JAN2009
BOAS PRÁTICAS
Entre um governo que faz o mal e o povo que o consente, há uma certa cumplicidade vergonhosa.(Victor Hugo)
O que + preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, dos sem carácter ou dos sem ética,
O que + preocupa é o silêncio dos bons!
(Martin Luther King)
Não podemos ignorar, calar a injustiça, a fome, a desigualdade, o esbanjamento...
Daí que tenhamos a prática permanente de criticar com frontalidade e exigir permanente transparência e critérios políticos!!!
***
Cristiana Bernardes revelou (no seu blogue a 8.10.2010) que tem uma frase-chave sobre o segredo para ultrapassar a crise da cerâmica:
"Mais querer, mais imaginação e mais coragem..."
Ferreira da Silva ( 01.02.2009 ),
ver toda a opinião + em baixo...
Intervim:
Comecei por saudar esta iniciativa do semanário.
Nós todos temos de nos mobilizar para Produzir Português, Produzir Alcobaça e consumir cada vez mais Português e comprar Alcobaça.
Depois constatei que só 2 eleitos (eu e o Presidente da Junta de Cós) resistiram até à parte final da conferência. Tinham lá passado o Vereador Acácio Barbosa e o Presidente da Câmara.
Lembrei que a CDU anunciou no seu programa eleitoral propostas concretas para o desenvolvimento económico, social e cultural do nosso concelho. Queremos claro crescimento económico para termos emprego. Perdemos eleitoralmente, mas não perdemos a razão nas propostas concretas...
Passou 1 ano e nada de nada com resultados concretos por parte da maioria. O GAE, 1 assessor...
Mas em relação ao debate impressionou-me o silêncio do Presidente ou de quem o representasse. Não têm nada a dizer?
Questionei os 3 empresários que fizeram comunicações... Carla Moreira (da ARFAI.Prazeres de Aljubarrota), Carlos Alberto Faria (da Faria&Bento .São Vicente de Aljubarrota) e Rui Santos (Coroa.Castanheira).
O que a câmara poderia fazer para desenvolver a cerâmica do concelho?
Foram simpáticos e nada reclamaram da câmara...O Presidente recebeu a APICER e vai fazer pressão por causa do preço do gás e do combustível...
Colocaram várias feridas...
O mercado já não tem armazenistas. Só têm agentes que querem ter lucro imediato. É como os agiotas das finanças que roubam às claras e ninguém para a sofreguidão de + e +...
Disseram que sabem produzir mas não conseguem vender o que produzem...
A Câmara não pode ajudar? Não pode encontrar os agentes que sejam embaixadores/promotores das vendas de produtos de Alcobaça? Não pode investir nos quadros jovens alcobacenses e criar essa resposta que abarque os produtos dos nossos empresários?
Perguntei se achavam bem os investimentos da Câmara ao longo destes anos.... Por exemplo se tivesse investido em quadros humanos para resolver os problemas concretos em vez de ter investido 5M€ no terreno para a ALE Benedita e nos muitos milhões que vai precisar para o por a funcionar...
Nenhum respondeu a esta questão...
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O Director Interino do Mosteiro de Alcobaça, Dr. Jorge Pereira de Sampaio historiou desde José Dos Reis (1897).
Lembrou as fábricas principais que caracterizaram a cerâmica de Alcobaça. Da Raul da Bernarda saíram vários operários que criaram outras fábricas: Olaria (fundadada pelo Silvino da Bernarda, Vieira Natividade e) , Elias&Paiva...
Salientou as Cerâmicas de São Bernardo em que a aposta no design se relevou.
Recordou que de 200 fábricas passou-se aquando da exposição da Casa Museu Vieira Natividade, na Ala Sul do Mosteiro, para 24.
Relevou Luís Salvador que entretanto emigrou e em Petrópolis criou uma fábrica que ainda existe com louça de Alcobaça!!!
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A empresária Carla Moreira relevou:
Just in time
stock zero
custos do pessoal rondam 50% e por vezes precisamos de muitos trabalhadores e na maioria do tempo só precisamos de metade...a flexibilidade...
custo do gás leva a + 25% de custo...
95% da produção é feita com produtos portugueses.
Todos os dias estamos na luta pela sobrevivência.
Oportunidades para a Rússia e Brasil.
Traz uma boa notícia: a NERLEI deu sinais que o preço do gás vai ser revisto.
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O empresário Alberto Faria lembrou que chegou a haver 850 e que em 2009 só havia 285 fábricas cerâmicas.16 mil trabalhadores.
Temos 1 governo que nos impõe aumento do gás sem pré-aviso...
Lembrou a CERAMEX doutros tempos em que os empresários saíam de lá com uma grande carteira de encomendas e agora, mais recentemente, os 400€ por inscrição para um evento da AICEP, uma organização do Estado...
Egipto está a ser o melhor mercado para a empresa.
..
O empresário Rui Santos disse nomeadamente:
Muita ameaça e poucas oportunidades.
è preciso + competência, maior cadeia do valor...
Desinteresse dos jovens para irem trabalhar na cerâmica...
Já não há armazenistas.
Só agentes de negócio que querem lucro imediato.
É raro ver fábricas de cerâmica amigas do ambiente com painéis solares.
O CENCAL não tem uma única acção de formação para a cerâmica...
--
Na minha intervenção saudei o Turismo Industrial da ARFAI:
"Poucos sabem que temos milhares de turistas a visitarem a ARFAI"
..
Também registei que devíamos seguir o exemplo do Restaurante (Sol e Vento) que expõe permanentemente a louça da empresa Faria&Bento...
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Na documentação encontrei informação do CENFIM (MGrande), bela faiança da SPAL e
nas folhas da NERLEI li que houve e há 9 Missões Empresariais ao longo do ano a vários Países...
Mas tb diz que aguarda aprovação.
Tenho de perceber melhor o papel da NERLEI em relação a Alcobaça.
--
O silêncio da ACSIA neste colóquio tb impressiona...
..
ALBERTO SILVA INTERVEIO:
respiguei do blogue do JERO...
SEGUNDA-FEIRA, 11 DE ABRIL DE 2011
M 351 - CERÂMICA EM PORTUGAL E EM ALCOBAÇA
Passado, Presente e Futuro
A resposta é positiva para as indústrias de capital intensivo, altamente mecanizadas, com elevada qualidade técnica e constante actualização de “ design”. Estas empresas têm adequada dimensão em recursos humanos e também os seus departamentos de marketing estão devidamente organizados.
Sofrem forte concorrência de empresas do Médio e Extremo Oriente, mas têm resistido e creio que continuarão a resistir; aliás, as últimas boas notícias informam que vai ser aplicada pela UE uma taxa de importação no valor de 35% para pavimentos e revestimentos importados da República Popular da China.
E em Alcobaça, o que vai passar-se com a ainda existente produção de faiança?
Há ainda esperança de manutenção em funcionamento de algumas unidades de produção desde que:
• Se proceda a uma reindustrialização na área da cerâmica, isto é, que se introduza uma componente de gestão total na mencionada indústria.
• Se adoptem projectos de inovação, com procura de novos produtos, novos acabamentos, novos processos.
• Se reduzam ao mínimo as perdas de produção por refugos e quebras.
• Se poupe e recupere tudo o que pode ser recuperável: pasta, vidro, corantes, energia.
• Seja utilizada a colaboração de designers de equipamento, que sob orientação da gestão procurem complementaridades noutras indústrias: mobiliário, têxtil, vidro, etc.
• Um designer de equipamento tem que saber vestir e ornamentar uma casa: a cerâmica faz parte integrante desse trabalho, enquanto utilitária ou simplesmente decorativa.
Quando leccionei a disciplina de cerâmica para designers no IADE (Instituto de Arte e Design de Equipamentos), sempre deixei aos meus Alunos a seguinte nota final: “tudo o que existe pode ser modificado; o que não existe oferece possibilidades infinitas”.
• É necessário que a gestão tome a seu cargo o departamento de “marketing”.
• A empresa deve estabelecer laços de conhecimento e amizade com os seus clientes; cada cliente deve ser um amigo da empresa; o cliente é o melhor activo da empresa.
• Cada empresa deve ter a sua página WEB, e porque não um departamento de venda directa pela internet?
• Não recomendamos a participação em catálogos generalistas. Cada empresa promove-se melhor com uma mostra completa dos seus produtos presentes e passados num simples C.D. ou D.V.D, com muito menor custo e de fácil alteração.
• Modelos e decorações antigas podem e devem fazer parte desse modo de apresentação. A cerâmica é parte integrante da moda e, como tal, tem, por vezes, recuperações imprevistas.
Além de tudo o que disse proponho a realização de um estudo “ benchmarking” que complemente a análise SWOT, entretanto realizada.
Só este estudo permitirá à comunidade cerâmica saber, exactamente, o que se passa em todos os aspectos com os vários concorrentes nos vários países, sejam eles China, Tailândia, Vietnam, Turquia, etc.
É preciso saber quais os seus mercados alvo, as suas capacidades de crescimento, os preços que podem praticar, os custos que suportam e como nos posicionamos relativamente a todas estas situações.
Lamento que num ciclo de conferências tão importante como este seja práticamente nula a presença de industriais de cerâmica.
Aqui deixo, a todas as empresas de indústria Cerâmica de Alcobaça ainda resistentes, os sinceros votos de um futuro mais brilhante e promissor.
Futuro
Há futuro para a indústria cerâmica em Portugal?A resposta é positiva para as indústrias de capital intensivo, altamente mecanizadas, com elevada qualidade técnica e constante actualização de “ design”. Estas empresas têm adequada dimensão em recursos humanos e também os seus departamentos de marketing estão devidamente organizados.
Sofrem forte concorrência de empresas do Médio e Extremo Oriente, mas têm resistido e creio que continuarão a resistir; aliás, as últimas boas notícias informam que vai ser aplicada pela UE uma taxa de importação no valor de 35% para pavimentos e revestimentos importados da República Popular da China.
E em Alcobaça, o que vai passar-se com a ainda existente produção de faiança?
Há ainda esperança de manutenção em funcionamento de algumas unidades de produção desde que:
• Se proceda a uma reindustrialização na área da cerâmica, isto é, que se introduza uma componente de gestão total na mencionada indústria.
• Se adoptem projectos de inovação, com procura de novos produtos, novos acabamentos, novos processos.
• Se reduzam ao mínimo as perdas de produção por refugos e quebras.
• Se poupe e recupere tudo o que pode ser recuperável: pasta, vidro, corantes, energia.
• Seja utilizada a colaboração de designers de equipamento, que sob orientação da gestão procurem complementaridades noutras indústrias: mobiliário, têxtil, vidro, etc.
• Um designer de equipamento tem que saber vestir e ornamentar uma casa: a cerâmica faz parte integrante desse trabalho, enquanto utilitária ou simplesmente decorativa.
Quando leccionei a disciplina de cerâmica para designers no IADE (Instituto de Arte e Design de Equipamentos), sempre deixei aos meus Alunos a seguinte nota final: “tudo o que existe pode ser modificado; o que não existe oferece possibilidades infinitas”.
• É necessário que a gestão tome a seu cargo o departamento de “marketing”.
• A empresa deve estabelecer laços de conhecimento e amizade com os seus clientes; cada cliente deve ser um amigo da empresa; o cliente é o melhor activo da empresa.
• Cada empresa deve ter a sua página WEB, e porque não um departamento de venda directa pela internet?
• Não recomendamos a participação em catálogos generalistas. Cada empresa promove-se melhor com uma mostra completa dos seus produtos presentes e passados num simples C.D. ou D.V.D, com muito menor custo e de fácil alteração.
• Modelos e decorações antigas podem e devem fazer parte desse modo de apresentação. A cerâmica é parte integrante da moda e, como tal, tem, por vezes, recuperações imprevistas.
Além de tudo o que disse proponho a realização de um estudo “ benchmarking” que complemente a análise SWOT, entretanto realizada.
Só este estudo permitirá à comunidade cerâmica saber, exactamente, o que se passa em todos os aspectos com os vários concorrentes nos vários países, sejam eles China, Tailândia, Vietnam, Turquia, etc.
É preciso saber quais os seus mercados alvo, as suas capacidades de crescimento, os preços que podem praticar, os custos que suportam e como nos posicionamos relativamente a todas estas situações.
Lamento que num ciclo de conferências tão importante como este seja práticamente nula a presença de industriais de cerâmica.
Aqui deixo, a todas as empresas de indústria Cerâmica de Alcobaça ainda resistentes, os sinceros votos de um futuro mais brilhante e promissor.
Presente
Hoje não restam no Concelho de Alcobaça mais de 20 unidades de produção de faiança, quase todas de reduzida dimensão e em grandes dificuldades de laboração.
Depois de tudo o que, anteriormente disse de todos os apoios financeiros, técnicos, formativos, etc., o que levou a indústria cerâmica a esta situação?
Como causa principal sugiro a visão, de curto prazo, de grande parte dos industriais que iniciaram a produção nos referidos anos 80.
Visão de curto prazo que se manifestou pela entrega completa da comercialização da produção a agentes.
As empresas limitavam-se, na maior parte das vezes, a reproduzir ou a copiar peças trazidas pelos referidos agentes. Na prática estes também faziam os preços para as mesmas.
Esses agentes, elos de ligação com os clientes, dominaram completamente os mercados; os produtores não sabiam sequer a quem se destinavam as suas produções.
Trabalhando à comissão, por vezes em dupla comissão, os agentes desviaram as suas encomendas para países do Extremo Oriente, assim que tal oportunidade se proporcionou. Sem encomendas e sem saber vender, as unidades foram aos poucos encerrando.
As empresas duvidaram, em princípio das requalificações técnicas do seu pessoal; foi com dificuldade que aceitaram profissionais qualificados, na área da produção e outras.
Muitas empresas trabalhavam com percentagens de quebras e refugos superiores a 20%.
Manifestaram durante muito tempo uma completa aversão à introdução do “ design “, o que aliás se compreende se atentarmos no papel dos agentes em todo o processo industrial.
Por outro lado, muitas empresas foram descapitalizadas, devido a investimentos feitos pelos seus proprietários em imobiliário e aplicações bolsistas.
Como se percebe, nunca as empresas beneficiaram dos resultados desses investimentos para os quais afinal haviam contribuído.
Depois, o custo de mão-de-obra começou a aumentar, a energia idem, as matérias-primas idem e, como vimos as vendas diminuíram ou pura e simplesmente cessaram.
Foi o fim de muitas empresas; muitas não viveram sequer uma geração e outras morreram ao passar de pais para filhos.
Hoje não restam no Concelho de Alcobaça mais de 20 unidades de produção de faiança, quase todas de reduzida dimensão e em grandes dificuldades de laboração.
Depois de tudo o que, anteriormente disse de todos os apoios financeiros, técnicos, formativos, etc., o que levou a indústria cerâmica a esta situação?
Como causa principal sugiro a visão, de curto prazo, de grande parte dos industriais que iniciaram a produção nos referidos anos 80.
Visão de curto prazo que se manifestou pela entrega completa da comercialização da produção a agentes.
As empresas limitavam-se, na maior parte das vezes, a reproduzir ou a copiar peças trazidas pelos referidos agentes. Na prática estes também faziam os preços para as mesmas.
Esses agentes, elos de ligação com os clientes, dominaram completamente os mercados; os produtores não sabiam sequer a quem se destinavam as suas produções.
Trabalhando à comissão, por vezes em dupla comissão, os agentes desviaram as suas encomendas para países do Extremo Oriente, assim que tal oportunidade se proporcionou. Sem encomendas e sem saber vender, as unidades foram aos poucos encerrando.
As empresas duvidaram, em princípio das requalificações técnicas do seu pessoal; foi com dificuldade que aceitaram profissionais qualificados, na área da produção e outras.
Muitas empresas trabalhavam com percentagens de quebras e refugos superiores a 20%.
Manifestaram durante muito tempo uma completa aversão à introdução do “ design “, o que aliás se compreende se atentarmos no papel dos agentes em todo o processo industrial.
Por outro lado, muitas empresas foram descapitalizadas, devido a investimentos feitos pelos seus proprietários em imobiliário e aplicações bolsistas.
Como se percebe, nunca as empresas beneficiaram dos resultados desses investimentos para os quais afinal haviam contribuído.
Depois, o custo de mão-de-obra começou a aumentar, a energia idem, as matérias-primas idem e, como vimos as vendas diminuíram ou pura e simplesmente cessaram.
Foi o fim de muitas empresas; muitas não viveram sequer uma geração e outras morreram ao passar de pais para filhos.
Passado
A cerâmica aparece, na Península Ibérica e em Portugal, trazida pelos invasores árabes no século VIII sob a forma de peças de terracota.
Essa terracota era um material constituído por argila cozida no forno a baixas temperaturas e sem ser vidrado.
Durante a permanência Islâmica na Península Ibérica iniciou-se a produção de azulejos, no que é hoje território Espanhol, através de artesãos muçulmanos, a qual se desenvolveu entre o século XII e meados do século XVI em oficinas de Málaga, Valência,Talavera de la Reina e Sevilha.
Essa produção de azulejo passou depois para Portugal.
Entretanto, em 1295 Marco Polo regressou a Veneza depois de uma longa estadia na corte do Imperador Mongol Kublai Khan.
Na sua bagagem trazia algumas peças de cerâmica branca, translúcida, de um tipo nunca visto.
Tal facto não despertou, na altura, qualquer interesse especial; só mais tarde, após o início do transporte de especiarias pela rota da India se, começou a valorizar peças feitas com esse material cerâmico que, muitas vezes, acompanhavam as próprias especiarias.
A partir dessa altura, as casas reais e nobres da Europa começaram a manifestar um tal interesse por esse tipo de cerâmica, (a porcelana) que muitos experimentadores ceramistas ou não, tentaram a todo o custo descobrir o segredo da sua produção.
Isso foi conseguido apenas no final do século XVIII; entretanto, ficou desse percurso uma incontável quantidade de composições de pastas, vidrados, corantes cerâmicos e processos de produção que chegaram até nós.
Assim, chegaram até nós as pastas que hoje conhecemos como grês fino, grês rústico, grês sanitário, faiança feldspática e faiança calcítica /dolomítica.
O grês é um material feito a partir de argila de grão fino, plástica, sedimentária e refratária - que suporta altas temperaturas.
Vitrifica entre 1150 °C - 1300 °C. No grês o feldspato atua como material fundente.
A faiança é um tipo de cerâmica branca, que possui uma pasta menos rica em caulino do que a porcelana e é associada a argilas mais plásticas.
É uma pasta porosa de coloração branca ou amarelada e precisa de posterior cobertura com vidrado cerâmico.
As argilas utilizadas na sua composição não são tão brancas ou puras quanto as de porcelana, o que possibilita uma vasta gama de cores.
As várias versões de cerâmica instalaram-se um pouco por todo o Pais, em núcleos bem definidos, dependendo muitas vezes da proximidade das jazidas de matérias-primas.
Em Barcelos instalou-se uma produção cerâmica constituída por pequenas unidades e por unidades de artesanato, trabalhando barro vermelho em pequenas peças decorativas.
Mais ao sul, entre Porto e Coimbra, beneficiando dos grandes depósitos de argilas de Oliveira do Bairro, instalou-se uma importante componente da cerâmica de assessórios de construção civil: os revestimentos, os pavimentos e os sanitários.
Na região de Alcobaça assistiu-se ao aparecimento de uma produção de faiança, beneficiando de jazidas de argila branca existentes nas proximidades.
Mais ao sul, em Reguengos de Monsaraz, apareceu também um núcleo de artesanato em barro vermelho policromado.
Inicialmente, em Alcobaça estabeleceu-se uma unidade de produção de faiança decorativa que, em pouco tempo, deu origem a outras três.
Estas quatro unidades foram, durante muito tempo, as únicas existentes, sendo a sua produção escoada quase em exclusivo no mercado nacional.
No final da década de 70, beneficiando da abertura de Portugal ao estrangeiro, a faiança de Alcobaça começou a ser comercializada também em mercados de exportação.
Como resultado dos primeiros negócios além fronteiras, a indústria de faiança começou a expandir-se, aparecendo novas unidades.
As empresas capitalizavam no saber fazer e copiar, embora de forma empírica, na mão-de-obra barata, na energia também barata e na abundância de matérias-primas de boa qualidade, a baixo custo.
Por altura da chegada dos primeiros fundos provenientes da União Europeia, à qual Portugal tinha aderido em 1986, as empresas de cerâmica nasciam em Alcobaça e na região a um ritmo nunca visto.
Os incentivos, nomeadamente os denominados “ a fundo perdido”, permitiram esse ritmo de crescimento invulgar.
Assim, no final dos anos 80, na região centrada em Alcobaça e constituída pelos concelhos de Caldas da Rainha, Peniche, Alcobaça, Nazaré, Marinha Grande, Leiria, Batalha, Porto de Mós e Vila Nova de Ourém teriam existido mais de 750 unidades de produção de faiança, com cerca de 400 concentradas no concelho de Alcobaça.
Podemos, literalmente, assegurar que em todos os espaços disponíveis se instalaram unidades de produção de faiança.
Na Universidade de Aveiro, criada em 1973, constituiu- se em 1976 o Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro (DECV), com o objectivo de responder às necessidades decorrentes do desenvolvimento tecnológico que o processo de fabrico de produtos cerâmicos e vítreos exige.
Com a finalidade de apoiar essas empresas na formação técnica de pessoal e de fornecer, assim, um apoio técnico-pedagógico, foi constituido em 1981, o CENCAL- Centro de Formação Profissional para a Indústria Cerâmica, sediado nas Caldas da Rainha, vocacionado para o sector da indústria cerâmica portuguesa.
As actividades formativas abriram portas em Outubro de 1985 nas actuais instalações.
Em 1987 é constituído o CTCV - Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro, uma instituição de utilidade pública, para apoio técnico e promoção tecnológica das indústrias nacionais da cerâmica e vidro.
No Instituto Politécnico de Viana de Castelo foram, também, criados cursos de especialização tecnológica e mestrados em cerâmica.
Nas várias áreas da cerâmica formámos trabalhadores, encarregados, técnicos, engenheiros, mestres e doutores: o resultado está à vista.
Alberto Silva
Consultor Internacional de Cerâmica
Alcobaça
A cerâmica aparece, na Península Ibérica e em Portugal, trazida pelos invasores árabes no século VIII sob a forma de peças de terracota.
Essa terracota era um material constituído por argila cozida no forno a baixas temperaturas e sem ser vidrado.
Durante a permanência Islâmica na Península Ibérica iniciou-se a produção de azulejos, no que é hoje território Espanhol, através de artesãos muçulmanos, a qual se desenvolveu entre o século XII e meados do século XVI em oficinas de Málaga, Valência,Talavera de la Reina e Sevilha.
Essa produção de azulejo passou depois para Portugal.
Entretanto, em 1295 Marco Polo regressou a Veneza depois de uma longa estadia na corte do Imperador Mongol Kublai Khan.
Na sua bagagem trazia algumas peças de cerâmica branca, translúcida, de um tipo nunca visto.
Tal facto não despertou, na altura, qualquer interesse especial; só mais tarde, após o início do transporte de especiarias pela rota da India se, começou a valorizar peças feitas com esse material cerâmico que, muitas vezes, acompanhavam as próprias especiarias.
A partir dessa altura, as casas reais e nobres da Europa começaram a manifestar um tal interesse por esse tipo de cerâmica, (a porcelana) que muitos experimentadores ceramistas ou não, tentaram a todo o custo descobrir o segredo da sua produção.
Isso foi conseguido apenas no final do século XVIII; entretanto, ficou desse percurso uma incontável quantidade de composições de pastas, vidrados, corantes cerâmicos e processos de produção que chegaram até nós.
Assim, chegaram até nós as pastas que hoje conhecemos como grês fino, grês rústico, grês sanitário, faiança feldspática e faiança calcítica /dolomítica.
O grês é um material feito a partir de argila de grão fino, plástica, sedimentária e refratária - que suporta altas temperaturas.
Vitrifica entre 1150 °C - 1300 °C. No grês o feldspato atua como material fundente.
A faiança é um tipo de cerâmica branca, que possui uma pasta menos rica em caulino do que a porcelana e é associada a argilas mais plásticas.
É uma pasta porosa de coloração branca ou amarelada e precisa de posterior cobertura com vidrado cerâmico.
As argilas utilizadas na sua composição não são tão brancas ou puras quanto as de porcelana, o que possibilita uma vasta gama de cores.
As várias versões de cerâmica instalaram-se um pouco por todo o Pais, em núcleos bem definidos, dependendo muitas vezes da proximidade das jazidas de matérias-primas.
Em Barcelos instalou-se uma produção cerâmica constituída por pequenas unidades e por unidades de artesanato, trabalhando barro vermelho em pequenas peças decorativas.
Mais ao sul, entre Porto e Coimbra, beneficiando dos grandes depósitos de argilas de Oliveira do Bairro, instalou-se uma importante componente da cerâmica de assessórios de construção civil: os revestimentos, os pavimentos e os sanitários.
Na região de Alcobaça assistiu-se ao aparecimento de uma produção de faiança, beneficiando de jazidas de argila branca existentes nas proximidades.
Mais ao sul, em Reguengos de Monsaraz, apareceu também um núcleo de artesanato em barro vermelho policromado.
Inicialmente, em Alcobaça estabeleceu-se uma unidade de produção de faiança decorativa que, em pouco tempo, deu origem a outras três.
Estas quatro unidades foram, durante muito tempo, as únicas existentes, sendo a sua produção escoada quase em exclusivo no mercado nacional.
No final da década de 70, beneficiando da abertura de Portugal ao estrangeiro, a faiança de Alcobaça começou a ser comercializada também em mercados de exportação.
Como resultado dos primeiros negócios além fronteiras, a indústria de faiança começou a expandir-se, aparecendo novas unidades.
As empresas capitalizavam no saber fazer e copiar, embora de forma empírica, na mão-de-obra barata, na energia também barata e na abundância de matérias-primas de boa qualidade, a baixo custo.
Por altura da chegada dos primeiros fundos provenientes da União Europeia, à qual Portugal tinha aderido em 1986, as empresas de cerâmica nasciam em Alcobaça e na região a um ritmo nunca visto.
Os incentivos, nomeadamente os denominados “ a fundo perdido”, permitiram esse ritmo de crescimento invulgar.
Assim, no final dos anos 80, na região centrada em Alcobaça e constituída pelos concelhos de Caldas da Rainha, Peniche, Alcobaça, Nazaré, Marinha Grande, Leiria, Batalha, Porto de Mós e Vila Nova de Ourém teriam existido mais de 750 unidades de produção de faiança, com cerca de 400 concentradas no concelho de Alcobaça.
Podemos, literalmente, assegurar que em todos os espaços disponíveis se instalaram unidades de produção de faiança.
Na Universidade de Aveiro, criada em 1973, constituiu- se em 1976 o Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro (DECV), com o objectivo de responder às necessidades decorrentes do desenvolvimento tecnológico que o processo de fabrico de produtos cerâmicos e vítreos exige.
Com a finalidade de apoiar essas empresas na formação técnica de pessoal e de fornecer, assim, um apoio técnico-pedagógico, foi constituido em 1981, o CENCAL- Centro de Formação Profissional para a Indústria Cerâmica, sediado nas Caldas da Rainha, vocacionado para o sector da indústria cerâmica portuguesa.
As actividades formativas abriram portas em Outubro de 1985 nas actuais instalações.
Em 1987 é constituído o CTCV - Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro, uma instituição de utilidade pública, para apoio técnico e promoção tecnológica das indústrias nacionais da cerâmica e vidro.
No Instituto Politécnico de Viana de Castelo foram, também, criados cursos de especialização tecnológica e mestrados em cerâmica.
Nas várias áreas da cerâmica formámos trabalhadores, encarregados, técnicos, engenheiros, mestres e doutores: o resultado está à vista.
Alberto Silva
Consultor Internacional de Cerâmica
Alcobaça
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6seTEMbro2009
programa eleitoral cdu legislativas 2009
http://www.pcp.pt/dmfiles/programa-eleitoral-ar2009.pdf
***
29Agosto2009
5 diferenças nos programas eleitorais
li em
http://revolucionaria.wordpress.com/
A diferença dos Programas Eleitorais ou, porque é necessária a ruptura com as políticas de direita, em apenas 5 pontos e em traços gerais:
Posted: 28 Aug 2009 04:02 PM PDT
1. PCP – A valorização do trabalho e dos trabalhadores, através de uma justa distribuição do rendimento, assente na valorização dos salários, no pleno emprego, na defesa do trabalho com direitos e maiores reformas e pensões, uma nova política fiscal e a defesa do sistema público solidário e universal de segurança social para assegurar a redistribuição da riqueza produzida anualmente em Portugal.
PS - propor um Pacto para o Emprego, capaz de promover a manutenção e a criação de emprego
PSD – Como medida importante no combate ao desemprego, propomo-nos igualmente estabelecer em cooperação com as Associações Empresariais, para 2010 e 2011, um programa especial de estágios profissionais para desempregados, nomeadamente jovens, e de formação no emprego, para empresas industriais com redução de actividade, promovido pelo IEFP. Estes estágios profissionais facilitarão, designadamente, a transição entre a escola ou a universidade e o primeiro emprego.
Ou seja meras promessas sem consistência, mais direccionadas para o patronato e sem qualquer incentivo para os geradores de riqueza, ou seja, para os trabalhadores que continuarão a ter empregos cada vez mais precários.
2. PCP – Um papel determinante do Estado nos sectores estratégicos, designadamente na banca e nos seguros, na energia, nas telecomunicações e nos transportes, ao serviço do desenvolvimento e da justiça social.
PS – Avançar agora com o investimento público modernizador – realizado pelo Estado ou realizado por privados por indução do Estado – significa mais bem-estar e mais competitividade. Mas significa também, de forma directa, mais actividade económica e mais emprego.
PSD-Uma das causas da falta de eficiência da economia portuguesa na afectação de recursos é, sem dúvida, o facto de termos um Estado demasiado pesado, e com cada vez maior peso. A despesa pública total ascenderá a cerca de metade do PIB, em 2009, um valor máximo histórico..
Ou numa palavra privatizar tudo o que é indispensável para uma economia estável
3. PCP – A defesa dos sectores produtivos e da produção nacional, com a defesa da indústria transformadora e extractiva, da agricultura e das pescas garantindo a soberania alimentar, e a afirmação de uma economia mista com um forte sector público, e o apoio às micro, pequenas e médias empresas e ao sector cooperativo.
PS- Criar um novo fundo, no montante de €250 milhões, para apoiar operações de capital de desenvolvimento das PME em mercados internacionais;
PSD-Desenvolveremos incentivos para a iniciativa privada em sectores fundamentais para a nossa economia, como a energia, a agricultura, a economia do mar e o turismo
No caso do PS porque não o fez até agora no caso do PSD é a continuação da politica de privatização ou seja, vende-se Portugal a retalho
4. PCP – Uma administração e serviços públicos ao serviço do País, com a defesa e reforço do Serviço Nacional de Saúde como serviço público de saúde, geral, universal e gratuito, com garantia de acesso em qualidade aos cuidados de saúde; a afirmação da Escola Pública, gratuita e de qualidade; o desenvolvimento Científico e Tecnológico; a afirmação de uma Administração Pública ao serviço do povo e do país.
PS-O Serviço Nacional de Saúde (SNS) é uma das marcas de sucesso da democracia portuguesa. Principal pilar do sistema de saúde, o SNS concretiza uma política de saúde centrada no cidadão e orientada para mais e melhor saúde.
PSD- Reavaliaremos a possibilidade de celebrar novamente acordos de gestão de serviços de saúde com entidades do sector social ou do sector privado, bem como de retomar outras parcerias público-privadas.
Ou seja o PS destruiu o que restava do SNS com as privatizações e o PSD quer eliminá-lo completamente
5. PCP – A democratização e promoção do acesso à cultura e à defesa do património cultural, com uma nova política que defenda e valorize a língua e a cultura portuguesas, que apoie a livre criação e fruição artística como parte integrante do progresso e do desenvolvimento do País e da elevação do conhecimento.
PS- Criará os instrumentos e promoverá as medidas que asseguram a unidade da Língua Portuguesa e a sua universalização, através do Acordo Ortográfico e da sua generalizada adopção
PSD- Restabeleceremos o prestígio dos professores, reforçando a sua autoridade e condições de trabalho de modo a chamar os melhores para o ensino, centrando a sua acção no trabalho pedagógico e aliviando a sua carga burocrática.
Quer o PS impingir-nos o novo acordo ortográfico que, a meu ver, vai mudar a grafia do português sem qualquer justificação plausível, passará para uma grafia abrasileirada sendo como é, a língua mãe. A forma escrita será modificada em 3 vezes mais que o português do Brasil, por outro lado, a proposta do PSD quer mandar-nos areia para os olhos ou já ninguém se lembra que num passado recente desprestigiou aqueles trabalhadores. Lembram-se? É que Manuela Ferreira Leite já foi Ministra da Educação.
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tintafresca.net postou:
Alcobaça
Empresários da cerâmica apontam oportunidades e riscos do sector
Joaquim Paulo, Carlos Faria, Carla Moreira, Rui Santos e Octávio Oliveira
A conferência 'Cerâmica - Oportunidades de futuro' decorreu no dia 30 de Setembro, no auditório da Biblioteca Municipal de Alcobaça, numa organização do semanário Região de Cister. As dificuldades do sector, de fundamental importância para a economia da região, como os custos com a mão-de-obra e os factores de produção e as oportunidades de futuro, como o novo design e os novos mercados, foram alguns dos temas abordados nesta conferência.
Estiveram presentes Jorge Pereira de Sampaio, historiador da cerâmica portuguesa, que fez uma breve apresentação da história da cerâmica em Alcobaça; Octávio Oliveira, director do CENCAL, e os empresários Carlos Alberto Faria, da empresa Faria e Bento, dedicada à loiça utilitária; Carla Moreira, da Arfai & Igm, e Rui Santos, da Ceramirupe, estas dedicadas à cerâmica decorativa. Assistiram à conferência cerca de 30 pessoas ligadas ao sector. A conferência foi moderada pelo jornalista Joaquim Paulo.
Carla Moreira agradeceu o convite para participar na conferência, mas classificou-o de “presente envenenado”, uma vez que neste momento tão conturbado quer em termos políticos, quer económicos e, consequentemente, sociais, “se por um lado existem muitas oportunidades e potencialidades do sector, existe igual número, senão mesmo superior, de ameaças e pontos fracos que desalentam os empresários de cerâmica.”
A empresária recordou que quando iniciou a sua actividade, em 1991, havia muitas empresas a operar sem as mínimas condições nem respeito algum pelos requisitos do cliente, fossem eles de embalagem, prazos de entrega, qualidade do produto ou da simples palavra dada ao cliente no que respeitava à exclusividade, pelo que face a estes incumprimentos que se verificavam e com o aumento das exigências de mercado, foi normal o encerramento de muitas empresas que não se conseguiram adaptar a um mundo novo, de exigência permanente, de resposta na hora, de design e inovação constantes.
Carla Moreira referiu também que, apesar desta situação, Portugal é nos dias de hoje visto como um dos países que maior conhecimento detém na Europa no que respeita à produção de cerâmica decorativa, uma vez que detém um vasto know-how na produção de cerâmica, conseguindo aliar design, inovação e prestação de um bom serviço ao cliente.
A empresária considerou o know how uma oportunidades para o sector, “e possuímos flexibilidade para nos adaptarmos a novas realidades, novas técnicas, produtos e rapidamente reagimos perante um projecto novo que nos é apresentado”, bem como a localização geográfica e a produção de produtos personalizados.
No entanto e apesar de todas estas oportunidades “o que está a correr mal com o nosso sector?”, questionou a empresária. Segundo Carla Moreira, o problema desta indústria reside no peso da mão-de-obra no produto, cerca de 50%. “Este é o maior custo que enfrentamos e este custo é permanente, apesar do fluxo de encomendas não o ser, temos períodos de uma procura intensa e temos outros de uma acalmia terrível e a maior ajuda que poderíamos ter seria a criação de uma solução que nos permitisse não ter de suportar estes custos fixos, durante aqueles períodos em que comprovadamente não temos procura.”
Em relação às principais ameaças do sector, a empresária aponta a desvalorização do dólar face ao Euro, visto que os Estados Unidos foram o principal País de destino dos produtos da empresa. Carla Moreira aponta também a existência de um sem número de produtos alternativos em plástico, resinas, metal, vidros, ferro, madeiras e outros que têm surgido no mercado; os aumentos sucessivos de matérias-primas, nomeadamente, vidros, corantes e cartão e o aumento de 25% na factura do gás natural como ameaças ao sector.
A empresária referiu também que as empresas “não suportam mais aumentos de impostos, crises políticas e politiquices”, uma vez que “não conseguem rever os preços em alta neste momento nem num futuro próximo, para fazer face a todos os aumentos a que estamos sujeitos, sob pena de perder definitivamente os clientes que acabam de regressar às compras em Portugal”, explicou.
Para Carla Moreira o sector da cerâmica necessita de visibilidade, de exposição mediática visto que “são estas guerras que ganham causas, não o número de trabalhadores do sector, não o volume de exportação que todos efectuamos, estes números não dizem nada a quem tem o poder de decisão, o poder de mudar qualquer coisa que venha ajudar as pequenas e médias empresas que constituem a maioria do tecido empresarial português.”
Carla Moreira apontou como “factor-chave importantíssimo para a sobrevivência” do sector, o associativismo. Apesar de o sector ser representado por uma associação “não lhe tem sido dada a importância que merece e que devia ter” e “se não chamamos rapidamente a atenção para os problemas da cerâmica, eles morrem com as empresas, enquanto aguardamos respostas às nossas demandas.”
Como oportunidades para o sector, Carla Moreira apontou os novos mercados a explorar como a Rússia e o Brasil. Outra das oportunidades é o associativismo, porque segundo a empresária “por cada empresa que fecha, é o sector inteiro da região que perde, é o peso do sector que perde.” Dar visibilidade ao sector é também uma oportunidade para a cerâmica, apontou Carla Moreira, revelando ainda que é no Continente Europeu, apesar das suas fragilidades, onde o sector detém vantagens competitivas inerentes à proximidade e à reputação de saber fazer bem.
Por sua vez, Carlos Faria recordou que há “anos atrás não se deram passos importantes para assegurar o futuro” e que desde 1999 que se começou a implementar em Portugal uma crise enorme na cerâmica. Para o proprietário da empresa Faria e Bento, Portugal tem “bons designers, bons produtos e vontade de trabalhar, o que nos permite fazer um produto que traz valor acrescentado”. O empresário afirmou que continua a acreditar no futuro da cerâmica em Portugal” apesar de ser preciso “muita coragem para continuar a apostar neste sector.”
Já Rui Santos referiu que as empresas sobreviventes têm hipótese do aumentar as suas competências e a sua cadeia de valor, uma vez que há mais mão-de-obra disponível, apesar de sentir que “as pessoas querem estar mais ligadas ao Centro de Emprego.” O proprietário da Ceramirupe apontou também as parcerias entre empresas como uma “óptima solução”, constituindo estas uma boa forma de resolver o problema do excesso de trabalho sazonal.
Rui Santos aponta ainda como problema do sector “o desinteresse dos jovens pela cerâmica”. Para aquele responsável é necessário motivar os jovens a entrar no sector, mas para isso é “necessário limpar a imagem do sector”, muitas vezes visto como mau pagador.
Outra das queixas do empresário é a falta de mão-de-obra qualificada, uma vez que não existem cursos nesta área, correndo a indústria o risco de acabar se este problema não for resolvido.
Rui Santos apontou como oportunidades a aposta em nichos de mercado, a aposta no desenvolvimento de novos produtos e a sua valorização. Outras das oportunidades apontadas pelo empresário é a aposta na instalação de painéis solares, o que irá ajudar as empresas a suportar os custos de produção.
Por sua vez, Octávio Oliveira apontou como dificuldade para o sector a pouca disponibilidade dos trabalhadores se deslocarem para outras regiões. O responsável do Cencal referiu que apenas existe a decorrer no Centro de Formação um curso profissional de Cerâmica Decorativa, estando, no entanto, previstos para 2011 alguns cursos de curta duração. O gestor admitiu assim que a “oferta formativa é escassa mas a possível face à realidade actual”. Octávio Oliveira referiu que outros dos problemas “é a imagem social do sector, para os jovens passa uma imagem que não é atractiva”, que é necessário inverter.
Como oportunidades para o sector, Octávio Oliveira apontou a inovação, o design, o conhecimento dos mercados, a qualificação dos recursos humanos, a flexibilidade nas pequenas séries e prazos curtos. Em relação a Alcobaça, o responsável do Cencal referiu que “é importante que se reforce a ligação à história, á arte, à cultura”, através de marcas de Alcobaça, como o mosteiro, monges, Cister, doçaria, entre outros.
04-10-2010
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sobre este evento respiguei do blogue da Cristiana Bernardes:
http://ceramicacb.blogspot.com/
8 de Outubro de 2010
Conferência "Cerâmica Oportunidades de Futuro"
Confesso não ter estado presente na última Conferência organizada pelo jornal Região de Cister, “Cerâmica Oportunidades de Futuro”. Muito embora me interesse por esta área de actividade, a minha realidade diária nos últimos 7 anos ( dos 8 da minha vida profissional ), mesmo que curta, comparativamente aos empresários cerâmicos que contam com no mínimo décadas de experiência; achei que não traria qualquer mais valia participar na mesma, porque não me identifico com este tipo de actividades organizadas, onde muito se discute, mas depois em nada se passa à prática.
Cansam-me este tipo de abordagens, um conjunto de empresários reunidos, todos alarmados com a crise do sector, mas que terminado o encontro, tudo se esfuma, com a mesma rapidez de um cigarro.
Cansam-me abordagens como o INTERREG IV, onde o objectivo primário deste projecto, se dispersou completamente quanto ao âmbito, desviando-se do seu objectivo primordial. Ou seja, o objectivo último deste projecto deveria ter sido sempre, e sempre, a formação; e troca de experiências, apenas como acto complementar. No seu todo, o INTERREG pecou por se centrar apenas na troca de experiências...e esqueceu o essencial, que era implementar fortes estruturas de formação ao nível de marketing, que segundo o diagnóstico ( análise swot ) era preemente!
Não me alongando demasiado no projecto INTERREG IV (se é que o vou conseguir!! ), que daria para mim tantas páginas de discussão, este foi, se não inútil, muito perto disso. A começar pelos inquéritos às empresas, muitas nunca chegaram a responder, ao processamento da informação, à forma quase “naif” como as consultoras diagnosticaram o sector. Eu interrogo-me onde andavam os consultores cerâmicos, que melhor do que ninguém poderiam processar as informações e retratar a panorâmica do sector no concelho de Alcobaça. Para as conclusões a que chegaram não teria sido necessário tantos meses de estudo e trabalho. Eu própria, numa das reuniões, mencionei, que para chegar aquelas conclusões, no meu curto espaço de tempo laboral, já o concluira há muito tempo, mesmo não sendo uma alma iluminada (pelo menos não assim me considero ). Basta conhecer minimamente as empresas, e saber que temos know how (algumas, penso eu ), que temos de apostar mais no design ( elementar e dado adquirido há anos ), apostar mais no marketing ( o que parece que teima em não entrar na cabeça de alguns ), etc, etc...Mas isto é tudo muito difícil de diagnosticar num todo, porque penso que temos um pouco de várias realidades, empresas realmente profissionais e bem dotadas, com artigo de qualidade, com visão estratégica ( muito poucas, quase que reduzia a duas...); empresas com algumas debilidades na qualidade, e certas carências, mas vão resistindo ( bastantes ) e, por último, empresas de vão de escada, sem qualquer profissionalismo, organização ou visão empresarial (demasiadas, a meu ver ).
Ora, por tudo isto, penso que uma análise ao sector, nunca poderia ter tratado tudo como um todo, mas sim nas várias realidades existentes, o que não foi feito. Esta distinção deveria ter sido sempre feita, mas não foi.
Depois, permitam-me esta pequena ironia, um trabalho onde a empresa consultora contratada, apresenta na capa uma imagem de um artigo em porcelana, quando deveria ser faiança, parece-me no mínimo desajustado, certo? Afinal de contas, todas as empresas diagnosticadas eram de faiança.
Não querendo mais esmiuçar tão falado relatório final com a análise do sector cerâmico no concelho, se é que me é reservado esse direito, mas penso que estou apenas a usar da minha liberdade de expressão e opinião. Penso só, e acredito, que com algum esforço conseguiriam ter feito melhor este apuramento de necessidades, e na identificação dos pontos fortes e fracos das empresas.
Ponto assente, e quase unânime, era a falta de vocação comercial das empresas, ausência de estratégias de marketing e má utilização dos canais de mercado. Recordo-me de numa reunião, um empresário dizer, “eu faço cerâmica, mas admito que não sei vender” (aqui as minhas desculpas por não me recordar do autor )
Posto isto, pergunto-me, quanto da verba disponibilizada pelo Programa comunitário foi empregue em formação de comerciais destas empresas?
E para terminar, ainda não percebi porque é que certas empresas são indicadas no programa como “boas práticas”, estando em pleno processo de recuperação, não apresentando o melhor estado de saúde. O que estávamos a espera? De apresentar à delegação dos parceiros estrangeiros do projecto, fábricas fantasma? É que poderíamos ter corrido esse risco. Fica a minha opinião, deveriamos ter sido cuidadosos na atribuição da qualidade de “boa prática” a certas empresas. Se me disserem, que em determinado sentido, foram no PASSADO, exemplos de boas práticas, eu concordo em absoluto. Mas o INTERREG IV decorreu em 2009/2010, não há meia dúzia de anos atrás. Não era suposto apresentar as boas práticas de hoje? Se há empresas perto de sucumbir, como podem ser exemplo de boas práticas? É porque por si, não foram assim tanto boa prática, para chegar ao estado actual em que se encontram.
O que melhorou o INTERREG IV no sector até agora? A tão cobiçada verba de 200 mil euros, que muitos confundiram como sendo distribuídas sob forma de subvenção ( que para muitos motivou a desistência quando assim perceberam que não era ), mas que afinal deveria ser empregue em acções concretas...que benefícios trouxe ao sector? É que de resultados, que se traduzam na prática, em algo visível, para mim Zero. Algum enriquecimento pessoal/profissional a quem participou nas delegações ao estrangeiro, mas que aplicabilidade teve no sector em geral?
Onde estão ideias que foram discutidas, de criar plataformas comuns de vendas? Parcerias? Etc etc... Como já referi, à saída de cada reunião, ali ficavam esquecidas no tempo.
As infindáveis discussões dos custos energéticos, consumos de gás, mais apoios do Estado...que pressão foi feita junto das respectivas entidades? Que foi feito pelo nosso executivo junto dos Ministérios e do governo, de forma a criar Medidas de Excepção para o sector??
É por tudo isto que me cansam intermináveis discussões de horas, para depois nada ser feito.
É por tudo isto que desmoralizo e não me apetece ir a conferências sobre o tema, para ouvir mais do mesmo...
É por sentir que somos pequenos em ideias, e que julgamos que somos os maiores quando falamos em inovação, parcerias? Pensamos que estamos a chegar a conclusões brilhantes, quando estes temas são já passado para muitos. Parcerias deveriam ter sido feitas há dez anos atrás. Inovação, deveria ter sido palavra de ordem nos últimos anos. Design, uma prioridade, mas acima de tudo o Marketing...aqui está a chave, a linha da frente. Marketing agressivo, personalizado, dirigido ao cliente.
Tenho vergonha, que só tenhamos chegado a estas conclusões demasiado tarde...mas mais vergonha, por nos sentirmos orgulhosos ao pensar que chegámos a soluções; quando outros chegaram lá dez anos antes de nós!
Sinto ainda alguma curiosidade, em saber o que leva agora empresas falar em parcerias, quando há cinco anos viviam de costas voltadas. Porque lhes dá mais jeito, para vós a parceria só faz sentido quando estão ameaçados? Com o que podem lucrar uns dos outros? Parcerias centradas em egoísmos próprios e assentes em princípios por si só já fracos, lamento mas não resultam.
Há dez anos que poderiam ter criado uma marca Alcobaça, trabalhar em conjunto através de parcerias, negociar preços com fornecedores com base nas quantidades que em conjunto conseguiriam atingir, criar plataforma de promoção da cerâmica, utilizar quadros comunitários dirigidos para o efeito, especializarem os vossos comerciais em marketing, subcontratação, formação, formação, formação...entre muitas outras ideias, e outras ainda por imaginar ( a quem ainda quiser pensar sobre este assunto )
Mas, há dez anos, eu compreendo, porque não o tenham feito, não era necessário...pois não? Que investimentos fizeram nas vossas fábricas nos últimos anos? Quantos de vós não tem problemas de qualidade no artigo, devido a problemas de infraestruturas?
Retomando à Conferência, pelo que li na imprensa, falam na necessidade de atrair jovens para o sector? É uma boa questão...já se interrogaram onde eles estão? Não é com estas condições que lhes oferecem ( e aqui discordo também com o que foi referido na conferência, o sector é definitivamente mal renumerado ), esta falta de profissionalismo e ausência de visão empresarial que querem cativar jovens licenciados e preparados para o comércio internacional?
Conseguem perceber os níveis de frustração de um jovem, dinâmico, que conhece de cor as estratégias comerciais, ver um conjunto de empresários a discutir princípios básicos, como se fossem iluminadas conclusões, e só se aperceberem em 2010, que têm de apostar na inovação, parcerias, captação de jovens e pressionar apoios estatais?? Isso já era! Agora em 2010, temos de chegar a outras conclusões um pouco mais adiante, se não queremos que outros nos alcancem.
Costumo brincar, que a concorrência chinesa não me incomodaria, nem atrapalharia, se quando eles copiassem um modelo, já nós tivéssemos inventado um diferente...Contudo, nós fazemos precisamente o contrário, porque não nos soubemos manter na pelotão da frente. Hoje, copiamos ou inspiramo-nos em modelos deles ( vejamos recentes prémios de design ganhos pela LOVERAMICS, com designers chineses )...
Por último, não quero nem tocar no assunto da gestão caseira de cada um na sua empresa...primeiro porque já tive oportunidade de escrever sobre isso ( já em 2008 ), algures no Região de Cister, com “Inovação...Precisa-se”, mas deixar apenas uma nota condenatória aos que fizeram das empresas verdadeiros institutos familiares, de amizades e cumplicidades, coisa tão pouco profissional e tacanha, bem ao modo provinciano. Isto traz custos, pouca eficiência, mas é sobretudo tão pouco atractivo para qualquer profissional que se preze.. Outros, onde verdadeiras famílias dependiam de renumerações oriundas da empresa, sem muitos deles terem lá colocado os pés...muito disto descapitalizou empresas.
Para terminar, um conselho, de alguém muito novo, que esta semana me ensinou uma fábula sobre a formiga ( que armazenou a comida durante o inverno ) e a cigarra que todo o ano cantou. Poupança.
Muito provavelmente, as duas únicas coisas acertadas que saíram daquela conferência foram as seguintes mensagens “poupança e tolerância zero ao recuo”, proferidas pelo consultor cerâmico Alberto Silva; e o Turismo Industrial, que é definitivamente um dos caminhos a seguir. E com este, após os impasses, fracassos e erros crassos da tentativa de criar uma Rota da Cerâmica ( que funcionava a passos lentos ), levou uma empresária ( CEO Arfai/IGM Lda ) a agir unilateralmente. Assim se distinguem os grandes, dos pequenos. A Turicer, sob sua alçada, é para mim o melhor aproveitamento do sentido de oportunidade que devemos premiar e distinguir como inovador, nos últimos anos.
Uma palavra de incentivo para que combatam e se façam ouvir, pelos aumentos súbitos e sem pré-aviso, que os apanharam desprevenidos ( ERSE ). Não deixem adormecer o assunto, há formas de apresentar o vosso manifesto!
Devem ter reparado, que não culpabilizei a conjuntura internacional, pela crise do sector...não acho que tenha um papel assim tão determinante nos problemas que estas empresas atravesssam. Foi agravante, dificultado pela concorrência, algum distanciamento do mercado americano, mas...por si só não fatal.
E a este propósito, vos deixo o seguinte, que bem pode ser aplicado ao nosso sector. Sublime.
“Não há sectores condenados”
A Revolução do Têxtil
Foi o primeiro sector da economia a sofrer o embate da abertura de mercados. Muito por culpa da mão-de-obra barata em que assentava a sua competitividade. O que sucedeu a seguir é conhecido: falências em massa, aceleradas pela abertura dos mercados às importações da China e Índia. Não tardou que aparecessem as habituais carpideiras a sugerir que não havia lugar para o têxtil.A experiência recente mostra que não é assim. Veja-se o aparecimento de empresas cujo modelo de negócio não assenta na mão-de-obra barata mas no valor acrescentado (com inovação à mistura). Quem visitar a cintura industrial têxtil constata que, no meio dos destroços fumegantes de empresas que não se adaptaram à mudança, estão a nascer unidades empresariais de ponta. Com capacidade para competir com os melhores. Como as empresas que fornecem equipamentos de ponta aos atletas, de várias nacionalidades, presentes nos Jogos Olímpicos (v.g. a Petratex, cujo fato de banho está a fazer cair recordes do mundo na natação). Empresas que já não se limitam a fabricar, mas a inovar. E a patentear as inovações, verbo até há pouco inexistente no dicionário da gestão portuguesa. O que se está a passar na indústria têxtil é a confirmação de que não há sectores condenados. Há empresas bem e mal geridas. Cortesia da abertura dos mercados, que obrigaram os empresários a usar a cabeça, em vez do proteccionismo, para sobreviver.Camilo LourençoIn Jornal de Negócios ( 2008 )
E vos deixo a minha frase preferida, a todos os que ( como eu ), e ainda que cansados, ainda tentamos resistir.
"Mais querer, mais imaginação e mais coragem..."
Ferreira da Silva ( 01.02.2009 ), pronunciando-se acerca do segredo para ultrapassar a crise na cerâmica.
e acrescentou na zona dos comentários:
Queria ainda escrever, que coloco as mãos ao céu, porque soube que foi proferido um elogio ao Dr Eduardo Nogueira na reunião, se há alguém que poderia ter sabido conduzir o Interreg era ele, infelizmente foi susbsituído no executivo seguinte, que deixou muito a desejar, na aplicabilidade dos os princípios que o Dr Eduardo pretendia seguir...
Queria dizer, que gosto sempre muito das intervenções, quando falam do passado da cerâmica, é importante incluí-las como enriquecimento pessoal, mas profissionalmente nada acrescenta de momento. Não podemos viver de memórias...parece-me que o português tem muita tendência para isso...Gostamos todos de viver ainda com a memória que dominámos o Mundo, no tempo dos descobrimentos...até descobrirmos afinal o quanto éramos débeis e frágeis...custou-nos caro saber que não adianta ter o Mundo, se não o sabemos manter...
Não adianta ter história, tradição e saber fazer...se não sabemos pensar e agir, e sobretudo para onde nos dirigir...
Enfim...tanto e tanto que pode ser dito...ainda escrevo um livro:)...um dia destes.