP e membro do Conselho Nacional de Educação.
http://www.educare.pt/contentid=7803CC2C7FBDDB46E0400A0AB8002557&channelid=7803CC2C7FBDDB46E0400A0AB8002557&schemaid=&opsel=2
Suicídios
José Pacheco
2010-07-20
Aos cínicos direi que onde houver turmas de alunos enfileirados em salas-celas dificilmente encontraremos resquícios de convivência.
Portugal, Março de 2010: um jovem e um professor suicidaram-se. Estupefactos, jornalistas e especialistas interrogam-se sobre as causas dos infaustos acontecimentos. Talvez tivessem desistido da vida porque convivência não rima com ausência e relação não rima com solidão. Talvez porque as escolas sejam arquipélagos de solidões.
A modernidade remeteu-nos para uma ética individualista. Carecemos de projectos humanos que não se coadunam com práticas escolares que ainda temos, que requerem um novo sistema ético, uma matriz axiológica clara, baseada no saber cuidar e conviver.
Diz-nos Maturana que a educação acontece na convivência, de maneira recíproca entre os que convivem. E Winnicott define o ser humano como pessoa em relação, ser singular, que não pode existir sem a presença do outro. O indivíduo-com-os-outros tem consciência do seu papel numa ordem simbólica complexa e concreta, que o protege dos efeitos mortais da uniformização. Se é verdade que o conceito de partilha está eivado de conotações moralistas, também é certo que é de partilha que se trata, da manifestação de um sentimento de partilha que rejeita atitudes de quem se julgue no direito de dar respostas a perguntas que não escutou...
Contrariando racionalidades mecanicistas, numa relação de escuta, a circulação de afectos produz novos modos de estruturação social. Não negando o potencial da razão e da reflexão, junta-lhe as emoções, os sentimentos, as intuições e as experiências de vida. A escuta, para além do seu significado metodológico, terá de ser humanamente significativa. No contexto escolar, terá de abdicar de atitudes magistrais e paternalistas, para que todos aprendam mediados pelo mundo...
Aos adeptos do pensamento único (que ainda encontro por aí...) direi ser necessário saber fazer silêncio "escutatório", fundamento do reconhecimento do outro. Direi que precisamos rever a nossa necessidade de desejar o outro conforme nossa imagem, respeitando-o numa perspectiva não-narcísica, ou seja, aquela que respeita o outro, o não-eu, o diferente de mim, aquele que não quer catequizar ninguém, que defende a liberdade de ideias e crenças, como nos avisaria Freud. Aos cínicos direi que onde houver turmas de alunos enfileirados em salas-celas dificilmente encontraremos resquícios de convivência. Que onde houver séries e aulas assentes na crença de ser possível ensinar a todos como se de um só se tratasse, enquanto o professor estiver sozinho na sala de aula, será impossível pensar em dialogia e convivencialidade.
As nossas escolas carecem de espaços de convivência reflexiva. Precisamos de compreender que pessoas são aquelas com quem partilhamos os dias, quais são as suas necessidades (educativas e outras), cuidar da pessoa do professor, para que se reveja na dignidade de pessoa humana e veja os outros como pessoas. Precisamos de exercer a consideração positiva incondicional de que falava Carl Rogers, de praticar a confirmação, no dizer de Martin Buber, ou o amor incondicional postulado pela Alice Miller.
Resta-me acreditar que os educadores podem inspirar-se nesses e em outros autores, para reconfiguração das suas práticas, para a passagem de uma profissão solitária para uma profissão solidária. Resta-me acreditar que o suicídio não é algo inevitável. Apesar de assistir ao drama de muitos professores, que morrem aos vinte e são enterrados aos sessenta...